sábado, 5 de janeiro de 2008

Geraldo Vandré - Canto Geral [1968]




Nasceu na Paraíba e sempre se interessou por música, participando dos festivais do colégio onde estudava e chegando a apresentar-se no rádio, em um programa de calouros. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951 com a família, onde conheceu pessoas ligadas ao meio artístico, como o compositor Valdemar Henrique, Baden Powell e Luís Eça. Na faculdade se ligou ao movimento estudantil, em especial aos CPCs (Centros Populares de Cultura) da UNE (União Nacional dos Estudantes). Conheceu Carlos Lyra, que se tornou seu parceiro em músicas como "Quem Quiser Encontrar o Amor" e "Aruanda", gravadas por Lyra. Gravou seu primeiro LP, "Geraldo Vandré", em 1964, com as músicas "Fica Mal com Deus" e "Menino das Laranjas" (com Theo de Barros), entre outras. No ano seguinte defende "Sonho de um Carnaval", de Chico Buarque, no I Festival de MPB da TV Excelsior. No ano seguinte vence a segunda edição do mesmo festival com "Porta-Estandarte", sua composição em parceria com Fernando Lona, defendido por Tuca e Airto Moreira. Depois da vitória parte em turnê pelo Nordeste com um conjunto que veio a se chamar mais tarde Quarteto Novo, e contava com Hermeto Pascoal, Theo de Barros, Heraldo do Monte e Airto Moreira. Vandré tornou-se cada vez mais famoso no ambiente dos festivais. Sua música "Disparada", interpretada por Jair Rodrigues, empata em primeiro lugar com "A Banda" de Chico Buarque no Festival da TV Record de 1966. No ano de 1968 "Caminhando (Pra Não Dizer que Não Falei de Flores)" conquista o segundo lugar no festival da TV Globo, apesar de ser favorita do público, perdendo para "Sabiá" (Chico Buarque/ Tom Jobim). Com a promulgação do AI-5 e o acirramento da ditadura, foi exilado, e morou no Chile, França, Argélia, Alemanha, Áustria, Grécia e Bulgária nos 4 anos que ficou fora do Brasil. Vandré tornou-se uma espécie de "mito" da resistência à ditadura, por ter ficado sem fazer shows no Brasil desde 1968. Apresentou-se no Paraguai em 1982 e 1985, rompendo mais de uma década de silêncio. Mais tarde compôs "Fabiana" em homenagem à FAB (Força Aérea Brasileira). Nos anos 90 foram lançadas coletâneas com obras suas.

Créditos: SomBarato


Faixas:
Oscar Niemeyer, o gênio que o Espírito Santo esnobou


Em dezembro último, o arquiteto Oscar Niemeyer completou 100 anos de vida. O mês foi marcado por muitas homenagens ao homem que projetou Brasília e que hoje é famoso em todo o mundo por suas obras arrojadas. Mas o que tem Niemeyer com o Espírito Santo? Quem respondeu nada enganou-se. O arquiteto guarda do Estado uma lembrança não muito boa. Enquanto no mundo todo uma obra de Niemeyer seria recebida com honras e satisfação dos governantes, no Estado do ES os projetos dele foram simplesmente desprezados.


Desenho de Niemeyer propõe a construção de um monumento para lembrar o encontro das raças no ES

Por Renata Oliveira

Insensibilidade priva o Estado de obras do grande arquiteto

Quem conta a complicada história entre o Espírito Santo e o arquiteto é escritor e historiador Maciel de Aguiar. Amigo de Niemeyer desde os tempos do partidão (PCB), foi ele quem pediu um projeto para lembrar o encontro das raças no Espírito Santo. Isto foi em 2001, na época em que Maciel era secretário de Cultura do Estado.

“O monumento lembraria um acontecimento muito importante para a história do Brasil, que foi a batalha do Cricaré, quando os portugueses mataram oito mil índios”, explicou Maciel.

Com o desenho de Niemeyer na pasta, Maciel de Aguiar acreditava que colocaria o Espírito Santo na lista dos estados engrandecidos com obras do arquiteto mundialmente conhecido e respeitado. Mas não foi o que aconteceu. O governador da época, José Inácio Ferreira, decidiu, depois de ouvir seus assessores, que o Espírito Santo não precisava de uma obra de Niemeyer.

A equipe de governo tinha outros planos bem menos nobres: a construção de um marlin azul de 500 metros de altura. Um prédio com elevador interno, que conduziria a um restaurante panorâmico (no bico do marlin), com vista da costa capixaba. O monumento seria construído em Bento Ferreira, em frente à baía de Vitória e tinha a intenção de atrair muito mais turistas. Acabou que nem um nem o outro foram construídos.

O Espírito Santo perdeu a oportunidade de ter uma obra com a assinatura do arquiteto e Niemeyer acabou guardando uma pontinha de mágoa do Estado. Esta, porém, não foi a única vez em que o arquiteto teve problemas para colocar uma obra no Estado.

Dez anos antes do fatídico episódio do marlin azul gigante, a Assembléia Legislativa também abandonou o projeto de inauguração de um monumento com a assinatura de Niemeyer. Consta que o então presidente da Casa, Vicente Silveira, chegou a entrar em contato com o arquiteto, que realizou o projeto, mas seu sucessor, Dilton Lyrio, não deu seqüência à idéia.

Embora tenha tido as portas fechadas no governo José Ignácio, Maciel de Aguiar ainda tenta viabilizar a construção de uma obra de Niemeyer no Estado. A intenção dele é que a obra seja feita na confluência do rio Cricaré com o rio Mariricu, local em que, lembra Maciel, os índios mataram, em janeiro de 1588, Fernão de Sá. A mais importante vitória indígena contra o poderio português.

“Ainda não encontrei um governador ou prefeito com disposição para apoiar o projeto. Gostaria de homenagear o Niemeyer porque ele é meu amigo e sempre se mostrou solícito. Chegou a colocar o escritório à disposição da recuperação do Porto de São Mateus. Isso em 1978”, explicou.

Maciel guarda com carinho um documento assinado pelo arquiteto, em que ele reconhece a importância histórica e arquitetônica do sitio histórico do Porto de São Mateus e se solidariza com a idéia, colocando-se à disposição.

O historiador capixaba conta como conheceu Niemeyer. Graças ao Partido Comunista, encontrou o arquiteto na casa de outro comunista de carteirinha, Jorge Amado. A amizade já dura 40 anos, apesar dos percalços causados pela insensibilidade do poder público capixaba.

Niemeyer

Nascido no Rio de Janeiro e formado na Universidade do Brasil, em 1935, Oscar Niemeyer trabalhou com o conceituado arquiteto suíço Le Corbusier, no revolucionário desenho dos edifícios dos Ministérios da Saúde e da Educação brasileiros, concluídos em 1936.

Entre muitos edifícios que Niemeyer desenhou estão a Igreja de São Francisco, que tem uma estrutura tão radical que a sua consagração foi atrasada até 1959, embora a Igreja tivesse sido terminada em 1943.

A originalidade e a imaginação que Niemeyer revelou nos seus trabalhos transformaram-no em referência da arquitetura moderna. Embora altamente variado, o seu trabalho inclui sempre um enorme espaço vazio integrado em formas muito incomuns. Altos edifícios suportados por pilares de betão ou aço caracterizam a obra do arquiteto. Ao lado de Lúcio Costa, pretendia construir uma cidade utópica. E fez Brasília.

A Catedral

A Catedral de Brasília é um dos imensos edifícios públicos desenhados pelo arquiteto Niemeyer nos anos 60 para a capital brasileira e uma de suas obras mais conhecidas e admiradas. Construída entre os anos de 1959 e 1980, tem na sua arquitetura técnicas e materiais modernistas misturados com as linhas curvas e a liberdade da forma, próprias do período barroco brasileiro.

A base do edifício é circular e tem cerca de 60 metros de diâmetro, e o seu piso principal situa-se a 3 metros do chão. O seu telhado de vidro fosco, que tem início ao nível do chão é suportado por 16 colunas curvas, colunas estas que, vistas de fora do edifício, terminam no topo de forma pontiaguda, lembrando a imagem de uma coroa de espinhos.

A batalha do Cricaré

Como no resto do Brasil, a chegada dos portugueses ao Estado não foi amistosa. Assim que aportavam, iniciavam o processo de dominação dos índios, que se defendiam com armas primitivas – arco e flecha, tacape (lança de madeira) e bordunas (pedaço de pau tipo cassetete). Os índios eram escravizados para o trabalho nos engenhos e suas mulheres eram usadas para suas sevicias e prazeres.

Os índios começaram a entender que aquele povo poderoso estava vindo para ficar e trataram de se defender como podiam, juntando-se até com nações e tribos adversárias. Vasco Fernandes Coutinho pediu que o governador geral ajudasse. Mem de Sá, recém-empossado em Salvador, mandou seu filho Fernão de Sá com seis caravelas e duzentos homens para afugentar os índios.

Quando Fernão de Sá chegou em Porto Seguro recebeu a informação de que existiam muitos índios na região da aldeia do Cricaré. Por subestimar a valentia dos índios e por descuido dos soldados, o filho do governador avançou muito na perseguição e ficou sem pólvora e com apenas dez homens. Ele foi morto juntamente com Manuel Álvares e Diogo Álvares, ambos filhos de Diogo Álvares Correia, o Caramuru – homem de fogo – e mais três soldados.

A batalha aconteceu em vários pontos da margem do rio Cricaré, inclusive no rio Mariricu (variação da palavra Marerike, que quer dizer fortaleza de pau-a-pique), no inicio do ano de 1558. Após a morte de Fernão de Sá, juntou-se um grande numero de soldados portugueses, que entraram na região do rio Cricaré matando milhares de índios. Esses episódios se configuram como a primeira derrota dos portugueses na costa brasileira e também como o maior genocídio cometido contra os índios no Brasil.

fonte: www.seculodiario.com.br

E ainda falam mal de Cuba...

Mortalidade infantil cubana foi menor que a dos EUA em 2007


Cuba concluiu 2007 com uma taxa de mortalidade infantil de 5,3 menores de um ano falecidos por cada mil nascidos vivos, cifra que coloca o país como o mais avançado da América Latina nesse quesito. Esse número representa o menor índice atingido pela ilha e só é comparável no continente americano à obtida pelo Canadá.


De acordo com estatísticas expostas no Estado Mundial da Infância 2007, publicado pelas Nações Unidas, a taxa de mortalidade infantil a nível mundial é de 52 e a de América Latina 26, enquanto a dos Estados Unidos coloca-se em 6.


Os números anteriores contrastam com as 108 mortes por cada mil nascimentos vivos que se produziram na África ocidental. A partir de dados oferecidos pelo Programa de Atenção Materno Infantil e do Ministério da Saúde Pública, o jornal Granma assinala que seis das 14 províncias cubanas atingiram uma taxa abaixo da média nacional. Lugar preferencial tiveram Sancti Spíritus com 4,1 e Camagüey com 4,2.


A publicação acrescenta que 21 municípios da ilha fecharam no ano anterior com zero mortalidade infantil. Do total de nascidos – 1.102 a mais que em 2006 –, houve 592 falecidos devido fundamentalmente a afecções pré-natais, anomalias congênitas e infecções, indicaram as fontes.


Além da baixa taxa de mortalidade infantil, em Cuba durante o 2007 só morreram 21 mães por cada 100 mil nascimentos – no mundo foram anunciadas 400 em igual quantidade de partos.


Os baixos índices de mortalidade infantil e materna sustentam-se no estabelecimento de um sistema de saúde acessível e gratuito para toda a população, sem exceções, desde o início da Revolução de 1º de janeiro de 1959.


Em Cuba, de forma programada os meninos sãos são vistos na consulta de Puericultura 12 vezes no ano, contam com os exames de um geneticista e recebem imunização contra 12 doenças previsíveis.


Fonte: Agência Cubana de Notícias

Clara Nunes - Clara Clarice Clara - 1972 - Vinil


1-Sempre Mangueira
(Geraldo Queiroz - Nelson Cavaquinho)
2-Seca do nordeste
(Gilberto Andrade - Waldir de Oliveira)
3-Alvorada no morro
(Carlos Cachaça - Cartola - Hermínio Bello de Carvalho)
4-Tempo à bessa
(João Nogueira)
5-Morena do mar
(Dorival Caymmi)
6-Ilu aye [Terra da vida]
(Norival Reis - Cabana)
7-Opção
(Gisa Nogueira)
8-Anjo moreno
(Candeia)
9-Tributo aos Orixás
(Ruben Tavares - Mauro Duarte)
10-Último pau-de-arara
(J.Guimarães - Venâncio - Corumba)
• Vendedor de caranguejo
(Gordurinha)
11-Clarice
(Capinan - Caetano Veloso)
12-Sou fiho do rei
(Fernando Lobo - João Mello)
13-Tempo de partir
(Sergio Knapp)
14-Ave Maria dos Retirantes
(Alcivando Luz - Carlos Coqueijo)
15-Visão geral
(César Costa Filho - Ronaldo Monteiro - Ruy Maurity)

Créditos: CápsulaDaCultura

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Fahrenheit 451, François Truffaut






Formato: rmvb
Áudio: Inglês
Legendas: Português/BR
Duração: 1:52
Tamanho: 446 MB
Dividido em 05 Partes
Servidor: Rapidshare


Créditos: Fórum - Eudes Honorato


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Sinopse: em um Estado totalitário em um futuro próximo, os "bombeiros" têm como função principal queimar qualquer tipo de material impresso, pois foi convencionado que literatura é um propagador da infelicidade. Mas Montag (Oskar Werner), um bombeiro, começa a questionar tal linha de raciocínio quando vê uma mulher preferir ser queimada com sua vasta biblioteca ao invés de permanecer viva.

Baseado em livro de Ray Bradbury.


Elenco:

Oskar Werner (Guy Montag)
Julie Christie (Linda / Clarisse)
Cyril Cusack (Capitão)
Anton Diffring (Fabian)
Anna Palk (Jackie)
Ann Bell (Doris)
Caroline Hunt (Helen)
Jeremy Spenser
Bee Duffell
Alex Scott
Michael Balfour


Screen Shots:







Jimi Henrix- Live at Woodstock '69

Pat Metheny - Parallel Universe (2001)

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Pat Metheny - Parallel Universe (2001)
MP3
320Kbps
Covers
RS.com: 87mb
Uploader: redbhiku

Pat Metheny and the Heath Brothers, live.

Personnel:
Pat Metheny / Guitar, Guitar Synth, Guitar (Electric)
Percy Heath / Bass
Albert "Tootie" Heath / Drums
Jimmy Heath / Sax (Tenor)

Tracks:
1. Guitar Improvisation
2. All The Things You Are
3. Move To The Groove
4. Sassy Samba
5. Artherdoc

Download abaixo:
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Casuarina - Certidão (2007)




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sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Filme nacional

O Assalto ao Trem Pagador, Roberto Farias




Formato: rmvb
Áudio: Português
Legendas: S/L
Duração: 1:42
Tamanho: 641 MB
Dividido em 08 Partes
Servidor: Rapidshare


Créditos: Fórum - Eudes Honorato



Sinopse: gangue de bandidos liderada pelo temível Tião Medonho organiza e executa um roubo a um trem (comboio) de pagamentos. Enquanto a polícia chega a suspeitar de uma quadrilha de bandidos internacionais pela ousadia do plano, os assaltantes se misturam à realidade da pobreza e da violência brasileiras.

Baseado num caso real ocorrido no Rio de Janeiro em 1960. O bando do Tião Medonho atacou e assaltou o trem pagador da Central do Brasil, entre Japeri e Paes Leme, explodindo os trilhos com dinamite. Armados de revólveres e metralhadoras, seis assaltantes levaram 27 milhões de cruzeiros e mataram um homem.


Elenco:

* Reginaldo Faria .... Grilo Peru
* Grande Otelo .... Cachaça
* Eliezer Gomes .... Tião Medonho
* Jorge Dória .... delegado
* Ruth de Souza .... Judith
* Luiza Maranhão .... Zulmira
* Helena Ignez .... Marta
* Átila Iório .... Tonho
* Ruth de Souza .... Judith
* Miguel Rosenberg .... Edgar
* Dirce Migliaccio ....esposa de Edgar
* Clementino Kelé .... Lino



Screen Shots:









Eduardo Galeano...

O paradoxo andante

por Eduardo Galeano

Cada dia, ao ler os diários, assisto a uma aula de história. Os diários ensinam-me pelo que dizem e pelo que calam. A história é um paradoxo andante. A contradição move-lhe as pernas. Talvez por isso os seus silêncios dizem mais que suas palavras e muitas vezes as suas palavras revelam, mentindo, a verdade.

Dentro em breve será publicado um livro meu chamado Espejos. É algo assim como uma história universal, e desculpem o atrevimento. "Posso resistir a tudo, menos à tentação", dizia Oscar Wilde, e confesso que sucumbi à tentação de contar alguns episódios da aventura humana no mundo do ponto de vista dos que não saíram na foto. Pode-se dizer que não se trata de fatos muito conhecidos. Aqui resumo alguns, apenas uns poucos.

Quando foram desalojados do Paraíso, Adão e Eva mudaram-se para África, não para Paris.

Algum tempo depois, quando seus filhos já se haviam lançado pelos caminhos do mundo, foi inventada a escrita. No Iraque, não no Texas.

Também a álgebra foi inventada no Iraque. Foi fundada por Mohamed al Jwarizmi , há mil e duzentos anos, e as palavras algoritmo e algarismo derivam do seu nome.

Os nomes costumam não coincidir com o que nomeiam. No British Museum, por exemplo, as esculturas do Partenon chamam-se "mármores de Elgin", mas são mármores de Fídias. Elgin era o nome do inglês que as vendeu ao museu.

As três novidades que tornaram possível o Renascimento europeu, a bússola, a pólvora e a imprensa, haviam sido inventadas pelos chineses, que também inventaram quase tudo o que a Europa reinventou.

Os hindus souberam antes de todos que a Terra era redonda e os maias haviam criado o calendário mais exato de todos os tempos.

Em 1493, o Vaticano presenteou a América à Espanha e obsequiou a África negra a Portugal, "para que as nações bárbaras sejam reduzidas à fé católica". Naquele tempo a América tinha quinze vezes mais habitantes que a Espanha e a África negra cem vezes mais que Portugal. Tal como havia mandado o Papa, as nações bárbaras foram reduzidas. E muito.

Tenochtitlán, o centro do império azteca, era de água. Hernán Cortés demoliu a cidade pedra por pedra e, com os escombros, tapou os canais por onde navegavam duzentas mil canoas. Esta foi a primeira guerra da água na América. Agora Tenochtitlán chama-se México DF. Por onde corria a agua, agora correm os automóveis.

O monumento mais alto da Argentina foi erguido em homenagem ao general Roca, que no século XIX exterminou os índios da Patagônia.

A avenida mais longa do Uruguai tem o nome do general Rivera, que no século XIX exterminou os últimos índios charruas.

John Locke, o filósofo da liberdade, era acionista da Royal Africa Company , que comprava e vendia escravos.

No momento em que nascia o século XVIII, o primeiro dos bourbons, Felipe V, estreou o seu trono assinando um contrato com o seu primo, o rei da França, para que a Compagnie de Guinée vendesse negros na América. Cada monarca ficava com 25 por cento dos lucros.

Nomes de alguns navios negreiros: Voltaire, Rousseau, Jesus, Esperança, Igualdade, Amizade.

Dois dos Pais Fundadores dos Estados Unidos desvaneceram-se na névoa da história oficial. Ninguém se recorda de Robert Carter nem de Gouverner Morris . A amnésia recompensou os seus atos. Carter foi a única personalidade eminente da independência que libertou seus escravos. Morris, redator da Constituição, opôs-se à cláusula estabelecendo que um escravo equivalia às três quintas partes de uma pessoa.

"O nascimento de uma nação" , a primeira super-produção de Hollywood, foi estreado em 1915, na Casa Branca. O presidente, Woodrow Wilson, aplaudiu-a de pé. Ele era o autor dos textos do filme, um hino racista de louvação à Ku Klux Klan.

Algumas datas: Desde o ano 1234, e durante os sete séculos seguintes, a Igreja Católica proibiu que as mulheres cantassem nos templos. As suas vozes eram impuras, devido àquele caso da Eva e do pecado original.

No ano de 1783, o rei da Espanha decretou que não eram desonrosos os trabalhos manuais, os chamados "ofícios vis", que até então implicavam a perda da fidalguia.

Até o ano de 1986 foi legal o castigo das crianças, nas escolas da Inglaterra, com correias, varas e porretes.

Em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade, em 1793 a Revolução Francesa proclamou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

A militante revolucionária Olympia de Gouges propôe então a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã . A guilhotina cortou-lhe a cabeça.

Meio século depois, outro governo revolucionário, durante a Primeira Comuna de Paris, proclamou o sufrágio universal. Ao mesmo tempo, negou o direito de voto às mulheres, por unanimidade menos um: 899 votos conta, um a favor.

A imperatriz cristã Teodora nunca disse ser uma revolucionária, nem nada que se parecesse. Mas há mil e quinhentos anos o império bizantino foi, graças a ela, o primeiro lugar do mundo onde o aborto e o divórcio foram direitos das mulheres.

O general Ulisses Grant , vencedor da guerra do Norte industrial contra o Sul escravocrata, foi a seguir presidente dos Estados Unidos. Em 1875, respondendo às pressões britânicas, respondeu: –Dentro de duzentos anos, quando tivermos obtido do protecionismo tudo o que ele nos pode proporcionar, também nós adotaremos a liberdade de comércio. Assim, pois, nos de 2075, o país mais protecionista do mundo adotará a liberdade de comércio.

"Botinzito" foi o primeiro cão pequinês que chegou à Europa. Viajou para Londres em 1860. Os ingleses batizaram-no assim porque era parte do botim extorquido à China no fim das longas guerras do ópio . Vitória, a rainha narcotraficante, havia imposto o ópio a tiros de canhão.
A China foi convertida num país de drogados, em nome da liberdade, a liberdade de comércio.

Em nome da liberdade, a liberdade de comércio, o Paraguai foi aniquilado em 1870. Ao cabo de uma guerra de cinco anos, este país, o único das Américas que não devia um centavo a ninguém, inaugurou a sua dívida externa. Às suas ruínas fumegantes chegou, vindo de Londres, o primeiro empréstimo. Foi destinado a pagar uma enorme indenização ao Brasil, Argentina e Uruguai. O país assassinado pagou aos países assassinos, pelo trabalho que haviam tido a assassiná-lo.

O Haiti também pagou uma enorme indenização. Desde que, em 1804, conquistou a sua independência, a nova nação arrasada teve que pagar à França uma fortuna, durante um século e meio, para espiar o pecado da sua liberdade.

As grandes empresas têm direitos humanos nos Estados Unidos. Em 1886, a Suprema Corte de Justiça estendeu o direitos humanos às corporações privadas, e assim continua a ser. Poucos anos depois, em defesa dos direitos humanos das suas empresas, os Estados Unidos invadiram dez países, em diversos mares do mundo.

Mark Twain, dirigente da Liga Antiimperialista, propôs então uma nova bandeira, com caveirinhas em lugar de estrelas. E outro escritor, Ambroce Bierce, confirmou: –A guerra é o caminho escolhido por Deus para nos ensinar geografia.

Os campos de concentração nasceram na África. Os ingleses iniciaram o experimento, e os alemães desenvolveram-no. Depois disso Hermann Göring aplicou na Alemanha o modelo que o seu papa havia ensaiado, em 1904, na Namíbia. Os professores de Joseph Mengele haviam estudado, no campo de concentração da Namíbia, a anatomia das raças inferiores. As cobaias eram todas negras.

Em 1936, o Comitê Olímpico Internacional não tolerava insolências. Nas Olimpíadas de 1936, organizadas por Hitler, a seleção de futebol do Peru derrotou por 4 a 2 a seleção da Áustria, o país natal do Führer. O Comitê Olímpico anulou a partida.

A Hitler não lhe faltaram amigos. A Rockefeller Foundation financiou investigações raciais e racistas da medicina nazi. A Coca-Cola inventou a Fanta, em plena guerra, para o mercado alemão. A IBM tornou possível a identificação e classificação dos judeus, e essa foi a primeira façanha em grande escala do sistema de cartões perfurados. (...)

O original encontra-se em http://www.pagina12.com.ar/diario/sociedad/3-96843-2007-12-30.html
Este excerto encontra-se em http://resistir.info/
Créditos:BlogDoBourdoukan