quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Powaqqatsi

Powaqqatsi - A Vida em Transformação

Se "Koyaanisqatsi", primeiro filme da trilogia, é basicamente poético e sensorial, "Powaqqatsi" já tem um cunho bem mais sociológico. Desta vez Reggio viajou pela pelo mundo - inclusive no Brasil, com locações em Serra Pelada e São Paulo - para mostrar como países do Terceiro Mundo são explorados pelos poderosos. O filme é de um colorido impressionante, com imagens de grande força , novamente associadas à música cativante de Philip Glass.
Créditos: MakingOff - Wfriche
Gênero: Documentário / Música
Diretor: Godfrey Reggio
Duração: 99 minutos
Ano de Lançamento: 1988
País de Origem: Estados Unidos
Idioma do Áudio: Inglês / Espanhol / Hopi
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0095895/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: XviD
Vídeo Bitrate: 790 Kbps
Áudio Codec: Mp3
Áudio Bitrate: 168
Resolução: 544x304
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 691 Mb
Legendas: No torrent

- po-waq-qa-tsi [da língua indígena Hopi, powaq (feiticeiro) + qatsi = (vida)]: uma entidade, um modo de vida, que consome as energias vitais de outros seres vivos para favorecer sua própria existência.

“O primeiro filme (Koyaanisqatsi) lida com aspectos da indústria tecnológica hipercinética do Hemisfério Norte. O segundo filme (Powaaqatsi) lida com culturas de moralidade, de tradição e da existência artesanal - culturas da simplicidade no Hemisfério Sul. E Naqoyqatsi é claro, completa a trilogia e lida com o momento globalizante que vivemos, onde computadores, a Internet, a tecnologia, se tornam alguma coisa que nós não mais usamos, mas algo que vivemos. O objetivo da trilogia, numa maneira limitada, foi mostrar um espelho da vida assim como ela é, numa via muito rápida.” (Godfrey Reggio, diretor, sobre a trilogia).

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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A Carne É Fraca (Parte 1 de 6)

Belo documentário sobre a utilização de carne animal na nossa alimentação. Assista, pense e debata a respeito...vale a pena pensarmos um pouco sobre o uso da carne na alimentação, mas também dos problemas ambientais que isso causa.São 6 partes que se encontram no youTube, essa é apenas a primeira, abra o youtube e lá encontrarão as demais...

Koyaanisqatsi

Estréia de Reggio como diretor e produtor, é o primeiro filme da trilogia Qatsi. O título é uma palavra da língua indígena Hopi e significa ‘vida desequilibrada’. Filmado entre 1975 e 1982, o filme mostra uma visão apocalíptica do choque entre dois mundos distintos – a vida pós-moderna, repleta de tecnologia contra o planeta Terra. A trilha sonora é de autoria de Philip Glass.
Gênero: Documentário / Música
Diretor: Godfrey Reggio
Duração: 96 minutos
Ano de Lançamento: 1982
País de Origem: Estados Unidos
Idioma do Áudio: Inglês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0085809/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: DivX
Vídeo Bitrate: 990 Kbps
Áudio Codec: Mp3
Áudio Bitrate: 128
Resolução: 608x336
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 694 Mb
Legendas: No torrent

Créditos: MakingOff - wfriche

- Ganhador do Prêmio do Público no Festival de São Paulo (1984);

- Indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim (1983);

- Além de outros quatro prêmios (Veja aqui!).
- ko-yaa-nis-qatsi (da língua indígena Hopi): 1. vida louca; 2. vida tumultuada; vida desequilibrada; 4. vida em desintegração; 5. Estado de existência que clama por outro modo de viver.

“O primeiro filme (Koyaanisqatsi) lida com aspectos da indústria tecnológica hipercinética do Hemisfério Norte. O segundo filme (Powaaqatsi) lida com culturas de moralidade, de tradição e da existência artesanal - culturas da simplicidade no Hemisfério Sul. E (Naqoyqatsi) é claro, completa a trilogia e lida com o momento globalizante que vivemos, onde computadores, a Internet, a tecnologia, se tornam alguma coisa que nós não mais usamos, mas algo que vivemos. O objetivo da trilogia, numa maneira limitada, foi mostrar um espelho da vida assim como ela é, numa via muito rápida.” (Godfrey Reggio, diretor, sobre a trilogia).

Download via Torrent:

Arquivo anexado Koyaanisqatsi.DvdRip.DivX.torrent ( 14.42KB ) Downloads: 237



Ian Anderso-Divinities - 1995(Twelve Dances With God)



http://dvweb.mpf.arcstarmusic.com/image1/d88764f2/d88764f2-90cd-46fd-8352-8b0dfdd1391c.BIG.jpg

1 In A Stone Circle 3:51
2 In Sight Of The Minaret 4:57
3 In A Black Box 3:08
4 In The Grip Of Stronger Stuff 3:18
5 In Maternal Grace 3:17
6 In The Moneylender's Temple 3:35
7 In Defence Of Faiths 3:22
8 At Their Father's Knee 3:40
9 En Afrique 3:59
10 In The Olive Garden 5:22
11 In The Pay of Spain 5:22
12 In The Times Of India (Bombay Valentine) 5:22


Ian Anderson
(concert flute, alto flute, bamboo flute, wooden flutes, whistles)


http://img.emol40.elmercurio.com/2007/04/13/File_2007413133550.jpg


Músicos convidados
Andy Giddings (keyboards, orchestral tones and colors)
Doane Perry (tuned and untuned percussion)
Dougles Mitchell (clarinet)
Christopher Cowie (oboe)
Jonathon Carrey (violin)
Nina Gresin (cello)
Randy Wigs (harp)
Sid Gander (French horn)
Dan Redding (trumpet)

Download aqui



O Mundo Perdido (The Lost World, 1925)



Formato: RMVB
Legendas: Português (embutidas)
Duração: 1:06
Tamanho: 457 MB (05 partes)
Servidor: Rapidshare

Créditos: Fórum -
dylan dog

Links:

http://rapidshare.com/files/79508625/Mundo_Perdido.part1.rar.html
http://rapidshare.com/files/79696447/Mundo_Perdido.part2.rar.html
http://rapidshare.com/files/79536461/Mundo_Perdido.part3.rar.html
http://rapidshare.com/files/79544550/Mundo_Perdido.part4.rar.html
http://rapidshare.com/files/79705424/Mundo_Perdido.part5.rar.html

Diretor:Harry O. Hoyt

Escritores:Arthur Conan Doyle (novel)
Marion Fairfax (screenplay)

Elenco:
Bessie Love ... Paula White
Lewis Stone ... Sir John Roxton
Wallace Beery ... Prof. Challenger
Lloyd Hughes ... Edward E. Malone
Alma Bennett ... Gladys Hungerford
Arthur Hoyt ... Prof. Summerlee
Margaret McWade ... Mrs. Challenger
Bull Montana ... Ape-Man
Frank Finch Smiles ... Austin
Jules Cowles ... Zambo
George Bunny ... Colin McArdle
Charles Wellesley ... Maj. Hibbard
Jocko the Monkey ... Jocko

O paleontologista Professor George Challenger acredita que ainda existam dinossauros nos lugares mais remotos da selva Amazônica. Para ajudar a provar sua teoria, ele recebe o apoio de um jornal para viajar com um grupo de pessoas até lá e ver o que consegue encontrar. O problema é que suas teorias se mostram corretas, mas ele pode acabar pagando caro demais por sua descoberta. Em sua jornada, ele e seu grupo irão se defrontar com muitas aventuras, os perigos da floresta e uma surpresa atrás da outra em uma montanha-russa de emoções que vai te deixar eletrizado. Escrito por Sir Arthur Conan Doyle em 1912, o filme foi feito originalmente em 1925 pela First National Picture e foi um sucesso sem precedentes nas bilheterias. Com o surgimento do cinema falado, o filme parou de ser distribuído em 1929, e todas suas cópias foram queimadas "misteriosamente" para forçar a produção de uma versão mais nova, que nunca aconteceu. Felizmente algumas poucas cópias foram salvas e graças à elas, hoje você pode ver uma obra que foi um marco dos efeitos visuais em sua época.

TRAILER:



IMAGENS:





O PRECURSOR DA TÉCNICA DE STOP-MOTION:
O MUNDO PERDIDO


Por Orivaldo Leme Biagi


Os animais pré-históricos apresentados por Steven Spielberg nos dois filmes da série Jurassic Park foram criados por computador, sendo que o enorme sucesso destes filmes e a admiração do público pelos efeitos especiais nem precisam ser comentados. Mas não foi a primeira vez que os animais pré-históricos e efeitos especiais seduziram o mundo. Na década de 20, outro filme fez sucesso e causou espanto por suas inovações técnicas: O Mundo Perdido (The Lost World), lançado em 1925.
A obra que deu origem ao filme foi escrita por sir Arthur Conan Doyle, autor que ficou mundialmente conhecido como o criador do detetive Sherlock Holmes. Apesar do sucesso de Holmes, Doyle não se limitou a escrever apenas sobre as aventuras do seu famoso personagem, tendo também trabalhado com romances históricos, além de sempre estar informado sobre os avanços e descobertas do mundo científico. Conhecedor das descobertas e pesquisas arqueológicas da época, Doyle lançou, em 1912, o romance O Mundo Perdido, contando as aventuras do Professor Challenger na floresta amazônica, pois o (ridicularizado pelos seus colegas) professor acreditava na existência de criaturas pré-históricas nesta região, livres e vivas longe da civilização. No livro, suas teorias são confirmadas.
A obra faria sucesso (nada comparável ao sucesso das histórias com Sherlock Holmes, entretanto) e chegaria ao conhecimento do produtor cinematográfico Watterson R. Rothacker, cuja firma localizava-se na cidade de Chicago. Em 1918, Rothacker convidaria Doyle para participar do que, na época, ficou conhecido como “a maior produção cinematográfica de todos os tempos”. O filme seria estrelado por Wallace Beery (como Professor Challenger) e Bessie Love (como a mocinha).
Rothacker contratou o técnico de efeitos especiais Willis O’Brien para dar vida aos animais pré-históricos. O’Brien pensou em filmar quadro-a-quadro as seqüências com estes animais, o que daria a sensação de movimento quando o filme fosse rodado em velocidade normal. Para tal, foi criado uma tela de acetato de celulose, inventada por Sidney Saunders, que permitia uma projeção de retaguarda substituindo a tela de vidro convencional, o que permitia a incorporação da filmagem quadro-a-quadro na película central. Outra novidade também foi inventada: o impressor óptico de Vernon Walker, que permitia a combinação de efeitos especiais com a ação ao vivo. Este conjunto de inovações técnicas viria a ser conhecido como stop-motion - sistema de filmagem quadro-a-quadro.
Os animais e monstros pré-históricos foram esculpidos pelo estudante de arte mexicano Marcel Delgado, sendo que cerca de 50 esculturas foram utilizadas por O’Brien durante as filmagens. Delgado criaria um estilo bastante popular nas suas esculturas e elas serviriam de modelo para os animais pré-históricos e monstros nos anos seguintes.
O trabalho no setor de efeitos especiais foi árduo e longo, sendo que as primeiras cenas dos animais pré-históricos em movimento foram lançadas apenas em 1922. Doyle, que as recebeu do produtor Rothacker, as exibiu durante um jantar oferecido pela Associação Americana de Mágicos, tendo, inclusive, o famoso Houdini entre os convidados. A impressão destas imagens foi a melhor possível: além dos espanto geral pela novidade, alguns dos convidados realmente desconfiaram sobre a natureza dos efeitos especiais acreditando que animais de verdade tivessem sido utilizados nas filmagens.
Lançado em 1925, o filme tornou-se um grande sucesso e um dos marcos dos efeitos especiais cinematográficos, sendo que o sistema stop-motion seria utilizado fartamente até a década de 70, quando novas técnicas foram tomando lugar da filmagem quadro-a-quadro. O espanto geral produzido quando Doyle apresentou as primeiras cenas para um público de mágicos também foi repetido nas salas de cinema.
Willis O’Brien participaria também dos efeitos especiais do clássico King Kong, de 1933, produzido pela RKO Pictures, dando vida ao gigantesco gorila (também criado por Marcel Delgado, que consistia num modelo com 45 centímetros de altura, construído com metal, borracha, algodão e pele de coelho), além das outras criaturas pré-históricas presentes no filme. Podemos constatar que King Kong tornou-se um filme mais famoso do que O Mundo Perdido, talvez pelo carisma do Rei Kong e por este ser um filme falado, já que O Mundo Perdido era mudo e, como quase sempre acontece nestas obras, seu envelhecimento é mais evidente.
Não foram apenas os efeitos especiais que unem os dois filmes: a semelhança entre as histórias eram tantas, que a RKO Pictures precisou comprar os direitos do livro O Mundo Perdido para evitar sofrer um processo de plágio por King Kong.

Orivaldo Leme Biagi, Doutor em História pela UNICAMP, Professor das Faculdades Atibaia (FAAT) e Membro da Academia Literária Atibaiense (ALA).
Artigo - www.bocadoinferno.com[/img]


Don't let your children be educated by TV

Comercial exibido na Europa, mas que retrata bem nossa realidade, quando nos deixamos levar pelos apelos dessa mídia infame(leia-se Globo,SBT,Record,Band e outras do gênero).






Cucusoft Converter Pro 7.02(re-post)


Cucusoft MPEG/RM/AVI to VCD/DVD/SVCD/MPEG - Video Converter Lite é um esplêndido aplicativo para conversão de vídeo nos formatos AVI para VCD, AVI para DVD, AVI para SVCD, RM para DVD, RM para VCD e RM para SVCD. De fato, ele não limita a fonte apenas para o formato AVI (desde que o Media Player possa reproduzir o formato).


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Trabalha melhor ainda com os processadores Intel Pentium III ou 4 ou AMD Athlon.


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Estilo: Conversores de Vídeo

Fabricante: Cucusoft

Tamanho: 4.52 Mb

Formato: Rar

Idioma: Inglês

Créditos: LinksDownloads

Toque de Arte - Pelos Quatro Cantos (2008)




download





Prouni: qualidade é democracia

Pretos, pobres, e quase-pretos, de tão pobres, estão ingressando no ensino superior aos milhares. Além de transformar suas vidas, a experiência pode levar a uma universidade mais democrática e menos branca. Mas há quem resista, com base numa visão liberal de mérito e qualidade

Bruno Cava - Diplo

Mauro, 25 anos, catador de papel, órfão de mãe e filho de carroceiro. Estuda Educação Física na Ulbra, uma das melhores universidades do Rio Grande do Sul. Jorge e Ivan, grafiteiros, negros da periferia, curtem o hip-hop e oferecem oficinas culturais na Febem. São alunos da UniSalesianos, em Lins, interior de São Paulo. Marta, 26 anos, doméstica, trabalha em um bairro de classe-média de São Paulo, ajuda substancialmente a família, sonha em construir pontes. É estudante de engenharia na FEI, conceituada faculdade da Grande São Paulo.

Marta, Ivan, Jorge e Mauro vivem uma realidade comum. Eles constituem a exceção e a regra da juventude brasileira. São a regra porque pobres, oriundos de comunidades cuja dignidade amiúde é posta em xeque pelas adversidades. Batalham no dia-a-dia para assegurar o próprio sustento e o do próximo. E são exceção, porque, contra todos os prognósticos, chegaram à universidade e nela permaneceram . Em breve, vão se formar e pegar o diploma --- elementos determinantes para a melhoria da renda, do orgulho próprio e da inclusão social.

Esses estudantes estão na universidade graças ao Programa Universidade para Todos (Prouni). Eles são "prounistas" ou "prouneiros". O Prouni é um programa do governo federal que beneficia mais de 300 mil alunos de baixa renda em cursos de graduação de instituições particulares. Por meio de isenções fiscais às universidades privadas, o programa financia bolsas integrais e parciais para quem seja selecionado e comprove baixa renda. Tem direito a concorrer às bolsas integrais o jovem cuja renda familiar per capita seja inferior a um salário mínimo e meio (R$ 570). Às parciais, aquele cuja renda familiar esteja entre esse valor e três salários mínimos (R$ 1.140). Para o primeiro semestre deste ano, o governo anunciou a abertura de 112 mil bolsas, em cerca de 1.400 instituições de nível superior. Em 2007 inteiro, foram 155 mil. Em 2006, haviam sido 136 mil. E, em 2005, ano inaugural do Prouni, foram distribuídas 112 mil bolsas. Cerca de 2/3 são integrais (100%) e o restante parciais (50% e 25%).

Alega-se, às vezes, que o programa não é o que queríamos nem o que precisávamos. Que o Prouni contribui para sucateamento das universidades públicas. Ou, ainda, munido de sofismas estatísticos, que o montante da renúncia fiscal permitiria a abertura de mais vagas nas universidades públicas. O sindicato nacional dos docentes, o Andes, afirma que o projeto não passa de "bóia de salvação do ensino privado" e se insere no "contexto de precarização da universidade estatal".

"Queremos, sim, milhões de vagas e cotas nas universidades públicas; queremos principalmente uma profunda revolução na escola"

O fato é que o complexo universitário estatal abre vagas para cerca de 3% da população brasileira. Além disso, a desigualdade no acesso é gritante. O último levantamento do MEC mostrou que, nas federais, a composição predominante dos cursos é de alunos brancos, pertencentes à faixa dos 5% mais ricos, oriundos de escolas particulares. O "mérito" tão defendido pelos liberais é um critério que embute, junto com o esforço pessoal, um fortíssimo componente sócio-econômico e, também, racial, já que a pobreza no Brasil tem cor. Não poderia ser diferente, dada a concentração de renda e patrimônio que grassa a nossa sociedade, e se reflete na faculdade. A universidade pública, no Brasil, de "pública" ainda tem muito pouco.

Ps adversários do Prouni, capitaneados pelo presidente do Andes, Roberto Leher, esquecem que o Programa Universidade para Todos está integrado no Plano Nacional de Educação (PDE), que conjuga políticas de acesso e expansão dos campi com a reforma estrutural do sistema universitário. O Prouni caminha lado a lado com o redimensionamento curricular, a construção de novas unidades (foram 10 universidades e 48 campi nos últimos 5 anos) e o incremento de vagas nas instituições estatais, através do Reuni --- Programa de Apoio a Planos de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais --- que contou com a adesão da totalidade das instituições federais no ano passado. A deficiência histórica da universidade brasileira, nunca democrática, deve ser enfrentada por vários caminhos, pois a maioria da população não pode ou quer esperar a "revolução" para entrar na faculdade. O pobre quer participar aqui e agora.

Marcelo Buraco, do Negroatividade e Nação Hip-Hop, discorda dos argumentos elitistas do Andes: "Queremos, sim, milhões de vagas pelo Prouni; queremos cotas nas universidades públicas; queremos a construção de várias universidades federais e principalmente uma profunda revolução na escola pública e no ensino fundamental. E isto só vem com muita pressão popular e a massa da juventude da periferia chegando junto." Com efeito, o Prouni mexe de tal maneira com a auto-percepção dos o utrora sem-universidade que os prounistas não vacilam em orgulhosamente se afirmar como tal. Eles têm a consciência de que não se trata de uma dádiva ou concessão do governo Lula, mas de um direito conquistado, tão desejado há muitas gerações. Por mais que parte da elite econômica insista que lugar de pobre é até o ensino médio ou, no máximo, na escola técnica, não há família de periferia que não deseje e se orgulhe de ter um filho seu na universidade. Quem não sonha em ver uma filha médica, engenheira, advogada, jornalista? O programa confere tanta auto-estima, que seus participantes criaram e mantêm uma agitada comunidade no orkut, a "100% Prouni".

Durante o 1º Encontro de Prounistas, realizado em 24 de novembro passado, na UNIP de São Paulo, debateram-se as vitórias e as perspectivas do programa. Organizado pela União Estadual dos Estudantes (UEE-SP), lá estiveram, além de 500 estudantes contemplados, o ministro da Educação, Fernando Haddad, e a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf. Rebatendo as críticas de que o Prouni "baixa o nível" da universidade, sintetizou o ministro: "Vocês são bolsistas por mérito conquistado!". Argumento autocentrado e prepotente, o discurso da "qualidade de ensino" --- que os de dentro opõem aos de fora — pode ser traduzido como "Nós, que entramos, somos a qualidade de ensino, não venham se misturar a nós!". De fato, no último Exame Nacional de Desempenho de Estudantes do Ensino Superior (Enade), o antigo Provão, o desempenho dos alunos do Prouni foi ligeiramente superior do que o dos demais estudantes. Dado relevante: os de bolsa integral foram melhor do que os de bolsa parcial. Para Lúcia, "os estudantes do ProUni derrubaram os muros excludentes da universidade". Ela cobrou do MEC, em nome da UNE, a ampliação das medidas de assistência estudantil, para endereçar de vez o agudo o problema da evasão universitária, que o PDE até agora não combateu de modo eficiente.

Basta de acreditar que a transformação virá de pequenos aparelhos, sempre brancos e da classe-média "esclarecida"

Além disso, o Prouni contém na essência a ação afirmativa, reservando a negros, indígenas e minorias étnicas um percentual de bolsas que é semelhante ao percentual da composição racial de cada unidade federativa. O que é absolutamente fundamental num contexto histórico de desigualdade racial. Aqui, o racismo não se limita a um preconceito individual, dentro da cabeça dos racistas, mas a uma força viva que estrutura e condiciona as relações sociais e políticas. Para Frei David, da Educafro, o Programa Universidade para Todos "é o maior projeto de inclusão racial do Brasil". Alexandre do Nascimento, do Movimento Pré-Vestibular para Negros e Carentes (PVNC), destaca que "o governo federal ignora desempenho positivo dos bolsistas do Prouni e não usa o resultado do exame para fortalecer o discurso pró-cotas nas federais". E ainda questiona o porquê da timidez quanto à retomada do Estatuto da Igualdade Racial, emperrado nas gavetas do Legislativo: "Será que o governo e o Congresso temem os empresários e intelectuais da exclusão, que atacam diariamente as ações afirmativas através de seus veículos de imprensa?".

Como no teatro de Brecht, seria saudável se os detratores do Prouni tomassem um distanciamento frente ao programa. No sentido brechtiano de sair de sua "persona política", provocando um estranhamento muitas vezes elucidador. Pois, muitas vezes, em meio ao catatau de números e aos discursos erísticos, perde-se de vista, precisamente, a realidade. Tomar contato com os prouneiros e os cotistas --- e com os efeitos impactantes dos prouneiros no meio universitário --- eis aí uma experiência reveladora. Novas demandas, novos valores, uma nova construção de sentido ocupa a universidade e desafia-lhe soluções e inovações. Jorge e Ivan, da UniSalesianos, não estão apenas entre os melhores alunos, e os mais participativos do movimento estudantil. Também agregaram valores indispensáveis a uma universidade que (esperançosamente) pretende fazer a diferença no mundo social e cultural. Basta de continuarmos acreditando que a transformação virá de pequenos aparelhos de jovens, sempre brancos e da classe-média "esclarecida" --- socialistas de salão que almejam conscientizar as massas para liderá-las na revolução que nunca chega. Só quando as "massas", ou melhor, a multidão lá-fora ocupar definitivamente a universidade, em relações transversais, é que ela vai depor os seus muros e assumir pra valer o processo de transformação social.

O confronto da exceção e da regra no prounista embute uma contradição de nosso tempo. Porém, Marx dixit, não são as contradições que movem a história? Pode-se combater a exclusão e o atraso e a falta de sonhos e perspectivas sem acender velas para vetustas ortodoxias, pregadas por ídolos da hora passada. O Prouni vem demonstrando que isso é possível, que não há oposição entre qualidade e democracia. Afinal de contas, a qualidade É a democracia.

Fontes:

- Buraco, Marcelo, "Prouni: um atalho para o hip-hop superior" in Vermelho Online, abril 2007.

- Nascimento, Alexandre do, "ENADE prova que ações afirmativas são eficazes", in Revista Global n.º 9, setembro de 2007, p. 26, 27.

- Gouveia, Fábio de, "Prouni e o futuro presente de milhares de brasileiros", in Revista Global n.º 8, maio de 2007, p. 32, 33.

- Site do Ministério da Educação - Prouni

- Site da União Nacional dos Estudantes (UNE)

- Site do Sindicato Nacional dos Docentes - ANDES

Mortalidade infantil cai quase pela metade no país, diz ONU


O Brasil conseguiu reduzir quase pela metade a taxa de mortalidade infantil entre 1990 e 2006, de 46,9 por 1 mil para 24,9 por 1 mil nascidos vivos, mas continuam muito grandes as disparidades entre as diversas regiões do País e entre diferentes grupos étnicos e raciais.


No índice de mortalidade inferior a cinco anos, o avanço foi ainda maior, de 57 por 1 mil nascidos vivos em 1990 para 20 por 1 mil nascidos vivos em 2006. Com isso, o Brasil passou de 86º para 113º lugar no ranking da mortalidade na infância (os primeiros lugares são ocupados pela mortalidade mais elevada) num total de 194 países.


Os dados são do relatório Situação Mundial da Infância 2008 - Sobrevivência Infantil, divulgado nesta terça-feira pela Unicef, agência das Nações Unidas para a infância, e referem-se a mortes de crianças com menos de um ano.


"O Brasil avançou mais do que a média mundial, o grande problema é a disparidade tanto entre as diferentes regiões como grupos étnicos", afirmou a representante da Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier. "O Brasil está no caminho certo, mas não saiu do túnel ainda", disse ela.


Metas do Milênio


Com estes dados, o Brasil caminha para alcançar a meta número quatro dos Objetivos do Milênio, que prevê a redução da taxa de mortalidade pela metade até 2015. A meta do País é reduzir a mortalidade de crianças com menos de 5 anos para 18. "Agora entra a parte mais difícil, que é a redução não pelo fator técnico para pelo fator humano", afirmou. "Agora vamos ver se o compromisso (do governo) do Brasil é total", diz ela.


Para isso, afirma Marie-Pierre, é preciso aumentar o investimento em programas de acompanhamento do recém-nascido e aumentar o número de crianças entre 4 e 6 anos de idade com acesso à escola. Enquanto a média nacional é de 24,9 mortes com menos de 1 ano para cada 1 mil crianças nascidas vivas, no Nordeste este número é de 36,9 por 1 mil.

O lado positivo, diz a representante da Unicef, é que a região foi a que mais avançou entre 1990 e 2006, reduzindo um pouco a desigualdade em relação a outras regiões. O relatório da Unicef mostra ainda que as crianças pobres têm mais do que o dobro de chance de morrer, comparadas às crianças de famílias mais ricas.

A taxa de mortalidade para a população indígena é de 48,5 por mil nascidos vivos (138% maior do que para a população branca), enquanto para a população negra é de 27,9 por mil (37% maior do que para a população branca). A taxa para a população branca é de 20,3 por 1 mil nascidos vivos.


Das 11,5 milhões de crianças com menos de 6 anos no Brasil, 56% vivem na pobreza, em famílias com renda per capita de menos de meio salário mínimo. Desse total, 4,7 milhões estão em famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, o que corresponde a 10,2% do total de beneficiários do programa.


Causas


Cerca de 66% das mortes ocorrem no primeiro mês de vida, e 51% na primeira semana. As principais causas de morte na primeira semana de vida estão relacionados ao nascimento prematuro, asfixia durante o parto e infecções. Para Marie-Pierre, este dado mostra que os programas pré-natais precisam continuar até os primeiros meses de vida do bebê.


A região Nordeste tem a maior taxa de mortalidade neonatal precoce do País, com 15,3 por 1 mil nascidos vivos. Os Estados de Alagoas e Paraíba têm as taxas mais altas, de 17,4 e 16,9 por 1 mil nascidos vivos, respectivamente.

"Para se manter a queda na taxa de mortalidade infantil será necessário o trabalho intenso que resulte numa maior cobertura e melhoria do pré-natal, assistência ao parto e pós-parto, que se traduz em melhor qualidade dos serviços de saúde, melhores condições hospitalares e melhoria na condição socioeconômica das populações mais carentes", afirma o relatório.

"Se não forem fomentadas no País políticas públicas com esses objetivos, corre-se o risco de uma estagnação na taxa de mortalidade", diz o documento, que alerta ainda para o fato de que é possível haver uma subnotificação dos óbitos infantis nas regiões Norte e Nordeste.

O progresso obtido até agora, destaca o relatório, foi conseguido com programas de atenção à saúde da criança, em questões como segurança alimentar e nutricional, saneamento básico, vacinação e atenção à saúde da família.

Mães

Se mostra melhora na sobrevivência das crianças, o relatório também aponta uma piora nas condições de vida das mães. A mortalidade materna aumentou 2,1% no Brasil entre 2000 e 2005, passando de 52,3 mulheres por 100 mil nascidos vivos para 53,4 por 1 mil nascidos vivos.

O estudo também mostra que a idade das mães continua diminuindo. O número de bebês nascidos de mães com menos de 15 anos aumentou, na média brasileira, de 6,9 por 1 mil nascidos vivos em 1994 para 8,8 mil por 1 mil em 2005, um crescimento de 28,6%.


O aumento ocorreu em todas as regiões. Em 1994, foram 18 mil bebês nascidos de crianças e adolescentes menores de 15 anos; em 2005, foram 27 mil.


Fonte: BBC Brasil