A Folha de São Paulo passou a publicar “pornografia”. É literalmente
indecente um artigo de um de seus principais pistoleiros publicado hoje
(19/07) naquele antro de libidinagem intelectual. Se você não leu, tem
que ler. Por penoso que seja ver um homem daquela idade se degradar
tanto moralmente, o texto mostra a que ponto chegou essa gente.
Acredite quem quiser: ele escreveu um texto bradando contra a
concentração da propriedade de meios de comunicação. Escreveu todos os
argumentos que vimos escrevendo na blogosfera dia após dia, semana após
semana, mês após mês, ano após ano. E colocou a culpa pela propriedade
cruzada de meios de comunicação sabe em quem? No PT!
Leia e chore. Em seguida, um comentário final.
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FOLHA DE SÃO PAULO
19 de julho de 2011
Murdoch ou quando “Deus” fica nu
Clóvis Rossi
ED MILIBAND, líder do Partido Trabalhista britânico, tocou a
tecla certa, em entrevista domingo ao “The Observer”: considerou
“perigosa” a concentração da propriedade de meios de comunicação em
poucas mãos, em alusão a Rupert Murdoch, o dono do império midiático
hoje no centro de um imenso escândalo.
“Temos que ver o que fazer quando ocorrem casos em que uma pessoa
controla mais de 20% do mercado de mídia”, disse Miliband durante a
entrevista.
Bingo. Vale para o Reino Unido, vale para o Brasil, vale para o
mundo. Aqui, tem sido “pouco saudável”, por exemplo, o domínio da
família Magalhães sobre o principal jornal, a principal rádio e a
retransmissora da Rede Globo na Bahia.
Diga-se o mesmo a respeito da família Sarney no Maranhão, bem
como de outras famílias políticas em outros Estados, graças à farra de
concessões de rádio e TV a políticos, tema de recente reportagem desta Folha.
É curioso que os petistas furibundos fizeram inúmeras tentativas
de aprovar legislação sobre “controle da mídia”, mas que não tocavam no
ponto chave que é a propriedade cruzada de meios de comunicação –
capítulo que os Estados Unidos resolveram razoavelmente bem.
Controlar a mídia é tarefa do leitor/ouvinte/telespectador. Eu
tenho horror ao sensacionalismo, mas sei muito bem que meu gosto é
minoritário, no Brasil como no Reino Unido ou qualquer outro país.
Rupert Murdoch não tinha 2,7 milhões de capangas armados de
metralhadoras para forçar os ingleses a esgotar a tiragem do “News of
the World”.
Aliás, a propósito, vale reproduzir com uma ponta de orgulho
corporativo a frase de Timothy Garton Ash, um dos intelectuais mais na
moda na Europa, em seu artigo de ontem para “El País”: “O melhor
jornalismo britânico pôs a nu o pior”, em alusão à incessante campanha
do jornal”Guardian” para expor as indecências do “NoW”.
Pois é, deixado livre, o melhor jornalismo acaba se impondo, por muito que demore.
Se controle da mídia é função do público, o da concentração excessiva é, aí sim, tarefa da legislação.
Se controle da mídia é função do público, o da concentração excessiva é, aí sim, tarefa da legislação.
Ainda mais se a concentração fica nas mãos de alguém sem
escrúpulos, que acaba impondo o reino do medo, que paralisa o mundo
político.
É o caso de Rupert Murdoch, assim retratado ontem, no “Guardian”,
pelo colunista Charlie Brooker:”Poucas semanas atrás, Murdoch, ou, mais
exatamente, as tendências mais selvagens da imprensa, representavam
Deus. (…) Você nunca deve irritar Deus. Deus carrega imenso poder. Deus
pode escutar tudo o que você diz. Você deve reverenciar Deus, e
agradá-lo, ou Deus vai destrui-lo”.
Agora que “Deus” Murdoch está caindo em desgraça, o temor e as
reverências deram lugar à constatações que deveriam ser óbvias há muito
tempo, como a que fez Ed Miliband. E os “políticos britânicos fazem fila
para denunciar Murdoch”, como completa Brooker.
O próprio “Guardian”, aliás, com o gostinho da vitória ainda
fresco, pede a cabeça do primeiro-ministro David Cameron, por ter
empregado Andy Coulson, ex-editor do “NoW”, como seu assessor de
imprensa -típica atitude de quem queria comprar as graças de “Deus”.
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Sim, isso foi publicado no jornal que estampou, em sua primeira
página, uma ficha policial falsa da hoje presidente Dilma Rousseff e que
divulgou acusação ao ex-presidente Lula de ser um maníaco sexual.
Por que será que esse velhaco não citou a Globo, da Família Marinho,
pela maior concentração de propriedade de meios de comunicação em todo o
mundo? Ou o próprio grupo Folha, detentor de uma quantidade imoral de
jornais e do maior portal de internet do país, um “grupo” que, em
qualquer país civilizado, não poderia existir?
Com que tipo de gente estamos lidando? Ele acusa “petistas
furibundos” de não pregarem o fim da concentração de meios de
comunicação. Se tivesse saído de seu escritório com ar condicionado e
ido cobrir a Conferência Nacional de Comunicação, em 2009, não teria
ouvido falar de outra coisa. Inclusive, teria lido esse pleito antigo no
documento final da Confecom.
Rossi mente descaradamente dizendo que “petistas furibundos” pregam
controle dos meios de comunicação em vez de veto à propriedade cruzada,
quando qualquer um que já tenha lido o que se pede dia sim, outro também em espaços como este sabe que é a democratização da comunicação, ou seja, o fim da propriedade cruzada.
Há quanto tempo você vê a blogosfera se esfalfar pedindo o fim da
concentração de meios de comunicação? Como lidar com gente assim? Com
luvas de pelica? Será que este governo não tem ninguém com um mísero
traço de coragem para dar uma resposta à altura a esse velhaco? Até
quando este país será esbofeteado dessa forma?