quarta-feira, 18 de abril de 2007

Deepak Chopra

"O que eu gostaria de fazer, se pudesse, é dar a vocês uma idéia de quem são vocês. A idéia comum de quem nós somos vem da superstição do materialismo. Normalmente, pensamos em nós como um corpo físico que aprendeu como pensar e com uma espécie de ego, encapsulado na pele, que está confinado num saco de carne e osso e que passa o tempo de uma vida espremido no volume de um corpo.

Essa idéia de quem somos vem até nós porque interpretamos a realidade através dos nossos sentidos. Pensamos que nossos sentidos nos dão uma imagem precisa do mundo. Nós temos essa idéia de que a experiência sensorial é o teste crucial da realidade, que somente se eu puder tocar alguma coisa é que ela realmente existe, caso contrário, está apenas “na minha imaginação”. Mesmo do ponto de vista do “senso comum”, sabemos que isso não é verdade.

Meus sentidos me dizem que a terra é plana e ninguém acredita mais nisso. Meus sentidos me dizem que o chão, no qual eu estou de pé, está parado, mas eu sei que ele está se movendo, através do espaço, em uma velocidade estonteante. Meus sentidos me dizem que certas coisas têm uma certa textura, cor, cheiro, mas o que eu percebo dessas coisas não é realmente sua natureza intrínseca, é a resposta do observador. É como os meus sentidos decodificam alguma coisa que é muito mais vasta, mais abstrata e bastante inefável.

Neste momento, 99% das pessoas, nesta sala, estão recebendo menos do que um bilionésimo dos estímulos que estão presentes na sala. Os estímulos que as pessoas realmente recebem são governados pelo conceito daquilo que você pensa que existe “lá fora”. Se você não tem o conceito, você não vai perceber. Com efeito, isto não existe para você. O que nós chamamos realidade é, na verdade, o resultado de uma coleção de nossas experiências subjetivas. Se acontecer de a gente concordar com aquelas experiências subjetivas, nós chamamos isto de “ciência objetiva”. Mas “ciência” não é nada mais que um método de explorar o mapa daquilo que nós pensamos que é a verdade. Ciência não é um método para explorar a verdade. Ciência é uma extensão do nosso mapa da realidade...

O modelo do qual nós pensamos ter nos originado está congelado num modelo obsoleto — modelo que aparece ao corpo como uma estrutura anatômica congelada. De fato, o corpo humano (como também tudo na criação) é um rio de inteligência, energia e informação e que está, constantemente, se renovando durante cada segundo desta existência.

O você real, que é permanente, não pode entrar no mesmo corpo duas vezes. A cada segundo, você está renovando seu corpo mais facilmente do que antes. O corpo físico que você tem agora não é o mesmo que você tinha 20 minutos atrás.

Uma pessoa pode examinar um número de processos psicológicos para ver como isso é literalmente verdadeiro. Apenas o ato de respirar: a cada inspiração você inala 10²² átomos do Universo. É uma quantidade astronômica de material cru que vem de todos os lugares e termina como estrutura celular renovada do corpo. A cada expiração, você está expirando 10²² átomos do Universo, que tem sua origem em todos os lugares dentro do seu corpo. Você está literalmente respirando pedaços dos seus órgãos, tecidos e estruturas de DNA.

Tecnicamente falando, nós estamos compartilhando, intimamente, nossa estrutura interna uns com os outros o tempo todo. Você não pode reivindicar exclusividade sobre o seu corpo. Neste momento, no seu corpo físico, você tem mais de um milhão de átomos que já estiveram no corpo de Cristo, Maomé, George Bush e todo mundo. Todo mundo que alguma vez existiu. Parte do material cru deles está no seu corpo. Nas últimas três semanas, apenas um quatrilhão de átomos entrou no seu corpo, depois de ter passado através dos corpos de cada espécie viva no planeta. De acordo com os estudos radioativos isótopos, você regenera quase todo o seu corpo em um ano. Noventa e oito por cento de todos os átomos do seu corpo são substituídos em menos de um ano. Você literalmente faz um fígado novo a cada seis semanas, uma nova pele a cada mês, uma nova parede do estômago a cada cinco semanas, um novo esqueleto a cada três meses, as células do cérebro a cada ano e o D.N.A. (que guarda a memória de milhões de evoluções) que vem e vai a cada seis semanas.

Se você quiser prestar conta de cada átomo no seu corpo, são todos substituídos em menos de dois anos. Se você pensa que é o seu corpo físico, você certamente tem um problema. De qual corpo está falando? O que aconteceu com o corpo do ano passado? Voltou à poeira de onde ele veio uma vez? Está morto e, ainda assim, eu não morri?

Este é o primeiro grande insight que a ciência está começando a compreender. Eu estou, constantemente, vivendo a morte física do corpo neste exato momento. Talvez o corpo seja um lugar que as minhas memórias chamam de “casa” pelo tempo de existência.

Em outras palavras, não é a matéria que produz Consciência — é o contrário. É a Consciência que produz a matéria. Consciência que constrói e se torna matéria física. Será isto apenas uma especulação filosófica oriental? Eu gostaria de dizer que este é um insight científico. Se você for a um físico e perguntar: “Qual é a verdadeira natureza da realidade física?", o físico poderá lhe dizer que a verdadeira natureza da realidade física é que ela é não-física.

Se você olhar para qualquer coisa “material”, verá que ela é feita de átomos, que são feitos de partículas movendo-se a uma alta velocidade em torno de enormes espaços vazios — estas partículas não são objetos materiais de modo algum. São flutuações de energia e informação que ocupam um enorme vazio de informação e energia. Visto através dos olhos de um físico e não, através do artefato da experiência sensorial humana, o corpo humano (ou qualquer outra coisa física) é, proporcionalmente, tão vazio quanto o espaço intergaláctico. Se você pudesse ver alguma coisa como ela realmente é, veria um enorme vácuo com alguns pontos fragmentados (eles mesmos sendo energia) e algumas descargas elétricas (mais energia). O fato é que 99,99999% do corpo humano ou de qualquer coisa é, basicamente, espaço vazio. O 0,00001% que parece material também é espaço vazio.

A coisa toda é feita através do nada. O material essencial do Universo é aquele que não é material de forma alguma. A “coisa” essencial do Universo é “não-coisa”. O aspecto mais interessante disto é que não apenas é “não-coisa”, mas está pensando “não-coisa”, porque nosso espaço interior não é só um vácuo —é o útero da criação—, a Natureza vai para o mesmo lugar para criar uma galáxia ou um corpo humano assim como um pensamento, porque o que é um pensamento senão um impulso de energia e informação vindo do mesmo Campo Unificado que estrutura e engendra todas as forças da Natureza que, em última instância, é experienciada como “ realidade material”?

Por si só, o campo está além de ambos, “corpo” e “mente”. O “pensador” não está no reino do corpo ou mente — o campo é o “pensador” atrás do pensamento, assim como a causa da mente e do corpo.

Um grande pensador Sufi disse uma vez: “Além das idéias de fazer certo ou fazer errado, existe um campo — eu encontro você lá.” Einstein falou sobre o campo. Ele disse que não é um modelo atual para eventos de espaço-tempo que nós chamamos “realidade material”, mas um campo de potencialidade de todas as possibilidades e estados de energia de informação que, subseqüentemente, se manifesta em eventos de tempo-espaço.


...Na literatura Védica, os Rishis disseram: “Quando eu descobri quem eu realmente era, descobri que não estou na mente, mas a mente sou eu: eu não estou no corpo, mas o corpo sou eu; eu não estou no mundo, mas o mundo sou eu; curvado de volta dentro de mim, eu crio de novo e de novo; em essência, eu sou Aquilo que cria tudo Daquilo — eu sou Aquilo, você é Aquilo, tudo isto é Aquilo e isto é tudo que há; se você descobrir Aquilo, então você tem tudo.”


Existem alguns experimentos que eu gostaria de falar a respeito, porque eles são cruciais para este entendimento. Um experimento foi publicado pelo Dr. Herbert Specter, pelo Instituto Nacional de Saúde, em que ele deu, a ratos, uma injeção de um químico chamado “polyIC” que estimula o sistema imunológico. Ele fez com que esses ratos cheirassem cânfora ao mesmo tempo. Depois de o tempo passar, ele descobriu que sempre que esses ratos cheiravam cânfora, eles estimulavam o seu próprio sistema imunológico. Outros cientistas verificaram este trabalho. Se você contaminasse os ratos com “bactéria de doença” e fizesse com que eles cheirassem cânfora, eles não ficariam doentes. A diferença crucial entre vida e morte é a interpretação da memória do cheiro da cânfora.

A interpretação da memória. Isto tem qualquer sentido para nós? Você aposta que sim, porque isto é tudo que a gente faz. Estamos, constantemente, interpretando nossas memórias. A média dos humanos pensa, mais ou menos, 60.000 pensamentos por dia. O desconcertante é que, mais ou menos, 85% dos pensamentos que você teve hoje são os mesmos que você teve ontem. Humanos se tornaram “bandos de reflexos condicionados”, constantemente, reestimulados e provocados pela mídia, pessoas e circunstâncias nos mesmos eventos quânticos, químicos, resultados comportamentais e experiências de vida.

Nós nos tornamos “vítimas” da mesma repetição das nossas memórias obsoletas. A ironia é que o seu atormentador, de hoje, é o você que sobrou de ontem. Imagine que o edifício em que nós estamos é feito de tijolos, e você tem a habilidade de mudar cada tijolo do edifício uma vez ao ano — é o que nós fazemos com o nosso corpo físico. Você pergunta: “Bem, se eu estou realmente reconstituindo o meu corpo inteiro a cada ano, então, porque ainda tenho este problema nas costas e esta artrite?" A resposta é que, através da resposta condicionada e do apego ao conhecido, nós engendramos os mesmos eventos quânticos, com nossa própria auto-interação, que têm o mesmo resultado.

Se lermos a antiga literatura védica da Índia, em um trecho, o Sr. Shiva diz: “Veja o mundo como se fosse pela primeira vez, veja através dos olhos de uma criança e, subitamente, descubra que você está livre”.

Escravidão não é outra coisa senão ver o mundo através da camuflagem de idéias pré-concebidas, noções, expectativas, interpretações, rótulos, descrições, definições, avaliações, análises e, finalmente, com julgamento. Se você pudesse ver o mundo sem julgamento, o veria como uma criança — fresco, com infinitas possibilidades, todas contidas num eterno contínuo. O que você precisa para ser livre não é do desconhecido — o que você precisa para ser livre é do conhecido. Liberdade do conhecido é o que nós precisamos. Nós precisamos pular no Desconhecido a cada segundo da nossa vida, porque o Conhecido não é outra coisa que padrões rígidos de condicionamento do passado — memórias e pesos do passado. O Conhecido está dentro da Consciência Temporal. A Consciência Temporal é a consciência da Auto-Imagem.

Através da nossa própria interpretação, abandonamos o self pela auto-imagem. A auto-imagem não é nada mais que uma máscara social, o verniz de proteção e a máscara em que nos escondemos. A auto-imagem tem somente um objetivo: ela quer se reforçar a si mesma o tempo todo. A auto-imagem tem uma consciência temporal, onde cada ação comportamental é provocada por antecipação de uma resposta ou em perseguição de uma memória.

Vá além da consciência temporal e encontrará o self, que é consciência sem tempo, porque o self está além do corredor do tempo-espaço, energia e matéria. O Self tem uma consciência sem tempo, na qual a vida é, supremamente, concentrada no presente.

Na literatura Védica, os Rishis dizem: “Eu não me preocupo com o passado, eu não estou sobrecarregado pelas culpas e memórias do passado, eu não antecipo o futuro ou tenho medo dele, porque a minha vida está supremamente concentrada no Presente —a resposta certa para cada situação acontece para mim como ela ocorre—, porque construído dentro de meu Self está um processo que é ainda mais preciso do que pode ser encontrado dentro das limitações do pensamento racional — não existe destino pior do que ser pego em mecanismos de racionalidade”.

Quando uma pessoa escapa dos mecanismos da racionalidade, então, escapa da prisão do condicionamento tempo-espaço e causa. Você deve ir além do intelecto. Experiência sensorial é o teste crucial da realidade.

Então, se nossos corpos são idéias auto-engendradas, a pergunta é: Quem está tendo estas idéias? Eu gostaria de dizer para você que esta pessoa que “faz a escolha” não é local, você não pode alfinetá-lo em qualquer lugar, porque ele está em todo lugar e em nenhum lugar ao mesmo tempo. Você não pode encontrar o local daquele que decide movimentar o seu braço. Você pode encontrar no cérebro a execução do comando, mas não daquele que decide movimentar o braço. Onde está aquele “que faz a escolha”? Aquele que faz a escolha está entre os espaços, entre os nossos pensamentos. Este espaço contém escolhas infinitas, e em cada pequeno espaço, entre cada pensamento, existe o EU sentado lá, como parte do “pensador atrás dos pensamentos”.

Aquele espaço é a janela e o vortex transformador através do qual a mente individual se comunica com a mente Cósmica. Este processo é a restauração da memória do todo — de quem nós somos.

Eu sou o Espírito Ilimitado que está presente em cada pedacinho da manifestação. Eu apenas escolhi estar aqui por este tempo — um acontecimento de tempo-espaço do contínuo da Eternidade. Ter a restauração desta memória, como experiência, é ser livre e inteiro. Você pode realizar qualquer coisa e tudo, como a Natureza faz, sem esforço, apenas sendo —o mundo vai se oferecer para você—, não há escolha.


Tradução: Ma Devam Prashanti


terça-feira, 17 de abril de 2007

ASA lança programa que discute produção de alimentos no Semi-Árido

A Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), a Fundação Banco do Brasil, a Petrobras, com apoio da Rede de Tecnologia Social (RTS), lançam no próximo dia 17, às 9h, na comunidade Lajedo de Timbaúba, no município de Soledade, a aproximadamente 71 km de Campina Grande (PB), o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). O foco do programa é a promoção da segurança alimentar e geração de renda dos agricultores e agricultoras familiares, a partir do acesso e manejo sustentáveis da terra e da água para a produção de alimentos.

As atividades desta primeira etapa do P1+2, chamada projeto demonstrativo, serão desenvolvidas em 60 municípios de 10 estados (AL, BA, CE, MA, MG, PB, PE, PI, RN, SE), através da sistematização, intercâmbio e implementações de 144 experiências de captação da água para produção agrícola familiar. Essas experiências são baseadas em quatro tecnologias: tanque de pedra, barragem subterrânea, cisterna calçadão e barreiro trincheira, que beneficiarão 818 famílias. Já as atividades de formação irão atender 3.074 famílias. Esta fase demonstrativa terá duração de um ano.

Ao contrário das grandes pesquisas científicas para a agricultura, centrada no modelo do agronegócio, na monocultura agroquímica e nos grandes projetos de irrigação, o P1+2 valoriza o conhecimento popular do/a agricultor/a, que durante anos vem mostrando que é possível conviver com o Semi-Árido, por meio de tecnologias simples, baratas e eficientes.

Na ocasião, será possível conhecer as barragens subterrâneas de três famílias agricultoras e também experiências comunitárias, como o trabalho do grupo de mulheres de Lajedo de Timbaúba - no beneficiamento de frutas e vegetação nativa, e o Banco de Sementes Comunitário - onde são armazenadas sementes crioulas que garante ao agricultor autonomia produtiva e segurança alimentar.

Uma Feira de Saberes e Sabores também será instalada no local, onde agricultores de outras regiões do Semi-Árido terão oportunidade de falar sobre suas experiências, e comercializar sua produção agroecológica.

Fonte: Articulação no Semi-Árido Brasileiro- PB

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Los Ninos de la estacion Leningradsky

Chávez e Morales inauguram escola de Medicina



Objetivo será formar 200 mil jovens da América Latina e Caribe em um período de 10 anos; iniciativa faz parte da Alternativa Bolivariana das Américas (Alba)


Claudia Jardim


Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, inauguraram neste domingo (15), no Estado Miranda, a sede venezuelana da Escola Latinoamericana de Medicina Alejandro Próspero Reverend (ELAM).

A ELAM-Venezuela é parte dos acordos da Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA) firmado entre Chávez e presidente cubano, Fidel Castro, em agosto de 2005. “O país mais agredido pelo Império é o país mais solidário com os povos. O companheiro Fidel para mim é o primeiro médico do mundo. Os EUA mandam tropas para acabar com vidas, Cuba manda tropas para salvar vidas”, afirmou o presidente boliviano, Evo Morales, durante a inauguração da Escola.


”Quando os povos se libertam ajudam a libertar outros povos”, reiterou Morales. Fortalecida pelo governo da Bolívia e por organizações sociais camponesas e urbanas latino-americanas, a ELAM pretende formar em medicina integral comunitária 200 mil jovens da América Latina e Caribe em um período de 10 anos.


Em Cuba, a ELAM abriga atualmente a 22, 600 mil estudantes da América Latina, de um total de mais de 24 mil provenientes de outros 86 países, conforme informou Fidel Castro em um comunicado enviado à Chávez.


Medicina comunitária

“Estamos aqui para aprender medicina comunitária, socialista e humanitária, como nos ensinou o Che (Guevara). Ao terminar nossos estudos, temos o compromisso de trabalhar em nossas comunidades”, disse o aluno boliviano David Aguilar, durante a inauguração da ELAM.


Nesta primeira etapa, iniciarão seus estudos 456 jovens latino-americanos, dos quais a grande maioria será de bolivianos. Os alunos participarão de uma primeira fase de preparação e adaptação, para depois seguirem à formação pré-médica.

Nos anos posteriores de formação, os estudantes deverão integrar o Sistema de Saúde Pública e o programa social de saúde, Missão Bairro Adentro, no qual participam mais de 20 mil médicos cubanos, que atendem às comunidades pobres da Venezuela. A duração do curso é de sete anos.

Alberto Granado, companheiro de Guevara em sua primeira viagem pelo continente Latinoamericano e fundador da Escola de Medicina de Santiago de Cuba, também participou da inauguração da ELAM. “A presença de Evo e Chávez é sinal de que estamos avançando, que já não é sonho o que pensávamos o Che e eu. Agora estamos concretizando os sonhos de Bolívar, de Martí e do Che”, disse Granado, aplaudido pelos alunos da ELAM.


Do Brasil, 80 alunos provenientes de organizações como o Movimento Nacional de Luta por Moradia, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central de Movimentos Populares (CMP), entre outros movimentos, ingressaram à Escola.


"Com gestos concretos como esse é que vamos construindo a verdadeira integração, com a participação dos povos, a partir da base", avalia Joaquin Piñero, membro da Vía Campesina, um das organizações que participaram do evento. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, quem aproveitou para ressaltar a fragilidade do império estadunidense frente à integração latinoamericana, afirmou que a ELAM também será uma escola de formação socialista.

“ Não é somente formação de medicina. Aqui estamos formando em socialismo, formação da mulher e do homem novo”, afirmou o presidente venezuelano. Para incentivar a integração dos alunos, a pedido de Hugo Chávez, Fidel Castro anunciou, em um comunicado, que 200 alunos cubanos deverão integrar o primeiro grupo de estudantes.

Para os movimentos sociais, a ELAM assim como o Instituto Latinoamericano de Agroecologia Paulo Freire (IALA), com sede em Barinas (Venezuela), são importantes para fortalecer a formação dos movimentos sociais, do campo e da cidade. “Estamos fortalecendo a luta contra as desigualdades sociais, em busca da justiça social”, afirma Piñero, da Vía Campesina.

Fonte:BrasilDeFato

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sábado, 14 de abril de 2007

O silêncio dos NÃO-INOCENTES, ou a burguesia também é corrupta....




Advogados dos envolvidos com jogo ilegal e corrupção, presos pela Polícia Federal (PF) na Operação Hurricane, estão orientando seus clientes a permaneceram em silêncio durante o depoimento. Pelo menos seis pessoas já foram ouvidas pelos agentes da Divisão de Inteligência (DIP) na Superintendência da PF em Brasília, segundo informaram os advogados.



O advogado Thiago Bouza, que defende o desembargador federal José Ricardo de Siqueira Regueira, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Ailton Guimarães Jorge, o capitão Guimarães, e o sobrinho do capitão, Julio Guimarães, explicou que a estratégia de defesa adotada pela maioria dos advogados tem sido orientar seus clientes a não dar declarações.

Saiba mais

* » Advogado pede relaxamento de prisão para envolvidos com jogo ilegal
* » PF divulga bens apreendidos na Operação Hurricane
* » Presos na Operação Hurricane começam a prestar depoimento
* » OAB: ministro da Justiça deve garantir que presos recebam advogados
* » Advogados visitam presos da Operação Hurricane

“A defesa não teve acesso a nada, a decisão é muito genérica. A maior parte das defesas se orienta no sentido de ficar em silêncio. A gente não sabe a acusação, não sabe a imputação. O silêncio tem sido uma constante aqui”, disse.




MP

A assessoria do Ministério Público Federal (MPF) informou que a subprocuradora-geral da República Claudia Sampaio está acompanhando alguns depoimentos na Superintendência da PF. Ela atua com o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, no caso e, a pedido dele, acompanha depoimentos de interesse dele.


O esquema

O grupo preso na sexta-feira (13) é acusado de vender decisões judiciais e informações privilegiadas favoráveis aos bicheiros e donos de casas de bingo e de máquinas caça-níqueis. Contraventores, magistrados e advogados, também acusados de lavagem de dinheiro e corrupção, estão na carceragem da PF em Brasília.

Os 25 presos na Operação Hurricane começaram a prestar depoimento na Superintendência da PF em Brasília por volta das 16h30 deste sábado (14). Pela manhã, receberam a visita dos advogados. Segundo a PF, não há previsão para o término dos depoimentos. Os envolvidos devem continuar a ser ouvidos neste domingo (15).
Fonte: G1.com.br


Para baixar do google, youtube,etc...

VDownloader 0.3 Alfa


O VDownloader é uma ferramenta necessária e muito eficiente para você que é compulsivo por assistir os vídeos do YouTube, Google Vídeo e DailyMotion. Desenvolvido pela Universidade Européia de Madrid, ele permite que você baixe os vídeos que são disponibilizados na Internet de uma maneira prática e rápida.

Fácil de manusear

O sistema feito para baixar os vídeos funciona de uma forma muito simples: basta entrar no site escolhido, procurar o seu vídeo e copiar o link do seu navegador no campo Video URL do VDownloader. Aperte o botão download e acompanhe o progresso logo abaixo na lista de vídeos.

Formato dos vídeos:

A grande vantagem do VDownloader é o formato que ele disponibiliza seus vídeos. Por exemplo, você poderá salvar os seus vídeos diretamente em MPEG, AVI e PSP.

Para configurar a extensão desejada também não há nenhum segredo: clique na guia Options, escolha Preferences e a tela de configuração já aparecerá. Selecione o formato que desejar baixar e pronto! O VDownloader foi configurado para usar a extensão selecionada.

O próprio programa também possui um arquivo executável chamado ffmpeg. Trata-se de um codec que vai transformar seus vídeos para que você possa assisti-los no formato MPEG. Não é necessária nenhuma configuração, basta clicar e ele se instalará automaticamente.

Ajustes de Vídeo e Som:

Na guia Preferences, você poderá aumentar ou diminuir o tamanho do vídeo. Escolha a largura em Width e a altura em Height. Para o som, é possível alterar o bitrate (taxa de bits), que controla a qualidade do áudio. Quanto maior o bitrate, melhor será a qualidade.

Sistema de Busca:

O programa também agiliza o sistema de busca de vídeos. Basta escolher qual página você quer buscar utilizando a guia Browse (Procurar) e o VDownloader abrirá automaticamente o local para você começar a buscar seus vídeos.

Copiado de:www.baixenet.blogspot.com

Ainda somos os Campeões da America....VAMO, VAMO INTER!!!!

É de arrepiar!!!!!!NÃO TÁ MORTO QUEM PELEIA....

Para lembrar sempre...DALE, DALE, INTER!!!!!

Agronegócio multiplica favelas e prisões

Em Ribeirão Preto, a população carcerária é maior que a população rural, enquanto o número de favelas aumenta.

Eduardo Sales de Lima

Ribeirão Preto (SP), a “Califórnia brasileira”, capital nacional do agronegócio, tornou-se exemplo de organização e empenho dos grandes empresários da cana-de-açúcar. Pena que todo esse lucro seja resultado da superexploração dos camponeses, da expulsão do homem do campo e do desmatamento ambiental.
Dados da Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão Preto (ABAG–RP) mostram que, entre 1982 e 2001, pequenas cidades da região revelaram crescimento superior a 100% na participação no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS): Colina (113,47%), Pedregulho (162,17%), Rifaina (252,59%) e Luís Antônio (1.106,4%).
Os produtos oriundos da cana-de-açúcar são a principal referência do agronegócio na região. Sendo assim, projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), divulgadas em dezembro de 2006, provavelmente irão aumentar a sanha dos empresários locais. A produção de etanol projetada para 2007 é de 38,6 bilhões de litros, mais que o dobro da produção de 2005.
O aumento dos negócios da elite local, nacional e das transnacionais contrasta com números surpreendentes. Hoje, a população carcerária da região soma 3.813 pessoas, segundo dados da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SAP). A quantidade é muito superior a da população rural, em torno de dois mil habitantes.
MAIS FAVELAS
A taxa da população rural de Ribeirão Preto é um irrisório 0,03%. O slogan da ABAG–RP é “Agronegócio, sua vida depende dele”. Logo se observa o que essa dependência tem causado. No final de 2005, eram 31 favelas com 18 mil moradores. Já em 2006, 34 favelas, com 20 mil habitantes (números da Folha de Ribeirão, de 4 de março).
Edivar Lavratti, diretor regional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Ribeirão Preto, conta que, na época dos barões do café, algumas pessoas ainda eram mantidas no campo como pequenos arrendatários que cuidavam da lavoura. “A partir do Programa Brasileiro de Álcool (PROÁLCOOL) essa realidade se transformou por duas vias: uma foi a retirada das colônias das fazendas e outra a migração de nordestinos. Ribeirão Preto sofreu um impacto muito grande na década de 1980. Houve uma enxurrada de pessoas para cá em busca de serviço. Atualmente, não só houve um aumento do número de favelas, mas também das agrovilas do agronegócio”, denuncia.
Segundo Lavratti, essas agrovilas são espaços de miséria absoluta nas cidades satélites de Ribeirão Preto. Nelas, as pessoas dependem diretamente do corte da cana e convivem com o desemprego por conta da mecanização e do caráter sazonal desse tipo de trabalho. Isso contribui para a ociosidade de uma quantia considerável de homens e mulheres, acarretando problemas sérios relacionados ao alcoolismo.
MAIS CONDOMÍNIOS DE LUXO
A quase extinção da população rural, hoje comprovadamente menor que a carcerária, revela, além de um distanciamento entre a zona urbana e o campo, a dependência do abastecimento de produtos primários relacionados à alimentação. Para a professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP), Lucília Maria Sousa Romão, o que existe nos arredores da cidade atualmente são os condomínios de luxo. “Os camponeses que vivem no campo não existem no sentido de fixarem suas raízes na área rural”, afirma. Ela completa que os cortadores de cana moram e vivem nas cidades em moradias provisórias e são transportados de ônibus para as lavouras.
Por outro lado, os que realmente vivem no campo e contemplam a função social da terra estão nos assentamentos de reforma agrária, que são fruto do movimento sindical rural da região.
Segundo Lavratti, além dos condomínios e dos assentamentos, existem algumas poucas chácaras utilizadas para o lazer e também minifúndios que produzem hortaliças ou criam pequenos animais para o comércio local. “Os últimos dados de 2004 mostram que mais de 80% do que se consome de alimentos em Ribeirão vem de Minas Gerais, de Campinas (SP) e do Nordeste. Praticamente, não existe produção de alimentos”, ressalta o coordenador do MST.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Sugadores e Sugados


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A cada dia novas surpresas, novas decepções! É isto o que ouço da boca dos meus vizinhos, cada vez mais descrentes na ação dos políticos, desses que deveriam cuidar dos interesses do povo a quem dizem representar. Mas não é apenas de decepções a manifestação dos meus amigos, é de descrença nas instituições públicas, de desprezo e de revolta.


A última reação que senti se deu em face das informações de que os vereadores paulistanos decidiram por criar mais uma fonte de sugação do orçamento municipal da capital paulista. Trata-se de mais uma “gratificação” para gastos de cada vereador e que pode chegar – vejam só o disparate – a R$ 12.488,00 mensais, reembolsados mediante notas comprobatórias... Tais gastos vão além ao serem acrescidos em até R$ 3.800,00 para funcionários de carreira daquela Câmara Municipal. Trata-se de mais um “trem da alegria” dos nossos “nobres” vereadores.


No mesmo dia, mais uma informação, agora da outra câmara, a Câmara de Deputados Federais, presidida pelo “ilustre” petista, Arlindo Chinaglia. Em reunião das lideranças daquela Câmara, decidiu-se que os também “nobres” deputados não mais “trabalharão” às segundas-feiras! Como já não “trabalham” parte de dezembro, não trabalham em janeiro, fevereiro e julho, assim como não trabalham às sextas feiras e feriados prolongados, restarão alguns dias por semana para debaterem questões extremamente importantes para o povo, como, por exemplo, um novo aumento dos seus modestos salários mensais, que deverão passar de minguados R$ 12.488,00 para R$ 16.250,00! Isto, falando somente do ganho fixo, porque, se somarmos tudo o que recebe cada deputado federal com os chamados benefícios e despesas com gabinete, essa remuneração beira os R$ 100.000,00 mensais (sim senhor/a, beira os CEM MIL REAIS MENSAIS).


Enquanto isso...., o ministério da Previdência, comandado pelo ex-presidente da CUT Nacional, Luiz Marinho, anuncia que mais de oito milhões de aposentados irão receber um reajuste de.... 3,3%. Assim, enquanto um vereador vai ser beneficiado com mais de R$ 12 mil mensais e um deputado federal com mais R$ 4 mil, um trabalhador que se ralou por várias dezenas de anos produzindo coisas úteis, e que hoje recebe em troca R$ 400,00, terá um acréscimo de fabulosos R$ 13,20. Outro com ganhos previdenciários de R$ 700,00 terá um reajuste de R$ 23,07! Dá pra entender essa lógica? Claro que essa turma de “vampiros dos cofres públicos” tem como lógica de que “todos são iguais perante a lei”, mas, como nos informa a “Revolução dos Bichos”, de George Orwel, nesta Terra de Santa Cruz alguns são mais iguais que os outros.


Se já é vergonhoso ver tanta desfaçatez, mais degradante ainda é ver um ex-dirigente máximo da Central sindical criada pelos trabalhadores, o senhor Luiz Marinho, determinar que os aposentados devem viver como esmoleres e não como seres humanos (deve-se sempre ter em mente que aposentado não é vagabundo, como disse o prefeito Kassab, e sim um TRABALHADOR que produziu riquezas e contribuiu com a mesma Previdência Social, compulsoriamente, por mais de 35 anos), enquanto que os “nobres” deputados e vereadores nada mais fazem que ter vida de nababos com o que é surrupiado do orçamento público - dinheiro que sai dos muitos e elevados impostos pagos pelo povo, ao qual deveriam defender.


Entre tantas outras, essas são razões que devem contribuir para que se intensifique a organização das forças populares, a fim de se exigirem mudanças radicais nas estruturas políticas, sociais e econômicas brasileiras. E os sugados da história acima devem estar entre os mais interessados.

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Chico Buarque - O meu guri

Marisa Monte - Diariamente

Dale! Dale! Inter...

mais uma noite de sofrimento...
faz parte, afinal fomos campeões do mundo...
mas que dói, dói...
eles bem que se esforçaram...jogaram como gigantes....dando duro, dando "pau"....aliviando a bola quando necessário....
mas....que saudades....
daquele time...que fazia gols....daquele time que tu sabia, a qualquer momento vinha um gol....hoje é tudo sofrido.....é na "chiripa", é no detalhe....é no erro do adversário....são as nossa inseguranças....são os nosssos erros, que no passado até existiam, mas ignorávamos...enfim...é o nosso COLORADO...de novo vivo.....até a próxima partida...sem terra arrazada.....sem crítica....vamos colorado....dale!!!!!dalke!!!!inter....hasta a vitória siempre!!!!
Ah...ganhamos de 2x1 do Emelec do Equador.....isso importa????sei lá....mas que tamo vivos, tamos....DALE INTER!!!!!!!!

terça-feira, 10 de abril de 2007

Inter pronto para o desafio no Equador





Depois de se preparar intensamente durante o feriado de Páscoa, o Internacional partiu para Guayaquil ao meio-dia desta segunda-feira com apenas um objetivo: conquistar os três pontos no estádio George Capwell. Guayaquil é umas das cidades mais populosas do Equador (cerca de 2 milhões de habitantes) e fica situada ao nível do mar, na margem ocidental do rio de Guayas, que desemboca no golfo de Guayaquil, no Oceano Pacífico.

Para seguir com chances de obter uma vaga na próxima fase da Libertadores, a equipe colorada precisa vencer os dois jogos restantes (contra Emelec, no Equador, e Nacional de Montevidéu, no Beira-Rio) na fase classificatória. Atualmente, o Inter ocupa a terceira posição do Grupo 4 com quatro pontos. O Vélez Sarsfield lidera com oito pontos e o Nacional do Uruguai é o segundo com sete. O Emelec está na quarta colocação com três pontos. Os dois primeiros de cada grupo avançam às oitavas.

Abel terá reforços contra o Emelec. O meia-atacante Fernandão volta ao time depois de quase duas semanas de afastamento dos gramados em virtude da fratura no nariz sofrida na partida contra o Vélez Sarsfield. O capitão colorado participou normalmente das atividades durante o feriado e está liberado para atuar. “Precisamos vencer de qualquer maneira. É o tipo da vitória que dará força para o grupo reagir na competição”, projeta Fernandão.

O volante Wellington Monteiro e o lateral Elder Granja estão recuperados de lesão e também ficam à disposição de Abel no Equador. O atacante Alexandre Pato, que sofreu uma pancada na partida contra o Veranópolis, realizou tratamento durante o feriado e integra a delegação que viajou para Guayaquil. Christian, expulso contra o Vélez, e Alex, lesionado, são os desfalques.
Um treino fechado realizado na manhã de domingo no Beira-Rio encaminhou a equipe que enfrentará o Emelec. No entanto, a escalação será divulgada somente instantes antes do confronto.

Confira os jogadores que viajaram para o Equador: Adriano (meia-atacante), Alexandre Pato (atacante), Clemer (goleiro), Ceará (lateral), Ediglê (zagueiro), Edinho (volante), Elder Granja (lateral), Fernandão (meia-atacante), Martín Hidalgo (lateral), Iarley (atacante), Índio (zagueiro), Jean (atacante), Maycon (volante), Michel (meia-atacante), Perdigão (volante), Renan (goleiro), Rubens Cardoso (lateral), Vargas (meio-campista), Wellington Monteiro (volante) e Wilson (zagueiro).

Arbitragem

O peruano Victor Hugo Rivera será o árbitro de Emelec x Inter. Rivera será auxiliado pelos também peruanos Percy Rojas e César Escano.

Fonte:futebol na rede


Primeiro balanço de um choque de gestão


Dizendo-se inspirada em Anita Garibaldi, a governadora Yeda Crusius (PSDB), aplica um "choque de gestão" no RS. Cortes atingem pesadamente serviços públicos, chegando a deixar escolas sem giz e papel higiênico. Em janeiro, Yeda avisou em uma entrevista: “Fui malvada na eleição e serei dura no governo”.

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), completa cem dias de governo no dia 10 de abril. Segundo ela, a data marca o fim da primeira fase do “novo jeito de governar”, caracterizada por cortes de custeio. Os cortes foram drásticos e chegaram a deixar escolas públicas sem giz e papel higiênico. Motoristas da Secretaria Estadual da Saúde estão pagando pedágio e outras despesas do próprio bolso, mesmo sem receber diárias nem salários. Policiais também já denunciaram a falta de pagamento de diárias.

Para a governadora, “os cortes resultaram em mais serviços de várias áreas, com diálogo interno”. Várias categorias de servidores, especialmente nas áreas de saúde, educação e segurança, discordam da opinião da tucana. No dia 28 de março, eles lotaram a Praça da Matriz para protestar contra o sucateamento dos serviços públicos e o atraso do pagamento da totalidade dos salários. Oficiais da Brigada Militar e delegados de polícia, entre outros setores, entraram na Justiça contra o parcelamento de salários. Perderam. Diálogo interno? Não perguntem a eles.

Ao falar do balanço de 100 dias, Yeda Crusius antecipou também qual será a marca da segunda etapa do governo: mais cortes. Vem aí a “redução de despesas por processos de gestão”. Para tanto, ela firmou um convênio com o Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGPQ). Ao assinar a parceria com o presidente do Conselho Superior do PGPQ, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, Yeda anunciou que o programa vai oferecer, até 31 de dezembro de 2010, “consultoria técnica à administração estadual, com enfoque na eficiência e melhoria dos serviços públicos, na redução de despesas e no aumento de receita”. A governadora é uma entusiasta dos métodos privados de gerenciamento e, inspirada neles, pretende resolver a crise financeira do Estado com um “choque de gestão”. Ela acredita que, assim, resolverá em três anos uma crise construída ao longo dos últimos 30 anos.

Mas o choque de gestão de Yeda começa a assustar. Em uma pequena nota de opinião, o jornal Zero Hora advertiu: “A crise financeira do Estado, que se reflete sobre todo o serviço público e tem desdobramentos que afetam a própria capacidade do governo para cumprir o calendário de pagamentos da folha, chegou a extremos que não podem ser admitidos. A carência de materiais básicos para o funcionamento das escolas é um exemplo disso. Por mais rígido que seja qualquer esquema de contenção de custos, ele não pode chegar ao cúmulo de cortar giz ou de deixar faltar papel higiênico. As autoridades escolares, os professores, os funcionários e os alunos têm razão quando se insurgem contra uma situação como essa. Já não é apenas a falta de professores para determinadas disciplinas (...) A falta de giz, por seu caráter simbólico, é algo não apenas incompreensível, mas intolerável” (ZH, 04/04/2007).

Uma Anita Garibaldi malvada?
Em uma entrevista publicada na revista Isto É (17/01/2007), Yeda Crusius admitiu: “Fui malvada na eleição e serei dura no governo”. Dizendo-se inspirada em Anita Garibaldi (ela não chegou a mencionar a relação entre Anita e a idéia de choque de gestão), a governadora prometeu tirar o Rio Grande do Sul da crise. No texto de introdução à entrevista, a revista afirma: “Yeda diz que foi malvada na campanha, ao mostrar que os gaúchos só irão resgatar empregos industriais e relançar a produção agrícola por meio de cortes drásticos em despesas públicas. Agora, depois de ter um pacote de aumento de impostos rejeitado pelos deputados estaduais, Yeda afirma que terá de ser ainda mais dura do que imaginava”. A Isto É não chegou a mencionar que Yeda “foi malvada” também ao prometer, durante a campanha, que não aumentaria impostos e que esse era o estilo do “velho jeito de governar”. Eleita, mesmo antes de tomar posse, propôs aumento de impostos, sendo derrotada na Assembléia Legislativa.

Nessa entrevista, ela afirmou: “Fui uma malvada na campanha. Isso gerou um grau de confiança muito grande. A população entendeu porque sentia que as coisas estavam piorando. Minha proposta era parar de ficar reclamando do governo federal e assumir a responsabilidade, fazer com coragem o que poderíamos fazer”. Mas logo após afirmar que não ficaria reclamando do governo federal, ela...reclama do governo federal: “a política agrícola do governo foi inexistente. Então, houve uma quebra generalizada do setor agrícola e do agronegócio (...) Temos a penalização do ICMS sobre as exportações. A Lei Kandir veio para compensar os exportadores, mas o governo Lula jamais ressarciu o que deve aos Estados”. Ao ser indagada sobre como resolver a crise, ela disparou: "o que vai acontecer no decorrer do ano eu não sei. O que eu sei dizer é que nós vamos fazer os cortes que havíamos proposto”.

A tesoura como política central
E os cortes vieram. No dia 17 de janeiro, Yeda anunciou o que considerou uma das grandes inovações de seu governo: a implantação do regime de caixa. Esse regime, centralizado pela Secretaria da Fazenda, só libera recursos para órgãos do Estado de acordo com o ingresso de receitas. Além disso, foram suspensos por 100 dias os gastos ordinários, o que inclui celebração e renovação de contratos, convênios, diárias, aquisição de passagens, abertura de concursos e contratação de pessoal. Também foram cortados 30% das despesas de custeio das secretarias e reduzidos em 20% os cargos de confiança. Segundo Yeda, o RS passaria a ser governado com realismo orçamentário, o que não teria acontecido nos últimos governos, incluindo aí o governo Rigotto (PMDB), do qual o PSDB fez parte. Na época, secretários de Rigotto duvidaram que tais metas fossem atingidas, pois os órgãos do Estado já estariam operando sob limite máximo de arrocho.

A implantação do regime de caixa estava comprometida com uma decisão de não utilizar o caixa único do Estado (uma conta que concentra recursos de todas as secretarias, fundações, autarquias e empresas estatais). Durante a campanha, Yeda identificou o aumento de impostos e a utilização do caixa único como decisões típicas do “velho jeito de governar”. A primeira promessa foi descumprida mesmo ainda antes da governadora tomar posse (em dezembro de 2006). A segunda não resistiu a três meses de governo. Entre fevereiro e março, o governo Yeda sacou R$ 233 milhões do caixa único. O secretário da Fazenda, Aod Cunha, admitiu que a decisão contraria o princípio do regime de caixa (que só autoriza despesas de acordo com as receitas do Estado). Não havia outra alternativa, disse Aod. Resta ainda uma promessa de campanha que não foi descumprida: a de não privatizar nenhuma empresa pública.

O uso das privatizações como política para enfrentar a crise financeira do Estado também foi um tema central na campanha eleitoral. Na época, Yeda Crusius garantiu enfaticamente que não privatizaria nenhuma empresa pública, o que gerou um bate-boca público entre ela e seu vice, o empresário Paulo Feijó (PFL), um entusiasta do Estado mínimo. Depois da campanha, Feijó chegou a dizer que havia sido censurado pela coordenação da campanha para não falar abertamente no assunto. Agora, considerando as promessas descumpridas nos temas de aumento de impostos, pagamento do salário do funcionalismo e de uso do caixa único, ninguém ficaria surpreso se o assunto voltasse à agenda de governo com a mesma justificativa usada até aqui: “dissemos que não iríamos fazer, mas não há alternativa”. A governadora já anunciou que pretende vender ações do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul). Garante que o Estado manterá o controle acionário. Mas a lógica do “não há alternativa” permanece como uma nuvem a sobrevoar também essa promessa.



Marco Aurélio Weissheimer é jornalista da Agência Carta Maior (correio eletrônico: gamarra@hotmail.com)

segunda-feira, 9 de abril de 2007

O princípio intuitivo.

Quando falamos em evolução e em despertar da consciência logo me vem a mente o que refletia Yung sobre as funções psicógicas superiores do homem. Ele dizia que nas diversas fases evolutivas o Ser passa por quatro fases distintas e interligadas entre si: sensação, sentimento, intelecto e intuição. Ou seja, nos diversos períodos antropológicos da consciência, ou da essência, temos na primeira situação os vegetais com suas sensações, logo os animais irracionais com o sentimento, emoções, mais adiante o homem com a racionalidade cognitiva para desembocar, finalmente, no Ser, ainda hominal mas com seu potencial intuitivo despertando.
Vivemos hoje muito atrelados, ainda, a posses materiais, à vida biológica, de satisfação de prazeres que certamente , quando atingirmos o ápíce desta existência nos tornará vazios, lembrando do passado e não percebendo o que deixamos de fazer e de acontecer.
Urge despertar para a necessidade de desenvolver a consciência intuitiva, aquela que não se pode tocar, provar com racionalidade, mas nos faz sentir, como partícipes deste universo cósmico e energético onde nos inserimos para desempenhar papel, não mais de expectador ou observador e sim de protagonista, de artífices de nossa caminhada.
A intuição dentro desse novo paradigma passa a se constituir de um atributo essencial ao homem para seu desenvolvimento espiritual. Somente avançando consciencialmente é que poderemos retomar a caminhada por muitas vezes abandonada pela mania que temos de racionalizar tudo que temos, que fazemos, que almejamos.
E, enquanto persistirmos neste êrro demoraremos cada vez mais vendo o trem passar, os pássaros voarem e nos atolando mais e mais na mãe Terra de onde já deveríamos ter alçado vôo.

Pensando Filmes!!!

Gabriel Perissé

O bom filme hipnotiza para nos fazer despertar. Educadores precisam ver filmes, pensar filmes, divulgar filmes. Filmes novos ou antigos, tanto faz, contanto que nos façam refletir mais...

El ángel exterminador (1962), de Luis Buñuel, por exemplo. As pessoas presas na mansão, presas a si mesmas, presas ao comodismo, a “paradogmas”, ao inexplicável. Socialmente doentes. Pessoas presas a seitas, a convenções que há muito perderam sua razão de ser, presas a manias, a medos. No final, após grande sofrimento, o grupo vai a uma missa de ação de graças pela libertação... O grupo e os outros fiéis ali presentes voltam a prender-se, desta vez dentro da igreja. E, como desfecho, ovelhas caminhando “inocentemente”.

Somos nós também, ainda presos. Presos a conceitos apodrecidos, a uma imagem de Deus talvez apodrecida.

O filme 21 gramas, de 2003. Inesquecível. Alejandro González-Iñárritu é o diretor. A morte alimentando a vida. Um homem recebe o coração de outro, e se apaixona pela viúva do doador. O coração continua amando. Uma vida que pesa tão pouco — 21 gramas, dizem, é a diferença de peso entre uma pessoa viva e seu cadáver.

Um filme recentíssimo, O labirinto do Fauno (2006). Duas horas de hipnose benéfica, uma história que não decai em nenhum momento. Atores ótimos, elementos míticos que tocam o cerne de cada um de nós: a menina órfã, o labirinto, os testes existenciais, a lua cheia, as gotas de sangue.

Ao contrário do que diz a mãe de Ofelia (a protagonista), magia existe, sim, ou estaremos à mercê da maldade, da nossa maldade. A inocência vencerá, ou não valerá a pena viver, ou não valerá a pena cultivar a esperança.

Outro filme, Ser e ter, de 2002. Filme francês, algo de documentário. Ser paciente, ter responsabilidade; ser professor, ter uma vida; ser atento, ter emoções. Ser e ter, ter e ser. Não se opõem. Complementam-se. Educação é essa complementação.

Um dos alunos está com as mãos sujas, e o professor aproveita para conversar sobre os nomes dos dedos: polegar, anelar, indicador... O pai de outro aluno vai sofrer uma intervenção cirúrgica séria, e o professor conversa serenamente sobre a realidade da dor...O professor ajuda os alunos, os alunos se ajudam, todos conversam, em clima de exigência tranqüila. Há algumas regras, há alegria, há trabalho, há companheirismo, carinho.

Ter uma utopia é começar a ser...


Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor. Web Site: www.perisse.com.br

Elis Regina - Medley Milton Nascimento (Montreux Festival)

Ana Carolina - Hoje Eu Tô Sozinha

Como sair do labirinto neoliberal?

Emir Sader

O neoliberalismo é um labirinto. Uma vez que se aceite cruzar seus corredores, não se sai deles. As alternativas são dadas dentro do próprio labirinto. Taxas de juros menores? Superávit fiscal menor? Desvalorização do real? Todos são objetivos – por meritórios que sejam – internos ao modelo, ao labirinto.Como se sai de um labirinto? Por cima. Saindo de seus corredores, redefinindo o sentido das políticas de governo.No nosso caso, retomar o desenvolvimento econômico e social como norte fundamental do governo, em função do qual tem que redefinir seu papel as outras políticas de governo. Significa ter uma política monetária subordinada a esse objetivo estratégico e, portanto, terminar com a independência real que assumiu o Banco Central. Significa definir metas sociais, com acompanhamento regular de uma comissão com participação dos movimentos sociais, para controlar os passos do governo e contribuir para sua realização.Mas para sair do labirinto, é preciso retomar pelo menos dois temas, até aqui desconhecidos ou subestimados: o tema do Estado e o do imperialismo. Retomar o tema do Estado é redefinir sua função indutora das políticas de governo, explicitamente, não para fortalecer seu aparato em si mesmo, mas para fortalecer a dimensão pública do Estado. Provavelmente será necessária uma nova Assembléia Constituinte, que refunde o Estado brasileiro, desmercantilizando-o e refundando-o em torno da esfera pública e dos interesses da maioria da população, para o qual será indispensável introduzir na Constituição a questão do Orçamento Participativo.O outro tema é o da hegemonia imperial no mundo, com todas duas dimensões: dominação econômica, tecnológica, política, militar, cultural. Da mesma forma que temos que sair da dominação do reino do dinheiro, saindo do modelo neoliberal, temos que trabalhar ativamente – a começar por fortalecer os processos de integração regional -, mas também trabalhar, dentro e fora do Brasil, na luta contra a hegemonia imperial. Assumir que o imperialismo é o elemento mais determinante no mundo contemporâneo, que sem essa compreensão não se pode compreender os temas fundamentais do mundo, da América Latina e do Brasil e atuar nessa direção.É nessa direção que podemos dizer que estaremos rompendo com o neoliberalismo e sua lógica mercantil e imperial.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Dale! Dale! Inter....

Lamentável. Mais uma vez ficamos de fora do gauchão. O time até que se esforçou, mas não foi o suficiente. Faltou criatividade, faltou aquilo que se chama de sorte, mas que na verdade é competência. Agora é hora de revisar o que está errado. Não é hora de terra arrazada. Temos que sentar, discutir, analisar e rever as estratégias equivocadas para o inicio do ano para tentar reverter e continuar firmes em busca do brasileiro. Pois parece que é somente o que nos resta. Libertadores? acredito que também não chegaremos. ressaca do ano passado?....até quando?...contratações?...urgente: um zagueiro, um meia de articulação....e um lateral esquerdo...o resto tem no plantel....Pato?....vende logo....Cristian????vai ser o goleador do brasileiro, com certeza....não podemos desistir....DALE!DALE!INTER....

quarta-feira, 4 de abril de 2007

É hoje...VAMO, VAMO, INTER!!

Está chegando a hora da verdade. Vamos ver se desta vez, repetindo anos atrás que o internacional - campeão mundial-fifa-2006, consegue se superar e avançar no gauchão. este ano as coisas estão muito dificeis. O colorado não repete atuações do ano passado, um pouco em função da desmobilização pelos titulos ganhos ano passado. Um pouco de soberba aliado ao período longo de férias e retorno demorado, lesões de jogadores importantes, perdas de elementos chaves do time como por exemplo, Fabiano Eller, peça que não teve reposição. Enfim, mais uma noite de sofrimento para a torcida colorada. Mas de qualquer forma. VAMO INTER!!!VAMO INTER!!!! HASTA LA VITÓRIA, SIEMPRE!!!!

terça-feira, 3 de abril de 2007

Washington à beira de um desastre estratégico


Reviravolta no mundo árabe: por tentarem minar o poder dos Estados e estimular divisões internas, os EUA perdem aliados e correm risco de isolamento. Para recuperar terreno, a Casa Branca precisaria abandonar o apoio incondicional a Israel e a demonização dos muçulmanos

Hicham Ben Abdallah El Alaoui

Depois da revolução iraniana de 1979, alguns dirigentes políticos norte-americanos foram seduzidos pela idéia de que as forças islâmicas poderiam ser utilizadas contra a União Soviética. Segundo esta teoria, elaborada por Zbigniew Brzezinski, o conselheiro para assuntos de segurança nacional do presidente James Carter, existia um “arco de crise”, que se estendia do Marrocos até o Paquistão. Dentro desta zona, era possível mobilizar “o arco do Islã” para conter a influência soviética [1]. Durante os anos 1960 e 70, as forças islâmicas conservadoras já haviam sido utilizadas com sucesso, para marginalizar e derrotar partidos de esquerda e movimentos nacionalistas laicos na região — a começar do Irã, em 1953. Será que o fundamentalismo iraniano não poderia se tornar o catalisador de uma insurreição muçulmana no coração da União Soviética?

Mais tarde, os Estados Unidos oscilaram entre diversas políticas no Oriente Médio e na Ásia Central. Tinham apenas dois objetivos: vencer a guerra fria e apoiar Israel. Mas os meios empenhados e os Estados apoiados variaram, por vezes de maneira contraditória. Os Estados Unidos apoiaram oficialmente o Iraque na guerra contra o Irã (1980-1988), no mesmo momento em que permitiam a entrega de armas israelenses ao Irã. Os conservadores próximos de Tel-Aviv trabalhavam ativamente por reviravolta em favor de Teerã. Israel ainda considerava o nacionalismo árabe laico como seu principal inimigo e apoiava os Irmãos Muçulmanos nos territórios palestinos ocupados, para fazer contrapeso à Organização de Liberação da Palestina (OLP). O apogeu desta estratégia foi a aliança entre Washington, a Arábia Saudita e o Paquistão. Nos anos 80, ela permitiu, entre outros fatos, a criação de um exército internacional da “jihad” (guerra santa) para combater a União Soviética no Afeganistão [2].

Em 1990, enquanto a União Soviética estava se apagando, os Estados Unidos construíram uma coalizão internacional com o objetivo de expulsar o exército iraquiano do Kuait. Vários Estados árabes, da Síria ao Marrocos, responderam positivamente a um apelo fundamentado no direito internacional e nas resoluções da ONU. Eles haviam recebido garantias de que não se tratava apenas de salvar uma monarquia petroleira amiga, mas de implantar uma nova ordem, fundamentada na justiça internacional. Uma vez restabelecida a soberania do Kuait, todas as resoluções da ONU deveriam ser implementadas, inclusive aquelas que exigiam a retirada israelense dos territórios palestinos ocupados.

Anos 1990: Washington poupa Saddan e se alia ao talibã

Apesar das pressões, o governo norte-americano optou por não derrubar o regime do presidente Saddam Hussein. “Para derrubar Saddam… era necessário envolver as nossas forças militares. Uma vez livres de Saddam Hussein e do seu governo, nós teríamos sido obrigados a instaurar um novo governo. Mas de que tipo: sunita ou xiita? Curdo ou um regime ligado ao partido Baas? Ou iríamos preferir promover a participação de certos fundamentalistas islâmicos? Por quanto tempo seria preciso permanecer em Bagdá, para manter este governo em segurança? O que seria dele, depois da retirada das forças norte-americanas? Quantas baixas os Estados Unidos poderiam aceitar para tentar instaurar a estabilidade? Em minha opinião… nós teríamos cometido um erro que nos levaria a ficar afundados no atoleiro iraquiano. E a pergunta que me ocorre é quantas perdas norte-americanas suplementares vale Saddam? A resposta é: pouquíssimas [3]". Esta opinião ponderada era a do então secretário de Defesa, Richard Cheney, atual vice-presidente dos Estados Unidos…

Aqueles que recomendavam uma “mudança de regime” em Bagdá puderam tranqüilizar-se com as sanções impostas ao Iraque ao longo de mais de uma década. Mas organizaram-se em grupos de pressão, dentre os quais o Project for the New American Century (Projeto para o novo século norte-americano). Construíram, metodicamente, o apoio político a um futuro ataque contra o Iraque, assim que as circunstâncias fossem favoráveis. Os israelenses, nesse meio-tempo, sentiam-se reconfortados: abandonava-se, progressivamente, a breve tentativa do secretário de Estado James Baker, de fazer (a partir da conferência árabe-israelense de Madri, em outubro de 1991) com que a política norte-americana oficial na Palestina fosse aplicada. Depois de 1996, o “processo de paz” nada mais era que uma cobertura para a duplicação do número de colonos na Cisjordânia.

Mais para o leste no arco de crise, o desfecho do conflito no Afeganistão era decidido entre os senhores de guerra da Aliança do Norte e os talibãs. Com o final da guerra fria, os Estados Unidos passaram a confiar totalmente no Paquistão. Esse, a caminho de se tornar um regime militar islâmico, tinha interesse num Afeganistão islâmico, que lhe oferecia uma profundidade estratégica contra a Índia. A vitória dos talibãs, amplamente favorecida pelos serviços de inteligência do exército paquistanês, permitiu que Islamabad reforçasse os seus laços com o novo regime.

O mundo muçulmano visto como instrumento do Império

Ao longo dessas décadas, os Estados Unidos nunca levaram em conta as aspirações dos povos árabes e muçulmanos. Políticas foram adotadas, exércitos mobilizados, alianças feitas e desfeitas, guerras travadas nas terras muçulmanas e árabes, contra suas populações, sempre por razões vinculadas a outros interesses. Ilustram bem essa tendência as incoerências e reviravoltas das políticas em relação ao Iraque, Irã, fundamentalismos xiita e sunita, ideologia da "jihad", a ditadura, a democracia, a monarquia absoluta, Yasser Arafat e a OLP, as colônias israelenses e o “processo de paz”. Os Estados Unidos mobilizaram-se por seus próprios objetivos – seja para garantir seu abastecimento de petróleo; para ganhar a guerra fria; para afirmar sua hegemonia ou para apoiar Israel. Tão logo uma dessas metas era alcançada, eles se “esqueciam” de todas as preocupações dos árabes e dos muçulmanos às quais haviam se referido para obter o seu apoio.

Não há nada mais insultante para o mundo árabe e muçulmano do que a célebre resposta de Zbigniew Brzezinski, três anos antes dos atentados de 11 de setembro de 2001. Indagado sobre eventuais remorsos pela ajuda norte-americana à implantação de um movimento jihadista, para provocar a invasão soviética do Afeganistão, ele replicou: “Lamentar o quê?... O que é mais importante, no contexto da história do mundo? O Talibã ou a queda do império soviético? Alguns islâmicos excitados ou a liberação da Europa Central e o fim da Guerra Fria [4]?”

Nesse mesmo terreno ocorreram os eventos “que mudaram o mundo” nos últimos cinco anos – dos ataques de 11 de setembro à invasão e a ocupação do Iraque. Em 2003, a única “vitória” norte-americana possível teria sido uma transição rápida rumo a um Estado estável, unificado, democrático, não- teocrático e, sobretudo, não-ocupado. Era uma aposta muito arriscada e foi perdida. Um general norte-americano aposentado a qualificou como o “maior desastre estratégico da história dos Estados Unidos [5]”. Essa derrota é irreversível.

Um Irã fortalecido expande sua influência

O vencedor é evidentemente o Irã. A estratégia norte-americana de desmantelamento do exército e das estruturas baasistas do Estado iraquiano permitiu eliminar o inimigo tradicional de Teerã. Simultaneamente, a confiança dos norte-americanos nos clérigos xiitas ajudou os aliados do Irã no interior do Iraque. Assim, Washington fortaleceu o próprio Estado contra o qual pretendia lutar.

As repercussões são consideráveis, tanto para os Estados Unidos quanto para o mundo árabe-muçulmano. O nacionalismo árabe laico e de esquerda, que havia definido o quadro ideológico da resistência à dominação ocidental, cedeu terreno para correntes islâmicas que canalizam essa resistência para ideologias conservadoras. Os conflitos políticos em torno da independência nacional e das vias de desenvolvimento misturam-se com os enfrentamentos religiosos, culturais e comunitários. No passado, essa mudança de paradigma foi, em certos casos, incentivada pelo Ocidente . Hoje, a derrota norte-americana no Iraque oferece novas oportunidades para Teerã retomar a tocha do nacionalismo árabe sob a bandeira do Islã.

A República islâmica do Irã desponta como o país campeão de uma nova frente de luta. Essa associa o nacionalismo árabe com a onda crescente da resistência islâmica. Para tanto, dispõe de trunfos muito importantes: pode facilitar ou complicar a situação das tropas norte-americanas; ajudar a colocar os israelenses em xeque no Líbano, graças aos seus aliados do Hizbollah; e, até mesmo, estender uma mão benévola em socorro dos palestinos, por meio do seu apoio ao Hamas. A sua influência estende-se até as regiões petrolíferas do Golfo e da Arábia Saudita onde há maioria xiita. E Teerã reúne boas condições para preencher o vazio do poder regional criado pela destruição do Estado iraquiano, pesar sobre o conflito palestino-israelense e transformar a própria natureza das relações seculares entre xiitas e sunitas.

Carta na manga: explorar divisão entre xiitas e sunitas

As ameaças, sobretudo, militares, dos Estados Unidos e de Israel reforçam a importância estratégica do Irã e valorizam o seu status de vanguarda da resistência do mundo árabe-muçulmano. Washington e Tel-Aviv estão presos numa contradição. Estão convencidos da necessidade de uma intervenção armada, ainda que limitada a bombardeios aéreos e a operações das forças especiais. Mas um possível ataque não pode destruir o regime. Será por esta razão que o presidente e o vice-presidente norte-americanos estudam recorrer à utilização da arma nuclear [6]? Com toda certeza, as conseqüências de tal aventura, tanto no plano regional quanto internacional, seriam incalculáveis. Mas, de qualquer forma, os Estados Unidos precisam restabelecer a sua credibilidade e suscitar novamente o medo que qualquer império precisa provocar.

Outra estratégia que vem sendo discutida em Washington consiste em explorar a divisão confessional com a ajuda da Arábia Saudita. Duas tendências contraditórias estão atuando neste contexto. A primeira é a aproximação entre sunitas e xiitas. Essa se deu desde a guerra do Líbano, no verão de 2006, na qual se revelaram as afinidades evidentes que existem entre Teerã e o Hizbollah. Transformou-se, assim, o xeique Hassan Nasrallah (e, numa proporção menor, o Hamas) em heróis do mundo árabe. Num fato sem precedentes, religiosos sunitas respeitados afirmam que, daqui para frente, as diferenças com os xiitas dizem respeito a aspectos menores da religião – antes a detalhes do que a conceitos fundamentais. A segunda tendência são as tensões que a ocupação fez ressurgirem entre as duas famílias do Islã – particularmente no Iraque. Ao longo dos séculos, as populações xiitas, concentradas em regiões estratégicas, foram tratadas freqüentemente com desprezo pelos poderes sunitas. Isso adubou o terreno fértil do seu ressentimento e cólera. Inversamente, as ações das milícias xiitas e a execução vergonhosa de Saddam Hussein atiçam o ódio dos sunitas.

Alguns dirigentes norte-americanos pensam que Riad poderia tornar-se o provedor de fundos de um movimento de resistência sunita aos xiitas desviantes. Com efeito, o regime saudita é muito hostil ao avanço, na região, da teologia xiita e da república islâmica. Já prometeu proteger os sunitas iraquianos caso isso se revele necessário. Será que a Arábia Saudita e as monarquias do Golfo, o Egito, a Jordânia, os curdos, os sunitas iraquianos e libaneses, e o Fatah poderiam deter a influência do Irã xiita, da Síria alauíta do Hizbollah libanês e do Hamas palestino? Para serem críveis, os “moderados” árabes deveriam poder oferecer uma solução eqüitativa e rápida para o problema palestino. Mas, se os Estados Unidos e Israel se lançarem nesta aventura, será para se furtar a todo compromisso sério.

Como Washington produz a "falência dos Estados"

A estratégia de tensão confessional conduziria a uma guerra civil entre muçulmanos. Os participantes seriam considerados como agentes que dilaceram a região a serviço de Israel e dos Estados Unidos. E quais forças muçulmanas receberiam ajuda? As opiniões públicas ocidentais e até mesmo a norte-americana arriscam descobrir com espanto que o seu governo está, novamente, no processo de constituir “exércitos wahhabitas da jihad” – ou seja, a Al Qaeda, sob um outro nome. Tal cenário não iria conduzir à “vitória”, e sim a uma série de novas crises.

Os neoconservadores qualificam esta estratégica de instabilidade construtiva (ou de destruição criadora). Porém, um observador inteligente a batiza, de maneira mais adequada, de destruição dos Estados (“estaticídio” [7]). Os Estados Unidos acabaram aceitando tal orientação no Líbano e na Palestina. Ao examinarmos os resultados, e não as intenções, é possível entender por que os árabes e os muçulmanos concluem que a política de Washington no Oriente Médio não é de salvar “Estados falidos”, e sim de produzí-los.

O ataque contra o Líbano, causador de muitas destruições, terminou com uma derrota: Israel isolou-se na região e no mundo. Militarmente, o Hizbollah nunca perdeu a capacidade de se comunicar com os seus combatentes, de difundir por meio da rádio e da televisão suas mensagens à população, de infligir perdas aos invasores ou de arremessar foguetes contra Israel [8]. Os israelenses não alcançaram nenhum dos seus objetivos declarados. Nem o desarmamento do Hizbollah, nem o retorno dos seus soldados capturados.

A questão para Israel no Líbano, assim como para os Estados Unidos no Irã, é saber se podem aceitar reveses, ou se estarão tentados a “dobrar a aposta”. Serão as derrotas os sinais anunciadores de guerras de nova geração? Ou fatos apenas temporários? Uma coisa é certa: o modelo de vitória com “zero morto”, preconizado durante a primeira guerra do Golfo (1990-1991), ou nos Bálcãs, por meio de bombardeios maciços e utilização de armas de ponta, está em xeque. Daqui para frente, o que connta é o controle e obediência a longo prazo das populações (algo que as forças aéreas não podem garantir e que exige um custo político e humano importante).

No Líbano, o feitiço volta-se contra o feiticeiro

Washington já pagou um preço elevado pelo papel que exerceu nesta pequena guerra. A imagem do primeiro-ministro libanês Fuad Siniora, com lágrimas nos olhos, implorando aos Estados Unidos para que impedissem a destruição do seu país, tornou-se emblemática e pode ser considerada uma guinada importante. O movimento de 14 de Março tomou o poder por meio de uma “revolução do cedro” apoiada pela Casa Branca. Essa revolução foi louvada como exemplo de reforma democrática que o presidente Bush queria incentivar no mundo árabe. Mas, diante da vontade de Israel de infligir uma lição ao Líbano, Fuad Siniora foi abandonado pelos Estados Unidos. Além de impedir qualquer cessar-fogo durante um mês, Washington também abasteceu Israel com armas destruidoras.

Destes desdobramentos resultou aquilo que Fouad Siniora descreve como uma destruição “inimaginável” da infra-estrutura civil libanesa [9], assim como um enfraquecimento do governo em si. Hoje, o Hizbollah exige desempenhar um papel mais importante. No quadro de uma “revolução do cedro” invertida, ele organiza as suas próprias manifestações de rua, maciças, pacíficas e disciplinadas, imitando as mesmas táticas que haviam sido incentivadas pelos Estados Unidos e o Ocidente. “Sem temerem fazer parte” desta luta interna, os Estados Unidos duplicaram a ajuda ao exército libanês e às forças internas de segurança, que intensificam seu recrutamento entre as populações sunita e drusa [10]. Essas políticas, pouco comentadas nos Estados Unidos, são denunciadas na imprensa árabe, israelense e mundial. Depois dessa guerra, vai ser muito difícil convencer o mundo árabe-muçulmano de que os Estados Unidos não estão predispostos a trair qualquer aliado ou qualquer princípio de justiça, com o único objetivo de apoiar Israel.

O processo foi se ampliando. Envolveu a destruição da infra-estrutura civil, o enfraquecimento da sua coerência social e política e a criação de uma lógica que conduziria a um conflito confessional e uma guerra civil. Quando essa dinâmica se acelerou no Iraque, parecia ser uma conseqüência terrível, que não havia sido planejada por Washington. A reaparição dos mesmos elementos no Líbano, ainda poderia ser atribuída a uma espécie de coincidência infeliz. Mas no instante em que uma dinâmica similar voltou a se desenhar na Palestina, muitos observadores não hesitaram mais a falar num “modelo” da estratégia norte-americana.

Os territórios palestinos passam por uma crise humanitária de grande amplitude. Desde a vitória do Hamas nas eleições de janeiro de 2006, os Estados Unidos e a União Européia uniram-se a Israel para tentar sufocar os palestinos e obrigá-los a rejeitar seu governo democraticamente eleito. Os resultados previsíveis desses ataques são a desagregação da ordem social e a evolução progressiva rumo a um conflito civil.

É possível combater o terror gerando ódios?

Um observador norte-americano descreve esta paisagem atormentada da seguinte maneira: “Os palestinos de Gaza vivem trancafiados num gueto sórdido e superpovoado, cercados pelo exército israelense e por uma enorme barreira. Ficaram impossibilitados de sair ou de penetrar na faixa de Gaza. Têm sido alvos de ataques cotidianos. (…) As tentativas israelenses de orquestrar um colapso das leis e da ordem, de semear o caos e provocar uma penúria generalizada, são visíveis nas próprias ruas de Gaza.Os palestinos passam diariamente na frente dos escombros do ministério do Interior, do ministério das Relações Exteriores e do ministério da Economia Nacional; do escritório do primeiro-ministro e de algumas instituições educacionais que foram bombardeadas pela aviação israelense. (…) Enquanto isso, a Cisjordânia vai afundando rapidamente numa crise semelhante à de Gaza (…) Qual vantagem os Estados Unidos e Israel pretendem obter ao fazerem de Gaza e da Cisjordânia uma versão miniatura do Iraque? (...) Acreditam que desta forma conseguirão debilitar o terrorismo, deter os ataques suicidas e instaurar a paz? [11]”.

Uma nova etapa foi transposta com a entrega de armas pelos Estados Unidos, com ajuda de Israel, “para os militantes da Força 17 em Gaza, ligados ao homem-forte do Fatah, Mohammed Dahlan”. “Segundo os representantes oficiais dos serviços de segurança israelenses e palestinos, essas entregas de armas norte-americanas desencadearam uma corrida do armamento com o Hamas [12]". Independentemente das intenções, a lógica de desintegração social e de guerra civil vai se alastrando, por intermédio da política norte-americana, por três países identificados por Israel como setores de resistência às suas ambições regionais. Existe um núcleo duro de sionistas de direita que pretendem sujeitar os palestinos ou removê-los de todos os territórios cobiçados por Israel. Para alcançar este objetivo, querem enfraquecer todos os vizinhos recalcitrantes. É assustador, porém pouco surpreendente, ver tais fanáticos ocuparem posições de poder no governo israelense. É chocante pensar que Washington possa seguir, e até mesmo ser artesão, de tal estratégia destruidora e auto-destruidora, em nome de uma falsa idéia do que vem a ser um amigo de Israel.

Se fossem mesmo amigos de Israel, os Estados Unidos não só deveriam rejeitar este caminho, como compartilhar a seguinte avaliação de uma observadora israelense: “A política de Israel não ameaça apenas os palestinos, mas também os próprios israelenses… Um pequeno Estado judeu de 7 milhões de habitantes (dentre os quais 5,5 milhões de judeus), cercado por 200 milhões de árabes, torna-se o inimigo do mundo muçulmano como um todo. Não há garantia de que tal Estado possa sobreviver. Salvar os palestinos também significa salvar Israel [13].

No Afeganistão, um outro grande atoleiro

Não é só no Oriente Médio que a derrota dos Estados Unidos parece ser possível. Mais a leste, no Afeganistão, sua política também está sendo submetida a uma dura prova. Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, ninguém duvidava de que Washington tivesse o direto de perseguir Osama Bin Laden e a Al Qaeda. Contudo, a decisão de desencadear uma vasta operação militar envolvendo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), com o objetivo de reconstruir a infra-estrutura política do país, era arriscada. Para que desse certo, era preciso uma vitória militar decisiva, seguida por um compromisso financeiro e político sólido e de longa duração. Esse visaria uma reforma da sociedade, baseada na cooperação de parceiros locais confiáveis, respeitados e comprometidos no caminho das mudanças.

Os Estados Unidos contaram com os chefes de guerra da Aliança do Norte para obter resultados rápidos, e apostaram num presidente importado para fabricar um arremedo de governo central em Cabul. Eles mostraram-se incapazes de eliminar os chefes da Al Qaeda e dos talibãs, e deixaram o terreno afegão para se dedicar ao Iraque. Bin Laden e Ayman Zawahari continuam difundindo suas fitas de vídeo. Enquanto isso, os talibãs, que mantiveram laços estreitos com as tribos pashtunes dos dois lados da fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão, vêm se reunindo e constituem hoje uma real ameaça para as tropas da Otan. Os soldados dessa ficam trancafiados dentro em quartéis e só aparecem para executar bombardeios aéreos [14]. O ministro paquistanês das relações exteriores chegou ao ponto de declarar que a Otan precisava “aceitar a derrota” e que as suas tropas deveriam se retirar.

A tentativa desajeitada de Washington, de conduzir uma batalha clara e nobre contra a Al Qaeda, revelou-se equivocada. Não só diante da complexidade da rede de tribos e chefes de guerra afegãos mas também em razão do jogo perigoso e complicado do Paquistão. Esse, em sua batalha vital pela posse da Caxemira, precisa apostar nos seus próprios grupos islâmicos. É por esta razão que Islamabad pede à Otan e ao governo afegão que aceitem a presença inevitável de “talibãs moderados” no Afeganistão (para os quais cedeu, aliás, o controle de uma das suas províncias – o Vaziristão do Norte). Com isso, instala-se uma base a partir da qual os “talibãs nem tão moderados assim” atacam os soldados da Otan. Agora, passam a recorrer à técnica dos atentados suicidas. Teria a conexão com o Iraque tornado-se uma realidade? A “guerra contra o terrorismo” acabou tornando os Estados Unidos dependentes do Paquistão, que, por sua vez, encontra-se envolvido numa aliança estrutural com o islamismo radical. E se a “paquistanização” da Al Qaeda se transformasse numa “al-Qaedização” do Paquistão? Os meios de comunicação norte-americanos seguem ignorando este fenômeno preocupante…

Para evitar mais derrotas, só uma guinada política

Um arco de crise estende-se, portanto, do Mediterrâneo até o subcontinente indiano. Nos próximos meses, serão tomadas, principalmente em Washington, decisões que irão exacerbar essas crises ou que as encaminharão por novas vias mais, favoráveis a soluções sensatas. Para operar essa guinada, os dirigentes ocidentais deverão compreender que a Al Qaeda, o partido Baas, o Hizbollah, o Hamas, a Síria, assim como o Irã não podem ser classificados todos sob a mesma etiqueta ideológica abstrata de “eixo do mal”. Existem vínculos entre as diferentes crises, mas é preciso procurar distinguir e desarmar seus diversos componentes.

Isso pode ser dito da Síria, um país que não ameaça os Estados Unidos. Ela os ajudou em várias oportunidades, e joga com seus próprios interesses nacionais legítimos. Seria preciso assinar com ela um acordo sobre a retirada israelense do planalto do Golã, cuja ocupação em nada beneficia os Estados Unidos. O mesmo pode ser dito para o Hizbollah no Líbano e o Hamas na Palestina, que agem, sobretudo, em função dos seus interesses nacionais. Agindo assim, os Estados Unidos poderiam livrar-se de um bom número de problemas — E fazer avançar seus próprios interesses, promovendo, inclusive, a derrota do verdadeiro “terrorismo” fanático. Para tanto, eles precisam reconhecer que todos esses grupos não são necessariamente sucursais ou clones da Al Qaeda. Não se transformarão em tais entidades, da mesma forma que o Vietnã não se tornou a ferramenta de um “império do mal”. O fato de estabelecer negociações poderia fazer com que esses Estados ou movimentos transformem-se em adversários com os quais seja possível lidar.

Vozes influentes que emanam do coração do sistema político norte-americano exigem uma mudança de rumo. O relatório Baker-Hamilton é a expressão a mais evidente desta tendência. Por sua vez, o antigo presidente James Carter fez um apelo para que seja aberto um debate honesto sobre a política norte-americana na Palestina. Para reparar os danos já feitos, seria preciso reconhecer que más decisões foram tomadas e fazer correções de rumo muito sérias. Isso implicaria renunciar à idéia de que apenas a utilização da força militar unilateral pode resolver problemas políticos e sociais complexos; abdicar do apoio incondicional a Israel. Sobretudo, exige abandonar a idéia de que as diversas nações e populações do mundo árabe-muçulmano constituem elementos intercambiáveis inscritos em um mesmo esquema ideológico; que são manipuláveis à vontade, em função das necessidades das grandes potências, para atender às ambições territoriais dos colonos israelenses ou para os sonhos de uma “oumma” (comunidade muçulmana unida) imaginária acalentada pela Al Qaeda.

Tradução: Jean Yves de Neufville
jeanyves@uol.com.br



[1] Robert Dreyfuss, Devil’s Game: How the United States Helped Unleash Fundamentalist Islam, Metropolitan Books, Nova York, 2005, p. 240.

[2] Cf. Pierre Abramovici, “Petróleo, política e terrorismo”, Le Monde Diplomatique-Brasil, janeiro 2002.

[3] Sorel Symposium, 29 de abril de 1991.

[4] Le Nouvel Observateur, 15-21 de janeiro de 1998

[5] General (reserva) William E. Odom, “What’s Wrong with Cutting and Running?”, The Lowell Sun, 30 de setembro de 2005.

[6] Jorge Hirsch, “Nuking Iran Is Not Off the Table ”, 6 de julho de 2006. Philip Giraldi, “Deep Background”, The American Conservative, Arlington, VA (Etats-Unis), 1º de agosto de 2005.

[7] Sarah Shields, “Staticide, Not Civil War in Iraq”, Common Dreams.org, 6 de dezembro de 2006.

[8] Alastair Crooke e Mark Perry, “ How Hezbollah Defeated Israel, Parts 1 and 2”, Counterpunch.org, e 13 de outubro de 2006.

[9] “Siniora criticises West for failing model democracy”, Gulfnews.com (em Los Angeles Times-Washington Post), 21 de julho de 2006.

[10] “U.S. Considers New Aid to Lebanese Armed Forces ”, The Chosun Ilbo (Voice of America), 12 de dezembro de 2006. Ver também Megan K. Stack, “Lebanon builds up security forces”, Los Angeles Times, 1º de dezembro de 2006

[11] Chris Hedges, “ Worse than Apartheid ” Truthdig.com

[12] Aaron Klein, “ US Weapons Prompt Hamas Arms Race? ”

[13] Tanya Reinhardt, “ Introduction”, The Road Map to Nowhere – Israel/Palestine since 2003.

[14] Cf. Syed Saleem Shahzad, “Ofensiva de primavera do talibã”, Le Monde Diplomatique-Brasil, setembro de 2006.

Guarany de Bagé Campeão do Mundo Tambem?


Já que tá facil inventar Campeões do Mundo, nada mais justo que a FIFA reconhecer o Campeonato Mundial Linear do Blog Vermelho! Afinal ao menos o nosso torneio faz sentido. Com isso a FIFA tem que declaram alguns clubes Gaúchos Campeão do Mundo e atualmente esse Campeão é o Guarany de Bagé.

Eu recomendo que a diretoria do Guarany entre na FIFA com um pedido de avaliação. Os resultados não mentem!

Veja:

Inter Campeao Mundial em Dezembro
- Inter perde para o ULBRA 3x1 Jan
- Ulbra perde para o VERANOPOLIS 2x1 - Jan 31 - em Canoas
- VERANOPOLIS empata com Gaúcho 0X0 - Fev 04 - em Passo Fundo
- VERANOPOLIS empata com Guarany/BA 2x2 - Fev 07 - em Veranópolis
- VERANOPOLIS empata com o Santa Cruz 2x2 - Fev 12 - em Santa Cruz
- VERANOPOLIS ganha do Glória 2x1 - Fev 16 - em Veranópolis
- VERANOPOLIS empata com Cruzeiro-MG - Fev 20 - em Veránopolis
- INTER ganha do Veranopolis 2x1 - Fev 24 - em Cidreira
- INTER ganha do Emelec 3x0 - Fev 28 - em Porto Alegre
- INTER ganha do Novo Hamburgo 2x1 - Mar 04 - Novo Hamburgo
- ULBRA ganha do Inter 2x0 - Mar 07 - em Porto Alegre
- ULBRA empata com Juventude - Mar 11 - em Caxias
- ULBRA ganha do Veranópolis 1x0 - Mar 14 - em Canoas
- ULBRA ganha do Novo Hamburgo 3x2 - Mar 18 - em Novo Hamburgo
- ULBRA ganha do Glória 3x2 - Mar 28 - em Canoas
- GUARANY-BA ganha do Ulbra 3 x 2 - Apr 1 - em Canoas

GUARANY NOVO CAMPEÃO MUNDIAL LINEAR!!

E agora complicou....já que o Guarany pode tá eliminado do Gauchao! O Cinturao talvez fique em Bage o ano todo!
Fonte:Blogvermelho