quinta-feira, 31 de julho de 2008

Retorno....

Estamos retornando de um breve retiro espiritual, necessário para redestribuir forças interiores, na procura de um equilíbrio existencial que potencialize nossas aspirações evolucionistas.Vamos dar continuidade ao nosso pequeno trabalho de socializar a informação, tentando colaborar para a manutenção de uma mídia alternativa democrática.

Mensagem de Amor e ascensão...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

A LÓGICA DO GENOCÍDIO

O legado de Auschwitz

No início do século 21, é difícil acreditar que a lógica do genocídio tenha chegado ao fim. As guerras dos Bálcãs, as atrocidades que ocorreram em sucessão na África, e as guerras do Iraque e do Afeganistão representam uma espantosa regressão histórica. Os massacres e genocídios, os deslocamentos forçados de milhões de pessoas e o confinamento em campos de concentração e de refugiados não pararam de crescer nos últimos anos. A análise é do ensaísta espanhol Eduardo Subirats.

Os reiterados tributos oficiais às vítimas dos campos de concentração europeus criados durante a Segunda Guerra Mundial deveriam indicar que se poria um fim à sua lógica do genocídio. No início do século 21, contudo, é difícil acreditar que este seja o caso. As guerras dos Bálcãs, as atrocidades que ocorreram em sucessão na África, e as guerras do Iraque e do Afeganistão representaram, neste sentido, uma espantosa regressão histórica. Os massacres e genocídios, os deslocamentos obrigados de milhões de seres humanos, o confinamento massivo em campos de concentração e de refugiados, e, não em último lugar, os movimentos migratórios provocados pela pobreza e pela destruição ecológica não pararam de crescer nos últimos anos.

Segundo dados facilitados pelo Committee for Refugees and Immigrants dos Estados Unidos, em 2006 existiam no mundo 33 milhões de pessoas involuntariamente deslocadas de seus habitats originais. Deles, 21 milhões são as chamadas “Pessoas Internamente Deslocadas,” ou seja, relocalizadas dentro de suas próprias fronteiras nacionais. Os outros 12 milhões são refugiados que fugiram para segundos países em busca de segurança política e econômica. O Sudão e a Colômbia são mencionados como exemplos de deslocamentos internos promovidos pela violência militar, com números que chegam aos 5 e 3 milhões respectivamente. A crise humanitária mais recente tem como cenário o Iraque, com 1,7 milhões de deslocados internos e outros 2 milhões que abandonaram o país.

Oficialmente, estas mobilizações são temporárias. Mas em países como a Colômbia, o retorno dos deslocados aos seus lares —em sua maioria, eles são indígenas e mestiços— é impossível, uma vez que suas terras, oficialmente “abandonadas”, foram legalmente apropriadas por corporações e organizações militares. Existem mais de 2 milhões de afegãos em campos e refúgios provisórios há mais de 20 anos. O recorde é dos palestinos, com 3 milhões de deslocados há meio século. O número destes denominados “refugiados perpétuos” no mundo chega a um total de 8 milhões. E estes números não param de multiplicar-se, ano após ano, ao amparo de lucrativas guerras e tráficos humanos.

Nas declarações oficiais, os campos de concentração do nacional-socialismo do século passado são condenados e consagrados como um evento único na história da humanidade, cujos motivos, métodos e objetivos escapam à luz da razão. Implícita ou explicitamente, a responsabilidade por eles é atribuída a desejos perversos e patologias racistas. Contudo, os genocídios industriais do século 20 não constituem um fato isolado. As minas e as “mitas” coloniais da América constituem um paradigma histórico de racionalização militar de um sistema etnocida de produção. As cifras do genocídio colonial americano são imprecisas. Mas os cálculos mais conservadores falam em dezenas de milhões. O tráfico internacional de escravos africanos constitui um prefácio sórdido dos genocídios europeus do século 20, com números também arrepiantes. A própria denominação “campos de concentração” foi cunhada pelo colonialismo britânico na África do Sul antes de ser adotado pelo imperialismo alemão.

Por trás destes crimes contra a humanidade existem, sem nenhuma dúvida, personalidades doentes. Mas seus processos genocidas estão atravessados pela limpa racionalidade que define a acumulação de capital, a expansão de mercados e a concentração de poder e riqueza.

Aproximadamente metade das vítimas dos campos de concentração nazistas eram camponeses eslavos, ciganos e comunistas que a máquina militar devorava ao longo de sua expansão. Seu extermínio estava ligado a um princípio econômico: racionalizar a produção agrária, libertando-a de seus entraves pré-capitalistas. Uma das razões para justificar a eliminação dos guetos judeus da Europa Central era sua forma de vida tradicional, resistente à economia de mercado e às exigências da racionalização industrial da agricultura. Estes genocídios esgrimiram, também, um princípio de segurança: suas vítimas eram potenciais insurgentes contra o sistema que as expulsava de suas cidades e de suas terras.

Apesar de que jurídica e midiaticamente é contemplado como uma realidade aparte, o fluxo migratório massivo dos nossos dias obedece aos mesmos princípios: a expansão territorial de poderes corporativos, crescentes desigualdades econômicas e sociais entre as nações ricas e as regiões neocoloniais, degradação ambiental e violência. Seus números são igualmente perturbadores. Na Europa existem 83 milhões de imigrantes legais e um número indeterminado, entre 4 e 7 milhões, de denominados “sem papéis”. Nos Estados Unidos, a quantidade oficial de imigrantes ilegais chega aos 12 milhões.

Em vez de confrontar as causas desta desordem global, e os interesses econômicos e militares que a sustentam, os líderes mundiais optaram pela criminalização de suas vítimas e pela militarização de seus conflitos. O próprio conceito de “imigrante ilegal” é uma construção arbitrária. O termo foi cunhado pelo colonialismo britânico para combater uma indesejada imigração de judeus para a Palestina nos anos da perseguição nazista na Alemanha. As frases sobre a ameaça que estes imigrantes representam para o mercado laboral, sua viciosa associação com o crime organizado e as retóricas sobre sua não-integração nacional encobrem o real desmantelamento dos direitos humanos em escala global.

Os campos de detenção e concentração e a militarização dos movimentos migratórios gerados pelas guerras, a miséria e o espólio não são, convenhamos, uma solução para estes dilemas. São parte do problema. Somente a confrontação transparente da crescente extorsão econômica das regiões mais ricas do planeta por poderes corporativos multinacionais, das causas reais da deterioração ambiental e dos tráficos de armas e humanos, e somente a implementação de autênticos programas de desenvolvimento sustentável pode pôr um ponto final a esta lógica do genocídio: o legado de Auschwitz.

* Ensaísta espanhol, professor de Filosofia, Teoria da Cultura e de Literatura na Universidade de Nova York

Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores

quinta-feira, 24 de julho de 2008

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Peixinhos e tubarões





Frei Betto

Angélica Aparecida de Souza Teodoro, 18 anos, mãe de um filho de dois anos, estudou apenas o 1º. grau. Trabalha como empregada doméstica, mas encontrava-se desempregada, ao ser presa, em novembro, dentro de um mercadinho do Jardim dos Ipês, na capital paulista, acusada de roubar uma lata de manteiga da marca Aviação, de 200 gramas, no valor de R$ 3,10. Levada para o 59º Distrito Policial, conhecido como Cadeião de Pinheiros, recebeu voz de prisão do delegado Marco Aurélio Bolzoni.

Por subtrair mercadoria no valor de R$ 3,10, Angélica passou na prisão o Natal, o Ano-Novo e o Carnaval, pois o Tribunal de Justiça de São Paulo, ao analisar o pedido de defesa da doméstica, o indeferiu. Angélica foi solta dia 23 de março, mais de quatro meses depois, graças à liminar do ministro Paulo Gallotti, do Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.

O Brasil e sua Justiça parecem postos de cabeça para baixo. Há uma inversão total de valores e critérios. Um publicitário vem a público e declara ter recebido, via caixa dois, R$ 10 milhões de reais numa conta clandestina no exterior, e fica por isso mesmo, protegido por direitos que lhe foram garantidos pelo STF, reagindo com escárnio às interrogações dos parlamentares incumbidos de apurar corrupções.

Um publicitário mineiro faz biliardários empréstimos ao tesoureiro de um partido político, sem revelar a origem dos recursos, porém destinando-os ao suborno de deputados federais, e fica por isso mesmo.

Um deputado federal, cassado após ocupar o cargo de presidente da Câmara dos Deputados, achaca em R$ 7 mil o proprietário de um restaurante e ninguém lhe dá voz de prisão.

Um alto funcionário dos Correios é filmado embolsando propina no valor de R$ 3 mil, a polícia não é chamada e ele continua livre, prova viva de que crimes de colarinho branco merecem a cumplicidade de setores da justiça.

Quando políticos, banqueiros e empresários processados por desvios de recursos públicos devolverão o que roubaram? Quem pune os gastos exorbitantes de um reitor de Universidade de Brasília, os desvios de recursos do BNDES, as maracutaias nas privatizações sob o governo FHC?

Fica a impressão de que, por baixo de tanta corrupção, há uma extensa rede de cumplicidade. Tubarões não são punidos para evitar que entreguem outros tubarões à justiça. Neste país, basta ter dinheiro, bons advogados e relações nas instâncias de poder para ficar assegurada a impunidade. Enquanto isso, os pobres, sob simples suspeita, sofrem torturas ou levam bala antes de serem inquiridos ou investigados.

Os peixinhos, como Angélica, ficam meses na cadeia por causa de R$ 3,10. Os tubarões, imunes e impunes, são a prova viva de que o crime compensa – de fato e de direito – desde que o assalto abocanhe valores em milhões de reais. De preferência dinheiro dos cofres públicos.

Vale o provérbio: "Quem rouba 1 real é ladrão, quem rouba 1 milhão é barão".

Estatísticas comprovam que a polícia do governador Sérgio Cabral, do Rio, matou mais este ano do que os crimes cometidos em São Paulo por bandidos. Quem decepa a mão assassina do Estado?

No Brasil, quando a polícia pára uma pessoa de posses, a pergunta é: "Sabe com quem está falando?" Em outros países é o policial que faz a pergunta: "Quem você pensa que é?"

Quando estive na Inglaterra, nos anos 80, vi pela BBC – uma TV estatal – o sobrinho da rainha Elizabeth II ser levado a julgamento. Parado por uma patrulha rodoviária, constatou-se que ele dirigia sob efeito de álcool. Cassaram-lhe a carteira por seis meses.

Dois meses depois foi parado por outra patrulha. Pediram-lhe a carteira. Não tinha. Então apelou para o jeitinho brasileiro: "Sabe com quem está falando? Sou o príncipe fulano". O guarda insistiu em ver os documentos. O rapaz voltou ao bate-boca. Então o policial disse a ele: "Um de nós dois está errado. Você está preso e a justiça dirá quem de nós tem razão".

Televisionado para todo o país, o príncipe se viu obrigado, pelo juiz, a pedir desculpas ao guarda e teve a sua licença de motorista cassada por cinco anos.

Assim se faz cidadania.

Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Luis Fernando Veríssimo e outros, de "O desafio ético" (Editora Garamond), entre outros livros.

Tirando o corpo fora












Em matéria publicada nesta quarta-feira, na Folha de São Paulo, a governadora Yeda Crusius tenta tirar o corpo fora e culpa seus antecessores pelos problemas de corrupção no Estado. A matéria afirma:

“Há oito meses enfrentando uma crise política gerada pelo desvio de verbas do Detran e suposto caixa dois eleitoral, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), responsabilizou ontem governos anteriores pelos problemas de corrupção no Estado.Segundo a tucana, o Detran foi criado em 1997, quando o Estado era administrado por Antônio Britto (ex-PMDB), e desde sua criação há relatos de desvio de recursos públicos."[Esses problemas de corrupção] vêm de antes. O Detran nasceu em 1997 e já nasceu como ele é hoje. Enfrentei neste ano uma agenda que não é minha", disse a tucana, sem citar os que administraram o Estado entre os anos de 1997 e 2006, antes de ela assumir”.

”Depois de Britto, governaram o Rio Grande do Sul Olívio Dutra (PT) e Germano Rigotto (PMDB), que indicou para a presidência do Detran Carlos Ubiratan dos Santos, apontado pela Polícia Federal como um dos autores do esquema de desvio, juntamente com Lair Ferst, empresário que era filiado ao PSDB e que atuou há dois anos como arrecadador informal de fundos da campanha de Yeda ao governo”.

A governadora não quis comentar o envolvimento de pessoas nomeadas por ela no desvio de mais de R$ 44 milhões do Detran. Nas últimas semanas, Yeda vem repetindo a tese do “bebê japonês” que teria sido jogado em seu colo, negando qualquer responsabilidade pela maternidade da criança.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

É possível ser feliz num mundo infeliz?








Leonardo Boff *Adital


Não podemos calar a pergunta: como ser feliz num mundo infeliz? Mais da metade da população mundial é sofredora, vivendo abaixo do nível da pobreza. Há terremotos, tsunamis, furacões, inundações e secas.

No Brasil apenas 5 mil famílias detém 46% da riqueza nacional. No mundo 1125 bilionários individuais possuem riqueza igual ou superior à riqueza do conjunto de paises onde vivem 59% da humanidade. O aquecimento global evocou o fantasma de graves ameaças à estabilidade do planeta e ao futuro da humanidade. Diante deste quadro, é possível ser feliz? Só podemos ser felizes junto com outros.

Importa reconhecer que estas contradições não invalidam a busca da felicidade. Ela é permanente embora pouco encontrada. Isso nos obriga a fazer um discurso critico e não ingênuo sobre as chances de felicidade possível.

Na reflexão anterior sobre o mesmo tema, enfatizamos o fato de que a felicidade sustentável é somente aquela que nasce do caráter relacional do ser humano. Em seguida, é aquela que aprende a buscar a justa medida nas contradições da condição humana. Feliz é quem consegue acolher a vida assim como ela é, escrevendo certo por linhas tortas. Aprofundando a questão, cabe agora refletir sobre o que significa ser feliz e estar feliz. Foi Pedro Demo, a meu ver, uma das cabeças mais bem arrumadas da inteligência brasileira, que entre nós melhor estudou a "Dialética da Felicidade" (3 tomos, 2001). Ele distingue dois tempos da felicidade e nisso o acompanhamos: o tempo vertical e o tempo horizontal. O vertical é o momento intenso, extático e profundamente realizador: o primeiro encontro amoroso, ter passado num concurso difícil, o nascimento do primeiro filho. A pessoa está feliz. É um momento que incide, muito realizador, mas passageiro.

E há o momento horizontal: é o que se estende no dia a dia, como a rotina com suas limitações. Manejar sabiamente os limites, saber negociar com as contradições, tirar o melhor de cada situação: isso faz a pessoa ser feliz.

Talvez o casamento nos sirva de ilustração. Tudo começa com o enamoramento, a paixão e a idealização do amor eterno, o que leva a querer viver junto. É a experiência de estar feliz. Mas, com o passar do tempo, o amor intenso dá lugar à rotina e à reprodução de um mesmo tipo de relações com seu desgaste natural. Diante desta situação, normal numa relação a dois, deve-se aprender a dialogar, a tolerar, a renunciar e a cultivar a ternura sem a qual o amor se extenua até virar indiferença. É aqui que a pessoa pode ser feliz ou infeliz.

Para ser feliz na extensão temporal, precisa de invenção e de sabedoria prática. Invenção é a capacidade de romper a rotina: visitar um amigo, ir ao teatro, inventar um programa. Sabedoria prática é saber desproblematizar as questões, acolher os limites com leveza, saber rimar dor com amor. Se não fizer isso, vai ser infeliz pela vida afora.

Estar feliz é um momento. Ser feliz é a um estado prolongado. Este se prolonga porque sempre é recriado e alimentado. Alguém pode estar feliz sendo infeliz. Quer dizer, tem um momento intenso de felicidade (momento) como o reencontro com um irmão que escapou da morte. Como pode ser feliz (estado) sem estar feliz (momento), quer dizer, sem que algo lhe aconteça de arrebatador.

A felicidade participa de nossa incompletude. Nunca é plena e completa. Faço minha a brilhante metáfora de Pedro Demo: "a felicidade participa da lógica da flor: não há como separar sua beleza, de sua fragilidade e de seu fenecimento".


* Teólogo

Nós Alimentamos o Mundo


Nós Alimentamos o Mundo
(We Feed the World)

Documentário sobre os disparates da produção de alimentos no mundo. Começa com o desperdício de pães, toneladas deles são jogadas no lixo diariamente por terem apenas dois dias de fabricação. Alimentos ainda bons para o consumo vão para o lixo para satisfazer leis de consumo. Depois, vemos a pesca artesanal, a qualidade dos peixes que são trazidos diariamente ainda frescos e faz a comparação com a pesca industrial, em que navios ficam de quinze a trinta dias no mar e trazem toneladas de pescado, mas sem a mesma qualidade e já com um certo grau de putrefação. A Europa, em breve, acabará com toda a pesca artesanal e esses profissionais serão absorvidos pelas indústrias. Depois, vemos as plantações e as diferenças entre alimentos gerados a partir de sementes naturais e sementes transgênicas. Para falar da devastação das matas, eles vieram ao Brasil e mostraram como as plantações de soja no Mato Grosso destroem a floresta amazônica. Noventa por cento desta soja é exportada para servir de ração para as criações européias de animais de abate, o que gera a conclusão de que esses bichos estão comendo nossas florestas. A fome no sertão de Pernambuco também é mostrada e também como muitas pessoas vivem sem água potável, bebendo de fontes contaminadas e adoecendo com isto. O processo de criação e abate de aves na Europa e sua crueldade. O final não poderia ser mais revoltante: em uma entrevista, o presidente da Nestlé, empresa presente em todos os cinco continentes, entoa seu discurso retrógrado e anti-humanista e chega a afirmar que a água deve ser toda privatizada e comercializada de acordo com um preço definido pelo mercado e que quem não tiver condições de pagar pelo produto que viva sem ele (como se isto fosse possível). Dados da FAO (Food and Agriculture Organization_ não tiver condiçõa


Informações sobre o filme e o release:

Gênero: documentário
Diretor: Erwin Wagenhofer
Duração: 96 minutos
Ano de Lançamento: 2005
País de Origem: Áustria
Idioma do Áudio: alemão, francês, inglês e português
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0478324/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: XVID
Vídeo Bitrate: 891 Kbps
Áudio Codec: MPEG-1
Áudio Bitrate: 128
Resolução: 640 x 352
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 700 Mb
Legendas: No torrent


Premiações:

* Guild of German Art House Cinemas - best documentary

* Motovun Film Festival - Amnesty International Award e FIPRESCI Prize
É o documentário de maior público da história do cinema austríaco.
Foi exibido no Festival do Rio de 2006. Não entrou em circuito no Brasil.

Crítica:

Todos os dias, o pão que se desperdiça na capital austríaca é igual à quantidade de pão consumida pelos habitantes da segunda maior cidade do país, Graz. Cerca de 350 mil hectares de terra agrícola, localizada sobretudo na América Latina, produz soja para alimentar o gado austríaco, enquanto um quarto da população local passa fome. Cada europeu consome, por ano, 10 kg de vegetais produzidos em estufas de regadio, situadas no sul da Espanha, o­nde a falta de água é um problema gravíssimo.
No filme intitulado Nós Alimentamos o Mundo o realizador austríaco Erwin Wagenhofer vai à procura da origem dos produtos que chegam à nossa mesa. A sua viagem leva-o a França, Espanha, Roménia, Suiça, Brasil e de regresso à Austria. A linha condutora do filme é uma entrevista com Jean Ziegler, o Porta-Voz das Nações Unidas para o Direito à Alimentação.
Nós Alimentamos o Mundo aborda temas como a alimentação, a globalização, o transporte de bens alimentares e as margens de lucro, ouvindo as opiniões de pescadores e agricultores, directores-executivos de grandes empresas e motoristas de camiões de longo-curso. É um filme sobre abundância e escassez. As imagens inesquecíveis deste filme revelam-nos o mundo da produção alimentar e responde à pergunta: “De que forma somos nós responsáveis pela fome mundial?”Para além de Jean Ziegler, são também entrevistados pescadores, agricultores, agrónomos, biólogos, um dos directores da Pioneer - a maior companhia mundial de sementes - e ainda Peter Brabeck, director e principal responsável de operações da Nestlé International, a maior empresa de produtos alimentares do mundo.


Download abaixo:
brunabora disse...Deixando um link válido - http://bitshare.com/files/37c47n2l/We-Feed-The-World.avi.html

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Crise dos alimentos ou crise do neoliberalismo?



Ariovaldo Umbelino de Oliveira*

Parece não haver mais dúvida nenhuma. As políticas neoliberais aplicadas à agricultura e ao comércio mundial de alimentos é a razão principal de mais esta crise que se abateu sobre os alimentos na atualidade.

A crise alimentar, portanto, é resultado da total incapacidade do mercado para construir uma política mundial de segurança ou mesmo de soberania alimentar. Sua explicação torna-se fundamental, pois com a crise virão os sinais da necessidade de sua própria superação. Vários são os fatores explicativos para se entender a atual conjuntura da falta da produção de alimentos.

Em primeiro lugar, deve-se destacar e colocar no centro da explicação o fato de se estar diante uma crise estrutural no interior do sistema produtivo que o capitalismo adotou no neoliberalismo. Depois da criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO, e do advento da revolução verde, o mundo capitalista adotou um sistema de controle da produção de alimentos baseado no sistema de estoques. Esta sistemática tinha por objetivo garantir excedentes agrícolas alimentares que permitisse simultaneamente, garantir a oferta de alimentos diante o fantasma da fome, e a regulação de seus preços contra as ações especulativas dos jogadores do mercado das bolsas de valores. O sistema adotado é aquele da colocação dos estoques no mercado e do império absoluto do livre comércio. Ou seja, o mercado através da disponibilidade dos estoques seria o regulador da oferta da produção de alimentos. Essa mudança revela neste momento suas conseqüências: a crise.

O fato mais interessante e revelador desta crise é que ela se manifesta em um momento que está crescendo a produção mundial de alimentos. Os indicadores deste crescimento aparecem na safra mundial de 2007/8, por exemplo, na produção de trigo que apresentou um crescimento de 2,3% da safra passada. E também o milho com a taxa de 9,4% e o arroz com 1,8%. A soma dos demais grãos exceto a soja, apresentou elevação da produção em 3,9%.

Entretanto, quanto aos estoques ocorreu exatamente o processo inverso: o decréscimo. Em relação ao trigo, por exemplo, ocorreu uma redução de 9,9%. Os estoques mundiais de milho também caíram 4,8%. Os de soja baixaram em 22%, e os demais grãos, exceto o arroz, também tiveram seus estoques reduzidos em 16,6%. Apenas os estoques de arroz conseguiram crescer 1,2%.

Trata-se, portanto, de uma crise estrutural, do cerne do modo capitalista de produção em sua versão neoliberal. O capitalismo é incapaz de garantir oferta de alimentos para toda a humanidade. Com a crise revela-se o fracasso do império da agroquímica na agricultura com seus agrotóxicos e a falência antecipada da transgenia como alternativa biológica da garantia de aumento crescente da produção de alimentos.

Com a redução dos estoques de alimentos e da elevação de seus preços, os fundos de investimentos passaram a investir no mercado futuro, das commodities (milho, soja, trigo e arroz, principalmente). Este processo meramente especulativo atua no controle privado dos estoques e sobre a possibilidade de oferta de alimentos no mercado futuro. Dessa forma, todas as commodities têm já preços para o final do ano ascendentes.

Em simultaneidade com estes dois processos, articula-se a segunda causa: a opção estadunidense pela produção do etanol a partir do milho, assim como o caminho seguido pelos países da União Européia em produzir o etanol a partir de grãos. Esta causa, que aparece como conjuntural, rapidamente pode se tornar estrutural. É óbvio, que o efeito desta opção dos EUA - hoje o maior produtor mundial de etanol - fez com que uma parte do milho destinado à alimentação humana e à produção de ração animal fosse destinada à produção de etanol. Este aumento rápido do consumo do milho gerou mecanismos especulativos na queda dos estoques. Essa queda, por sua vez, puxou para cima os preços da soja, trigo e arroz. Cabe esclarecer também, que os produtores de etanol nos EUA, não plantam a matéria prima que consomem, compram-na no mercado, inflando os preços.

Os EUA não têm mais terras agricultáveis disponíveis para ampliar sua produção de milho e continuar mantendo igualmente sua produção de trigo e soja. E a essa questão interna dos EUA se soma o aumento do custo de produção, pelo efeito do aumento do preço do barril de petróleo.

Assim, a terceira causa surge. Já há previsões para que o preço do barril de petróleo chegue a 200 dólares. Como todos sabem, toda a produção do agronegócio na revolução verde está assentada no setor agroquímico – que é comandado pela lógica do preço do petróleo. Com a subida do preço do petróleo, sobe os agroquímicos e também o custo da produção agropecuária e, consequentemente, esta pressão atua no sentido do aumento dos preços dos alimentos.

Em quarto lugar, aparece o aumento do consumo de alimentos particularmente devido à melhoria das condições de vida de algumas populações, sobretudo da China e da Índia. Estes dois países, têm ampliado a importação de alimentos. Entretanto é preciso deixar claro que esta não é a razão principal, como se quer fazer crer no Brasil. Desta forma, é preciso ter cuidado ao se apontar este ou aquele país como responsável de aumento do consumo, quando parece estar havendo um aumento geral do consumo de alimentos. E este não é o principal fator da elevação dos preços dos alimentos.

No caso brasileiro, o processo de elevação dos preços dos alimentos tem vínculos estruturais e conjunturais. Como conseqüência da crise mundial e da elevação dos preços internacionais do trigo associado ao bloqueio estabelecido pela Argentina em relação às exportações deste cereal para o Brasil, o preço do trigo e de seus derivados vão aumentar no país. O Brasil é o maior importador mundial de trigo: consome 10 milhões de toneladas, e produz apenas 3 milhões. Em safras passadas, quando o Brasil conseguiu boas colheitas no mercado interno, destinou parte para exportação. É o mesmo que estará acontecendo este ano com o arroz. Como o preço subiu, os arrozeiros querem exportar. O governo chegou a propor o bloqueio, mas voltou atrás, pois assim iria ferir o receituário neoliberal que se aplica somente aqui no Brasil na agricultura.

O Brasil é o único país do mundo onde se prega essa tese maluca do neoliberalismo, de que comida tem que ser oferecida no mercado a quem puder pagar mais, como propõem os economistas neoliberais. Claro que isso tira do país a possibilidade de construir tanto segurança como soberania alimentar. A lógica do neoliberalismo é uma só: manda-se comida a quem paga mais, não a quem tem fome. Nem para o povo do próprio país esta oferta fica assegurada.

É por isso que a crise atual é estrutural e revela a incapacidade da agricultura capitalista em garantir a oferta de alimentos a preços baixos aos brasileiros e à população mundial. Somente uma política agrícola fundada na agricultura camponesa seria capaz de garantir a soberania alimentar às populações dos diferentes países do mundo. A reforma agrária como estratégia de política econômica de produção de alimentos continua, portanto, na agenda política, e, somente ela pode superar crise de alimentos.


*Ariovaldo Umbelino é professor titular de geografia agrária da USP e diretor da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária).

Transgênicos em debate



A Cooperativa de Produtores Ecológicos de Porto Alegre (Arcoiris) e a Cooperativa Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul (Coceargs) promovem um debate na próxima sexta-feira (25) sobre o livro “Transgênicos: as sementes do mal. A silenciosa contaminação de solos e alimentos” de autoria e organização de Antônio I. Andrioli (Doutor em Ciências Econômicas e Sociais pela Universidade de Osnabrück, Alemanha, professor do Mestrado em Educação da Unijuí e professor convidado da Universidade Johannes-Kepler de Linz, Áustria). O debate inicia às 17 horas, no Colégio de Aplicação (Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

No sábado, a partir das 9h, haverá uma sessão de autógrafos do livro na Feira dos Orgânicos de Porto Alegre (Feira Ecológica do Bom Fim), ao lado da banca de livros (n° 62), na segunda quadra da avenida José Bonifácio.