sábado, 10 de maio de 2008

A Honra de ser Inseto




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O mundo burguês, capitalista – mundo sem amor -, roído pelas insanáveis contradições que lhe são inerentes, vai sendo compelido a retirar de sua atmosfera espiritual os derradeiros vestígios de oxigênio vivificante, capazes de garantir a sobre vivência da pessoa humana. E, nesta medida, produz o tipo aberrante, Gregório Samsa, o protagonista de A metamorfose, de Kafka, cuja asfixia progressiva acaba por transformá-lo em inseto. O gradativo enforcamento da pessoa, na figura do pequeno caixeiro-viajante, não se processa, contudo, impunemente. Há um momento em que o condenado estertora. Este estertor, como um clarão, é capaz por instantes de sacudir o mundo, de subverter os pilares da ordem e de lançar por terra a arrogância do bezerro de ouro, expondo a nudez de sua miséria.
Gregório Samsa, de repente, burlando os planos de seus algozes, se transforma num inseto. Sua metamorfose nos clarifica e comove, de maneira exemplar, por ser ela uma terrível denúncia, um grito de autenticidade em meio a um mundo inautêntico, incapaz pelo menos de ter consciência de sua hipocrisia. Gregório Samsa tomba vítima da ordem social burguesa que o anula, uma vez que – submisso até a abjeção – é radicalmente incapaz de lutar para transformá-la. A ordem familiar e social em que vive – e morre – assassinou sua fisionomia originária, triturou-lhe a liberdade, mastigou seus músculos e nervos, poluiu a graça de sua rosa e, por fim, vomitou-o, transmudado em inseto. Sobre seus ossos chupados, usufruídos, lucrados, a dura carapaça quitinosa-saliva sem remorso.
A grandeza da metamorfose de Gregório Samsa reside no fato de não ter ele pretendido ocultá-la, quer aos próprios olhos, quer aos olhos dos outros. Embora aprisionado em seu quarto – a família não o suportava em sua nova e repugnante condição -, Gregório Samsa conservou-se fiel à sua forma de inseto. Mortalmente atingido na mais íntima substância de sua própria identidade e, assim envilecido e degradado, teve a coragem de confessar-se como tal.
Gregório Samsa é um alienado que, no ato de sê-lo, assume sua alienação e a esgota, exprimindo-a toda, ao mesmo tempo que desmascara as forças alienantes que o esmagam. Desta forma, Gregório Samsa é um alienado que se desaliena através da coragem de proclamar-se alienado, pagando o preço de sua alienação. Além disso, assumindo-se como vitimado, destruído, insetizado, revela o caixeiro-viajante uma vocação de integridade pessoal que, vulnerada em sua última raiz, deságua no desastre existencial. A desumanização que pode ser assim descrita: Gregório Samsa, sendo um produto alienado de uma sociedade alienante e alienada, ao mesmo tempo que encarna essa alienação, a denuncia, transcendendo-a no instante mesmo de sua decisão de encarná-la. Gregório Samsa não consegue viver como pessoa, numa estrutura social que nega a pessoa. E não o consegue justamente por ser uma pessoa, por ter a vocação da pessoa.
Ao transformar-se em inseto, Gregório Samsa assume, por um lado, e integralmente, a alienação a que a sociedade o compele. Ele mesmo se destrói como pessoa, aceitando o veredicto alienante do mundo metálico em que vive. Insetizar-se é alienar-se até a derradeira fibra do próprio ser personal. Mas, por outro lado, insetizar-se é dizer – Basta! – a uma estrutura social que, alienando-nos, exige de nós que sejamos, não apenas alienados, mas totalmente insensíveis e inconscientes com respeito à distorção alenadora que nos impõe. Gregório Samsa, através de sua metamorfose, leva às últimas conseqüências a aberração alienadora que o deforma. Ele sai de si, sem apelo, transforma-se vivencialmente em inseto e, como tal, passa a existir numa comunidade de insetos existenciais que, alienando-se da própria alienação que os vitima, compram a este preço o direito de fingir a pessoa que não são.
Gregório Samsa, com unha implacável, raspa a ferrugem dos hábitos psicológicos e sociais sob os quais jazia sepultado e, debaixo dela, aponta par ao cadáver da pessoa sacrificada – inseto no assoalho. Por isso, por ter-se tornado exemplar no vigor de uma denúncia que a todos atinge, é ele estigmatizado, marginalizado pelos outros, que em torno dele estendem um cordão sanitário para torná-lo invisível. Gregório Samsa é expulso do contexto social em que vive exatamente por retratá-lo com fidelidade excessiva. A carga de verdade que carrega sobre sua carapaça de inseto é brutal e explosiva demais para que possam suportá-la. Gregório Samsa, bandeira da inconsciência de todos, resumo da doença do mundo, foi crucificado em silêncio e, em silêncio, é enterrado vivo. Imperioso se torna evitá-lo, voltar-lhe as costas, já que ele representa, na carne, o pesadelo que os outros nem ao menos ousam sonhar.
Gregório Samsa, portanto, no mais alto ponto de sua doença existencial, ao perder a condição humana, consegue fazer desta perda uma desesperada afirmação de humanidade. Sua metamorfose decorre sob o signo da contradição e da espada. Ela é, ao mesmo tempo, perdição e fome de salvação, silêncio e protesto, cumplicidade enlouquecida de denúncia viril. Existe um analogia, embora imperfeita e incompleta, entre o significado existencial da metamorfose de Gregório Samsa e a dialética da situação do proletariado, dentro da sociedade moderna. O proletariado, gerado nas tripas da ordem capitalista, ao mesmo tempo que compõe a sociedade burguesa, como uma secreção dela, está à margem da burguesia e a transcende, constituindo-se na força desalienante por excelência, que irá lutar pela transformação humanizadora de todo o organismo social. O proletariado padece da alienação que lhe é imposta pela ordem capitalista, encarna-a, mas, ao tomar consciência dela, assume-a e passa a representar o seu contrário, isto é, um esforço social de desalienação. O proletariado, como classe, nega a negação que o vulnera e, com isto, representa o fator positivo por excelência de transformação do mundo.
A metamorfose de Gregório Samsa só não chega a simbolizar a degradação coisificadora – ou insetizadora – do proletariado, que a ela é condenado pelo regime capitalista, por ser o caixeiro-viajante, em sentido etimológico, um desclassificado, desvinculado de qualquer classe, sem nenhuma possibilidade de fazer da consciência de sua alienação um instrumento de fraternidade e de esperança. Gregório Samsa, ao insetirzar-se, comete um ato terrorista de desespero individual. Seu protesto, carente de dimensão comunitária, o torna definitivamente emurado em si mesmo, sem mãos para encontrar o companheiro com o qual irmanar-se, numa luta compartilhada.
É esta diferença essencial entre Gregório Samsa e o proletariado, no regime capitalista. O primeiro é um terrorista cuja ação se esgota na explosão da bomba que o explode. Ao destruir-se, confessa o caixeiro-viajante sua impossibilidade de modificar o mundo. Ele o destrói, simbolicamente, através de sua própria destruição e, desta forma, proclama a impossibilidade radical de construir-se como pessoa, construindo ao mesmo tempo um mundo humano. Gregório Samsa encarna a desumanidade crua e bruta das forças alienantes que, no regime capitalista, atentam contra a dignidade da pessoa. Esmagado, denuncia este esmagamento e, através dele, testemunha o peso impiedoso da máquina que o achatou. Roubando de sua condição humana, revela através da metamorfose que o vitima o assassinato geral da pessoa, no mundo em que vivemos. Dá-se em espetáculo, como inseto, expõe cruamente sua abjeção, deixa que ela grite por si mesma. Às forças que o negam, como pessoa, recusa-se ele, de repente, a obedecer – assumindo a negação que o nega.
Sua desobediência ganha, entretanto, a forma contraditória de uma adesão ensandecida. Gregório Samsa desobedece por excesso de obediência. Submete-se, totalmente, às forças que o alienam e, ao afogar-se nelas, dá-lhes uma vitória de tal maneira radical que as desmascara e anula. Na medida em que se transforma em inseto, deixa o caixeiro-viajante de ser o escravo-coisa talhado à imagem e semelhança dos interesses do mercado capitalista. Tais interesses exigem da pessoa que se destrua em seu centro, sem contudo abrir mão de sua aparência de pessoa. O regime capitalista, para prosperar, precisa de insetos apenas simbólicos, de pessoas cuja metamorfose alienadora não chegue ao ponto de nelas destruir, visceralmente, a mecânica da condição humana. Tal regime exige que sejam preservados os ritos formais da pessoa, embora a estes nada venha a corresponder de vivo, original e profundo. A pessoa tem que manter-se utilizável e “livre” para dirigir-se, ao menos, até à fábrica, e lá marcadejar sua força de trabalho, conservando músculos e nervos que lhe permitam servir ao proprietário. Se esta margem de utilitariedade e de “liberdade” é respeitada, tudo o mais pode levar a breca.
A rebelião de Gregório Samsa consiste em que ele se transformou verdadeiramente num inseto e, com este ato de terrorismo, rompeu as regras do jogo social, destruindo-as por tê-las levado às últimas conseqüências. Ao transmudar-se em inseto, encarnando até à loucura as forças sociais que o alienavam, deixou o caixeiro-viajante de servi-las, para delas compor um retrato monstruoso e fiel. Gregório Samsa, até o momento de sua metamorfose, era uma pessoa que padecia de um câncer psicológico, social e existencial. A partir de sua transformação em inseto, passou a ser o próprio câncer, liquidou-se com pessoa, através desse ato de desespero, desobedecer e acusar.
Gregório Samsa, desclassificado, marginalizado e solitário, cometeu um suicídio personal para, com isto, desmascarar o crônico homicídio institucionalizado de que vinha sendo vítima. De um tal homicídio tornara-se ele masoquisticamente co-responsável, na medida em que, anulado como pessoa, fazia deste anulamento consentido uma forma de melhor servir aos seus algozes. Ao converter-se em inseto, deixou Gregório Samsa de estar conivente com a ordem social e psicológica que o negava em sua pessoalidade, e o instrumento desta ruptura foi, exatamente, a aceitação radical da negação que o corrompia em sua essência.
Assumindo-se como inseto, responsabilizou-se o caixeiro-viajante por sua destruição pessoal, tomou dela consciência plena e dramática e, assim, foi capaz de transfigurá-la em decisão de combate. Antes da metamorfose, Gregório Samsa, apesar de existencialmente insetizado, conservava sua fachada de pessoa na justa medida para deixar-se explorar e usar. Ao transformar-se em inseto, publicou de maneira terrível sua condição de vítima e, desta forma, configurou e denunciou o crime longo e minucioso que contra ele se vinha cometendo. Pressionado cronicamente no sentido de sua insetização, Gregório Samsa, num instante crucial de escolha, decidiu não mais nadar contra a corrente, fingindo a pessoa que não era apenas para cumprir, como cúmplice, o jogo inumano e ambíguo ao qual se submetera. De repente, aceitou ser inseto – isto é, submergiu na corrente alienadora que o afogava – mas, ao mesmo tempo, transcendeu tal corrente, tansformou-se carnalmente em inseto, sem valia nenhuma e sem nenhuma possibilidade de tornar-se, para quem quer que fosse, produtor de mais-valia.
Desistindo de ser pessoa, Gregório Samsa conseguiu fazer de sua capitulação esquizofrênica um derradeiro e grande grito de pessoa. Incapaz de opor-se à falência existencial que lhe era imposta, resolveu a ela identificar-se e, de tal forma o fez, que essa identificar-se e, de tal forma o fez, que essa identificação passou a significar luta, condenação, denúncia, protesto. Deixando de alienar-se de sua própria alienação, desfraldando-a toda para expô-la, Gregório Samsa acusou e desonrou as estruturas sociais que o destruíam, através de um pseudoconformismo ensandecido. Pela destruição de si, como pessoa, conseguiu uma última e desesperada afirmação de pessoalidade. Anarquista solitário e humílimo, desumanizou-se, sem remissão – através da metamorfose – para com este gesto terrorista desmascarar a inumanidade do mundo em que vivia – e em que vivemos.
(Texto retirado do Livro de Hélio Pellegrino, publicado pela editora Rocco em 1988, intitulado: A Burrice do Demônio).


Brigada Militar oprime famílias sem terra no RS

por jpereira

“Fizeram processo de revista, humilharam todos. Separaram homens, mulheres e adolescentes, cortaram todos os barracos, jogaram nossa comida fora, botaram terra dentro das nossas coisas, misturaram tudo”, diz a integrante do MST Luciana da Rosa, do acampamento em São Gabriel; área já está negociada com o Incra para virar acampamento


Nesta quinta-feira (08), cerca de 750 policiais da Brigada Militar entraram no acampamento do Movimento Sem Terra (MST) na Fazenda São Paulo II, no município de São Gabriel. Os policiais cumpriam um mandado de busca e apreensão pedido pela própria Brigada Militar e concedido pelo Juizado do município.


De acordo com o subcomandante, Coronel Paulo Mendes, o mandado foi solicitado à polícia pela comunidade, que se sentia insegura com a presença do MST na região. Emissoras de rádio de São Gabriel noticiavam durante o dia que os fazendeiros haviam pedido a revista dos sem-terra. "Eu estou preocupado com a população ordeira aqui, que se sente ameaçada pelo MST. Foi através da população aqui, que nós pedimos o mandado e estamos executando, essa é a maior preocupação da Brigada”, diz.


A ação dos policiais iniciou por volta das 9 horas da manhã. No entanto, a Brigada Militar estava cercando o local desde às 6 horas. Na revista policial, foram apreendidos foices, facões, facas de cozinha e artefatos caseiros. A integrante do MST, Luciana da Rosa, conta que as famílias foram humilhadas pelos policiais.


“Foram cercando até renderem todas as famílias, onde fizeram processo de revista, de identificação, de humilhação de todos, separaram homens, mulheres e adolescentes, e fizeram a revista em todo o acampamento, cortaram todos os barracos, jogaram nossa comida fora, botaram terra dentro das nossas coisas, misturaram tudo”, diz.


O Coronel Mendes afirmou que a advogada do MST, Cláudia Ávila, esteve presente desde o início da ação policial. No entanto, integrantes do movimento afirmam que a advogada não pôde falar com as famílias do acampamento e ficou afastada no momento em que as famílias eram revistadas.


Reforma agrária

Luciana questiona a ação policial, uma vez que a área em São Gabriel já foi negociada pelo Incra para assentamento da reforma agrária. Ela afirma que não existe nada para ser apreendido no acampamento, a não ser as ferramentas do agricultor que vive no campo. Para Luciana, os ruralistas da região não aceitam que o MST tenha ocupado um grande latifúndio de mais de 13 mil hectares que não produz e que está endividado.


“O MST entrou em São Gabriel para ficar, dessa vez, tanto que uma área já está conquistada e já é um assentamento da reforma agrária. Nós não vamos sair daqui. Dessa vez, viemos pra ficar e os grandes latifúndios de São Gabriel vão virar grandes assentamentos da reforma agrária para produzir e não disputar com a celulose a terra e não entregar para os estrangeiros a terra brasileira”, explica.


Em protesto à repressão policial na Fazenda São Paulo II, o MST bloqueou 13 rodovias durante toda a quinta-feira, nas localidades de Piratini, Nova Santa Rita, Santana do Livramento, São Luiz Gonzaga, Arroio Grande, Julio de Castilhos, Lagoa Vermelha, Charqueadas, Hulha Negra, Pontão, Gramado dos Loureiros, Encruzilhada do Sul e Viamão.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

UM CÃO ANDALUZ (Un Chien Andalou, FRA, 1929)



Formato: RMVB
Duração: 16 min
Tamanho: 87 MB
Filme mudo, sem legendas
Servidor: Rapidshare

Créditos: F.A.R.R.A - dylan dog

LINK: http://rapidshare.com/files/88935645/Un_Chien_Andalou_-_Bunuel_Luis__1929_.rar.html

Direção: Luis Buñuel
Roteiro: Luis Buñuel, Salvador Dalí
Elenco: Simone Mareuil, Pierre Batcheff
Música: Richard Wagner

Sinopse: Com roteiro co-escrito por Salvador Dalí, Luis Buñuel estreou como diretor neste curta-metragem, o marco inicial do surrealismo no cinema. Com clara influência da psicanálise, Buñuel e Dalí exploram o inconsciente humano, numa seqüência de cenas oníricas, incluindo o célebre momento em que um homem, interpretado pelo próprio diretor, corta, com uma navalha, o olho de uma mulher.

Roteiro: http://www.pco.org.br/livraria/programacao/ciclobunuel/roteiro.htm?target=




Resenha: Com apenas 17 minutos de duração, "Um Cão Andaluz" é considerado um dos filmes mais chocantes, surpreendentes e revolucionários da história do cinema. O filme de estréia do cineasta espanhol Luis Buñuel, em parceria com Salvador Dali, foi realizado na França, em 1928 e fez parte da eclosão do movimento surrealista, cujos princípios fundamentais eram a contestação dos valores burgueses, a abolição da lógica cartesiana na produção artística e a denúncia do absurdo das instituições (Estado, Igreja, etc.) que exprimiam preocupações com a moral e as convenções e, ao mesmo tempo, consentiam com o envio de milhares de homens para a morte nos campos de batalha. Esse filme é constituído de uma série de seqüências de cenas absurdas e sem ligação aparente, como em um sonho a se fundir com a realidade. "Un Chien Andalou" é realmente um filme chocante, em que espaço, tempo e acontecimentos confundem-se formando idéias anti-conservadoras e que falam sobretudo de desejo e culpa. Questões ligadas ao machismo, ao feminismo (guerra entre sexos), à ultrapassagem da fase infantil em direção à sexualidade, bem como à repressão sexual, são sempre abordadas entre imagens produzidas pelo subconsciente e a realidade nas complicadas relações entre um casal. Buñuel e o catalão Salvador Dalí, seu amigo de adolescência, combinaram que colocariam em imagens seus delírios criativos, desde que entrassem no roteiro apenas as sugestões que alcançassem um consenso. Em um depoimento, Buñuel diz que "Um Cão Andaluz" nasceu da confluência de um sonho seu com um outro de Dalí. Os dois sonhos não tinham nenhuma relação entre si, mas os dois acharam interessante poder uni-los sem dar satisfação à ninguém . "Escrevemos este roteiro em menos de uma semana e seguimos uma regra muito simples: não aceitar idéia ou imagem alguma que pudesse dar lugar a uma explicação racional, psicológica ou cultural. Abrir todas as portas ao irracional. Não admitir nada além das imagens que nos impressionavam, sem tratar de averiguar os porquês. Em nenhum momento houve desentendimento entre nós. Um sugeria uma idéia que quando era aceita não era discutida e quando não era aceita era esquecida para sempre". (depoimento disponível no site: www.estacaovirtual.com/arquivo/mat1998). "Um Cão Andaluz" propositalmente almejava agredir as normas estéticas e de comportamento vigentes. Entre as seqüências que causaram indignação estão a que exibe uma dupla de padres amarrada a dois pianos sobre os quais estavam colocados asnos mortos e cobertos de sangue, a que mostra um homem acariciando de forma violenta os seios de uma mulher e sobretudo a cena em que o próprio Buñuel mutila com uma navalha um dos olhos, que seriam da atriz Mareuil. Baseado num conceito surrealista, "uma navalhada no olho da sociedade", esta cena clássica de uma navalha cortando o olho de uma mulher logo na primeira parte do filme, marcou época como uma das mais impressionantes do cinema. O filme pretendia questionar mas não responder às questões levantadas. Foi exibido pela primeira vez em Paris para uma platéia de intelectuais - entre eles André Breton, autor do Manifesto do Surrealismo, ao som de "A Cavalgada das Valquírias", de Wagner, executada em um gramofone. O jovem Buñuel temia tanto a reação ao filme que havia levado pedras nos bolsos para revidar uma possível agressão da platéia. Mas ao final da projeção foi aclamado pelo grupo surrealista e por toda a elite cultural parisiense, ficando em cartaz durante oito meses com bastante sucesso, e gerando também protestos e muito escândalo na França de 1928. A boa acolhida inicial não evitou no entanto que o cineasta espanhol tivesse problemas. Sua casa foi alvo de ataques de grupos conservadores, que tentaram sem sucesso, interditar a exibição da obra na França. O vídeo disponível nas locadoras contém duas versões do filme (17 minutos cada). Uma sonorizada em 1960, com músicas de Wagner, Beethoven, e um anônimo e divertido tango, e a outra produzida em 1983 pela TV suíça que inclui música atonal e os sons produzidos por um cão. "Um Cão Andaluz" (referencia à região espanhola da Andaluzia onde Buñuel nasceu) é fascinante, mas não é para qualquer estômago: o bizarro universo dos autores revelava cedo o estranho humor do cineasta que se tornaria célebre com seus trabalhos nas décadas seguintes. Este filme é um bom exemplo das agitações ideológicas do período entre guerras, e um libelo a favor das liberdades estéticas e morais em um mundo prestes a se encher de repressão e intolerância. Celso Branco - www.tempopresente.org

John Coltrane Quartet - Ballads (1962)

http://i10.tinypic.com/52v7jg7.jpg


John Coltrane Quartet - Ballads (1962)
MP3 / 320Kbps / RS.com: 75mb


Faixas:
1. Say It (Over and Over Again)
2. You Don't Know What Love Is
3. Too Young to Go Steady
4. All or Nothing at All
5. I Wish I Knew
6. What's New?
7. It's Easy to Remember
8. Nancy (With the Laughing Face)
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quarta-feira, 7 de maio de 2008

A FOME INFAME

Transnacionais de alimentos lucram com aumento da fome

A fome no mundo é a nova grande fonte de lucros do grande capital financeiro e os lucros aumentam na mesma proporção que a fome. Nos últimos meses, os meses do aumento da fome, os lucros da maior empresa de sementes e de cereais aumentaram 83%. Ou seja, a fome de lucros da Cargill alimenta-se da fome de milhões de seres humanos. A análise é de Boaventura de Sousa Santos.

Há muito conhecido dos que estudam a questão alimentar, o escândalo finalmente estalou na opinião pública: a substituição da agricultura familiar, camponesa, orientada para a auto-suficiência alimentar e os mercados locais, pela grande agro-indústria, orientada para a monocultura de produtos de exportação (flores ou tomates), longe de resolver o problema alimentar do mundo, agravou-o.

Tendo prometido erradicar a fome do mundo no espaço de vinte anos, confrontamo-nos hoje com uma situação pior do que a que existia há quarenta anos. Cerca de um sexto da humanidade passa fome; segundo o Banco Mundial, 33 países estão à beira de uma crise alimentar grave; mesmo nos países mais desenvolvidos os bancos alimentares estão a perder as suas reservas; e voltaram as revoltas da fome que em alguns países já causaram mortes. Entretanto, a ajuda alimentar da ONU está hoje a comprar a 780 dólares a tonelada de alimentos que no passado mês de março comprava a 460 dólares.

A opinião pública está a ser sistematicamente desinformada sobre esta matéria para que se não dê conta do que se está a passar. É que o que se está a passar é explosivo e pode ser resumido do seguinte modo: a fome do mundo é a nova grande fonte de lucros do grande capital financeiro e os lucros aumentam na mesma proporção que a fome.

A fome no mundo não é um fenômeno novo. Ficaram famosas na Europa as revoltas da fome (com o saque dos comerciantes e a imposição da distribuição gratuita do pão) desde a Idade Média até ao século XIX. O que é novo na fome do século XXI diz respeito às suas causas e ao modo como as principais são ocultadas. A opinião pública tem sido informada que o surto da fome está ligado à escassez de produtos agrícolas, e que esta se deve às más colheitas provocadas pelo aquecimento global e às alterações climáticas; ao aumento de consumo de cereais na Índia e na China; ao aumento dos custos dos transportes devido à subida do petróleo; à crescente reserva de terra agrícola para produção dos agro-combustíveis.

Todas estas causas têm contribuído para o problema, mas não são suficientes para explicar que o preço da tonelada do arroz tenha triplicado desde o início de 2007. Estes aumentos especulativos, tal como os do preço do petróleo, resultam de o capital financeiro (bancos, fundos de pensões, fundos hedge [de alto risco e rendimento]) ter começado a investir fortemente nos mercados internacionais de produtos agrícolas depois da crise do investimento no sector imobiliário.

Em articulação com as grandes empresas que controlam o mercado de sementes e a distribuição mundial de cereais, o capital financeiro investe no mercado de futuros na expectativa de que os preços continuarão a subir, e, ao fazê-lo, reforça essa expectativa. Quanto mais altos forem os preços, mais fome haverá no mundo, maiores serão os lucros das empresas e os retornos dos investimentos financeiros.

Nos últimos meses, os meses do aumento da fome, os lucros da maior empresa de sementes e de cereais aumentaram 83%. Ou seja, a fome de lucros da Cargill alimenta-se da fome de milhões de seres humanos.

O escândalo do enriquecimento de alguns à custa da fome e subnutrição de milhões já não pode ser disfarçado com as “generosas” ajudas alimentares. Tais ajudas são uma fraude que encobre outra maior: as políticas econômicas neoliberais que há trinta anos têm vindo a forçar os países do terceiro mundo a deixar de produzir os produtos agrícolas necessários para alimentar as suas próprias populações e a concentrar-se em produtos de exportação, com os quais ganharão divisas que lhes permitirão importar produtos agrícolas... dos países mais desenvolvidos.

Quem tenha dúvidas sobre esta fraude que compare a recente “generosidade” dos EUA na ajuda alimentar com o seu consistente voto na ONU contra o direito à alimentação reconhecido por todos os outros países.

O terrorismo foi o primeiro grande aviso de que se não pode impunemente continuar a destruir ou a pilhar a riqueza de alguns países para benefício exclusivo de um pequeno grupo de países mais poderosos. A fome e a revolta que acarreta parece ser o segundo aviso. Para lhes responder eficazmente será preciso pôr termo à globalização neoliberal, tal como a conhecemos.

O capitalismo global tem de voltar a sujeitar-se a regras que não as que ele próprio estabelece para seu benefício. Deve ser exigida uma moratória imediata nas negociações sobre produtos agrícolas em curso na Organização Mundial do Comércio. Os cidadãos têm de começar a privilegiar os mercados locais, recusar nos supermercados os produtos que vêm de longe, exigir do Estado e dos municípios que criem incentivos à produção agrícola local, exigir da União Europeia e das agências nacionais para a segurança alimentar que entendam que a agricultura e a alimentação industriais não são o remédio contra a insegurança alimentar. Bem pelo contrário.


Pola X

Pierre (Guillame Depardieu) vive com sua mãe (Catherine Deneuve) em um enorme castelo na Normandia à margem do rio Sena. Ele está noivo de Lucile, uma jovem que o adora. Mas Pierre é perseguido por um sonho de uma estranha mulher que o atrai de uma maneira inexplicável. No dia em que vai anunciar a data de seu casamento, a mulher dos seus sonhos aparece dizendo ser sua irmã Isabelle (Katerina Golubeva) a muito desaparecida. A princípio Pierre não quer acreditar, mas a pouco e pouco parece convencer-se e se apaixona perdidamente por ela. Revoltado com a situação de abandono que a irmã sofreu ao longo dos anos, Pierre abandona sua família, seus amigos e seu dinheiro e parte com isabelle para os subúrbios de Paris, onde vivem em desordenada e apaixonada miséria. Pola X é um filme intenso e emocionante, é o filme mais perturbador e belo de Leos Carax (Os Amantes de PontNeuf). Baseado na novela Pierre or The Ambiguities de Herman Melville, o filme quebra todos os limites do amor familiar e então prossegue para fazer o mesmo com a psiquê humana.

Gênero: Drama
Diretor: Leos Carax
Duração: 128 minutos
Ano de Lançamento: 1999
País de Origem: França
Idioma do Áudio: Francês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0152015/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Tamanho: 704 Mb
Legendas: No torrent

créditos:makingoff - corisco

Elenco:

Guillaume Depardieu, Catherine Deneuve, Katerina Golubeva, Delphine Chuillot, Petruta Catana, Mihaella Silaghi, Laurent Lucas, Patachou

Premiação:

- Prêmio de Melhor Ator para Guillame Depardieu no Festival de Gijón, 1999
- Indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes, 1999

Curiosidades:

- A palavra "Pola" nasce das iniciais do título francês do romance de Melville - Pierre ou Les Ambiguïtés.
- O X do título representa o número de rascunhos que o roteiro passou até ser finalizado.

Crítica:

Eis um dos casos em que o DVD nos permite a (re)descoberta de uma referência cinematográfica tão chocantemente esquecida ou marginalizada. Tantas vezes usada de forma gratuita e mais ou menos pitoresca, a noção de filme maldito adequa-se a um objecto como Pola X (1999), de Leos Carax. Basta recordar o modo como a sua apresentação no Festival de Cannes (também em 1999) foi acompanhada por um coro de "desilusões", sobretudo da imprensa francesa, ancorado na ideia segundo a qual Carax estaria a renegar a sua condição de "discípulo" tardio da Nova Vaga, afirmada através de filmes como Boy Meets Girl (1984), Mauvais Sang (1986) e, sobretudo, Les Amants du Pont-Neuf (1991).
De facto, Carax não estava à procura de ilustrar nenhum "estatuto". Bem pelo contrário, ao fazer Pola X a partir de um romance publicado em 1852 — Pierre or the Ambiguities, de Herman Melville —, o seu trabalho consiste em algo mais do que a mera "transposição" para o presente: trata-se de colher em Melville as marcas de um drama em que amor e incesto se cruzam num labirinto que, em última instância, nos coloca face a uma fúria de viver sempre enredada com a nitidez da morte.
A história do jovem escritor cuja existência se transfigura com a descoberta de uma meia-irmã que a sua mãe recusa reconhecer evolui, assim, como uma tragédia que, paradoxalmente, nos seduz para as paisagens mais negras (e a oposição entre claridade e escuridão é um vector vital deste filme) da condição humana. Guillaume Depardieu e Catherine Deneuve são alguns dos actores de um filme que sempre enfrentou preconceitos e, em boa verdade, nunca foi visto pelas suas muitas e fascinantes singularidades.

Crítica de João Lopes retirada do site: http://sound--vision.blogspot.com/2008/04/...-de-pola-x.html


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A Bolívia e o separatismo


O tempo passa e a América Latina ainda carrega, indelével, a marca da colônia. As elites brancas, por mais que ostentem um verniz de modernidade e cosmopolitismo, quando se vêem confrontadas com a possibilidade de ter o poder reduzido, reagem como reagiam os invasores do final do século XV e início do XVI: com violência, truculência, força bruta. Assim é agora na Bolívia, quando a nova Constituição arrebata dos que sempre sugaram as riquezas do estado para seu bel prazer, parte do poder.
Desde que um aymara assumiu a presidência do país e iniciou um processo de nacionalização das riquezas, até então entregues as multinacionais, o poder central vem sofrendo uma série de ataques por parte dos latifundiários e empresários do departamento de Santa Cruz, um dos mais ricos do país. A nacionalização do gás foi o estopim já no início do governo de Evo Morales e as propostas de retomada das minas e de outros setores estratégicos como a comunicação só tem feito acirrar o ódio dos ricos brancos, não só de Santa Cruz, mas de toda a Bolívia. E, na verdade, é esse o motivo da sanha separatista que assola o país, muito bem orquestrada e financiada por Washington, que não quer ver seus parceiros perderem terreno para o que consideram “um bando de índios”. Basta ver nas paredes de Santa Cruz as pichações que gritam o racismo sempre pronto a se expressar: “faça um bem a humanidade, mate um índio por dia”, dizem os muros.
Quem teve a sorte de conhecer a magnitude do centro cerimonial de Tihuanaco, a uns 70 quilômetros de La Paz, sabe o quanto esta frase racista é falsa. Os povos originários da Bolívia, que tem suas raízes desde há 11 mil anos, com uma história riquíssima que muitas vezes ultrapassa em esplendor a do tão conhecido Egito, são os depositários de uma proposta de organização da vida absolutamente atual nestes dias em que o planeta agoniza. Carregam, desde sua memória ancestral, a tradição da cooperação, da solidariedade, da comunhão, da repartição de riquezas. E mais, sabem muito bem que o seu espaço geográfico, ao qual chamam pátria, é o lugar onde sabem e querem viver, ainda que com todas as intempéries da vida no altiplano, na solidão da montanha.
Pois a terra dos Kolla, dos Tihuanaco, Inca, Guarani e Aymara foi um dia invadida por uma gente branca que embandeirava uma cruz. Um povo que em nome de um deus e um reino, matou, destruiu e violentou. Uma gente que, não contente em tomar as terras e as riquezas do povo originário, ainda hoje precisa submeter e depreciar. Primeiro, diziam que aqueles que ali tinham construído um império sequer tinham alma e, agora, passados 500 anos, ainda insistem na tese de que eles não têm capacidade para gerir seus próprios destinos.
Pois talvez fosse bom lembrar que não foram os povos originários que entregaram as riquezas bolivianas ao longo de todos esses anos nas rapinosas mãos estrangeiras. Foi a aristocracia criolla que sugou o guano, o estanho, a prata e agora o gás, sempre usando o povo autóctone como escravo ou mão-de-obra de segunda classe. Eram eles os que morriam nas minas de estanho ou nas cavernas de Potosí. Alguém até pode dizer que o rei do estanho, Patiño, era um aymara e foi um dos que mais usurpou o solo pátrio. Isso é fato, mas ele foi um entre milhões que logrou escapar do destino de escravo e, perdido no mundo branco, se contaminou pela maneira de viver daqueles que dominaram seu povo. A maioria originária vive sob a opressão.
Agora, quando a vida e a riqueza da Bolívia começam a voltar para as mãos do povo, essa pequena parcela racista e anti-nacional, de uma gente cuja única pátria reconhecida é a do capital, principia o processo de desestabilização. Sob o manto do racismo estão, mais que tudo, buscando preservar os recursos da natureza boliviana para as multinacionais, únicos chefes a quem prestam obediência. Não é por mais nada que provocam a cizânia em Santa Cruz e trabalham com a idéia de separação. Muito mais do que garantir esse estatuto, querem envolver as gentes numa guerra que paralise o país. Esse é o plano.
Há quase três séculos um aymara chamado Julián Apaza, conhecido mais tarde como Tupac Katari, conduziu as gentes originárias numa luta de libertação. Tal e qual Tupac Amaru, no Peru, ele não excluiu os brancos dos seus exércitos. Era uma luta para extirpar o jugo espanhol e todos os que queriam liberdade foram convocados. A generosidade aymara incluía os filhos dos invasores, certa de que era possível viver em paz, na liberdade. Mas, naqueles dias, os criollos traíram a causa do povo autóctone e ficaram do lado do poder colonial. Não é à toa que, hoje, toda essa histórica carga de promessas não cumpridas volta à tona, sempre fomentada pelo poder colonial, hoje representado pelos Estados Unidos.
De novo, como previu Tupac Katari, as gentes bolivianas se levantam e, de novo, há os que preferem se aliar com as forças estrangeiras. Essa é a queda de braço que se dá na Bolívia do século XXI. De um lado, os capachos do capital, com seus interesses mesquinhos e do outro, as gentes – originárias ou não – bolivianas que querem o controle das suas riquezas. Santa Cruz é o foco da nova guerra fomentada pelo império, cujo objetivo maior é dividir. Dividir para melhor dominar. Cabe ao povo da Bolívia não cair na armadilha do fundamentalismo, nem branco, nem originário. Mas, a luta pelo direito de compartilhar o poder, precisa ser travada. A Bolívia é de todos os que ali decidiram viver.


terça-feira, 6 de maio de 2008

Assessor do deputado
Pedro Westphalen (PP) é preso

por Marco Aurélio Weissheimer - RS Urgente

Rogério Reis dos Santos, assessor do deputado estadual Pedro Westphalen (foto), do PP, e filho do prefeito de Taquari, Renato Baptista dos Santos, também do PP, foi preso quarta-feira, em Taquari, juntamente com outras sete pessoas, acusado de ligação com uma quadrilha envolvida com jogo ilegal, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e sonegação fiscal. Um policial militar e dois policiais civis também foram presos (seus nomes não foram divulgados). Entre os presos, estão também os proprietários de serviços de guinchos, onde foram encontradas máquinas caça-níqueis e material para a montagem desses equipamentos. Duas espingardas e um revólver também foram apreendidos.

Segundo a policia, os serviços de guincho eram usados como fachada para a fabricação de caça-níqueis. O grupo desarticulado seria responsável pela distribuição e gerenciamento de caça-níqueis em Taquari, Tabaí, Montenegro, Triunfo e em outras cidades do Vale do Sinos. Rogério Reis dos Santos foi preso preventivamente e encaminhado para o Presídio Estadual de Lajeado.

Ele é cargo de confiança no gabinete de Pedro Westphalen (foto) desde o dia 26 de dezembro de 2007. Até o final da tarde desta sexta-feira, o deputado ainda não havia se pronunciado sobre a prisão de seu assessor.


O ENCOURAÇADO POTEMKIN - 1925

O ENCOURAÇADO POTEMKIN - 1925
O Encouraçado Potemkin
(Bronenosets Potyomkin, 1925)

Gênero: Drama/Clássico
Tempo de Duração: 74 minutos
Ano de Lançamento (Rússia): 1925
Estúdio: Goskino / Mosfilm
Direção: Sergei Eisenstein
Roteiro: Nina Agadzhanova e Sergei Eisenstein
Produção: Jacob Bliokh
Música: Edmund Meisel
Fotografia: Vladimir Popov e Eduard Tisse
Direção de Arte: Vasili Rakhals
Edição: Sergei Eisenstein
RMVB Legendado
P/B
Créditos:F.A.R.R.A - Eudes Honorato



Elenco:
Aleksandr Antonov (Vakulinchuk)
Vladimir Barsky (Comandante Golikov)
Grigori Aleksandrov (Oficial Giliarovsky)
Mikhail Gomorov (Marujo)
Ivan Bobrov (Marujo)
Sergei Eisenstein (Cidadão de Odessa)
Julia Eisenstein (Cidadã de Odessa)



Sinopse:
Em 1905, na Rússia czarista, aconteceu um levante que pressagiou a Revolução de 1917. Tudo começou no navio de guerra Potemkin quando os marinheiros estavam cansados de serem maltratados, sendo que até carne estragada lhes era dada com o médico de bordo insistindo que ela era perfeitamente comestível.
Alguns marinheiros se recusam em comer esta carne, então os oficiais do navio ordenam a execução deles. A tensão aumenta e, gradativamente, a situação sai cada vez mais do controle. Logo depois dos gatilhos serem apertados Vakulinchuk (Aleksandr Antonov), um marinheiro, grita para os soldados e pede para eles pensarem e decidirem se estão com os oficiais ou com os marinheiros. Os soldados hesitam e então abaixam suas armas. Louco de ódio, um oficial tenta agarrar um dos rifles e provoca uma revolta no navio, na qual o marinheiro é morto. Mas isto seria apenas o início de uma grande tragédia.



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Urgência da solidariedade à Bolívia





Altamiro Borges

De todas as experiências progressistas na América Latina, decorrentes das vitórias eleitorais de forças mais à esquerda, a que atualmente corre maior risco de retrocesso é a da Bolívia. Segundo inúmeros analistas, a nação vizinha está à beira de uma guerra civil. A oligarquia racista, que até hoje não engoliu a histórica eleição do líder camponês e indígena Evo Morales, está apostando as suas fichas na divisão do país, num movimento separatista de caráter fascistóide. O "referendo da autonomia" no rico departamento de Santa Cruz, em 4 de maio, pode ser o estopim do confronto.

Numa iniciativa ilegal, contrária à Constituição e à unidade territorial, Rubén Costa, governador do estado e líder dos separatistas, alardeia que o referendo será o primeiro passo para a cisão do país. Outros três departamentos (Pando, Tarija e Beni) pretendem trilhar o mesmo rumo. Desde a posse de Evo Morales, em janeiro de 2006, a burguesia boliviana orquestra este golpe, que visa separar a parte oriental, "Media Luna", mais industrializada e rica em recursos naturais, da parte ocidental – mais pobre e com predomínio da população indígena. Para impor a divisão, ela conta com o apoio escancarado dos EUA e recruta mercenários para um previsível confronto armado.

O embaixador separatista

A ação intervencionista do presidente-terrorista George Bush é aberta. Numa nítida provocação, ele nomeou como embaixador na Bolívia o temível Philip Goldberg. Este agente do imperialismo ficou famoso pelas ações de estímulo ao separatismo nos Bálcãs, na chamada "Missão Kosovo". Como denuncia Stella Calloni, no texto "Contra-insurgência y golpismo", "Goldberg é conhecido como especialista em agudizar conflitos étnicos e raciais e por sua intervenção e experiência nas lutas étnicas desde a Bósnia até a separação da ex-Iugoslávia". Seu passado "diplomático" inclui ainda o golpe do Haiti que derrubou Jean Aristides e a militarização do Plano Colômbia.

Para ela, "não há dúvidas de que as mãos de Goldberg estão por trás do processo separatista em Santa Cruz de la Sierra", iniciado logo após a posse de Morales e que já resultou em sabotagens e mortes. "Quando chegou à Bolívia, os empresários croatas de Santa Cruz (seus velhos amigos) conformaram o movimento ‘Nação Camba’. Um dos principais líderes do movimento, com laços empresariais no Chile, Branco Marinkovic, é o maior promotor das medidas de desestabilização, com influência no restante da Media Luna", e tem sólidos vínculos com o embaixador ianque.

Manobras militares na região

No ano passado, na 17ª Cumbre Iberoamericana, no Chile, o presidente Evo Morales exibiu aos chefes de Estado várias fotos do embaixador Goldberg sorrindo ao lado do mafioso e paramilitar colombiano Jairo Vanegas. Até funcionários da embaixada dos EUA em La Paz revelaram que George Bush encarou a vitória de Morales como "ameaça à segurança da região" devido ao seu "populismo radical" e aos vínculos com Hugo Chávez e Fidel Castro. O ex-secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, chegou a declarar que "a Bolívia agora faz parte do eixo do mal".

Noutra ação provocativa, tropas ianques realizam exercícios militares no vizinho Paraguai desde fins de 2005, quando já era certa a vitória do líder indígena. "Forças especiais dos EUA atuam na fronteira comum em manobras dissimuladas de ação cívica, uma velha tática contra-insurgente", alerta a autora. Os Esquadrões Operativos Adiantados (EOA) contam com forte estrutura no país vizinho, inclusive uma pista aérea de 3,8 mil metros na base de Mariscal Estigarribia, construída na época do ditador Alfredo Stroessner. A chegada de Fernando Lugo à presidência do Paraguai ameaça anular estes acordos militares, o que poderia precipitar uma aventura militar na Bolívia.

Grupos fascistas e mercenários

Desesperada com as mudanças graduais promovidas pelo governo Morales, mas animada com o apoio aberto dos EUA, a oligarquia racista se arma para o confronto. Manfred Reis, ex-militar na ditadura de Hugo Banzer e influente autonomista de Cochabamba, organizou grupos de jovens fascistas responsáveis por violentos confrontos que resultaram em mortos e feridos. Atualmente, ele está refugiado em Santa Cruz. Em novembro de 2006, a agência de notícias Erbol informou que um grupo de empresários viajou a Espanha para contratar mercenários. Donos de empresas de "segurança" confirmaram o rentável negócio. Um deles disse que agenciou 650 "combatentes, antigos membros de unidades de elite, que já estão operando nas zonas limítrofes da Bolívia".

Os golpistas também contam com a milionária ajuda da Usaid e da NED, órgãos dos EUA que financiam organizações não-governamentais de oposição a Morales. O serviço de inteligência do governo provou recentemente a doação de milhões de dólares para líderes separatistas, grêmios estudantis e jornalistas na campanha contra a Constituinte. O financiamento garantiu os "paros cívicos" e os bloqueios violentos de estradas. Em 2007, o consulado da Venezuela e a residência de um médico cubano foram alvos de atentados e uma funcionária da embaixada dos EUA foi detida com armas e munição. Neste processo, "os meios de comunicação são os protagonistas da contra-insurgência, incentivando o confronto interno e a intervenção externa", afirma Calloni.

Internacionalismo ativo e pressão

A manobra separatista da oligarquia boliviana, que deve adquirir nova dinâmica com o referendo de maio em Santa Cruz, tem recebido críticas de todos os lados. Até a Organização dos Estados Americanos (OEA), famosa por seu passado servil aos EUA, condenou o golpismo. Numa sessão extraordinária em Washington, em 26 de abril, a OEA apoiou a institucionalidade democrática e conclamou ao diálogo os governantes da Media Luna. Intelectuais e lideranças políticas, sociais e religiosas – entre elas, Pérez Esquivel, Noam Chomsky, Eduardo Galeano e os brasileiros Frei Betto, Oscar Niemeyer e Fernando Morais – também divulgaram um manifesto de solidariedade:

"O processo de mudança na Bolívia corre o risco de ser brutalmente interrompido. A ascensão ao poder de um presidente indígena e seus programas sociais e de recuperação dos recursos naturais enfrentam desde o primeiro momento as conspirações oligárquicas e a ingerência imperial. Nos dias mais recentes, a escalada conspirativa alcançou seus graus máximos. As ações subversivas e anticonstitucionais com que os grupos oligárquicos pretendem dividir a nação boliviana refletem a mentalidade fascista e elitista destes setores... Diante desta situação, queremos expressar nosso respaldo ao presidente Evo Morales. Ao mesmo tempo, rechaçamos o estatuto autonômico de Santa Cruz por seu caráter inconstitucional e por atentar contra a unidade de uma nação da nossa América".

A grave situação boliviana, que coloca em perigo a própria onda progressista na América Latina, exige a solidariedade ativa de todos os setores democráticos e populares do continente e do mundo. É urgente denunciar a trama separatista e golpista da oligarquia, apoiada pelos EUA, nas bases dos trabalhadores, no parlamento e na mídia progressista. É necessário pressionar a OEA e o governo Lula para que adotem posições mais ativas diante deste risco de retrocesso na região.

Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB e autor do livro recém-lançado "Sindicalismo, resistência e alternativas" (Editora Anita Garibaldi).