quinta-feira, 13 de março de 2008

Anjos das ruas


Pedro Salgueiro
Especial para O POVO
Ao contar uma história de solidariedade, o escritor Pedro Salgueiro abre o questionamento: se uma pessoa de boa vontade consegue salvar uma vida, o que não fariam os poderes estaduais, municipais e federais se tivessem um mínimo de boa vontade?
Silvio Tadeu parecia fazer parte da paisagem de Fortaleza (Foto: Sebastião Bisneto)
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Silvio Tadeu parecia fazer parte da paisagem de Fortaleza (Foto: Sebastião Bisneto)

Faz uns dez anos que perambula pelas ruas de nossa sonsa loirinha descabelada pelo sol um negro alto, cabelos fartos, sujo, roupas em farrapos, às vezes vestida sobre outra já em tiras.
Distingue-se pelo porte altivo, cabeça levantada e pelo quase silêncio que o acompanha: poucos escutam as palavras que pronuncia baixinho, não raro esbraveja com alguém imaginário ou faz estranhos cálculos matemáticos.

Não pede esmola, mas lhe dão dinheiro, roupa e comida; quase sempre redistribui ou deposita as cédulas amassadas e rabiscadas com números em baixo de cones, desses usados em sinalizações de trânsito, e de papelões de outros moradores de rua, nada guarda para o dia seguinte. Come pouquíssimo e toma café e fuma em abundância (que lhe dão sem ele ao menos pedir).

De dia freqüenta os logradouros no centro: Praça Murilo Borges, rua Assunção, praça Coração de Jesus e uma calçada de estacionamento na Duque de Caxias, onde passa a maior parte da tarde acocorado em silêncio; de noitinha vai em direção à Praia de Iracema até a avenida Aquidabã, lá fica também acocorado em uma calçada em frente a um posto de gasolina. Não se sabe onde dorme, como faz suas necessidades fisiológicas, muito menos o que pensa e balbucia em quase preces noturnas.

Cumpre há uma década o mesmo ritual de sempre, dizem que ele faz as mesmas coisas, nas mesmíssimas horas (até para atravessar as ruas é sempre em locais determinados), o exato itinerário, quer faça chuva ou sol: o mesmo porte altivo, o olhar contemplativo de superioridade e paz. Não se apressa nunca, nem altera o semblante; nem se importa se ao seu lado passa uma bela jovem (que quase sempre aperta a bolsa e desce a calçada) ou um outro morador de rua.

Já apareceu em diversos ensaios fotográficos sobre o centro da cidade e foi até personagem de crônica de Airton Monte: faz parte, definitivamente, da paisagem dessa Fortaleza de Todos os Perdidos-Anjos.

Pois bem, acho que cumpriria este seu eterno ritual de perambular pelas calçadas, de se esgueirar pelos becos, de se acocorar pelas calçadas, até o final dos tempos, não fosse a alma enorme e boa do meu colega de repartição (e ex-baixista da banda de regue Rebel Lions) Jânio Alcântara, que puxou conversa, com uma paciência de Santo, com nosso personagem: descobriu o nome de sua cidade natal - Paranapanema, São Paulo) e o nome da mãe, Jandira Aparecida da Cruz (completo e com seu nome de solteira e de casada).

O novo amigo foi a Internet pesquisar e conseguiu falar por telefone com a mãe, uma senhora forte e saudável morando no interior de São Paulo; em poucos dias se encontrava em nossa cidade a mãezona (que há dez anos não sabia o paradeiro do filho) e a irmã mais nova, Sidelça, uma bela jovem parecidíssima com o nosso herói-de-rua.Jânio não ficou por aí, conseguiu internamento e tratamento dignos para o agora ex-morador das ruas sujas de nossa meretríssima loirinha descamisada pelo sol.

Moral de nosso conto de fada: se uma pessoa de boa vontade (com a ajuda de outros anjos bons) consegue salvar uma vida, o que não fariam os poderes estaduais, municipais e federais se tivessem um mínimo de boa vontade, competência e solidariedade.

P.S.: Para não deixar o leitor curioso com o destino de Silvio Tadeu da Cruz, ele está internado, limpo e bem vestido. A família o espera para levá-lo de volta, pois sua avó de 99 anos de idade há dez anos não se cansa de perguntar toda noite por ele. Duas de suas irmãs moram na Europa, os outros vivem bem em Paranapanema (SP). A mãe diz que seu descontrole começou quando ele presenciou a morte, em acidente de automóvel, do irmão de que mais gostava, depois agravado pela dificuldade em pagar a faculdade de engenharia que cursava já no 2º ano, após ser despedido do banco em que trabalhava. Diz-me (agora sua belíssima irmã) que ele era o mais inteligente da família, também o mais vaidoso...

Pedro Salgueiro é escritr. Publicou O Peso do Morto (1995), O Espantalho (1996), Brincar com Armas (2000), Dos Valores do Inimigo (2005) e Inimigos (2007), de contos; além de Fortaleza Voadora (2007), de crônicas.


A GUERRA

Está nos Vedas, na Torá, no Novo Testamento, no Sun Tsu. O mesmo círculo de horror.






Está nos Vedas, está na Torá, no Novo Testamento, no manual de Sun Tsu, no programa O Aprendiz, nas colinas de Golan, no Afeganistão, no Iraque, na faixa de Gaza, no Rio de Janeiro, em Florianópolis, dentro de nós, está em toda parte. A guerra! Esse momento funesto em que a nossa raça luta entre si, pelo desejo de dominar. Não há consensos habermasianos quando as crianças poderosas iniciam o mantra: “eu tenho o petróleo, você não tem”. Ou então, quando, extasiadas pela beleza do outro, querem tomá-la, à força. Desejo de poder. Ter o que não é seu.

Sempre vejo os senhores das guerras como vampiros. Eles querem sugar o que é do outro, tirar até a última gota, para que possam viver em abundância. Assim, neste mundo cão, a riqueza de um é sempre a morte do outro. E tem sido assim desde priscas eras. Se tu tens diamantes no chão, prepara-te para ver teu povo morrer, ser escravizado. Se tens petróleo, estás perdido. Se tens ouro, estás morto. Se tens prata, estanho, guano, estás dizimado. Os que têm as melhores armas ditam as leis. Malvinas é da Inglaterra, ora pois! Não importa que seja território originário de outros seres. Quem ganhou a guerra, afinal?

Agora o império estadunidense já tem um bom parceiro no oriente. Israel está fazendo o trabalho de casa e muito bem. Joga bomba nos “terroristas”, destrói a faixa de Gaza, dizima mulheres, crianças. Está tudo sob controle naquela área. Tem as armas gringas e deita e rola.

Por conta disso, agora é hora de destruir Chávez, Correa, Morales, estes negros/índios/povos que se metem a sair um pouquinho da linha. Gente que insiste em falar de soberania, de direitos dos povos, de liberdade, de controle de suas próprias riquezas. Há que amassá-los, destruí-los, para que não sobre nada. Para que tudo tenha de recomeçar do zero. Para que esta gente saiba qual é o seu lugar: servos, submissos, ajoelhados diante do império.

E mais, nem precisa sujar as mãos. A marionete formada nas suas universidades, o representantezinho das elites locais - sempre dispostas a entregar seus povos como cordeiros para os dentes afiados do vampiro – cumpre a missão. É ao que se presta o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, querendo lavar de sangue a pátria grande.

No mesmo momento em que as FARC decidem dar um passo em direção à paz, em que começam a liberar prisioneiros, dando mostras de que não são eles os “bandidos terroristas”, o governo colombiano faz uma ofensiva de guerra. Não suporta ver o protagonismo de Hugo Chávez e Piedad Córdoba. Adentra territórios soberanos com o uso de tecnologia estadunidense, mata pessoas enquanto dormem e tem a coragem de dizer que está em busca da paz. Resta saber se os governos do Equador e da Venezuela, vão morder a isca. Resta torcer para que não o façam.

Tudo o que os Estados Unidos querem é mergulhar ainda mais esta parte norte da América Latina num caos de sangue e terror. Não por conta das gentes, mas por conta da sua própria fábrica de terror, essa que eles lançam sobre o mundo, a partir de seus aliados espúrios. Querem o petróleo da Venezuela, querem a velha submissão, querem o estanho, a prata, o ouro, os diamantes, o ferro, o urânio, a terra, a cana, o fumo. Querem tudo. E querem gente ajoelhada, cabeça baixa, olhar vazio. Já estão fazendo guerra na Colômbia desde há tempos, mas agora querem destruir o que chamam de “eixo do mal”, ou seja, gente que não se dobra a eles.

É sempre o mesmo velho círculo de horror. O império ataca, as gentes se defendem, tudo acaba em sangue. E, também como sempre, no mais das vezes, salvo raras exceções, as maiores baixas são sempre as nossas, dos povos que querem viver em paz, riquezas repartidas, dignidade. Como entender essa matemática? E o que fazer quando nossa soberania é aviltada, nossas riquezas roubadas, nossa vida sugada? Que outro remédio senão lutar? Dolorosas perguntas, dolorosas respostas.

O certo é que as gentes minimamente precisam saber por que, afinal, alguns governos fazem guerras. Por que mandam seus jovens para frente de uma batalha que os governantes só verão na TV, confortavelmente em seus gabinetes. Ninguém verá Bush comandando um pelotão de terra, enfrentando a fúria sã de quem resiste. Os senhores da guerra estão no conforto de seus lares, com seus filhos, esperando ver o sangue do outro jorrar. Eles sequer são os que apertam o botão. Eles só assistem. Os que apertam o botão lá do alto do avião, acreditam estar “limpando a área”, não enxergam os rostos, não escutam os gritos das crianças. Tudo é só um pontinho perdido na distância.

Pois é bom que se saiba que a guerra está sempre muito perto de nós. Nós, que não nos importamos com os iraquianos que morrem feito moscas – mais de um milhão já foi dizimado. Nós que estamos nem aí para os palestino, massacrados dia após dia. Nós que não fazemos caso dos garotos empobrecidos estatelados à bala nas vielas de nossas pacatas cidades. Nós, que não nos importamos com nada que não nos diga respeito. A guerra está aí. E é fruto da ganância do império e seus cães de guarda que tal e qual um César romano vêm rompendo tudo. Tal qual um Midas “al revés”, destroem tudo que tocam. Que faremos?

Esconderemos a cabeça e diremos: não temos nada a ver, ou vamos tratar de informar as gentes para além das telas da Globo e suas reportagens sacanas que anunciam ser a Venezuela um reduto de terroristas e ser o governo Chávez um financiador de guerrilhas? Será possível que ninguém se lembra das mentiras sobre o Iraque? Será que existe gente ingênua o suficiente para crer no que sai da boca ventríloqua de Fátima Bernardes? O império quer o petróleo da Venezuela, o gás da Bolívia, o petróleo equatoriano, as terras brasileiras, a prata, o ouro, tudo. O império quer as gentes de joelhos, perdidas de sua dignidade, escravas. Nós estaremos de qual lado? Fazendo o quê?

Os cascos dos cavalos imperiais estão sob nossas cabeças. Executaram soldados das FARC que dormiam na selva equatoriana. Gente que luta por um país soberano. O terrorismo é o estado colombiano. Terrorista são os senhores da guerra. Estejamos alertas e vigilantes. Porque, como bem lembra o poeta palestino Mahmud Darwish: “Ainda goteja a fonte do crime...” Desperta Abya Yala!

A Excêntrica Família de Antônia

Definido como uma celebração da vida e da morte, esta co-produção entre Holanda, Bélgica e Inglaterra ganhadora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro vai além ao contar a história de uma encantadora geração de mulheres. Comandada por Antonia, a saga familiar atravessa três gerações, falando de força, de beleza e de escolhas que desafiam o tempo. Nesse universo conhecemos curiosos personagens, como o filósofo pessimista, a netinha superdotada, a filha lésbica, a avó louca, o padre herege, a amiga que adora procriar, a vizinha que sofre abusos sexuais e os muitos amigos que são acolhidos por sua generosidade.

[ http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=777 ]

créditos: Makingoff - bmoianac
Gênero:
Drama/Comédia
Diretor: Marleen Gorris
Duração: minutos
Ano de Lançamento: 1995
País de Origem: Holanda/Bélgica/Inglaterra
Idioma do Áudio: Alemão
IMDB: http://imdb.com/title/tt0112379/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Resolução: 720 x 480
Tamanho: 652 Mb
Legendas: No torrent

- Recebeu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (1996).

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.



Lembrem-se de fazer login no MAKINGOFF antes de abrir o torrent:

Arquivo anexado excfamantonia_xvid.avi.torrent ( 13.01KB )

Samir Amin: "O socialismo do Século 21"


O portal Vermelho oferece aos internautas o ensaio do renomado pensador marxista egípcio Samir Amin. O autor é economista, diretor do Fórum do Terceiro Mundo em Dakar (no Senegal, onde reside) e do Fórum Mundial das Alternativas. Sua vasta obra – na maior parte dedicada ao estudo das relações assimétricas entre os países imperialistas e os países subdesenvolvidos do chamado Terceiro Mundo - já foi traduzida em muitos idiomas. Com 76 anos, Samir Amin é um duro crítico da chamada globalização que tende a criar uma desigualdade crescente entre povos e nações.

Apresentação de Augusto Buonicore



Amin: alternativa é socialismo ou barbárie

Enviado pelo autor para o Vermelho, o texto foi traduzido do original em francês com exclusividade pela professora de línguas Maria Lucília Ruy.


Neste ensaio Amin trata do programa do socialismo para o século 21. Deixando claro, no entanto, logo no início, que sua intenção “não é formular o ‘que será’ ou o que "deverá ser" o socialismo do século 21”, pois o socialismo “só pode ser o produto da luta de classes e dos povos explorados e dominados, não a realização de um ‘projeto intelectual’ concebido a priori”. Ele não se furta de traçar em grandes linhas o que seria este projeto socialista futuro. Entre elas estaria a necessidade de construção de um mundo “fundado sobre a solidariedade”, na “afirmação plena e total dos cidadãos e na igualdade dos sexos” e na “socialização da democracia”. Um mundo “fundado no reconhecimento do estatuto não mercantilista da natureza” e da vida. Isso passaria, atualmente, pela afirmação da “solidariedade dos povos do Norte e do Sul na construção de um internacionalismo sobre uma base antiimperialista”.


Para o pensador egípcio, a fase que estamos vivendo é marcada pelo fim da ofensiva do capital e do imperialismo, sob a bandeira do neoliberalismo e da “globalização”. A euforia do capitalismo foi de curta duração, estendeu-se apenas a primeira metade da década de 1990. Ela foi sustada pela resistência imposta pelas classes populares e algumas nações periféricas.


No entanto, isso é insuficiente. É preciso que os movimentos anticapitalistas e antiimperialistas retomem a ofensiva política. Isso implicará na “radicalização das lutas e sua convergência na diversidade (...) (através) de planos de ação comuns, os quais implicam uma visão estratégica, a definição de objetivos imediatos e de mais longo prazo (a perspectiva que para nós define a alternativa é a do socialismo do Século 21)”. Para o autor, “o Sul continua a ser a zona das tempestades que só pode ser controlado por meio da demonstração contínua de ameaças e intervenções militares das potências imperialistas”.


Clique aqui para ver a íntegra do artigo, polêmico e instigante pelos problemas que coloca e alternativas que apresenta.


John Pizzarelli - One Night With You (1996)

http://ecx.images-amazon.com/images/I/41YWTJN7HVL._AA240_.jpg


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Faixas:
1. It Could Happen To You
2. I'm Through With Love
3. The Touch Of Your Lips
4. I'll Never Be The Same
5. Lady Be Good
6. Stray Horn
7. Oh Me, Oh My, Oh Gosh
8. Do Nothing 'Till You Hear From Me
9. Candy
10. Don't Get Around Much Anymore
11. Early Autumn
12. Take My Smile
13. Passion Flower
14. Gee Baby Ain't I Good To You


quarta-feira, 12 de março de 2008

Duas Caras se alinha a Ali Kamel e mostra Brasil sem racismo


A novela Duas Caras divulga e incorpora, despudoradamente, o livro Não Somos Racistas, odiosa obra do manda-chuva do jornalismo da Globo, Ali Kamel. No mentiroso folhetim - no Brasil fictício da Globo -, brancos ricos estão doidos para se casar com favelados negros. Favelas têm mais brancos do que negros, e alguns negros são riquíssimos. Favelados pobres chegam a estudar nas mesmas universidades que brancos ricos.

Por Eduardo Guimarães, no Cidadania.com



A dramaturgia da Globo é como o Carnaval: provoca paixões e ódios com a mesma intensidade exacerbada. Mas as novelas e "minisséries" da emissora carioca, há que reconhecer, apaixonam pessoas de todas as partes do Brasil e do mundo.

Essa receita de sucesso é baseada numa fórmula que transforma modelos em "atores" graças a uma edição e a um ritmo das cenas que minimizam a falta de intimidade da maioria amadora dos elencos globais com os palcos. Tudo isso, regado a orçamentos hollywoodianos, faz da dramaturgia global um dos produtos mais exportados pelo Brasil.

Durante décadas a fio, essa dramaturgia de êxito - e de mentira - moldou a mentalidade nacional. A Globo está acostumada a vender todo tipo de comportamento - modismos, conceitos e até pré-conceitos - com seus folhetins encenados.

Mesmo sabendo disso tudo, fiquei surpreso na noite da última terça-feira (11/03) ao ver uma personagem da novela Duas Caras, a mulata e ex-BBB Juliana Alves (Gislaine), lendo um livro que denuncia a estratégia da emissora naquela trama. A moça estava lendo Não Somos Racistas, de Ali Kamel.

Antes de você, leitor, criticar o fato de eu assistir a nada mais, nada menos do que a uma das estúpidas novelas que a tevê brasileira impõe a um público sequioso por lixo televisivo, e de dar seu depoimento de que jamais assistiria a tal porcaria, quero lembrá-lo de que ignorar uma arma de difusão de comportamentos e de mentalidades obtusas como é uma novela das oito da Globo não mudará o fato de que essa arma vem sendo muito efetiva no sentido de falsear a realidade nacional e imbecilizar as pessoas.

Enquanto se torce o nariz à mera possibilidade de levar a sério qualquer coisa que saia do Projac, a Globo vai fazendo a festa. Essa novela, por exemplo, a tal Duas Caras, vem fazendo um dos trabalhinhos mais sujos que já vi na vida. Às vezes fico me perguntando o que sente um favelado que vê uma novela na qual brancos ricos são habitués de favela chamada "Portelinha", a qual, à diferença de qualquer gueto como são as favelas, não abriga tráfico de drogas e adota padrões de organização comunitária quase nórdicos, com ruas limpas, casas bem cuidadas etc.

No Brasil fictício da Globo, brancos ricos estão doidos para se casar com favelados negros. Em Duas Caras, Barretinho (Dudu Azevedo) e Júlia (Débora Falabella), filhos do riquíssimo e ultra-racista advogado Barreto (Stênio Garcia), derretem-se, respectivamente, por Sabrina (Cris Vianna) e Evilásio Caó (Lázaro Ramos), e Claudius (Caco Ciocler) por Solange (Sheron Menezes).

No mentiroso folhetim da Globo, favelas têm mais brancos do que negros, e alguns negros são riquíssimos. Favelados pobres chegam a estudar nas mesmas universidades que brancos ricos. A mesma instituição abriga as negras da portelinha Gislaine e Solange, a perua Maria Eva (Letícia Spiller) e o negro mau-caráter Rudolf Stenzel (Diogo Almeida), que fala a favor de cotas para negros e sobre discriminação racial e, naturalmente, é cabalmente desmentido pela realidade dramatológica global.

A imagem - e a propaganda descarada - do livro de Ali Kamel tem um propósito. Negros e brancos de Duas Caras interagem de acordo com cada vírgula contida na odiosa obra do manda-chuva do jornalismo da Globo.

Na verdade, a sensação que tive foi a de uma pretendida afronta a quem se revolta com o cinismo de Não Somos Racistas. É como se a Globo dissesse: podem falar mal, mas nós temos a televisão que entra em 90% dos lares brasileiros a referendar nossa teoria sobre como amamos nossos irmãos negros.

Eles (a elite branca e sua mídia) dizem que não são racistas. E, como prova, disseminam pelo mundo um país em que não se vê miséria, em que não se vê os indicadores sociais dramáticos dos negros ante os indicadores muito melhores dos brancos, ou os salários inferiores dos negros ante os dos brancos, ou a maior mortalidade infantil dos negros ante a muito menor dos brancos.

Eles são racistas, sim, porque tentam frear a luta por oportunidades iguais para os negros no mercado de trabalho e nas universidades afirmando descaradamente que essas oportunidades existem. Além de racistas, são mentirosos.





O Gabinete do Dr Caligari
Título Original: Kabinett des Dr. Caligari




Formato: Rmvb
Audio: Mudo
Legendas: Embutidas/Pt
Duração: 1:14
Tamanho: 247 Mb
Dividido em 03 partes
Links: Rapidshare

Créditos: Forum - Eudes Honorato

Gênero: Terror

Origem/Ano: ALE/1919

Direção: Robert Wiene

Elenco:

Werner Krauß...
Conrad Veidt...
Friedrich Feher...
Lil Dagover...
Hans H.Twardowski...
Rudolf Lettinger...
Rudolf Klein-Rogge...




Sinopse: Um clássico do filme de terror, realizado no tempo em que o cinema ainda não falava. Mas as belíssimas imagens (que criam um tom meio surrealista) valem mais que mil palavras. O malvado Dr. Caligari hipnotiza um jovem e o induz a matar várias pessoas. Tudo se complica quando ele se recusa a assassinar uma bela jovem. Num toque de mestre, realiza um filme sob a ótica de um louco: daí as distorções e deformações das ruas, casas e pessoas.

"O Gabinete do Doutor Caligari" foi uma das primeiras obras do Expressionismo Alemão , que privilegiva os estranhos efeitos de luz e sombra na composicão de climas psicológicos, alem de usar cenários e ângulos de câmera distorcidos.

O prólogo e o epílogo não existiam na versão original, que pretendia ser um ataque a autoridade social. A remontagem imposta pelos produtores alterou o significado do filme, fazendo com que a ação passasse a representar o delírio de um louco. Mas isso não afetou sua qualidade cinematográfica. Ao contrário, contribuiu para tornar a trama ainda mais intrigante.

Os cenários, criados em pedaços de madeira e pano pelos pintores expressionistas Walter Reimann e Walter Rohrig e pelo cenógrafo Hermann Warm, ainda existem e fazem parte do acervo do Museu do Cinema Henri Langlois, em Paris. Fritz Lang, que se tornaria um célebre diretor alemão dos anos 20, colaborou no roteiro.

Links


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Márcio Lott - EmCantos Geraes (2005)




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terça-feira, 11 de março de 2008

A ILHA

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O texto abaixo me foi enviado pelo amigo Ricardo Melo. Dá uma excelente visão do que nós, da esquerda, pensamos sobre Cuba e o futuro do regime socialista. É o tipo de texto que vai fazer a turminha da direita e seus papagaios espumarem de ódio... Leiam e comprovem (a charge é do Angeli e não carece de comentários).( André Lux)

A ILHA


Torço para que os cubanos consigam preservar suas seus princípios de educação e saúde públicas, de prevalência das questões sociais sobre as particulares, da valorização de sua História. Torço para que não vendam por um punhado de dólares um sonho tão duramente construído. Que sigam sempre como um sinal luminoso de que uma outra sociedade é possível, com menos neon e mais escola, menos celebridades e mais saúde.

- por André Catani, do blog Lapse of Reason.

É claro que eu não podia deixar de tocar no assunto: Fidel, quem diria, renunciou ao poder em Cuba. Conheci alguns cubanos. Entre eles, uma que ficou amiga, a Rosabel. Quem me conhece um pouco sabe muito bem, sempre me agradou a idéia do que aconteceu em Cuba: dar uma banana bem dada a um bando de gringos chupins, e mostrar que dá pra ter alfabetização, dentes na boca, boa música, atletas decentes e vacinas de ponta sem dizer amém para o império (com i minúsculo mesmo). Viver lá não tem sido fácil, eu sei.

Cansei de ouvir da Rosabel as histórias (que até ela mesma protagonizou), de malas cheias dos confortos mínimos da "vida moderna", como sabonetes perfumados, abridores de lata, canetas hidrográficas e videocassetes, que cada cubano carregava ao voltar pra Cuba. Mas também ouvi de todos os cubanos que conheci, sempre sadios e divertidíssimos, a história de seu povo e de seu país de cabo a rabo, contada com um sentimento de orgulho e propriedade que me faziam passar vergonha. Isso sem falar no quanto sabem do mundo, das atualidades, de tudo que acontece por aí.

Queria estar errado, mas acho que Cuba não vai resistir. Eles vivem a poucos quilômetros do maior playground do mundo, que os sacaneia com suas dezenas de emissoras de rádio e tv de antenas voltadas para a ilha, enchendo a cabeça da meninada com os afetados da MTV e os "60 minutes" narrando histórias comoventes de cubanos molóides que não agüentaram o repuxo e correram pra abraçar o Mickey. Os jovens cubanos de hoje não são mais os filhos da revolução, mas os netos.

Uma coisa é ouvir da boca do seu pai as coisas que ele viveu. Outra é a história ser contada por sua avó. Uma coisa é ter visto um país com 25% de analfabetos erradicar o problema em vinte anos. Outra é ter nascido numa ilha onde não existem analfabetos. Não sei até onde ou até quando La Revolución poderá estender seus braços, mas algo me diz que bugigangas eletrônicas, grifes famosas e lucro desonesto têm poder de sedução um pouco maior. Travestido de "democracia", o velho, moribundo e asqueroso modelo econômico dominante entoa o seu canto de sereia para os netos mais incautos da revolução.

É mais do que compreensível que Cuba tenha enfurecido os Estados Unidos e o resto da corja dominante dos países "emergentes" (sempre penso num vaso sanitário...), como uma praga a ser dizimada a todo custo. Alguém já parou pra pensar por que motivo uma potência econômica descomunal como os EUA sempre estiveram tão interessados em embargar por mais de 50 anos uma ilhota perdida no Caribe? Por que aquela meia-dúzia de ilhéus socialistas causa comoção quando vira assunto no domingão regado a uísque 12 anos?

É simples: Fidel e o povo de Cuba apontam o dedo na cara do mundo e mostram que É POSSÍVEL construir uma sociedade em outras bases. Um país sem território, sem indústria, sem riquezas minerais pode, com decência e determinação, enfrentar por mais de meio século um embargo econômico covarde e mostrar excelência em áreas vitais como a saúde pública e a educação. Fico imaginando o que Cuba seria hoje, se o mundo capitalista não tivesse se rebaixado e se humilhado perante os EUA, e tivessem permitido aos cubanos o livre acesso a combustíveis, insumos e outras trocas comerciais e culturais estratégicas...

Torço muito para que os cubanos consigam preservar suas principais instituições. Seus princípios de educação e saúde públicas, de prevalência das grandes questões sociais sobre as particulares, da valorização incondicional de sua História. Torço para que sejam hábeis o bastante para não vender por um punhado de dólares um sonho tão duramente construído. Que sigam sempre como um sinal luminoso de que uma outra sociedade é possível, com menos neon e mais escola, menos celebridades e mais saúde.
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Afro Cubano Jazz - Kind of Afro Cubano Jazz @ 320

http://i174.photobucket.com/albums/w96/Vallegna/recto-143.jpg


01. Mongo Santamaria - Watermelon Man.mp3
02. Ray Barretto - La Cuna.mp3
03. The Art Blakey Percussion Ensemble - Cubano Chant.mp3
04. Orlando Poleo - El Buen Camino.mp3
05. Cedar Walton - Latin America.mp3
06. Paquito D'Rivera - Manceta.mp3
07. Santana - Para Los Rumberos.mp3
08. Ray Barretto - The Old Castle.mp3
09. Michel Camilo - Caribe.mp3
10. Los Super Seven - Teresa.mp3

Downloads abaixo:

http://rapidshare.com/files/21149049/kindofafrocubanojazz.part1.rar
http://rapidshare.com/files/21149619/kindofafrocubanojazz.part2.rar