sábado, 15 de setembro de 2007

ELIS REGINA - Discografia

Nasceu em Porto Alegre, e desde os 11 anos se apresentava na Rádio Farroupilha, cantando. Fez parte do elenco fixo da emissora, onde trabalhou por algum tempo. Em 1959 assinou o primeiro contrato profissional, na Rádio Gaúcha, e no ano seguinte foi para o Rio de Janeiro, onde gravou o primeiro compacto, pela Continental. A mesma gravadora em 1961 lançou seu primeiro LP, "Viva a Brotolândia", com calipsos e rocks. Em seguida voltou para Porto Alegre, onde ficou até 1964, quando regressou definitivamente para o Rio. Cantou no Beco das Garrafas, reduto da bossa nova, onde teria aprendido com o bailarino americano Lennie Dale a célebre coreografia que lhe valeu o apelido de "Hélice Regina". Contratada pela TV Rio, passa a trabalhar ao lado de Jorge Ben, Wilson Simonal e outros. Tornou-se conhecida nacionalmente em 1965, ao sagrar-se vencedora do I Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior, defendendo a música "Arrastão", de Edu Lobo e Vinicius de Moraes. Em seguida gravou "Dois na Bossa" ao lado de Jair Rodrigues, com tal êxito que nos anos seguintes foram lançados os volumes 2 e 3. Foi ao lado de Jair que apresentou um dos programas musicais mais importantes da música brasileira, O Fino da Bossa, estreado em 1965 na TV Record. O programa foi o responsável pelo lançamento de diversos artistas e sucessos, como "Canto de Ossanha" (Baden Powell/ Vinicius de Moraes), "Louvação" (Gilberto Gil/ Torquato Neto) e "Lunik 9" (Gil). A partir daí a carreira solo de Elis decola. Seu disco "Elis", de 1966, traz "Canção do Sal", de Milton Nascimento, gravado aí pela primeira vez. Elis foi a primeira intérprete a gravar músicas de alguns compositores que se tornariam consagrados, como Milton, Ivan Lins ("Madalena"), Tavito/ Zé Rodrix ("Casa no Campo") e Belchior ("Como Nossos Pais"). Participou de festivais e de movimentos político-musicais, como a "passeata contra as guitarras", que visava à preservação das "raízes" da MPB contra a invasão estrangeira. Intensificou sua carreira no exterior em 1969, ano em que fez show nas principais capitais européias e latino-americanas. Um de seus discos mais marcantes, "Elis e Tom" (com Tom Jobim), foi gravado em 1974 nos Estados Unidos, onde também tornou-se popular. No ano de 1979 participou do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, e gravou um de seus maiores sucessos, "O Bêbado e a Equilibrista", de Aldir Blanc e João Bosco, dupla que lhe forneceria inúmeros sucessos, como "Caçador de Esmeraldas", "Mestre-sala dos Mares", "Dois pra Lá, Dois pra Cá". Outras interpretações que entraram para a história foram "Upa, Neguinho" (Edu Lobo/ G. Guarnieri), "Águas de Março" (Tom Jobim), "Ponta de Areia" (Milton Nascimento/ Fernando Brant), "Folhas Secas" (Nelson Cavaquinho/ Guilherme de Brito) e "Romaria" (Renato Teixeira). Depois de sua morte, em 1982, decorrente de overdose de drogas, foram lançados discos com gravações inéditas e coletâneas. Foi homenageada em 1995 no prêmio Sharp de música. Seus filhos João Marcelo Bôscoli (com Ronaldo Bôscoli) e Pedro Camargo Mariano (com César Camargo Mariano) também são músicos.

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NEY MATOGROSSO - Vivo (320Kbps)

FAIXAS

01 Mulher Barriguda
02 Com a Boca No Mundo
03 Miséria No Japão
04 Vira-Lata de Raça
05 Novamente
06 Poema
07 Mesmo Que Seja Eu
08 Faço de Tudo
09 A Balada Do Cachorro Louco (Fere Rente)
10 O Vira
11 Exagerado
12 Bomba H
13 O Último Dia
14 A Cara Do Brasil
15 Sangue Latino
16 Rosa de Hiroshima
17 Balada Do Louco
18 Homem Com H
19 Pro Dia Nascer Feliz
20 Metamorfose Ambulante

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PARTE 1 --- PARTE 2

CrackDown 2.2


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Só para lembrar.......

Revés em Gaza para a doutrina Bush
Ali Abunimah [*]

Tomada dos serviços de segurança palestinos em Gaza. A dramática derrota em Gaza das milícias apoiadas pelos EUA e por Israel, infligida pela forças leais ao Hamas, representa um enorme revés para a doutrina Bush na Palestina.

Antecedentes

Desde que o Hamas venceu as eleições legislativas palestinas nos territórios ocupados, em Janeiro de 2006, elementos da liderança do movimento Fatah, há muito dominante, incluindo o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas e seus conselheiros, conspiraram com Israel, os Estados Unidos e os serviços de inteligência de vários Estados árabes para derrubar e enfraquecer o Hamas. Este apoio incluiu canalizar armas e dezenas de milhões de dólares para incontáveis milícias, particularmente a "Força de Segurança Preventiva" encabeçada em Gaza pelo senhor da guerra Mohammad Dahlan , um aliado próximo de Israel e dos Estados Unidos e pertencente à "Guarda Presidencial" de Abbas. O vice-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Elliott Abrams — o mesmo que ajudou a desviar dinheiro para os Contras da Nicarágua na década de 1980 e que foi condenado por mentir ao Congresso no escândalo Irão-Contra — liderou o esforço para montar estes Contras palestinos. (Este antecedente foi extensamente pormenorizado em numerosos artigos publicado nos últimos meses por The Electronic Intifada ). Abrams também é conhecido por ter ajudado a encobrir massacres e atrocidades cometidas pelas milícias e esquadrões da morte apoiados pelos EUA em El Salvador.

Duas revelações recentes mostram a extensão da conspiração: em 7 de Junho, o jornal Haaretz relatou que "altos responsáveis do Fatah na Faixa de Gaza pediram a Israel que lhes permitisse receber grandes carregamentos de armas e munições de países árabes, incluindo o Egipto". Segundo aquele jornal israelense, o Fatah pediu a Israel "carros blindados, centenas de rockets RPG para furar blindagens, milhares de granadas de mão e milhares de balas de munições para armas de pequeno calibre", tudo para ser utilizado contra o Hamas.

Desde o momento da sua vitória eleitoral, o Hamas actuou pragmaticamente e com a intenção de integrar-se na estrutura política existente. Ele observou durante mais de um ano um cessar fogo unilateral em relação a Israel e parou com os ataques suicidas a civis israelenses que o haviam tornado notório. Num memorando confidencial escrito em Maio e publicado esta semana por The Guardian, o envio superior das Nações Unidas, Alvaro de Soto, confirmou que foi sob a pressão dos EUA que Abbas recusou ao Hamas o convite inicial para constituir um "governo de unidade nacional". De Soto pormenoriza que os conselheiros de Abbas ajudaram activamente a cortar a ajuda de Israel-EUA-União Europeia e o cerco dos palestinos sob ocupação, o que conduziu a um aumento maciço da pobreza para milhões de pessoas. Estes conselheiros empenharam-se junto aos Estados Unidos numa trama para "provocar a morte prematura do governo [Autoridade Palestina] liderado pelo Hamas", escreveu De Soto.

Apesar de uma sangrenta tentativa de golpe contra o Hamas por parte das forças lideradas por Dahlan, em Dezembro de Janeiro, o Hamas ainda concordou em aderir a um "Governo de Unidade Nacional" com o Fatah promovido pela Arábia Saudita na cimeira de Meca. Os conselheiros de Dahlan e de Abbas estavam determinados a sabotar isto, continuando a acumular armas e recusando-se a colocar as suas milícias sob o controle de um ministro do Interior neutro que, frustrado, acabou por demitir-se.

Um revés para os Estados Unidos e Israel

O núcleo da estratégia americana na Ásia Sudoeste e Central, particularmente no Afeganistão, Iraque, Palestina e Líbano, é estabelecer regimes fantoches que combatam inimigos da América em seu lugar. Esta estratégia parece estar a fracassar por toda a parte. Os Taliban estão a ressurgir no Afeganistão. Apesar do seu "acréscimo" ("surge") de tropas os EUA não estão mais próximos de subjugar a resistência no Iraque e não podem confiar nem mesmo no exército iraquiano que ajudaram a montar. O exército libanês, que os EUA esperavam reforçar como contrapeso ao Hizbollah, actuou fracamente contra umas poucas centenas de combatentes estrangeiros enfiados no campo de refugiados Nahr al-Bared (embora tenha provocado mortes e devastação entre muitos refugiados palestinos inocentes). Agora, em Gaza, deu-se o último fracasso.

A política de Israel é uma versão local da estratégia americana — ela também foi tentada e fracassou. Ao longo de mais de duas década Israel confiou numa milícia sua procuradora, o Exército Libanês do Sul, a fim de ajudá-lo a impor a ocupação no sul do Líbano. Em 2000, quando as forças israelenses retiraram-se precipitadamente, esta milícia entrou em colapso tão rapidamente quanto as forças de Dahlan e muitos dos seus membros fugiram para Israel. O Hamas agora está a referir-se à derrota das forças de Dahlan como uma "segunda libertação de Gaza".

Um elementos persistente da estratégia israelense tem sido tentar circunscrever a resistência palestina através da tentativa de criar lideranças traidoras. Na década de 1970 Israel ainda via a OLP como verdadeira representante da resistência. Assim, montou as "ligas de aldeia" colaboracionistas na Cisjordania como alternativa. Em 1976, permitiu eleições municipais na Cisjordania num esforço para dar alguma legitimidade a esta liderança alternativa. Quando candidatos filiados à OLP varreram o quadro, Israel começou a assassinar os presidentes de municipalidades OLP com carros bombas ou forçá-los ao exílio. Uma vez que alguns líderes exilados da OLP, nomeadamente Yasser Arafat, tornar-se subempreiteiros coniventes com a ocupação (uma acomodação formalizada pelos Acordos de Oslo), emergiu uma nova força de resistência na forma do Hamas. Os esforços israelenses para apoiar Dahlan e Abbas, o sucessor de Arafat, como alternativas de traição agora explodiram espectacularmente.

No rastro do colapso do Fatah em Gaza, o Haaretz relatou que o primeiro-ministro israelenses Ehud Olmert aconselhará o presidente Bush a manter Gaza isolada da Cisjordania. Isto pode ser encarado como uma tentativa de escorar Abbas, cuja sobrevivência Israel considera essencial para manter a ficção de que não domina directamente milhões de palestinos privados de direitos de cidadania. Um colapso total da Autoridade Palestina exporia a obrigação legal de Israel, como poder ocupante, de providenciar o bem estar dos palestinos que subjuga.

E como ficam agora os palestinos sob a ocupação?

Abbas declarou um "estado de emergência" e demitiu Ismail Haniyeh, o primeiro-ministro do Hamas, assim como o "governo de unidade nacional". O "estado de emergência" é meramente retórico. Todo o controle que ele tinha em Gaza acabou-se e Israel, de qualquer forma, tem o controle completa da Cisjordania.

Haniyeh, num discurso transmitido esta noite ao vivo na Al-Jazeera, rejeitou os "apressados" movimentos de Abbas e alegou que eles resultavam de pressões do exterior. Ele emitiu uma declaração com 16 pontos, dentre eles que o "governo de unidade" representava a vontade de 96 por cento dos palestinos sob ocupação expressa nas urnas eleitorais. Reafirmou o compromisso do seu movimento para com a democracia e o sistema político existente e que o Hamas não imporia mudanças no modo de vida das pessoas. Haniyeh disse que o governo continuaria a funcionar, restauraria a lei e a ordem e reafirmou o compromisso do Hamas para com a unidade nacional e o acordo de Meca. Conclamou todos os membros do Hamas a observarem uma amnistia geral beneficiando quaisquer combatentes da sua segurança capturados (isto seguia-se a relatos dos media de um punhado de execuções sumárias de combatentes do Fatah). Enfatizou também que a luta do Hamas não era com o Fatah como todo, mas apenas contra aqueles elementos que estiveram a colaborar activamente — uma referência clara a Dahlan e outros conselheiros de Abbas. Ele retratou a tomada de controle do Hamas como um último recurso na sequência da escalada de ilegalidades e tentativas de golpe de colaboracionistas, listando muito alegados crimes que acabaram por esgotar a paciência do Hamas. Haniyeh enfatizou a unidade de Gaza e da Cisjordania como "partes inseparáveis da nação palestina" e reiterou um apelo aos sequestradores do correspondente da BBC Alan Johnston a libertarem-no imediatamente.

O contraste entre a acção de Abbas e a resposta do Hamas é gritante. Abbas, empurrado talvez pelo mesmo grupo de conselheiros, parece estar a escalar a confrontação e a fazer isso quando não há razão para acreditar que possa vencer. O Hamas, enquanto se mantém firme e a partir de uma posição de força, fala numa linguagem de conciliação, enfatizando novamente que o Hamas tem um problema apenas com um pequeno grupo dentro do Fatah, não com as suas bases. Abbas, Dahlan e seus apoiantes precisam manter uma atitude sóbria — eles podem ser tentados a dominar o Hamas na Cisjordania, mas a escala da sua derrota em Gaza teria de conte-los.

Ambas as lideranças estão confinadas. Abbas parece estar inteiramente dependente do apoio estrangeiro e israelense, e incapaz de tomar decisões independentes de uma clique corrompida e venal. O Hamas, quaisquer que tenham sido as suas intenções, é provável que se descubra em Gaza sob um cerco ainda mais duro.

Abbas, apoiado por Israel e pelos EUA, apelou a uma força multinacional em Gaza. O Hamas rejeitou-a, dizendo que esta seria considerada como uma "força de ocupação". Na verdade, eles têm razão em estarem suspeitosos: durante décadas Israel e os EUA bloquearam apelos a uma força internacional de protecção para os palestinos. A força multinacional, receia o Hamas, não estaria ali para proteger os palestinos dos seus ocupantes israelenses, mas para desempenhar o papel de procurador (proxy) na protecção dos interesses de Israel que as forças de Dahlan já não são capazes de executar e para conter a resistência — tal como a força multinacional era suposta fazer no Líbano após a guerra de Julho de 2006.

Líderes sábios em Israel e nos Estados Unidos reconheceriam que o Hamas não é um fenómeno passageiro, e que nunca poderão criar líderes fantoches que sejam capazes de competir contra um movimento de resistência popular. Mas não há sinais de sabedoria: os EUA pediram agora a Israel para "afrouxarem o seu domínio" na Cisjordania a fim de dar uma ajuda a Abbas. Embora a doutrina Bush tenha sofrido um golpe, o povo palestino não ganhou uma grande vitória. O jogo sórdido às suas custas continua.
14/Junho/2007
[*] Cofundador da publicação online The Electronic Intifada e autor de One Country: A Bold Proposal to End the Israeli-Palestinian Impasse .

O original encontra-se em http://electronicintifada.net/v2/article7030.shtml

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Biomassa: um novo olhar

Redação do LeMonde-Brasil

Para o WorldWatch Institute, os combustíveis vegetais podem contribuir tanto com o ambiente quanto para reduzir desigualdades. O foco é mudar a atual estrutura agrária

Uma ácida polêmica cerca, há meses, o debate sobre os combustíveis biológicos (ou, para alguns, agrícolas). A produção de etanol seria, como sustentam seus defensores, uma alternativa contra o aquecimento global e uma janela de oportunidade para o Brasil e outros países da América Latina? Ou estaria roubando terra de outros cultivos, inflacionando os preços dos alimentos e pressionando ecossistemas como a Amazônia, apenas para engordar os lucros das transnacionais do agronegócio? Um relatório de 480 páginas (sumário em inglês), que acaba de ser lançado pelo WorldWatch Institute (site global, site brasileiro), propõe uma espécie de síntese entre os dois pontos de vista. Apoiado em uma profusão de dados, ele procura deslocar o debate para algo mais refinado que ser a favor ou contra a cana-de-açúcar e o etanol (álcool). Sugere que, ao invés de “julgar” uma planta ou um combustível, é preciso influir sobre as relações sociais e ambientais que cercam sua produção.

A vantagem ambiental da biomassa em relação ao petróleo é conhecida. Tanto álcool quanto gasolina geram gás carbônico em sua queima. Mas as plantas das quais se extrai o combustível vegetal compensam tal efeito (com folgas, no caso da cana), porque respiram (”seqüestram”) CO2 durante toda sua vida, no processo de fotossíntese.

O WorldWatch acrescenta que pode haver também três ganhos sociais expressivos. 1) A emergência da biomassa está ajudando a reverter a queda livre dos preços de matérias-primas agrícolas. Provocado, entre outros fatores, pelos subsídios concedidos pelos EUA e Europa a suas exportações, o declínio estendeu-se por três décadas (1970-2000) e arruinou agricultores em todo o Sul do planeta. Se for anulado, permitirá revitalizar a agricultura familiar. 2) Os combustíveis vegetais podem livrar dezenas de países pobres da dependência penosa do petróleo. Entre as 47 nações mais empobrecidas do planeta, 38 são importadoras do produto e 25 compram todo o óleo que consomem. A alta dos preços internacionais do produto ameaça quebrá-las. Isso será evitado se puderem comprar de seus próprios agricultores, em moeda local, a energia que hoje importam (com dólares ou euros muito escassos) de mega-empresas. 3) Além disso, muitos países do Sul, que possuem terras e força de trabalho ociosas, poderiam ter na biomassa uma fonte de ocupação e de divisas.

O que o relatório enfatiza é que nenhuma dessas oportunidades será aproveitada se persistirem a concentração internacional de riquezas e a estrutura agrária da maior parte dos países do Sul. Nesse caso, haverá desastres. O mercado mundial de combustíveis forçará os produtores de biomassa a competirem uns com os outros, para oferecer preços mais baixos. Essa disputa estimulará a produção em condições degradantes para os trabalhadores e devastadoras para a natureza. O latifúndio de cana (ou de palma, na África) avançará sobre o cultivo de alimentos, reduzindo a área plantada e provocando altas de preços que podem ser devastadoras.

A importância de uma saída: A grande vantagem do documento do WorldWatch Institute é sugerir uma saída. Combater a produção de etanol, em países como o Brasil, tende a ser tão inviável quanto sugerir que a Arábia Saudita (ou a Venezuela) interrompam sua produção de petróleo, em nome da luta contra o aquecimento global. Dos 142 mil novos postos de trabalho criados pela indústria de São Paulo, no primeiro semestre deste ano, cerca de 100 mil surgiram nas usinas de álcool.

O foco alternativo é intervir no debate sobre as condições em que se a biomassa será produzida. As nações produtoras de álcool podem se articular, tanto para defender preços dignos (como já faz a OPEP, no caso do petróleo), quanto para colaborar entre si. A diplomacia brasileira teria um papel relevante neste esforço. No interior de cada país, é perfeitamente possível medidas para distribuir a riqueza gerada pelos novos combustíveis (por exemplo, assegurando condições dignas de trabalho na lavoura de cana; estimulando a produção de álcool a partir de outras plantas, em cooperativas e pequenas unidades; tributando a exportação das grandes usinas e utilizando a receita para incentivo à agricultura familiar). O movimento ambientalista pode agir, nos planos nacionais e mundial, para exigir que os novos cultivos de biomassa se dêem em áreas agrícolas hoje desaproveitadas, e não ameace os ecossistemas naturais.

A produção mundial de combustíveis vegetais dobrou entre 2000 e 2005. Tudo indica que haverá uma explosão, nos próximos anos e décadas. É mobilizador imaginar que não se trata nem da “salvação da lavoura”, nem de mais uma conspiração do capital — mas de um processo cujo sentido depende de consciência e mobilização social.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007


"o submundo da Editora Abril"

Carlos Rogério de Carvalho Nunes

A CPI Abril-Telefônica pode ser um importante instrumento para o povo brasileiro conhecer as entranhas deste grupo criminoso que ocupa a linha de frente dos ataques ao governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva. O pouco que se sabe a seu respeito já é mais do suficiente para uma profunda investigação sobre a sua trajetória.
Por Carlos Rogério de Carvalho Nunes*


Ninguém melhor do que quem conheceu a Editora Abril por dentro desde o seu nascedouro para falar sobre o papel deste grupo no cenário político brasileiro. É o caso do personagem do livro O Homem-Abril - Cláudio de Souza e a história da maior editora brasileira de revistas, escrito por Gonçalo Júnior, que trabalhou para a Abril nas suas três primeiras décadas de existência. Entre março de 1951 e setembro de 1975, Cláudio de Souza passou por quase todos os departamentos da empresa.


Por oito anos, ele trabalhou como assessor pessoal do seu fundador, o então cidadão norte-americano Victor Civita. Foi ele quem ajudou Civita a falar o português corretamente. Gonçalo faz revelações surpreendentes — como os detalhes das tentativas do grupo norte-americano Time-Life de convencer Civita a criar um canal de TV em São Paulo. O dono da Abril, que poderia ser flagrado em delito por conta de sua nacionalidade, sugeriu que o grupo procurasse seu amigo, o brasileiro Roberto Marinho. Assim nasceu a Rede Globo de Televisão — porta-voz oficiosa da ditadura militar.

História de trapaças

Gonçalo, que também é autor do livro Guerra dos Gibis — que narra a chegada dos quadrinhos ao Brasil, vindos dos Estados Unidos em meados da década de 1930 —, comenta de passagem o papel da ditadura militar na consolidação da Editora Abril.


"Embora fale das relações da Abril com o regime militar e destaque documentos encontrados no arquivo do Deops, minha preocupação foi cobrir o período em que o editor trabalhou lá", afirma Gonçalo. E recomenda: "Longe da pretensão de contar tudo sobre a Abril, creio que deixo pistas interessantes para que outros pesquisadores venham a desenvolver trabalhos complementares sobre a Editora."


O autor revela outros detalhes dos tortuosos caminhos trilhados por Civita. Um deles é o fato de o fundador da Abril ter permanecido no anonimato durante dez anos por ser estrangeiro. Assim ele conseguiu burlar as leis que o impediam de ser dono de uma empresa de comunicação. Até Civita conseguir a nacionalidade brasileira, as revistas da Abril saíam apenas com a assinatura de seu sócio, Gordiano Rossi, como diretor responsável. A primeira revista com editorial assinado por Civita foi a Quatro Rodas.


Civita possivelmente se inspirou na trapaça de outro conhecido editor, Adolfo Aizen, que lançou os quadrinhos no Brasil na década de 30 por meio de um suplemento infantil no jornal A Noite. Em 1945, dizendo-se baiano o russo Aizen fundou Editora Brasil-América Limitada, a Ebal. Ele manteve a sua nacionalidade sob segredo por décadas. Outra revelação de Gonçalo sobre Civita é a de que o dono da Abril teria recorrido a empréstimos estrangeiros — algo ilegal perante a legislação da época.

Programa de governo

Civita e Roberto Marinho podem ser considerados os impositores deste tipo de jornalismo totalmente desprovido de ética, muito comum nos dias de hoje. Eles trilharam, sem escrúpulos, os caminhos da influência norte-americana no universo cultual brasileiro. Durante a ditadura militar, consolidaram seus impérios lançando mão de trapaças, negociatas e autoritarismos. Até hoje, esses impérios — cujos métodos são utilizados pela totalidade dos grupos que controlam a “grande imprensa” brasileira — se valem dessas armas para impedir que o Brasil avance no rumo do progresso social e da democracia.


Um exemplo disso é o apoio aberto da Editora Abril à “era FHC” e os ataques baseados em mentiras e calúnias contra o governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva. O filho de Cívita — Roberto, que hoje comanda o império — manteve por muito tempo uma foto de FHC em sua mesa para não deixar dúvida sobre a sua opção. “Pensam que a Abril apóia o programa de governo do Fernando Henrique. A questão está mal colocada. Não é a Abril que apóia o programa de Fernando Henrique. É o Fernando Henrique que apóia o programa de governo da Abril”, disse ele certa vez.

Operações clandestinas

A Abril também é acusada de usar uma montagem fraudulenta — por meio de empresas fantasmas, laranjas e lavanderias — para passar 30% do seu controle a um conglomerado de comunicação racista que sustentou o apartheid na África do Sul. Outro caso é a negociata com o grupo Telefônica. O assunto ganhou algum destaque depois que o senador Renan Calheiros rebateu os seus acusadores mobilizados pela Abril. Ele disse que a Editora, que publica a revista Veja, já ficou conhecida como “Vileja” — pela vileza de seu jornalismo “desonesto, persecutório, panfletário e torpe”.


Para o senador, a tentativa da Abril de “fraudar a lei brasileira, de desrespeitar a concorrência, de agredir os interesses nacionais e de ludibriar o país, transferindo o controle societário da TVA e de outras duas operadoras para um grupo estrangeiro por quase um bilhão de reais, não é a primeira vez que ocorre”. “Não foi um acaso, não foi um desvio jurídico da Editora Abril. Trata-se de algo pior, de um vício, de um hábito delinqüente: o hábito de desrespeitar nossas instituições, de ferir nossos interesses, para ocultar suas operações clandestinas, ilegais e imorais, enquanto cinicamente se autoproclama defensora dos interesses do Brasil”, disse ele.

O jogo bruto continua

Renan também disse que a Veja desenvolve campanhas de linchamento, sem provas, contra “homens públicos e nossas instituições”. Segundo o senador, a Abril “esgueira-se, sorrateiramente, entre os veículos de comunicação, ampara-se nesta vital instituição e lá faz suas transações subterrâneas, imorais e antiéticas”. O senador também afirmou que o grupo mistura liberdade de imprensa com libertinagem de imprensa. “Jornalismo como esse, como instrumento de propaganda, amparado na força da repetição, da mentira, não é jornalismo, é fascismo, é nazismo”, afirmou.


É uma síntese precisa da Abril — e dos demais grupos que controlam a “grande imprensa” brasileira. Vale lembrar aqui o comentário feito pelo cientista político René Armand Dreifuss — que acreditou na possibilidade de o homem transformar a realidade —, autor do importante livro A conquista do Estado ação política, poder e golpe de classe sobre o papel de uma "elite orgânica" de orientação empresarial na desestabilização do regime democrático pré-1964 para pôr no lugar a "ordem empresarial" após o "golpe de classe", com o qual ele encerra a sua obra Transformações: matrizes do século 21: “E o jogo continua...” Cabe acrescentar: continua com sua forma bruta, sem regras, sem princípios, sem ética.

* Carlos Rogério de Carvalho Nunes é secretário nacional de Políticas Sociais da CUT e membro da coordenação nacional da CSC.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Charlie Parker - Yardbird Suite (1999)


Copiado de: 360Grauss

As histórias que a RBS não conta
A RBS iniciou as comemorações de seus 50 anos com pompa, circunstância e
uma conveniente dose de amnésia. O caderno especial publicado nesta
sexta-feira, no jornal Zero Hora, omite alguns fatos importantes que
marcaram a história e o crescimento do grupo. Mais do que isso, distorce
fatos, em especial aqueles relacionados ao período da ditadura militar.
Como a maioria da grande mídia brasileira, a empresa gaúcha apoiou o
golpe militar que derrubou o governo de João Goulart.

O jornal Zero Hora ocupou o lugar da Última Hora, fechado pelo regime
militar por apoiar Jango. Esse é o batismo de nascimento de ZH. Como
escreveu Eleutério Carpena, em uma edição especial da revista Porém
sobre a RBS, "a mão que balança o berço de ZH é da violência contra o
Estado Democrático de Direito". Três dias depois da publicação do
famigerado Ato Institucional n° 5 (13 de dezembro de 1968), ZH publicou
matéria sobre o assunto afirmando que "o governo federal vem recebendo a
solidariedade e o apoio dos diversos setores da vida nacional".

No dia 1° de setembro de 1969, o jornal publica um editorial intitulado
"A preservação dos ideais", exaltando a "autoridade e a
irreversibilidade da Revolução". A última frase editorial fala por si:
"Os interesses nacionais devem ser preservados a qualquer preço e acima
de tudo". A expansão da empresa se consolidou em 1970, quando foi criada
a sigla RBS, de Rede Brasil Sul, inspirada nas três letras das gigantes
estrangeiras de comunicação CBS, NBC e ABC. A partir das boas relações
estabelecidas com os governos da ditadura militar e da ação articulada
com a Rede Globo, a RBS foi conseguindo novas concessões e
diversificando seus negócios.

Outro fato marcante da história do grupo que não é mencionada no caderno
comemorativo é a ativa participação da empresa no processo de
privatização da telefonia no RS, durante o governo de Antônio Britto,
ex-funcionário da RBS. Aliás, não só no RS. Segundo pesquisa realizada
por Suzy dos Santos (do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e
Culturas Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da UFBa e Sérgio
Capparelli (do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da
Fabico/UFRGS), a RBS esteve presente em praticamente todos os momentos
do processo de privatização das telecomunicações no país, durante o
governo FHC.

O ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo FHC, Pedro Parente,
assumiria depois um alto cargo na direção da RBS. Aqui no RS, desde o
golpe de 1964, a empresa sempre teve uma relação íntima com os
governantes de plantão. Com uma exceção, o governo Olívio Dutra,
fustigado desde seu primeiro dia e pintado como um monstro que ameaçava
os homens e mulheres de bem do Rio Grande. Esses fatos você não verá
expostos na exposição organizada pela empresa na Usina do Gasômetro
(gentilmente cedida pela administração Fogaça) e em nenhum dos veículos
do grupo que, nos próximos dias, praticará, à máxima potência, a arte do
auto-elogio e da amnésia seletiva


Por:
Por Marco
Weissheimer, do RS
Como se constrói um monopólio

Bia Barbosa

No próximo dia 5 de outubro, vencem as concessões das principais emissoras de TV brasileiras. Entre elas, estão cinco concessões da Rede Globo – em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Minas Gerais. Neste dia, caberá ao Executivo federal, por meio do Ministério das Comunicações e da Casa Civil, aceitar ou não os pedidos de renovação, por mais 15 anos, e submeter sua decisão do Congresso Nacional, que tem a palavra final no processo.
O que pouca gente sabe é que tal procedimento, de tamanha importância para o país – é redundante afirmar o papel político, econômico e social que os meios de comunicação, sobretudo a TV, desempenham em nossa sociedade – será nada mais do que um rito burocrático. Mas, para evitar que a data passe em branco, movimentos sociais e entidades ligadas à luta pela democratização da comunicação planejam promover manifestações e chamar a sociedade para debater o modelo das concessões públicas de radiodifusão. Um modelo que contribuiu de forma decisiva para fazer da Globo o império que ela é hoje.
“O mercado de televisão no Brasil, especificamente, não era oligopolizado até a década de 1970. Chateaubriand tentou até monopolizar, mas a Globo, durante a ditadura militar, atualiza o projeto das elites do setor e do governo no período anterior. Dadas as condições técnicas, ela pôde ocupar um espaço que os Diários Associados do Chatô não podiam sequer sonhar”, esclarece a cientista social da Universidade Federal de Pernambuco Maria Eduarda Rocha. Ela atribui a concentração de capital e produção da Rede Globo à própria construção da indústria cultural no Brasil, que pressupõe centros produzindo para um vasto território.
Maria Eduarda cita ainda como fatores que foram fundamentais para a estruturação da Globo na década de 1960 o famoso acordo com a Time-Life, realizado em 1962, responsável por injetar capital estrangeiro na emissora, algo que ia contra a legislação vigente. “Há um fator mais forte que é a relação entre o empresariado da cultura e governo militar, que era muito orgânica. O governo permaneceu como maior anunciante, o que era um grande instrumento de controle, sendo que a Globo foi a grande captadora de verba publicitária do regime”, sustenta.
Mas não foi só à época da ditadura que o regime de concessões e o Estado favoreceram a Globo. Durante o governo Sarney (1985-1989), o ministro das Comunicações Antônio Carlos Magalhães promoveu uma verdadeira farra de distribuição de concessões na área de radiodifusão. Paulino Motter, doutor em Ciências Políticas, na dissertação de mestrado A batalha invisível da Constituinte, mostra que em três anos e meio Sarney distribuiu 1.028 outorgas, aproximadamente 25% delas no mês de setembro de 1988, que antecedeu a promulgação da Constituição. Quase todos os beneficiados foram parlamentares que, direta ou indiretamente, receberam as outorgas em troca de apoio político aos cinco anos de mandato e o regime presidencialista. Motter mostra que, dos 91 constituintes que receberam ao menos uma concessão de rádio ou de televisão, 82 (90,1%) votaram a favor do mandato de cinco anos.
Além de beneficiar a Globo e Sarney, ACM também aproveitou sua estada no governo federal para incrementar sua influência na área da comunicação na Bahia. A maior parte das concessões das emissoras que integram a Rede Bahia são dessa época. Antônio Carlos Magalhães Júnior é o presidente da Rede Bahia. Em 1987, a TV Bahia, do grupo, se tornou afiliada da Rede Globo, desbancando a TV Aratu, que retransmitia o sinal da emissora da família Marinho havia 18 anos.