sábado, 26 de setembro de 2009

Sem olhos em Tegucigalpa



Leandro Fortes - Brasília, eu vi

O jornalismo está abandonando, aos poucos, por motivos inconfessáveis, a valorização das personagens como elemento de narrativa. Emblemático é o caso de Honduras, um catalisador profundo das intenções de setores da imprensa cada vez mais perfilados em bloco sobre um ensaiado viés chavista (a nova panacéia editorial do continente) aplicado ao noticiário toda vez que um movimento de esquerda se insinua sobre velhos latifúndios – físicos e imateriais. Para tal, recorre-se cada vez mais a malabarismos de linguagem para se referir ao golpe militar que derrubou o presidente constitucionalmente eleito Manuel Zelaya.

Por conta disso, o governo golpista passou a ser chamado, aqui e acolá, de “governo de fato”, uma solução patética encontrada por alguns veículos para se referir a uma administração firmada na fraude eleitoral e na usurpação pura e simples de poder. Há, ainda, quem se refira à quadrilha de Roberto Micheleti como “governo interino”, o que só pode ser piada. Itamar Franco foi interino, esse é o beabá, até tornar-se “de fato” com o impedimento e a renúncia de Fernando Collor de Mello, mas isso não deu a ninguém o direito de, a partir de então, nomeá-lo “presidente de fato” ou chefe de um “governo de fato”. Se é governo, é de fato. Se assim não for, ou é interino, ou é golpista.

Não deixa de ser divertido o inglório exercício a que se dedica certa direita nacional envergonhada, pronta a converter em golpe de Estado a intenção do presidente (de fato, pero no mucho) Zelaya de convocar os hondurenhos a decidir, por plebiscito, a possibilidade de uma reeleição que sequer serviria a ele. Possível até que servisse à oposição – a mesma que lhe seqüestrou de pijama, o enfiou num avião e o desovou na Costa Rica. Talvez preferissem que ele tivesse comprado votos para se reeleger. Esse tipo de crime é, historicamente, melhor digerido pela mídia brasileira.

Essa gente não pode e não deve ser chamada de “governo de fato”, muito menos “interino”. Essa gente tem nome: golpistas. Bandoleiros políticos que estão, corajosamente, sendo confrontados pela diplomacia brasileira que, além de lhe condenar em todos os foros internacionais, deu abrigo a Zelaya na embaixada. Lá, o presidente (de verdade) se encontra protegido e alimentado, a causar saudável constrangimento aos golpistas que o defenestraram de Tegucigalpa, essa cidade de sonoro nome maia que, de uma hora para outra, tornou-se mundialmente popular no rastro de um vexame.

Mas comecei falando da importância de haver personagens no texto jornalístico e acabei me perdendo em necessários devaneios, porque no contexto da crise hondurenha se inclui uma cobertura, basicamente, desumana. Não no sentido da esperada brutalidade ideológica disseminada por jornais e jornalistas conservadores e, vá lá, liberais. Mas por não atentar diretamente para o fator humano estacionado nas ruas, manifestantes com as mãos perto do fogo aceso pelo golpe, sujeitos a tiros e bordoadas apenas para dizer “não”. Eu gostaria muito de saber quem são essas pessoas, mas tudo que se fala delas vem em números. Num dia, são 100 em frente à embaixada, no outro, são duas mil. Variam de dezenas a milhares da noite para o dia, sem que qualquer explicação sobre elas nos seja minimamente concedida.

Não é preciso muita sensibilidade para perceber que a chave (não Chávez!) para a compreensão do golpe em Honduras está nos hábitos e na cultura desses desconhecidos tegucigalpenses (ou seriam tegucigalpanos?). Falta quem lhes pergunte sobre os verdadeiros sentimentos desencadeados com o golpe, justo quando o mundo todo acreditava que o expediente das quarteladas jazia, para nunca mais, no túmulo dos tristes folclores latino americanos. São as personagens, sobretudo nas tragédias, que conjugam fatos e sentimentos de modo a permitir a nós, os indivíduos, compartilhar sonhos e loucuras. Daí a importância de prestar atenção nelas.

Até agora, a única personagem “de fato” é o próprio Manuel Zelaya, aliás, de figurino impagável, chapéu de cowboy sobre os cabelos escandalosamente tingidos, tal qual o bigode pouco alentador, na indisfarçável tonalidade das asas da graúna.

Biografia e documentário de Lev S. Vygotsky

Vygotsky ( 1896-1934)

Sinopse: Lev Vygotsky se preocupa em entender o funcionamento psicológico do ser humano, integrando aspectos biológicos e culturais. Com relação à educação, a teoria de Vygotsky enfatiza o papel da aprendizagem no desenvolvimento humano, valorizando a escola, o professor e a intervenção pedagógica. Talvez por isso, suas idéias têm tido tanta repercussão entre os educadores do ocidente, apesar de sua distância no tempo e espaço (viveu na antiga União Soviética e morreu há mais de 60 anos). A produção de Vygotsky foi vasta: escreveu cerca de 200 trabalhos científicos que foram pontos de partida para inúmeros projetos de pesquisa posteriores, desenvolvidos por seus colaboradores e seguidores, e ainda centrais na agenda de psicologia da educação contemporânea.

Idioma: Português
Legendas: Sem
Qualidade: DVDRip
Tamanho: 309 MB
Nota: 10,0
Créditos: Educação e Filmes

Lev S. Vygotsky , professor e pesquisador foi contemporâneo de Piaget, e nasceu e viveu na Rússia, quando morreu, de tuberculose, tinha 34 anos. Professor dedicou-se nos campos da pedagogia e psicologia. Deu várias palestras em escolas, e faculdades sobre pedagogia, psicologia e literatura. Partidário da revolução russa sempre acreditou em uma sociedade mais justa sem conflito social e exploração. Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social.
Vygotsky considera o papel da instrução um fator positivo, no qual a criança aprende conceitos socialmente adquiridos de experiências passadas e passarão a trabalhar com essas situações de forma consciente.Se uma transformação social pode alterar o funcionamento cognitivo e pode reduzir o preconceito e conflitos sociais, então esses processos psicológicos são de natureza social. Devem ser analisados e trabalhados através de fatores sociais.
A redução de reações biológicas é uma condição prévia para o aparecimento de fenômenos psicológicos. Vygotsky e Luria (1930/1993) explicou isto na área da percepção: ' A criança no início de sua vida tem apenas sensações orgânicas - tensão - dor - calor , principalmente nas áreas mais sensíveis. Quando a criança deixa de sofrer influência desses processos biológicos, passa a perceber a realidade. A percepção da realidade requer processos biológicos como determinantes de experiência, permitindo que seu organismo passe a ser afetado por fatores externos. Evidentemente só a realidade dos fatores externos não determinam completamente essa percepção. A informação de que esses processos biológicos tornam-se disponível no organismo é organizado pela própria criança através de experiência social e cultural. A criança passa a ver o mundo com sua própria visão, administrando sob seu ponto de vista.
Um conceito só é caracterizado quando as características resumidas são sintetizadas de forma que a resultante se torne um instrumento de pensamento. A criança progride na formação de conceitos após dominar o abstrato e combinar com pensamentos mais complexos e avançados. Na continuação da educação os conceitos tornam-se concretos, aplicam-se as habilidades aprendidas, por instruções, e as adquiridas em experiências da convivência social.
A metodologia de ferramenta-e-resultado de Vygotsky e psicologia Capítulo 3 de Fred Newman e o livro de Lois Holzman *Lev Vygotsky: Cientista revolucionário *. Eles oferecem um contraste importante entre pragmatismo e a prática de Marx e Vygotsky. Eles recorrem a isto como uma ferramenta e metodologia de resultado nas quais a ferramenta não é uma condição prévia para praticar. Para Vygotsky, método é algo para ser praticado e não aplicado como o fim justificando os meios, nem uma ferramenta para alcançar resultados. Método é simultaneamente condição prévia e produto. Na verdade fica difícil distinguir o que é ferramenta para resultado e ferramenta e resultado como quer Vygotsky.
Piaget e Vigotsky
James Wertsch e Mike Cole dão uma comparação de Vygotsky e as teorias de Piaget no desenvolvimento da criança. Eles discutem que a divisão do social e o indivíduo não se perde porque Vygotsky e Piaget avaliaram as forças individuais e sociais em desenvolvimento. Ambos relacionam social-individual, mas é Vygotsky que focaliza mais o social, dando ao social um papel específico no desenvolvimento.
De acordo com a história canônica, para Piaget, as crianças individuais constróem conhecimento através de suas próprias ações: entender é inventar. Para Vigotsky é a compreensão através do contraste social e origem. Entretanto Piaget nunca negou o papel da igualdade social na construção do conhecimento. É possível encontrar em Piaget afirmações em que a individualidade e o social são importantes.
Contraste entre os pontos de vista de Vygotsky e Freud.
A visão naturalista de Freud da mente contradiz com a visão socio-histórica de Vygotski. Para Vygotsky, cultura não regula processos naturais, simplesmente substitui os processos elementares e o conteúdo total dos fenômenos psicológicos. Processos culturais e produtos constituem processos mentais.
Vygotsky criticou Piaget
As críticas a Piaget não foram diferentes das dirigidas a Freud. Não é surpresa devido ao endosso de Piaget aos conceitos de Freud. Piaget afirmou que a mente é governada através de mecanismos biológicos. Ele também afirmou que processos cognitivos são originalmente egoístas e anti-social. Eles só são dirigidos a realidade e ao relacionamento social depois de 7 a 8 anos de idade.
Vygotsky colocou uma concepção bastante diferente da criança. Ele afirmou que mecanismos naturais governam o comportamento da crianças. Porém, antes de 2 anos de idade, a criança participa das relações sociais. Mecanismos biológicos operam durante curto espaço de tempo. Porém, eles são substituídos rapidamente através de influências sociais. Assim que infância termine, o indivíduo começa a participar de relações sociais. Relações sociais formam o contexto desenvolvente de crianças e constituem a natureza da criança. Vygotsky considerou a criança como um indivíduo social, Piaget considerou como anti-social. Para Vygotsky, relações sociais constituem a psicologia da criança desde o começo. Para Piaget, relações sociais são secundárias à natureza biológica da criança.
O trabalho de Vygotsky em " defectology " complementou a perspectiva política dele conduzindo à conclusão que fenômenos psicológicos como inteligência, raciocínio, idioma, memória, personalidade, percepção, loucura, e emoções descansam em " meios culturais.
Distúrbios biológicos que afetam a transmissão de informação interferem na percepção, entretanto a maioria das pessoas apresenta processos biológicos normais, e a experiência perceptiva é determinada por experiência social e produtos culturais. Como Vygotsky e Luria declararam: percepção, memória, emoções, e causas que são mediadas socialmente substituem sensações orgânicas e habilita para o contato com o mundo ( Vygotsky, 1998).
"Percepção, raciocínio, memória, emoções, necessidades, motivos, o uso da personalidade nos meios sociais (como conceitos lingüísticos), como os sistemas operacionais. São funções naturais determinadas por mecanismos biológicos. Como Luria (1978b) escreveu ".
Trabalhando com vítimas da guerra e da revolução russa, Vigotsky deparou-se com uma variedade de traumas somáticos e psicológicos. Trabalhando com esses pacientes verificou que poderiam ser tratados com artefatos. Braille e quirologia eram artefatos sociais que ajudaram a compensar os prejuízos físicos como a visão e audição. O apoio social torna-se um fator de encorajamento e orientação, compensando as deficiências físicas e psicológicas. Essas compensações permitem ao indivíduo desenvolver suas funções, lendo, comunicando, argumentando.
De acordo com Vygotsky, fenômenos psicológicos são sociais. Eles dependem de experiência social e tratamento, e eles absorvem os artefatos culturais. Experiência social inclui a maneira na qual as pessoas estimulam e dirigem a atenção da pessoa, comportamento padrão, (encorajar, desencorajar), controlar movimentos , e organizar as relações de espaço entre indivíduos. Em artefatos culturais encontram-se sinais, símbolos, condições lingüísticas, industrialização de objetos e instrumentos. Tratamento social e produtos socialmente produzidos geram e caracterizam fenômenos psicológicos.
Considerando um raciocínio matemático. Não há nada que determine um fenômeno neste caso, porque o organismo humano não está pré-programado para desenvolver essa função. Os seres humanos viveram milhares de anos sem a matemática. Não surgiu espontaneamente , naturalmente, pelo contrário. As necessidades da aplicação matemática foram surgindo a medida que emergia o comércio. Para suprir essas necessidades os humanos desenvolveram símbolos e sistemas, que passaram a manipular. Isso quer dizer que não faz sentido creditar uma habilidade natural em matemática, quando na verdade ela depende de processos naturais trabalhados em um cérebro normal que conclua as operações que são impostas pela necessidade.

Fonte: http://www.pedagogas2na.hpg.ig.com.br/mestres/mestres.htm

Laerte Braga comenta e a PressAA edita, em português, matéria de The Washington Post


Clique na imagem e leia em tamanho ampliado (Tradução: Equipe PressAA - Cartografia: Crazy Yankee Maps)

JORNAIS, GENERAIS, A ONU

Laerte Braga

O jornal THE WASHINGTON POST defende em sua edição de hoje que eleições em novembro serão o caminho para solucionar a crise hondurenha. O jornal critica o presidente deposto por um golpe militar Manuel Zelaya, atribui a crise ao presidente da Venezuela Hugo Chávez e responsabiliza o Brasil por dar espaço, em sua embaixada, para que Zelaya “tente uma revolução populista”.

Ao sugerir eleições “livres” THE WASHINGTON POST sugere também que assim se legitime um ato de violência, o golpe militar. Nem Zelaya e nem seus partidários estarão participando do “processo eleitoral e democrático”.

O jornal usa a expressão “assalto à democracia” para definir o governo de Zelaya, nos moldes do que “fez Hugo Chávez”. Não se refere uma única vez ao golpe de estado tentado contra Chávez em 2002 e as sucessivas vitórias eleitorais do presidente venezuelano em plebiscitos, referendos e eleições localizadas e gerais.

Zelaya havia decidido consultar o povo de Honduras sobre um projeto de reforma constitucional que entre outras coisas permitiria a reeleição do presidente da República. Uma quarta urna para o povo dizer se aceitava discutir um projeto de reforma constitucional e qualquer que fossem as reformas, um referendo para que o povo as aprovasse ou não.

O grande temor dos norte-americanos e é isso que o THE WASHINGTON POST reflete, é exatamente a democracia. Ou seja, a manifestação da vontade popular de forma plena e absoluta.

No dia imediatamente anterior ao golpe militar que depôs Zelaya, o general comandante do exército hondurenho foi ao palácio dizer ao presidente que mesmo discordando do referendo, iria apoiar a legalidade constitucional, ou seja, o presidente como comandante supremo das forças armadas.

Numa manobra típica das elites podres que governam países como Honduras, a chamada corte suprema e o congresso aprovaram o processo de impedimento de Zelaya. Esgrimem, hoje, com a decisão como se legal fosse, mesmo que não tenha havido nenhum processo de impedimento, onde se pressupõe o direito de defesa, no mínimo.

Às quatro horas da manhã oficiais do exército hondurenho invadiram a casa de Zelaya, seqüestraram-no e num avião o mandaram para a Costa Rica.

Todos esses fatos aconteceram com o conhecimento e a participação direta do embaixador dos EUA em Honduras, dos militares da base norte-americana em Honduras. O embaixador, curiosamente, é o mesmo que estava na Venezuela quando foi tentado o golpe contra Chávez.

O general que, na véspera, fora levar a Zelaya a decisão de respeitar a legalidade não apareceu para prendê-lo, mandou subalternos. É típico desse tipo de general. Não olham nos olhos, são traiçoeiros. E traidores sim, por que não?

Castello Branco, no Brasil, em 1964, às vésperas do golpe militar, era chefe do estado maior do exército e foi ao palácio Rio Negro, onde estava o presidente constitucional do País, João Goulart, prestar lealdade, falar do compromisso das forças armadas com a legalidade e entregou-lhe um documento que expressava o ponto de vista de alguns militares com o processo de reforma de base. Estava ali no documento a admissão da necessidade de tais reformas, inclusive, citada expressamente, a reforma agrária.

Foi o primeiro ditador do golpe. Era o oficial de ligação dos militares golpistas com o comandante militar designado para o Brasil, o general Vernon Walthers, seu amigo pessoal.

Augusto Pinochet sucedeu a Carlos Pratts no comando do exército do Chile. A indicação de Pinochet foi feita por Pratts ao presidente Salvador Allende, depois que Pinochet fez várias declarações públicas a favor da ordem constitucional, ou seja, do governo eleito pelo povo, o de Allende.

Allende foi miseravelmente traído por Pinochet, e Pratts foi assassinado no exílio dentro do que conhecemos como Operação Condor. Ação coordenada de ditaduras militares na América do Sul, sobretudo no chamado Cone Sul contra seus adversários. JK e Jango também foram vítimas da Operação Condor (a FOLHA DE SÃO PAULO emprestava seus carros para o transporte dos que eram seqüestrados, presos, torturados, assassinados e por fim desovados como se atropelados tivessem sido).

Quem se der ao trabalho de ler o que o THE WASHINGTON POST escreveu, vai perceber que é o mesmo que se escreve aqui O GLOBO, é a mesma opinião vendida pelos jornalistas Miriam Leitão e Alexandre Garcia, e isso se reproduz em toda a grande mídia por vários países do mundo, na deliberada prática da mentira e da desinformação.

Não existe o menor respeito pelo cidadão. Mas o propósito de difundir a versão que convém aos que controlam o mundo. Ao gerente geral, que faz as vezes do garçom também. É na Cervejaria Casa Branca, ponto de encontro das várias “tribos” de Wall Street e que aqui se denominam FIESP/DASLU, tucanos, democratas, etc, etc, que se reúnem no fim do dia. FHC costuma aparecer por lá, todo fim do mês, dia do pagamento da Fundação Ford a seus funcionários.

Generais têm escrito páginas sombrias da história no mundo inteiro e particularmente na América Latina. O que chamam de lealdade costuma ser exatamente o contrário. O que chamam de bravura patriótica tem sido barbárie contra homens e mulheres indefesos, ou presos, submetidos a toda espécie de humilhações na prática consciente e sempre aprimorada da tortura. Guantánamo e as prisões iraquianas estão aí e não deixam dúvidas.

Os campos de refugiados palestinos, onde Israel massacra de forma impiedosa só não são vistos na grande mídia.

Dentre os generais, lógico, há exceções. Têm sido varridas pelos golpistas. Foi assim com Pratts no Chile, com Lott no Brasil, Juan José Torres na Bolívia e outros tantos. Há o exemplo extraordinário de Nguyen Von Giap no Vietnã.

A guerra global hoje tem um contorno decisivo para a formação/deformação do ser humano. O caráter de espetáculo. Virou um jogo de vídeo game. Se Uribe é ligado ao tráfico, foi eleito por traficantes, e se as elites colombianas vivem do tráfico, importante é que apóiam as propostas democráticas, cristãs e ocidentais de Washington. Então, sete bases norte-americanas na Colombia. E um dado, o consumo de drogas entre soldados dos EUA é assustador, segundo o próprio Departamento de Defesa.

Créditos: blog Assaz Atroz

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

“Lulocapitalismo”

“Lulocapitalismo”




Escrito por Léo Lince

"O melhor feitor é o ex-escravo". Essa máxima, nascida nas trevas da opressão escravocrata, conserva até hoje o seu conteúdo terrível. A permanência de seu prazo de validade pode ser observada em distintas eras e situações. Na vasta literatura sobre os tribunais do Santo Ofício, por exemplo, os "cristãos novos" se destacavam na linha de frente entre os inquisidores mais eficientes e cruéis.

A razão que confere substância para tão trevosa sabedoria é simples. O convertido sempre trabalha dobrado pela causa que passa a adotar. Atua com desassombro, pois conhece as secretas debilidades, as inseguranças e os grandes receios do lugar de onde saiu. Por outro lado, precisa mostrar serviço e provar lealdade aos donos do pedaço onde passa a atuar de maneira resoluta e deslumbrada. São elementos que explicam a extraordinária eficácia do convertido e, ao mesmo tempo, o lugar da cooptação na mecânica de reprodução do poder e na "circulação" das elites dominantes.

O professor Delfim Neto, figura que dispensa apresentações, produziu, em entrevista de página inteira no caderno de Economia de "O Globo" (domingo, 20/9), um rasgado elogio ao presidente Lula que, sem sombra de dúvidas, se situa no contexto das reflexões dos parágrafos acima. Ele afirma, com todas as letras estampadas na manchete que define o ponto central da entrevista, que "o Lula mudou o país de forma a salvar o capitalismo". Não se observa na frase, tampouco no seu entorno, qualquer sinal de deslocamento irônico ou sarcasmo, recursos habituais no arsenal do autor. Pelo contrário, há até um tom solene no elogio, que parece vazado nas tintas da sinceridade.

No entanto, o entusiasmo do Delfim com o "lulismo" adquire na entrevista um significado preciso. Perguntado se veria contradição em um governo eleito com as bandeiras da esquerda, que até se dizia socialista, salvar o capitalismo, responde de maneira categórica: "a última coisa que este governo fez foi opor-se ao capitalismo. E muito menos ser marxista, ou outra coisa". Ao responder sobre a relação entre as críticas que o PT lhe fizera no passado e sua atual condição de conselheiro do Lula, ele recupera o seu habitual irônico e mordaz para tripudiar: "basta olhar os meus trabalhos desde 1954, quando saí da escola: não mudaram muito. Mas a esquerda mudou. Ela demora, mas aprende".

Ao criticar a "mitologia do mercado perfeito" e dizer que "não há mercado sem Estado forte, justamente para garantir o seu funcionamento", ele sugere uma roupagem nova, distinta da estreiteza do neoliberalismo puro e duro, para garantir a reprodução dos interesses dominantes. Apóia com entusiasmo as propostas gestadas nos laboratórios do governo para o enfrentamento da crise atual, talvez por identificar nelas fortes afinidades com a restauração conservadora conduzida por ele próprio ao tempo da ditadura militar. Sempre sagaz, ele não diz isso diretamente, mas o observador atento pode deduzir. Basta observar o noticiário fragmentado sobre a inusitada movimentação no "andar de cima" da sociedade brasileira.

Fusões gigantescas, incorporações abruptas, mega-negócios, reconfigurações as mais variadas, tipo Itaú/Nacional, Perdigão/Sadia, Oi/Telemar, Friboi e tantos outros, são elementos de um processo violento que está em curso. O coral dos contentes insiste em apontar para a "marolinha" na superfície, mas se observa um abalo tectônico nas camadas profundas: uma mudança vertiginosa na morfologia do capitalismo brasileiro.

Em cada passo desta trajetória ainda subterrânea, o dedo do Estado como sócio do capital monopolista está presente. Manipulando normas, alterando legislações e direitos que possam restringir a liberdade dos capitais, financiando via BNDES, operando via fundos de pensão.

Além de outras, essas são algumas das razões do entusiasmo de Delfim Neto com o "lulocapitalismo"

Léo Lince é sociólogo.

Agronegócio,o grande vilão...

Agrotóxicos no seu estômago

Por João Pedro Stedile

Os porta-vozes da grande propriedade e das empresas transnacionais são muito bem pagos para todos os dias defender, falar e escrever de que no Brasil não há mais problema agrário. Afinal, a grande propriedade está produzindo muito mais e tendo muito lucro. Portanto, o latifúndio não é mais problema para a sociedade brasileira. Será? Nem vou abordar a injustiça social da concentração da propriedade da terra, que faz com que apenas 2%, ou seja, 50 mil fazendeiros, sejam donos de metade de toda nossa natureza, enquanto temos 4 milhões de famílias sem direito a ela.

Vou falar das consequências para você que mora na cidade, da adoção do modelo agrícola do agronegócio.

O agronegócio é a produção de larga escala, em monocultivo, empregando muito agrotóxicos e máquinas.

Usam venenos para eliminar as outras plantas e não contratar mão de obra. Com isso, destroem a biodiversidade, alteram o clima e expulsam cada vez mais famílias de trabalhadores do interior.

Na safra passada, as empresas transnacionais, e são poucas (Basf, Bayer, Monsanto, Du Pont, Sygenta, Bungue, Shell química...), comemoraram que o Brasil se transformou no maior consumidor mundial de venenos agrícolas. Foram despejados 713 milhões de toneladas! Média de 3.700 quilos por pessoa. Esses venenos são de origem química e permanecem na natureza. Degradam o solo. Contaminam a água. E, sobretudo, se acumulam nos alimentos.

As lavouras que mais usam venenos são: cana, soja, arroz, milho, fumo, tomate, batata, uva, moranguinho e hortaliças. Tudo isso deixará resíduos para seu estômago.

E no seu organismo afetam as células e algum dia podem se transformar em câncer.

Perguntem aos cientistas aí do Instituto Nacional do Câncer, referência de pesquisa nacional, qual é a principal origem do câncer, depois do tabaco? A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) denunciou que existem no mercado mais de vinte produtos agrícolas não recomendáveis para a saúde humana. Mas ninguém avisa no rótulo, nem retira da prateleira. Antigamente, era permitido ter na soja e no óleo de soja apenas 0,2 mg/kg de resíduo do veneno glifosato, para não afetar a saúde. De repente, a Anvisa autorizou os produtos derivados de soja terem até 10,0 mg/kg de glifosato, 50 vezes mais. Isso aconteceu certamente por pressão da Monsanto, pois o resíduo de glifosato aumentou com a soja transgênica, de sua propriedade.

Esse mesmo movimento estão fazendo agora com os derivados do milho.

Depois que foi aprovado o milho transgênico, que aumenta o uso de veneno, querem aumentar a possibilidade de resíduos de 0,1 mg/kg permitido para 1,0 mg/kg.

Há muitos outros exemplos de suas consequências. O doutor Vanderley Pignati, pesquisador da UFMT, revelou em suas pesquisas que nos municípios que têm grande produção de soja e uso intensivo de venenos os índices de abortos e má formação de fetos são quatro vezes maiores do que a média do estado.

Nós temos defendido que é preciso valorizar a agricultura familiar, camponesa, que é a única que pode produzir sem venenos e de maneira diversificada. O agronegócio, para ter escala e grandes lucros, só consegue produzir com venenos e expulsando os trabalhadores para a cidade.

E você paga a conta, com o aumento do êxodo rural, das favelas e com o aumento da incidência de venenos em seu alimento.

Por isso, defender a agricultura familiar e a reforma agrária, que é uma forma de produzir alimentos sadios, é uma questão nacional, de toda sociedade.

Não é mais um problema apenas dos sem-terra. E é por isso que cada vez que o MST e a Via Campesina se mobilizam contra o agronegócio, as empresas transnacionais, seus veículos de comunicação e seus parlamentares, nos atacam tanto.

Porque estão em disputa dois modelos de produção. Está em disputa a que interesses deve atender a produção agrícola: apenas o lucro ou a saúde e o bem-estar da população? Os ricos sabem disso e tratam de consumir apenas produtos orgânicos.

E você precisa se decidir. De que lado você está?

(Texto publicado originalmente no jornal O Globo)

A midia de esgoto ataca novamente...

SENHORAS E SENHORES O SHOW DA GLOBO - A MENTIRA COM JEITO DE "PATRIOTISMO"

Laerte Braga

O fato de se ter opinião contra ou a favor de determinado assunto não implica em desqualificar ninguém. Mas mentir, forjar, ou mudar de opinião por conta de uma "remuneração", digamos assim, conta.

Alexandre Garcia e Miriam Leitão são mais que mentirosos. São canalhas lato senso. Alexandre Garcia era funcionário do Banco do Brasil, privilegiado por ter sido dedo duro e por isso mesmo secretário de imprensa do gabinete militar do governo Figueiredo, demitido por assédio sexual e por ter posado só de gravata, deitado numa cama, para a revista ELE E ELA. Saiu do governo para a extinta REDE MANCHETE. ELE E ELA e a rede pertenciam ao mesmo grupo, Bloch.

Miriam Leitão integrava o Partido Comunista do Brasil e mudou de idéia quando o marido virou dono de faculdades - concessões do governo tucano - e ligado a GLOBO. É cunhada de Edmar Moreira, o deputado do castelo e pior que isso, torturador à época da ditadura.

A edição do BOM DIA BRASIL, primeira ordem do dia de Wall Street, de quarta-feira, foi um primor de desfaçatez, mau caratismo, mentira e tudo muito bem remunerado, com parceria do tal Renato não sei das quantas que apresenta o que chamam de jornal.

Em bom português, o casal Garcia/Leitão com ares de virgens imaculadas de uma corte angelical qualquer, mostrou a que ponto a GLOBO e seus miquinhos são capazes de chegar para defender os interesses estrangeiros em relação ao Brasil.

Não mostram o povo hondurenho, é exatamente o que temem

Num script bem montado, lógico, descendem de Goebells, afirmaram que o Brasil se meteu numa "camisa de onze varas" ao abrigar Zelaya em sua embaixada em Honduras. Que Lula referiu-se ao governo daquele país como golpista (uai, não é não? Então o que?) e que tudo foi tramado por Chávez.

a embaixada do Brasil cercada por bestas/feras assessorados por agentes norte-americanos e de Israel. As armas químicas e biológicas usadas contra o povo são de fabricação israelense, ou seja, da turma do IV REICH. Garcia e Miriam não estão preocupados com isso, são agentes estrangeiros, apátridas. Pertencem a quem paga mais

As perguntas iam sendo feitas assim tipo passe perfeito para o chute em gol, tudo montadinho, no espírito Homer Simpson, como encaram o telespectador, o distinto público.

A tal sensatez dos bandidos da GLOBO ignora isso, a barbárie dos militares

A questão não é informar é vender o peixe.

E tem quem chame isso de sensatez.

Segundo Miriam Leitão o governo hondurenho vai realizar eleições para normalizar a situação. Então a situação é anormal? Isso ela não falou nada.

Já Alexandre Garcia falou em decisão da suprema corte de Honduras para afastar Zelaya e ao referendo que Zelaya queria realizar (ouvir o povo) acrescentou o epíteto corrupção.

Crápula lato senso.

Por que não teve a mesma coragem quando FHC comprou o segundo mandato presidencial a peso de ouro sem ouvir o povo?

Estava no bolso, participou da "divisão dos lucros".

Tem gente que tira a roupa e fica de gravata numa cama por qualquer dinheiro.

Tem gente que muda de idéia quando vê o contracheque do adversário.

A suprema corte foi lá, decretou o afastamento, no dia seguinte militares bestas feras prenderam Zelaya e pronto. E se a suprema corte lá for só de gente como Gilmar Mendes?

Uai, e o direito de defesa, o processo normal de impedimento?

São serviçais, Garcia, Míriam, o tal Renato, não estão nem aí para a verdade, mas para aquela cédula, aquele monte de cédulas de dólares postas e exibidas pela câmara para a qual olham e falam quando mentem. Assim que nem cenoura na ponta de um pedaço de pau amarrado ao coelho e a frente do bichinho. Com a diferença que o coelho é ludibriado e eles não, no final embolsam a grana.

Agentes de interesses estrangeiros no Brasil.

Em 2002 Miriam Leitão passou uma semana na Venezuela e na volta produziu a mentira da insatisfação popular contra Chávez, exibida em série no jornal de outro crápula, William Bonner.

Chávez foi deposto na quinta-feira seguinte e voltou ao poder domingo pelas mãos do povo, isso em abril, em agosto venceu por larga margem um referendo sobre seu governo. Miriam Leitão foi lá na condição de funcionária de uma agência estrangeira no Brasil, a GLOBO, dentro de um contexto montado em Washington, no governo Bush.

Falta absoluta de caráter. De vestígios de dignidade.

Pilantras em tempo integral.

Quando o deputado Ciro Gomes disse que o Brasil não pode voltar às mãos "do bando de FHC", estava falando de José Serra e dessa gente.

Se preciso e se o dinheiro for bom vendem a mãe.

E ainda arranjaram um jeito de enfiar o MST na história.

O que se viu no BOM DIA BRASIL nem foi opinião e nem foi sensatez. Foi jogo de cena de notórios bandidos que não têm o menor compromisso com o Brasil, pois são de quem paga mais.

Bomba sonora de fabricação do estado terrorista de Israel à frente da embaixada do Brasil em Honduras. Os sensatos Alexandre Garcia e Miriam Leitão, não falam que esse tipo de arma viola o direito internacional. Só falam o que o lhes é pago pelo dono. Vai ver a culpa é de Chávez.

E vem aí na GLOBO, a campanha pela entrega do pré-sal é só abaixar a poeira de Honduras.

Vai dar um bom extra para eles. Breve vão estar tomando cerveja na Cervejaria Casa Branca.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A volta de Zelaya....

Nem só de Reinold Stephanes é feito o governo Lula



Laerte Braga

Existe Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores. É claro que o chanceler tinha conhecimento de toda a movimentação do presidente legítimo de Honduras, Miguel Zelaya. Um feito desse porte não é obra do acaso.

A ação foi conjunta com o governo do presidente Hugo Chávez da Venezuela. Surpresa deve ter ficado a secretária de Estado Hilary Clinton. O governo Obama dava como cumprido o seu “dever”. Condenou o golpe da boca para fora. A ação golpista foi articulada na base militar dos EUA na região de Tegucigalpa, com participação direta do embaixador de Washington.

As eleições previstas para novembro, do ponto de vista dos EUA, criariam uma nova realidade e os golpistas teriam alcançado seus objetivos.

Se Zelaya sai da embaixada do Brasil para o palácio do governo é outra história. O importante é que há um fato político inesperado que complica a lógica dos golpistas.

Para que se possa ter uma idéia do que a volta de Zelaya significa, nas condições em que se deu, ou seja, a presença do presidente legítimo de Honduras em território hondurenho, a chamada grande mídia sabia do fato desde o início da tarde e estava aguardando “instruções” de Washington sobre como noticiar. Foi o caso da GLOBO por aqui.

Desde o golpe que todo o aparato golpista, explícito ou não, governo e mídia subordinada, brincavam de apoio à legalidade democrática, tranqüilos e serenos, apostando no tempo como fator decisivo para a consolidação da quartelada.

O grande problema agora é saber como vão reagir as forças armadas hondurenhas. Se mergulham o país num banho de sangue, o povo está nas ruas exigindo Zelaya, ou se acatam a vontade popular.

Forças armadas latino americanas de um modo geral se comportam, historicamente, como “polícia” dos interesses dos EUA e de elites apátridas. São raros os chefes militares com compromissos expressos com seus povos, suas nações. O golpe de 1964 no Brasil foi uma típica ação norte-americana, comandada por um general dos EUA, Vernon Walthers. É a praxe dos golpes na América Latina. l

Não há que se discutir a volta de Zelaya na forma proposta pela secretária Hilary Clinton. Ou seja, Zelaya assume o governo e cumpre um fim de mandato formal, dentro de uma camisa de força, comr de parâmetros ditados pelos EUA.

E os hondurenhos presos? Torturados? Assassinados pelos golpistas?

A atitude de Zelaya refunda Honduras do ponto de vista político e institucional. A realidade agora é diversa em todos os sentidos. O referendo que serviu de pretexto para o golpe é um começo para essa realidade.

E acontece num momento que o governo Lula está debaixo de intenso bombardeio de forças de extrema-direita (PSDB e DEM), numa ação que não é isolada. Faz parte de todo um projeto político que tem como objetivo a derrubada de governos hostis aos EUA.

São as bases militares na Colômbia. As iniciativas do latifúndio e companhias internacionais contra o MST no Brasil. A clara tentativa tucano/DEMocrata de entregar o pré-sal a empresas norte-americanas através de manobras legislativas. O controle da informação a partir da censura na internet. A ofensiva do governo Obama contra o acordo militar Brasil-França. As ações contra Chávez.

Toda uma sinfonia golpista regida na expectativa de eleições em 2010 e o governo de volta a funcionários da Fundação Ford, no caso, José Serra. O peso do Brasil nesse processo.

O grande problema é que nem todos os ministros do governo Lula se chamam Reinold Stephanes (Agricultura). Existem figuras do porte de Celso Amorim. Desde o golpe militar de 1964 o Brasil não tem política externa. Tem prevalecido a vergonhosa máxima do general Juracy Magalhães, chanceler da ditadura, governo Castello Branco. “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Houve um arremedo de chanceler, Celso Láfer, governo FHC, que chegou a tirar os sapatos no aeroporto de New York, numa “revista”. Tipo baixar as calças e cair de quatro.
Por outro lado devem aumentar as pressões pelos tais “acordos negociados”, quando não há o que negociar, mas apenas cumprir a vontade dos hondurenhos.

A decisão do presidente golpista Micheletti de cortar a energia elétrica nas imediações da embaixada do Brasil sinaliza que os militares hondurenhos ainda não conseguiram, pegos de surpresa, acertar o passo com o comandante militar da base dos EUA na capital do país e que o embaixador de Washington deve estar esperando o senador John McCain acordar para saber como proceder.

A forma fria como a mídia “brasileira” está tratando o fato, uma espetacular manobra política de resistência, deixa patente que as “instruções” ainda não chegaram às redes de tevê, jornais e revistas. Miriam Leitão deve estar na expectativa do script para poder apresentar com a característica histeria de “cinco milhões” de mortos, a gripe suína, o pânico gerado a soldo da indústria farmacêutica.

O povo de um pequeno país da América Central desconserta toda a “consertación” golpista que derrubou Zelaya.

O que mostra que tamanho não é documento.

A volta de Zelaya a Honduras é um concerto de corais dos movimentos populares latino-americanos.

Agora é hora do grande final.

A batuta é do povo de Honduras e os aplausos e pedidos de bis partem do movimento popular da América Latina como um todo.

Nem só de Reinold Stephanes vive o governo Lula e é hora do próprio presidente perceber isso.

Caiu no seu colo a oportunidade de resgatar a liderança efetiva do processo de integração latino-americana.

E é uma boa hora para militares latinos pensarem em seus próprios países, suas nações, dando uma banana aos comandantes norte-americanos.

Da importância da memória ...







Escrito por Maria Clara Lucchetti Bingemer

O grande filósofo Martin Heidegger afirma que "a memória é o recolhimento do pensar fiel". Com isso, quer dizer que ela protege e guarda consigo tudo aquilo que é importante, que faz sentido, que se antepõe e antecede mesmo aos fatos como seu sentido. Tudo aquilo, enfim, que se propõe ao pensamento como conteúdo digno de ser refletido e recordado. Por isso, a memória é a condição de possibilidade da cultura, da civilização, de tudo que o ser humano constrói sobre a terra.

Em termos teológicos, a memória é o que permite não perder a Palavra revelada e acolhida na fé; a identidade do Deus pessoal que se revela, diz seu nome e mostra seu rosto e deseja ser reconhecido. Pela memória se narra e se conta, sempre de novo, a história dessa experiência, desse diálogo, dessa identidade. E tudo isso para fazer memória, para poder testemunhar para as novas gerações, para não deixar esquecer aquilo que fez e deve continuar fazendo a humanidade: viver, sofrer, rir, pensar, falar e conhecer.

Existe a memória da alegria, do amor vivido e realizado, dos momentos vividos juntos. Memória dos rostos sorridentes, das palavras trocadas, dos gestos de carinho sentidos sobre a pele que, tocada, se sente vibrar de vida e gozo. É recordação que ajuda a viver e concede doçura ao mais duro cotidiano.

Mas existe também a memória da dor, que arrasta para a visibilidade e a frente do proscênio a dor das vítimas diante dos poderes alimentados pelo princípio de domínio. A memória da dor não fala em termos abstratos, do "ser humano" ou da "humanidade".

Fala do outro concreto: do desespero das viúvas que se lançam impotentes sobre o caixão do companheiro; do choro das crianças órfãs que gritam sem entender por que seu pai jaz no chão perfurado por balas e granadas; dos rostos emagrecidos e famintos dos que vivem em continentes que as grandes potências riscaram dos mapas. Fala do holocausto nazista e dos expurgos stalinistas e de seus milhões de vítimas que têm nome, endereço, um número tatuado na pele do braço e uma estrela amarela costurada na roupa.

Quando há olvido dessa dor e desse sofrimento, começa um processo lento de desumanização de um povo ou de uma cultura. Por isso filósofos como Adorno, teólogos como Johann Baptist Metz, enfatizam a importância da dimensão subversiva da memória. É subversiva porque não deixa esquecer e traz as vítimas para o centro da atenção. É subversiva porque não deixa desaparecer na noite dos tempos o mal praticado, a justiça desprezada, e põe em evidência o processo de extinção da tradição que começa a crescer, ameaçando sufocar a dignidade humana e empurrar em direção à desumanidade.

A memória reclama uma razão anamnética, um modo de pensar que não reduza o sujeito a uma abstração conceitual sem referência à história e aos processos sociais. E assim reivindica o direito de ser uma mediação crítica para a prática humana. Seu instrumento é por excelência a narrativa. A narrativa é a morada da memória. Assim nasceu o cristianismo, quando os discípulos do nazareno narravam uma e outra vez a história daquele que passara pela vida fazendo o bem, que fora morto violenta e injustamente, mas que Deus ressuscitara e agora se encontrava vivo em meio a eles.

Assim acontece igualmente com as vítimas da história que, nomeadas e narradas pela memória, permanecem vivas e se mantém acesa a chama de suas vidas que clamam por justiça. Não se trata de um mero amor às tradições, mas o desejo de criar e formar uma comunidade de solidariedade com as vítimas da história, que interrompe as tentativas de calar e amordaçar a verdade que os sistemas totalitários de todos os tipos carregam em seu bojo. A memória resgata a narrativa ardente do passado e o atualiza para transformar o presente. Rememora acontecimentos com urgência de futuro, criando uma solidariedade que olha longe e vê além das aparências.

Um país sem memória vai pouco a pouco vendo desaparecer e esfumar-se sua identidade verdadeira. Abre espaço para retornos indesejados e varre para as sombras de um equivocado esquecimento presenças luminosas cujas vidas deveriam ser narradas uma e mais vezes, a fim de iluminar o caminho das novas gerações. Esperemos que o Brasil não entre nessa lista. Seria desastroso e indigno da grande nação que é.

Maria Clara Lucchetti Bingemer, teóloga, é professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio.

A sociedade do lixo









Ana Candida Echevenguá * Adital

Segundo o doutor Alexandre de Ávila Lerípio, "somos a sociedade do lixo". Nos últimos 20 anos, a população mundial aumentou em 18% e a quantidade de lixo planetária passou a ser 25% maior. Tudo isso graças ao american way of life que incentiva o consumismo, a produção de bens descartáveis e a utilização de materiais artificiais.

Com este volume crescente, o lixo nosso de cada dia - doméstico, hospitalar ou industrial - deveria ser bem gerenciado para evitar os impactos negativos à saúde humana e o meio ambiente.

Para tratar da questão dos resíduos industriais, o Brasil tem normas claras: Constituição Federal e Estaduais, Lei 6.803/80, Lei 6.938/81, Lei 9.605/98, Resoluções do CONAMA, dos CONSEMAS, ...Todas com o mesmo espírito: o lixo industrial carece de tratamento especial devido aos riscos que provoca à saúde e o gerador é obrigado a cuidar do gerenciamento, transporte, tratamento e destinação final desse lixo, seguindo o conceito do poluidor-pagador.

Ou seja, os resíduos devem ser tratados e destinados para aterros com estrutura protetiva que evite a contaminação do solo e água.

Já que os cuidados exigidos implicam custos extras, o que ocorre hoje? As indústrias -por economia- lançam seus resíduos sólidos a céu aberto, à beira da estrada, em terrenos baldios..., ou guardam em depósitos, enterram por aí... Os líquidos são despejados no solo e na água; os gases lançados no ar. A certeza da impunidade permite essa prática corriqueira de crimes ambientais.

Ou criam ‘fórmulas verdes’ de reuso do seu lixo: o lodo da cerâmica é doado para fazer tijolos ou cimento, a areia fenólica é usada na pavimentação das estradas. Cuidado, gente! Muitos destes projetos, rotulados como ambientalmente corretos, são poluentes.

Tudo isso é ilegal? Sim. Mas a prática é corriqueira devido à precariedade da fiscalização e do controle da emissão de poluentes, de lançamento de efluentes e da destinação correta dos resíduos gerados.

O Paraná, por exemplo, não tem aterro sanitário para lixo industrial. Santa Catarina tem alguns; mas as indústrias não apresentam inventário de seus resíduos. Fazem a mágica de produzir sem gerar resíduos.

Com o advento da Lei de Crimes Ambientais e a previsão de sanções para o poluidor-pagador, as empresas de transporte e de tratamento de resíduos passaram a apostar nesse filão de mercado. Mas chegaram à conclusão que é mais fácil lucrar com o lixo urbano, facilmente pago pelo cidadão comum.

Enquanto isso, ninguém tem interesse (ou coragem) de propor a confecção de um inventário nacional dos resíduos industriais; nem em desenvolver uma política de redução do potencial poluidor da indústria brasileira.

Afinal, é mais fácil impor à Natureza a responsabilidade de depurar as substâncias tóxicas que nela lançamos.


* Advogada ambientalista. Coordenadora do Programa Eco&Ação, presidente da ong Ambiental Acqua Bios

terça-feira, 22 de setembro de 2009

E vai rolar a festa







Escrito por Gabriel Brito
- Correio da Cidadania

Nesta semana, o BNDES anunciou ao público uma linha de crédito no valor de 4,8 bilhões de reais para a construção dos estádios que abrigarão os jogos da Copa do Mundo de 2014. De acordo com o plano, o banco concederá 400 milhões para cada uma das novas arenas, ficando de fora apenas os estádios do Morumbi (São Paulo FC), Beira Rio (Internacional) e Arena da Baixada (Atlético-PR), impedidos de aderirem ao financiamento por serem particulares.

Com a decisão, vai ficando cada vez mais pavimentado o caminho para o uso indiscriminado do dinheiro público na farra que se avizinha, pois já é líquido e certo que serão os governos estaduais de cada sede a botarem a mão na massa e erguerem os estádios. Apesar de ainda se buscarem parceiros privados, a falta de sinais vindos desse setor já deixa claro que os estados e municípios terão de criar os filhotes (de elefante).

E como demonstração cabal de um país desprovido de qualquer sentido cidadão, o presidente da CBF Ricardo Teixeira, após decantar o contrário desde a escolha do Brasil como sede, foi obrigado a reconhecer (com muito pesar, é certo) de que realmente será necessário dinheiro público na construção dos novos campos, uma vez que a crise internacional (sempre ela) teria afastado os investidores (nunca apresentados) dos projetos.

Como prova do país leniente que também somos, expirou no último dia 31 o prazo estabelecido pela FIFA e Comitê Organizador da Copa para abertura de licitações para as obras, o que já preocupa os dirigentes máximos do órgão. Jerome Valcke, secretário geral da entidade, já disse que passou da hora de o país começar de fato a tocar o projeto do mundial.

Como dar jeitinho é algo rotineiro por aqui, Ricardo Teixeira já se antecipou aos imprevistos e estendeu, só de boca, o prazo para início das obras de fevereiro para março de 2010. Enquanto isso, podemos observar contradições e intrigas em torno de cada um dos projetos, sem exceção, aventura que ainda não sabemos que preço cobrará do futebol nacional em seu cotidiano até e depois da Copa.

Financiar maquete ou o que já existe?

Estranhamente, excluíram-se da linha de crédito os três citados estádios, com a alegação de que já têm seus respectivos donos. No entanto, quantas dezenas de projetos o BNDES já financiou para a iniciativa privada, sem qualquer contrapartida social? Até fazenda identificada por impor trabalho escravo foi detectada como receptora de financiamento do banco recentemente.

Portanto, se o Morumbi será o estádio paulista da Copa, por que não financiá-lo também? Afinal, trata-se de empréstimo apenas. Não é mais seguro oferecer crédito a um estádio já erguido, com conhecidas fontes de receita e no principal centro econômico do país do que jogar um rio Amazonas de dinheiro público em localidades que só têm as maquetes de feira de ciências até agora? Para muita gente, trata-se de um inconfessado desejo de construir um novo estádio na metrópole, fazendo a alegria de muitos envolvidos.

Pois será assim. Na hora dos anúncios, festa, tapinha nas costas e garantia de retorno ao investimento. Porém, é difícil imaginar que tamanha fortuna não vá para o ralo em determinados, ou vários, casos. O argumento básico é de que os estádios serão ‘multiuso’, ou seja, poderão receber shows, eventos, vender espaços, camarotes, ter restaurantes, salas de cinema e por aí afora, de modo a potencializar os ganhos com o local, algo muito comum na Europa, mas nunca feito por aqui (exceto no estádio do Atlético-PR!).

Tudo legítimo, correto, pois o estádio precisará ser mantido além de construído. Porém, deixa-se de lado que tais premissas não cabem em todos os lugares. Primeiro, porque a razão primordial de sua existência ainda serão as partidas de futebol. Outra coisa: os Rolling Stones já tocaram em Manaus? Não que não possam, mas é evidente que tal empreitada só pode ter (alguma) garantia de retorno em centros mais ricos, que fazem parte do circuito internacional das finanças, entretenimento etc. Logo, recuperar tal monta de investimentos em determinadas praças será missão praticamente impossível.

Vá tomando nota

Dentre as cidades contempladas como sede, algumas seguem cobertas de incerteza, e, se já está difícil angariar apoio privado em grandes centros, em outros já é óbvio que tudo recairá sobre os cofres públicos. Além do mais, como já alertado neste espaço, nossa iniciativa privada sempre foi muito, digamos, ‘mimada’ pelos governos de plantão.

Ou seja, qualquer grupo empresarial que possa ter interesse nos eventuais lucros dos estádios e que possua o mínimo conhecimento de como funcionam as coisas por aqui saberá que a hora de injetar dinheiro não é essa. Sabedores de que a aventura já foi assumida oficialmente pelo país, têm a certeza de que as arenas serão levantadas, de um jeito ou de outro.

Depois, com tudo prontinho, já poderemos esperar os governos dizerem que os custos de manutenção são demasiado elevados e que é necessário passar sua administração a algum grupo capaz de gerenciar. E aí eles entram em cena, e, sob os auspícios dos próprios governantes, ganham de presente um enorme patrimônio feito com verba pública. Foi assim com o Engenhão, construído para o Pan 2007 por 380 milhões, e que passou para as mãos do Botafogo sob o módico aluguel de 36 mil reais por mês. Com um exemplo desses, quem vai ser trouxa de abrir a carteira?

Pra tentar finalizar esse tema cheio de desdobramentos, e com diversos casos que merecem uma abordagem mais específica, chegamos ao ponto em que já não temos tanto tempo para tocar todas as obras, inclusive as estruturais, a tempo do Mundial, ainda que o tempo pareça longo.

Sendo assim, e já foi avisado, muitos estádios terão de ser fechados por um período doloroso. Mineirão e Maracanã deverão ser fechados por dois e três anos respectivamente, pois a FIFA ordena que assim se faça nos estádios que abrigarão jogos. Pois é, enquanto se prepara a farra da qual o torcedor nem sabe se poderá participar (teme-se por preços exorbitantes nos jogos), este poderá ficar privado de seu futebolzinho cotidiano também.

Os clubes mineiros ainda não têm idéia do que fazer. Já os cariocas terão de se contentar com palcos menores e infinitamente menos queridos; lembrando que o estádio já fechara por dois anos entre 2004 e 2006.

Desse modo, o cenário parece montado. A torneira governamental será aberta, os estádios estarão em pé, licitações serão atropeladas em nome da urgência e, depois de voltarem à realidade das partidas para 3 mil pessoas em Brasília, Manaus ou o que seja, nossos ‘capitães da copa’ entregarão suas brincadeiras faraônicas para os privilegiados de sempre, locupletando-se todos, como sempre também. Tudo isso descontando as hipóteses de irregularidades em todo o processo, assunto, esse sim, que ficará como principal ‘legado’ da Copa do Mundo no Brasil.

Gabriel Brito é jornalista.