segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Rosa Zaragoza- El Keloenu

Zé da Terreira

Grande pessoa, conheci em POA, em 1994, no Juva's Bar....


Krzysztof Kieslowski


A Cicatriz
(Blizna)

créditos: makingoff - mfcorrea

Um grande complexo químico está para ser instalado numa pequena cidade polonesa. Depois de muitas discussões e negociações desonestas, é tomada a decisão pelo local da construção.

A pessoa escolhida para tocar a obra é o dirigente Bednarz, que já viveu no local onde sua mulher foi uma ativista política. Ele não tem boas memórias desse tempo e está relutante em voltar à cidade.
Bednarz é um homem forte, firme e honesto. Ele está convencido de que sua energia e determinação serão suficientes para dirigir o projeto sem compromissos, e com a certeza de que aquele será um lugar onde as possas poderão viver e trabalhar com felicidade.
Entretanto, as coisas não evoluem como o diretor gostaria. Os habitantes da cidade não estão de acordo com as suas decisões. Eles só se preocupam com os fatos da vida cotidiana, sem a visão do futuro.

Estamos no ano de 1970. Bednarz acaba se demitindo. Tudo sai ao contrário do que havia planejado. De fato, ele não se sente culpado, mas tem a convicção de não ter executado o seu plano até o fim. E um pensamento o atormenta: será que é possível avançar no campo social sem ceder às pressões dos vários interesses envolvidos, sem trair sua própria consciência e sem se comprometer com facções indesejadas?
E será que é possível viver com a visão do futuro quando se está cercado pela cruel realidade cotidiana?


Informações sobre o filme e o release:

Gênero: Drama
Diretor: Krzysztof Kieslowski
Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento: 1976
País de Origem: Polônia
Idioma do Áudio: Polonês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0074220/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: XviD MPEG-4 QPel: No
Vídeo Bitrate: 1708 Kbps
Áudio Codec: mp3 CBR
Áudio Bitrate: 128
Resolução: 640 x 400
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 1,29 Gb
Legendas: Em anexo


Crítica:

Primeira experiência de Krzysztof Kieslowski no longa-metragem, depois de uma série grande de filmes curtos para a televisão e para o cinema. O nexo entre falta de sentido e o ambiente político da Polônia naquele momento é flagrante, e a secura do filme garante seu interesse. Kieslowski na Polônia e Kieslowski na França são como duas pessoas diferentes fazendo obras diferentes. Na França, a sensibilidade de KK assume ares de uma banalidade pseudo-existencialista que na realidade é exasperantemente de sacristia.

De: Contracampo


Downloads:

Arquivo anexado Krzysztof_Kieslowski___Blizna__The_Scar___1976_.4372420.TPB.torrent




Arquivo anexado Blizna.rar ( legendas)

Capitalismo predador...

Empresa de celulose destrói natureza para plantar eucalipto


Lucio Vaz - Correio Braziliense

— Em operação no Espírito Santo há cerca de 40 anos, a Aracruz Celulose construiu um império empresarial que a colocou como a maior produtora mundial de celulose de eucalipto. A empresa tem ligação estreita com o mundo político. Nas três últimas eleições, investiu R$ 6,5 milhões em candidatos do estado. Com receita líquida anual de R$ 2,8 bilhões, a Aracruz mantém 12 mil empregos diretos e indiretos e paga cerca de R$ 200 milhões em impostos. Mas a atividade também gera forte impacto ambiental. Parte de suas florestas foi implantada em Mata Atlântica ou em terras de índios e quilombolas. A empresa represou seis rios e inverteu o curso de outro para abastecer a sua fábrica. Em várias localidades, há lagoas, rios e riachos secos entre as florestas.

O Correio registrou esse impacto percorrendo cerca de dois mil quilômetros no Espírito Santo e no Sul da Bahia, onde a Aracruz instalou uma segunda fábrica, no município de Eunápolis, em sociedade com a finlandesa Stora Enso. O trabalho complementa uma série de reportagens feitas no Rio Grande do Sul, onde a Aracruz, a Stora Enso e a Votorantim (sócia da Aracruz) estão expandindo plantações de eucaliptos e implantando novas fábricas de celulose. Os erros e acertos vividos no Espírito Santo podem servir como ensinamento para a atividade em outros estados.



As conseqüências danosas da operação da fábrica de Barra do Riacho nos recursos hídricos do município de Aracruz (ES) são apontadas em estudo feito pela Associação de Geógrafos Brasileiros, seção Espírito Santo. Para a construção das duas primeiras unidades da fábrica, foi criado um sistema integrado de represas no Rio Santa Joana e nos córregos Santa Joana, Águas Claras, Arroz, Alvorada, Piabas e Constantino. “As nascentes e grande parte do curso desses rios passaram a ser de uso exclusivo da Aracruz Celulose”, diz o estudo.

Entre 1970 e 1975, foi construída uma eclusa no entroncamento dos rios Riacho e Gimuhuna. Com o interrupção do curso dos rios naquele ponto, a água que desce pelo Riacho sobe pelo Gimuhuna, invertendo o curso desse rio. Bombas instaladas ao lado da represa da Aracruz provocam a retroação do rio. Em vez de descer em direção à foz, ele agora sobe em direção às máquinas da fábrica. Na época, não havia exigência de Estudo de Impacto Ambiental (Eia-Rima). Somente no ano passado, o sistema de abastecimento de água foi inserido na licença de operação para a fabricação de celulose pela empresa.

Para a ampliação da produção, com a implantação da terceira fase da fábrica, foi necessário mobilizar uma quantidade ainda maior de água. Como os recursos hídricos já estavam escassos na região, em 1998, a empresa aproveitou uma transposição de águas do Rio Doce, de domínio federal. Com o aproveitamento de antigos canais de drenagem, as águas chegaram até os rios Comboios e Riacho, passando por áreas indígenas. Essa obra foi feita apenas com Declaração de Impacto Ambiental. As águas do rio Doce passam pelo rio Riacho e chegam até a fábrica com a ajuda da eclusa.

Financiamento
A Aracruz mantém boa relação com os políticos desde a sua criação, no final da década de 1960, ainda no regime militar. Nas três últimas eleições, fez doações de R$ 6,5 milhões a candidatos do Espírito Santo. O governador Paulo Hartung (PMDB) recebeu R$ 700 mil nas duas últimas eleições. A empresa fez contribuições para 11 dos 26 deputados estaduais eleitos e sete dos 10 integrantes da bancada federal, além dos senadores eleitos.

Nas últimas eleições municipais, a Aracruz investiu R$ 1,2 milhão em candidatos a prefeito e vereador. O dinheiro foi muito bem distribuído. Candidatos de 33 dos 58 municípios do estado foram contemplados. Os candidatos de Aracruz levaram R$ 160 mil. Os do Sul da Bahia não foram esquecidos. Eles receberam R$ 3,2 milhões nas últimas eleições. Nas municipais, candidatos de 15 cidades daquela região ganharam R$ 717 mil em contribuições de campanha da empresa.

César Musso, representante do Fórum das Entidades Ambientalistas no Conselho Estadual do Meio Ambiente, comenta o entrosamento entre a Aracruz e os políticos do estado: “Isso já é tudo uma coisa só. Não se pode mais chamar de governo. A atividade empresarial tem o controle absoluto do Executivo. Quem está no governo sabe que é melhor ficar bem com o setor produtivo. Se não ficar, não vai ter dinheiro para a campanha”.

Programa
Com o tempo, a Aracruz descobriu que também poderia ter aliados entre os ambientalistas. Durante 10 anos, o biólogo André Ruschi travou uma luta contra a disseminação da cultura do eucalipto no estado, com distribuição de mudas sem nenhum controle. Hoje, a empresa mantém 105 mil hectares de plantio no Espírito Santo e 98 mil na Bahia. O programa Produtor Florestal da empresa possui um total de 92,7 mil hectares contratados no Espírito Santo, Bahia, Rio e Minas, sendo que 86,9 mil hectares já foram plantados.

Coordenador da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), Ruschi entrou com ação civil pública contra a Aracruz, o governo do estado e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em 1989. “O estado não tinha uma política florestal. Estava à mercê das empresas que plantavam no estado”, lembra. Em 1997, houve um acordo entre todas as partes. Em 2000, o biólogo foi contratado pela Aracruz. “Ajudo a avaliar peças de campanha, faço palestras para escolas”, explicou. Questionado se recebe salário ou ganha por contratos, respondeu: “São convênios em cima de projetos. Não é uma venda comercial, é cooperação técnica. Temos objetivos comuns”. Ele afirma que a Acapema “não faz críticas porque a Aracruz é multinacional, capitalista. É sensata, ajuizada”.


domingo, 31 de agosto de 2008

Algemaram a justiça...

ALGEMARAM A JUSTIÇA


GERALDO EUSTAQUIO RIBEIRO


A justiça do Brasil está fazendo jus ao seu símbolo, uma balança e uma mulher. Uma balança enferrujada. Uma mulher de olhos vendados. Que a justiça é cega não resta a menor dúvida. Cega diante dos desmandos de políticos e empresários corruptos que roubam descaradamente o dinheiro dos impostos pago pelos assalariados que constroem esta nação com suor e sangue.
A balança só pende para o lado dos poderosos que manipulam a justiça e a lei conforme suas conveniências. Os digníssimos juizes acham que estão acima da lei e do bom senso. Proibiram o uso de algemas em bandidos ricos e poderosos. Algemaram e deram um xeque-mate na dignidade do povo, de um país que tinha tudo para ser de primeiro mundo, mas as tramóias e falmacutaias têm o aval de quem deveria defender o direito de todo um povo.
“Todos são iguais perante a lei”. Isto está escrito na Constituição que é usada somente para massacrar o pobre. Por que este mesmo pobre quando é pego roubando uma lata de margarina barata é humilhado e jogado dentro de uma cela com criminosos de alta periculosidade? Por que este mesmo pobre antes e depois de ser algemado tem que levar tapa na cara?
Que juizes são esses que enxergam em uma só direção? São míopes? Ou estão legislando em causa própria para quando precisarem ser investigados já ter suas mordomias garantidas? Recentemente a justiça gastou uma fortuna para trazer um marginal da Itália, ele estava preso e bem preso. Aqui, quanto tempo o Cacciolla vai ficar na cadeia? Tenho certeza de que em breve os cidadãos honestos deste país terão esfregado na sua cara uma manchete dizendo que um juiz concedeu uma liminar para soltá-lo.
Que justiça é esta? Quem é mais ladrão? O que assalta na rua ou o que nem se dá ao menos o luxo de sair de seu gabinete ou salas atapetadas para roubar? Quem é mais assassino? O traficante da favela ou esses sacanas que roubam o dinheiro da saúde, fazendo com que milhares de pessoas morram à míngua suplicando um atendimento que não vem?
Quem merece ser algemado? Com a palavra os juizes e todo cidadão de bem com coragem de dar sua opinião. Algemaram a justiça.
Fonte: Usina de Letras


Não esqueçamos dessas dicas no dia da eleição...

Votar bem
Representação política não é emprego para ninguém
João Batista de Oliveira Rocha - Advogado

Desta vez, não vou votar em amigo ou em indicação de amigo. Vou votar em candidato de meu bairro, que tenha compromisso com meu bairro, que seja filiado a uma associação de meu bairro e que se disponha a ser fiscalizado e a prestar contas a nós, eleitores.
Chega de votar irresponsavelmente, em qualquer um, só porque foi meu colega de escola, trabalhou comigo na repartição, é meu companheiro de clube, foi indicado por um amigo comum, é ou foi meu vizinho. E mais: não vou votar em candidato a vereador porque é radialista, ou apresentador de televisão, ou é padre ou pastor evangélico. Não votar em candidato apenas porque é atleticano, cruzeirense ou americano.
Não. Vou votar em quem tem ideais, em quem tem compromissos com a comunidade a que pertence e à qual deve servir. E mais, meu candidato deve ser comprovadamente honesto e ter “ficha limpa”. Não quero candidato que foi isso mais aquilo. Quero candidato que seja isso e aquilo, isto é, que seja capaz, que seja preparado para o cargo que deseja disputar, que seja honesto, que queira me representar com dignidade e competência.
Por que continuar a ser enganado? A maioria absoluta dos candidatos só tem compromissos consigo mesmo. Quer é “tirar o pé da lama”, quer é “encanar a perna”, como se dizia antigamente. Isto é, quer é “se arrumar”. Essa maioria encara o cargo de vereador como um cargo público qualquer, que lhe garante proventos no fim do mês, que lhe permite arranjar empregos para seus parentes ou apaniguados e nada mais. Pouco se importa, depois de eleito, com as promessas que fez e que levaram muitos a votar nele.
Não é possível mais continuarmos a ser enganados. Vamos reagir já, nesta eleição. Vereador tem a ver com a cidade, com o bairro onde você mora. Entre, portanto, em contato com sua associação de bairro. Conheça quem está realmente engajado na luta pela solução dos problemas de seu bairro: segurança, trânsito, obras viárias, obras sociais. Será sempre pessoa mais perto de você, a quem você ou sua associação poderão procurar para cobrar as promessas de campanha, exigir obras que melhorem sua qualidade de vida no bairro.
Não vote nos oportunistas. Não vote nos políticos profissionais que pensam que somente eles têm solução para os problemas comunitários. Não vote em quem é político por tradição, passando de pai para filho o direito de representar os cidadãos, quando, quase sempre, só representam seus próprios interesses ou da oligarquia de onde se originam.
Vamos dar um “basta” a este tipo de política. Para isso, a gente começa é de baixo, da eleição mais simples e mais próxima de nós, de nossos interesses, dos bairros em que moramos. Representação política não é emprego para ninguém. É múnus, é tarefa, é encargo, é compromisso com o trabalho para a comunidade. Este tem de ser nosso norte na escolha de nossos candidatos.
Ou comecemos agora ou vamos continuar a nos lamentar sempre e ter vergonha dos representantes que temos.
Fonte: jornal Estado de Minas - Caderno Opinião - 31/8/08

Escravo, nem Pensar!



Escravo, nem Pensar!
Gênero: vídeo institucional
Produção: Caio Cavechini e Ivan Paganotti
Formato: digital
Duração: 6´45
País: Brasil
2006

Sinopse
A experiência do projeto "Escravo, nem Pensar!", que tem como objetivo transformar professores e lideranças populares em atores do combate ao trabalho escravo na Amazônia e no Nordeste.

Prêmio
Melhor Vídeo Institucional do 3º Festival Guaçuano de Vídeo

Para saber mais sobre o projeto Escravo, nem Pensar!, clique aqui.

Portal Desacato e Revista Pobres & Nojentas promovem o 1º Encontro pela Soberania Comunicacional, Popular e Libertária

No marco do 1º Aniversário do Portal Desacato, o coletivo deste veículo de comunicação, em conjunto com a Revista Pobres & Nojentas, promovem um debate central para os meios de comunicação: A SOBERANIA COMUNICACIONAL, POPULAR E LIBERTÁRIA.
Ao cumprir-se um ano da existência do Portal, com colaboradores de mais de 20 países e com uma marcada linha de contracorrente, Desacato oferece, junto a Pobres & Nojentas, um debate pontual, livre e aberto sobre um tema determinante que atinge por igual jornalistas, meios alternativos, trabalhadores, estudantes, educadores, lutadores sociais e público em geral.
Com uma programação intensa, porém ágil, interativa, regada com vídeos, trabalhos especiais, cultura e momentos significantes para o cotidiano de todos/as, Desacato apresentará também outro debate de importância decisiva: A Decadência das Instituições de Dominação e a Criminalização dos Movimentos Sociais.
No Encontro se inaugurará o Prêmio Volodia Teitelboim de Jornalismo Independente e Literatura. Um dos pontos mais altos do Encontro será a Proclamação da Carta de Florianópolis pela Soberania Comunicacional.
Quando?
Dia 5 de setembro, sexta-feira, de 18 h às 21:45h
Dia 6 de setembro, sábado, de 9 às 17:30 h
Onde?
Plenarinho da Assembléia Legislativa de Santa Catarina – Florianópolis, SC
Telefones para imprensa e consultas:
51-48-3269-8158 e 51-48-96195895
Endereço eletrônico para informações: desacato.brasil@gmail.com

Confira a programaçção em: http://pobresenojentas.blogspot.com/2008/08/portal-desacato-e-revista-pobres.html

jornalista de esgoto é punido.....


JUSTIÇA CRIMINAL DE SP CONDENA MAINARDI

José Rubens Machado de Campos, advogado de Paulo Henrique Amorim, acaba de informar: “A 13ª. Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo deu provimento à apelação de Paulo Henrique Amorim para condenar Diogo Mainardi como incurso nas penas dos crimes de difamação e injúria como capitulados nos artigos 139 e 140 do Código Penal, em razão dos ataques e ofensas contidos em artigo intitulado ‘A Voz do PT’, da revista 'Veja', de 6 de setembro de 2006, acolhendo parecer do Ministério Público em segunda instância e a sustentação feita pela ilustre Procuradora Marilisa Germano Bortolin. O desembargador relator Miguel Marques e Silva acatou o apelo e foi acompanhado pelos demais desembargadores Sanjuan França e França Carvalho.”

A pena é de 3 meses e 15 dias de detenção e pagamento de 11 dias de multa, ou substituição da pena privativa de direitos por três salários mínimos, como incurso nos artigos 139 e 140 do Código Penal. Com isso, Diogo Mainardi perde a primariedade, o que significa que, se for condenado de novo, poderá ir preso. Cabe recurso ao STJ.

O Tribunal de Justiça de São Paulo, em segunda instância, em 6 de agosto de 2008, condenou Diogo Mainardi e a Editora Abril, editora da revista “Veja”, a pagar 500 salários mínimos a Paulo Henrique Amorim, por danos morais.

Leia no sitio de Paulo Amorim o parecer do Procurador de Justiça Carlos Eduardo de Athayde Buono, que foi referendado pela Procuradora Marilisa Germano Bortolin e acolhido pelos Desembargadores da 13ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo.

OS LIMITES DO CRESCIMENTO



Decréscimo ou desconstrução da economia

Em 1972, um estudo do Clube de Roma apontou, pela primeira vez, “Os limites do crescimento”. Quatro décadas depois, a destruição das florestas, a degradação ambiental e a poluição aumentaram de forma vertiginosa, gerando o aquecimento do planeta pelas emissões de gases causadores do efeito estufa. A solução para esse grave problema é mais crescimento? A análise é de Enrique Leff.

MÉXICO (Terramérica) - Os anos 60 convulsionaram a idéia do progresso. Depois da explosão populacional, soou o alarme ecológico. Foram questionados os pilares ideológicos da civilização ocidental: a supremacia e o direito do homem de explorar a natureza e o mito do crescimento econômico ilimitado. Pela primeira vez, desde que o Ocidente abriu a história da modernidade, guiada pelos ideais da liberdade e do iluminismo da razão, questionou-se o princípio do progresso impulsionado pela potência da ciência e da tecnologia, que logo se converteram nas mais servis e servíveis ferramentas do acúmulo de capital.

A bioeconomia e a economia ecológica propuseram a relação entre o processo econômico e a degradação da natureza, o imperativo de internalizar os custos ecológicos e a necessidade de agregar contrapesos distributivos aos mecanismos do mercado. Em 1972, um estudo do Clube de Roma apontou, pela primeira vez, “Os limites do crescimento”. Dali surgiram as propostas do “crescimento zero” de uma “economia de estado estacionária”.

Quatro décadas depois, a destruição das florestas, a degradação ambiental e a poluição aumentaram de forma vertiginosa, gerando o aquecimento do planeta pelas emissões de gases causadores do efeito estufa e pelas inelutáveis leis da termodinâmica, que desencadearam a morte entrópica do planeta. Os antídotos produzidos pelo pensamento crítico e a inventiva tecnológica resultaram ser pouco digeríveis pelo sistema econômico. O desenvolvimento sustentável se mostra pouco duradouro, porque não é ecologicamente sustentável!

Hoje, diante do fracasso dos esforços para deter o aquecimento global (o Protocolo de Kyoto havia estabelecido a necessidade de reduzir gases causadores do efeito estufa ao nível de 1990), surge novamente a consciência dos limites do crescimento e a chamada ao decrescimento. Embora Lewis Mumford, Ivan Illich e Ernst Schumacher voltem a ser evocados por sua crítica à tecnologia e seu elogio “do pequeno”, o decrescimento se apresenta diante do fracasso do propósito de desmaterializar a produção, o projeto impulsionado pelo Instituto Wuppertal que pretendia reduzir em quatro, e até dez vezes, os insumos da natureza por unidade de produto.

Ressurge, assim, o fato indiscutível de que o processo econômico globalizado é insustentável. A ecoeficiência não resolve o problema de um mundo de recursos finitos em perpétuo crescimento, porque a degradação entrópica é irreversível. A aposta pelo decrescimento não é apenas uma moral crítica e reativa, uma resistência a um poder opressivo, destrutivo, desigual e injusto; não é uma manifestação de crenças, gostos e estilos alternativos de vida; não é um simples decrescimento, mas uma tomada de consciência sobre um processo que se instaurou no coração do mundo moderno, que atenta contra a vida do planeta e a qualidade da vida humana.

O chamado para decrescer não deve ser um simples recurso retórico para dar vôo à critica do modelo econômico imperante. Deter o crescimento dos países mais opulentos, mas continuar estimulando o dos mais pobres ou menos “desenvolvidos” é uma saída falsa. Os gigantes da Ásia despertaram para a modernidade; apenas China e Índia estão alcançando e ultrapassando as emissões de gases causadores do efeito estufa produzidas pelos Estados Unidos. A eles se somariam os efeitos conjugados dos países de menor grau de desenvolvimento levados pela racionalidade econômica hegemônica.

Decrescer não implica apenas em desacelerar ou se desvincular da economia. Não equivale a desmaterializar a produção, porque isso não evitaria que a economia em crescimento continuasse consumindo e transformando natureza até ultrapassar os limites de sustentabilidade. A abstinência e a frugalidade de alguns consumidores responsáveis não desativam a mania de crescimento instaurada na raiz e na alma da racionalidade econômica, que contém um impulso ao acúmulo do capital, às economias de escala, à aglomeração urbana, à globalização do mercado e à concentração da riqueza.

Saltar do trem andando não conduz diretamente a desandar o caminho. Para decrescer não basta baixar da roda da fortuna da economia. As excrescência do crescimento, o pus que brota da pele gangrenada da Terra, ao ser drenada a seiva da vida pela esclerose do conhecimento e a reclusão do pensamento, não se retroalimenta no corpo enfermo do planeta. Não se trata de reabsorver seus dejetos, mas de extirpar o tumor maligno. A cirrose que corrói a economia não será curada com a injeção de mais álcool na máquina de combustão dos carros, das indústrias e dos lares. Além da rejeição à mercantilização da natureza, é preciso desconstruir a economia realmente existente e construir outra economia, baseada em uma racionalidade ambiental.

* O autor é ambientalista, escritor e ex-coordenador da Rede de Formação Ambiental para a América Latina e o Caribe do Pnuma.

Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.



(Envolverde/Terramérica)