segunda-feira, 22 de junho de 2009

A ALBA continua crescendo...


Aumentam as adesões de países da America na ALBA( alternativa bolivariana para os povos da nossa américa), agora foi a vez de São Vicente & Granadinas, o Equador e Antígua e Barbados, já somando nove países...leia mais aqui

Enquanto isso no Irã...

Persiste a tensão em Teerão
incentivada pelo Ocidente


Nos últimos dias não houve manifestações nas ruas de Teerão. A que tinha sido anunciada foi desconvocada após o discurso pronunciado pelo Ayatollah Ali Khamenei na Universidade.

Em diferentes bairros da capital foram, porém, registados actos de violência provocados por grupos bem organizados. Uma mesquita foi incendiada, lojas e carros destruídos e uma esquadra atacada a tiro.

O correspondente da BBC foi expulso, acusado de difusão intencional de notícias falsas e o presidente Ahmadinejah pediu aos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido que se abstenham de intervir nos assuntos internos do Irão responsabilizando-os por declarações e atitudes que visam a desestabilizar o país.

É óbvio que a sociedade iraniana está dividida. A contestação dos resultados eleitorais por Mir Hussein Mousavi e os outros candidatos derrotados não teria atingido a amplitude que assumiu em Teerão se um amplo segmento da população não fosse receptivo aos apelos ao protesto. A situação da mulher, no contexto da Revolução Islâmica, contribui, aliás para a má imagem do regime no exterior.

A dimensão do descontentamento popular, de difícil avaliação, foi entretanto apresentada no Ocidente, no âmbito de uma intensa campanha de manipulação e desinformação mediática, como prova de uma gigantesca fraude eleitoral que teria privado da vitória Mir Mousaid. Os números citados pela oposição e largamente difundidos pelos grandes medias dos EUA e da Europa, são, porém, fantasistas e não resistem a uma análise serena dos acontecimentos.

É significativo que um jornal como The Washington Post e a revista Time tenham reconhecido que mais milhão menos milhão, Ahmadinejah venceu a eleição por larga margem, pelo que o sentido dos resultados não foi afectado por fraudes. Mousaid perdeu inclusive nas províncias onde a sua etnia, a azeri (turca), é maioritária.

Um jornalista como o britânico Robert Fisk, que não esconde a sua aversão por Ahmadinejah, sublinha nas suas reportagens que os enviados ocidentais, com raríssimas excepções, desconhecem a história e a geografia de um país multinacional, sete vezes maior do que a Grã-Bretanha. Mas falam com arrogância do que sente e pretende um povo que desconhecem, e escrevem e prevêem o futuro sem sequer, segundo ele relata, terem saído dos hotéis de luxo da zona Norte de Teerão onde vive a grande burguesia iraniana que exige a repetição das eleições.

Merece, aliás, referência que nas três grandes cidades do Interior – Isphaan, Shiraz e Mashad –, todas com mais de dois milhões de habitantes, não há notícia nem de desfiles nem de protestos populares expressivos.

O Governo iraniano diz ter provas de iniciativas destabilizadoras desenvolvidas por organizações estrangeiras – nomeadamente a CIA – envolvidas em acções terroristas nas fronteiras e na capital. Jornais web estadunidenses têm a mesma opinião.

O Ayatollah Khamenei nas suas criticas à ingerência estrangeira, afirmou que a esperança dos EUA de promover no Irão uma «revolução de veludo», ou «laranja», etc., como as que tiveram êxito na ex-Checoslováquia, na Ucrânia e na Geórgia, é reveladora de um profundo desconhecimento da história milenar do Irão. As circunstâncias e a realidade social são outras.

Tudo indica que a tensão social se vai manter em Teerão, tal como as provocações que se poderão estender às fronteiras com o Iraque e o Afeganistão. Para o imperialismo, a recusa do país a submeter-se às suas exigências, nomeadamente no que se refere ao desenvolvimento da energia nuclear, justifica por si só, independentemente destas eleições, uma politica de hostilidade e cerco.

A ameaça de Mousavi de apelar a uma greve geral é esclarecedora, pelo seu carácter provocatório, da imprevisibilidade da evolução da conjuntura.

A situação existente é tão preocupante, com forças empenhadas em agravá-la através de incidentes potencialmente explosivos, que não se pode sequer excluir a possibilidade de uma provocação ou agressão militar contra o Irão, há muito exigida pelo Estado sionista de Israel. Enquanto o Presidente do BCE e alguns analistas se revelam apreensivos relativamente às implicações da tensão no Irão e sobre o Irão no agravamento da profunda crise financeira e económica mundial.


OS EDITORES DE ODIARIO.INFO

Amigos do MST...

Os Camaradas: campanha de solidariedade ao MST

Alguns dos trabalhos vendidos

Clique aqui para ver as obras

Ao longo destes 25 anos de existência, o MST sempre contou com a solidariedade de milhares de homens e mulheres que acreditam na luta pela Reforma Agrária e pela transformação social.

Há alguns anos, o artista plástico Gershon Knispel se propôs a fazer uma coleção de gravuras, mesclando a saga da luta dos povos, desenhos de Oscar Niemeyer e a luta pela Reforma Agrária. Simbolicamente, em nosso aniversário, nos presenteou com uma série de 20 gravuras como parte de sua contribuição ao MST.

Gershon Knispel, radicado no Brasil, nasceu em Koln, na Alemanha, em 1932. Aos três anos de idade foi com os pais para a Palestina, fugindo do nazismo. É artista plástico, comunista e militante da luta contra a ocupação da Palestina pelo exército de Israel. Já expôs suas obras em importantes museus da Rússia, Alemanha, Israel, Brasil e outros países. Recebeu prêmios na Alemanha e em Cuba. Gershon Knispel também é articulista da revista Caros Amigos.

A partir deste gesto tão grandioso, estamos desenvolvendo uma Campanha de Solidariedade ao MST, que tem como objetivo angariar fundos para nossa organização, com a venda de uma coleção com 10 reproduções dessas gravuras.

Contamos mais uma vez com o apoio e solidariedade de todos os amigos, amigas do MST e admiradores de belas obras de arte, em mais esta campanha que certamente nos ajudará a seguir realizando nossas atividades em várias frentes, especialmente nos campos da educação, formação e cultura.

Para saber como adquirir a coleção, entre em contato conosco por meio do endereço eletrônico oscamaradas@mst.org.br, ou pelo telefone (11) 2131-0880

domingo, 21 de junho de 2009

Do sitio do greenpeace....

logo
INDÚSTRIA DA PECUÁRIA NA AMAZÔNIA É O MAIOR VETOR DO DESMATAMENTO DO MUNDO


Uma investigação de 3 anos do Greenpeace revela como a parceria perversa entre a indústria do gado e o governo brasileiro estão resultando em mais desmatamento, trabalho escravo e invasão de terras indígenas.

Grandes marcas reconhecidas mundialmente, como Nike, Adidas, Timberland, Unilever e Carrefour parecem acreditar que seus produtos excluem matéria-prima da Amazônia. A investigação do Greenpeace expõe pela primeira vez como o consumo leviano de matéria-prima está alimentando o desmatamento e, consequentemente, o aquecimento global.


Clique aqui para ver os locais da investigação feita pelo Greenpeace. Para visualizar as fazendas, as imagens aéreas das regiões destruídas pela pecuária e fazer o tour interativo é preciso ter instalado o Google Earth. Se você não possui, faça o download aqui.

Veja no Google Maps:


Inicia na próxima quarta feira em Porto Alegre o Fórum de Software Livre....

Com Licença, sim?

A disputa entre aqueles que defendem o uso dos softwares livres e dos que utilizam o softwares proprietários não envolve apenas questões tecnológicas. A escolha do usuário tem efeitos na política, na economia e no desenvolvimento sustentável de um país como o Brasil

Cíntia Guedes, Matheus Araújo


Navegar é preciso, pagar não é preciso

É quase sempre proibido copiar, distribuir, reproduzir ou modificar a maioria dos produtos que tem como matéria-prima a informação, a tecnologia ou o conhecimento. Acostumamos com o tal dos ‘direitos reservados’, e é assim com a imensa maioria dos livros, CDs, softwares etc. Até pouco tempo, só com muito dinheiro era possível acompanhar o ritmo das inovações. Agora, proliferam-se no mundo inteiro movimentos que defendem a bandeira do sistema colaborativo de produção de conhecimento criando soluções palpáveis, inteligentes e rentáveis de produção, entre outras coisas, de Softwares Livres. Alternativas, aparentemente, mais acessíveis e bem mais justas [1].

A principal característica de um software livre é a abertura do código fonte. O usuário pode estudar como o software funciona e adaptá-lo às suas necessidades, alterando-o num sistema de soma e não de sobreposição, uma vez que um problema é solucionado ou uma nova adaptação é feita ela é divulgada e pode ser usada por todos, sem pagar nada. O software proprietário trabalha de maneira oposta: não permite que o usuário tenha acesso ao código fonte e cobra preços de softwares novos por pequenas inovações. Ou seja, enquanto o Software Proprietário é padronizado, o Software Livre permite adequações aos mais diferentes usos.

O exemplo maior desta disputa parece ser entre o Software Proprietário Windows e o Software Livre Linux, ambos, sistemas operacionais para computadores. Há diferenças bem marcadas entre os dois. A atualização do Linux é muito mais rápida, uma vez que não há necessidade de uma nova versão: os erros podem ser corrigidos por usuários em qualquer lugar do mundo. Já o Windows demora mais tempo para ser atualizado, pois o acesso às novas versões depende da Microsoft e do lançamento do produto no mercado. O Vista, a mais recente atualização do Windows, foi lançado em 2007, cinco anos depois de seu antecessor, a versão XP. Isso acontece porque o Windows utiliza a licença de reserva de direitos autorais enquanto o Linux utiliza outra licença - a GPL (General Public License ou Licença Pública Geral). [2].

Ao navegar pelo Software Proprietário que conferiu a Bill Gates o status de homem mais rico do mundo durante anos, encontramos uma interface altamente amigável, com ferramentas simples e práticas.- Além disso, o uso massivo do Windows faz com que ele seja, na maioria das vezes, muito mais familiar. Já o Linux, à primeira vista, parece coisa de outro planeta. O usuário comum, acostumado com a interface do Windows e sem conhecimentos aprofundados de informática, demora a habituar-se ao Linux. Segundo o estudante de jornalismo Breno Fernandes, que usa tanto o Windows quato o Linux, a maior dificuldade para um iniciante em Software Livre é dar-se conta de que não entende tanto de computadores como pensava. O exemplo é bastante ilustrativo: “imaginemos que a pessoa só usou o Internet Explorer toda a vida; e aí quando chega no Linux vai logo buscar o ezinho azul e o nome internet. Nesse momento, falta, ou tarda a vir, a informação de que Internet Explorer não é a Internet, mas um browser ou navegador, uma ferramenta, um software que te permite acessar a internet. ”. Ainda a superação do estranhamento inicial depende, em parte, da predisposição do usuário em conhecer um novo sistema.

Pensando justamente nesse tipo de consumidor, foi desenvolvido o Ubuntu - Linux for human beings (Linux para seres humanos) http://www.ubuntu-br.org/, um sistema operacional baseado no Linux e que promete ser muito mais fácil de usar.

O que chama atenção nesta disputa é que ela abrange não somente questões tecnológicas; toca também a política, a economia e a esfera do desenvolvimento social. “Construir e utilizar o software livre é uma maneira de trabalhar com a perspectiva de que o processo educacional tem que formar um cidadão para que ele seja autor, produtor de conhecimento e de culturas e não só um consumidor de informações”, afirma Nelson Pretto, professor da Faculdade de Educação da UFBA, fundador do Projeto Software Livre Bahia (PLS-Ba) e do projeto Tabuleiro Digital, que disponibiliza para a comunidade, na Faculdade de Educação, computadores em tabuleiros que se assemelham aos das baianas de acarajé. Os tabuleiros funcionam para navegação na internet por um curto intervalo de tempo – tempo de comer um acarajé – e todas as máquinas utilizam softwares livres.

Liberdade em verde e amarelo

"O software livre tem um significado fundamental para um país como o Brasil, porque tem como princípio a ideia de autonomia", afirma Pretto. Ao que parece, os empresários brasileiros já se deram conta dessa vantagem: segundo pesquisa publicada no blog Cultura Digital (http://www.cultura.gov.br/blogs/cultura_digital), do Ministério da Cultura, já em 2007, 53% das empresas no país utilizam Softwares Livres e esse número sobe para 73% quando contadas apenas as empresas de grande porte (aquelas com mais de mil funcionários).

O discurso governamental veiculado tanto em jornais de grande circulação no país quanto nos aparatos de comunicação do Estado (blogs do governo, por exemplo ) afirma que o Brasil tem ferramentas para despontar no desenvolvimento de SL, principalmente para o mercado de exportação. Nesse setor, a região nordeste tem chances de abocanhar grande fatia da produção, uma vez que no eixo sul-sudeste existem indústrias para exportação de software proprietário que absorvem muito mais mão de obra e, possivelmente, deixam o mercado menos suscetível às investidas do SL.

Atualmente Pernambuco desponta na produção de SL; Salvador, embora ainda não possua filiais de grandes empresas de produção de SL, é referência no desenvolvimento. Foi em terras soteropolitanas que surgiu, por exemplo, o primeiro Twiki do Brasil. SL que permite a interação de grupos usando um mesmo navegador, um Twiki é uma plataforma de criação colaborativa de conteúdo, a exemplo da Wikipédia. E o que tornou Salvador pioneira foi a criação do Twiki do Instituto de Matemática da UFBA, que permite uma melhor comunicação entre alunos e professores, pois todos são cadastrados e podem consultar informações sobre as disciplinas do curso, ler e baixar arquivos.

Parecendo andar na contramão, o governador da Bahia, Jacques Wagner, assinou no primeiro semestre de 2008 um protocolo de intenções com a Microsoft, em que acertavam a parceria do governo do estado com a empresa para o desenvolvimento de ações de inclusão digital. Entre as ações, está prevista a doação de computadores para escolas públicas, obviamente com o Windows já instalado.

A bandeira do SL foi levantada pelo Governo Lula desde a campanha presidencial de 1998, e quem não se lembra do ex- ministro Gilberto Gil, logo depois de assumir o Ministério da Cultura em 2003, usando um pingüim na lapela? Era o Tux, um pingüim farto após ter comido vários peixes, mascote escolhido por Linus Torvalds pra representar o Linux. O uso do SL nas instituições federais foi incentivado principalmente pelo MinC e pelo Ministério da Educação, contudo, a decisão da adoção do SL fica a cargo do gestor de cada instituição. Ainda não há nenhuma lei que regulamente a questão.

Bahia.br

"E o Linux começa a incomodar", é o que pontua Daniel Cason, estudante do curso de Ciências da Computação da UFBA e membro do Graco (Gestores da Rede Acadêmica de Computação) que gerencia parte da rede de computadores da sua faculdade desde 2005. O grupo de gestores funciona como uma oficina de redes prática, ou seja, o aluno trabalha efetivamente com o desenvolvimento e a manutenção de uma rede - o que para Cason deveria ser uma disciplina da grade curricular de qualquer curso de computação.

De acordo com Cason, a opção do Graco pelo uso de soluções livres é fundamental não só para o seu aprendizado acadêmico ou pelo fato de não serem cobradas licenças pelos softwares, mas também para uma eficiente manutenção da rede. A cada nova necessidade ou ideia que é apresentada e a cada falha encontrada os alunos têm a possibilidade de intervir nos softwares e de adequá-los às suas intenções. Afinal, eles próprios, através de um processo de criação conjunta, podem solucionar os problemas que encontram.

Vale ressaltar que o uso de um software livre não significa um uso necessariamente não comercial. No mercado de Salvador algumas empresas já apostam no uso do SL, seja buscando benefícios financeiros ou por ideologia, elas podem encontrar suporte em cooperativas que trabalham exclusivamente com tecnologias livres, e que oferecem desde serviços relacionados ao desenvolvimento de softwares até a migração de Software Proprietário para Software Livre. Este é o caso da Colivre www.colivre.coop.br , cooperativa soteropolitana, que oferece seus serviços desde a pessoas físicas, políticos, órgãos governamentais, ONG’s até mesmo a empresas privadas.

A cooperante Joselice de Abreu chama a atenção para a relação entre SL e Economia Solidária: "a gente desenvolve o software aqui e, se a população consome o nosso software, isso vai desenvolver a economia local". Para ela, a questão é simples. Trata-se do consumo consciente, já que o capital que é investido localmente, num bairro, cidade ou estado tem um retorno muito mais rápido. “Quando usamos o suporte de uma empresa a qual podemos contatar por telefone ou ‘bater na porta’ é diferente de usar os serviços de uma multinacional, cujo suporte está em outro país”, exemplifica Abreu .

O caso parece simples: as tecnologias desenvolvidas próximas à comunidade possibilitam o retorno mais rápido do capital investido para a própria comunidade. Em Salvador, o movimento Software Livre cresce quase que escondido, em meio ao frenesi pelos pseudo-super-novos Softwares Proprietários que economizam seu tempo, ou seja, pela sempre nova (e cara!) solução dos seus problemas. A grande sacada é sempre a da multinacional, que pensa de maneira organizada e inteligente na inserção dos seus produtos no mercado. Ainda assim, mesmo para aqueles não muito dispostos com a causa do Software Livre, ele pode ser uma opção econômica e tanto ou mais eficiente do que o Software Proprietário. Mas quem sabe valha a pena inverter a lógica e refletir sobre o caso, ou como disse o professor Nelson Pretto: "Farinha pouca, um pouquinho de farinha pra todo mundo".



[1] Esta reportagem foi publicada originalmente na revista Fraude: ano p5 - n.06 - Salvador/Bahia. Essa publicação é realizada pelos bolsistas do Programa Educação Tutorial da Faculdade de Comunicação da UFBA

[2] Em termos gerais, a GLP se baseia em quatro liberdades:
Liberdade n.o 0: A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito;
Liberdade n.o 1: A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as suas necessidades. O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade;
Liberdade n.o 2: A liberdade de resdistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo;
Liberdade n.o 3: A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie deles. O acesso ao código-fonte também é um pré-requisito para esta liberdade
Fonte: Wikipédia

LED ZEPPELIN: THE SONG REMAINS THE SAME - 1976



Tamanho : 434 MB
Duração: 2:12:17
Formato: RMVB
Servidor: Rapidshare (Dividido em 5 partes)

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Este filme de grande impacto retrata o lendário concerto do grupo no Madison Square Garden (Nova York) em 1973, e mistura às cenas de música ao vivo registros dos membros do grupo tanto em suas casas como em cenários fantásticos.
http://farra.clickforuns.net
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Set List

1. Rock and Roll
2. Black Dog
3. Since I've Been Loving You
4. No Quarter
5. The Song Remains the Same
6. The Rain Song
7. Dazed and Confused
8. Stairway to Heaven
9. Moby Dick
10. Heartbreaker (Takes)
11. Whole Lotta Love


Screenshots


Clique nas imagens para ver em tamanho real


Para descompactar os arquivos postados por mim, USE O 7-ZIP
http://baixaki.ig.com.br/download/7-Zip.htm

Créditos: F.A.R.R.A.- escarlath

sexta-feira, 19 de junho de 2009

enquanto isso no Afeganistão...

A nova Elite de Cabul
Afeganistão - ódio ao invasor





A guerra de ocupação do Afeganistão, tal como aconteceu e acontece no Iraque é um negócio chorudo, não só mantém elevada taxa de lucro da indústria de guerra como constitui, neste tempos de crise, uma “oportunidade” de elevados lucros para empresas contratadas e de elevados salários para os mercenários civis e militares.
Patrick Cockburn* - www.odiario.info

As agências de ajuda ocidentais estão, generosamente, a gastar elevadas quantidades de dinheiro com os seus altos cargos no Afeganistão, ao mesmo tempo que a extrema pobreza está a levar jovens afegãos a lutar juntamente com os talibans. O preço normal pago pelos talibans por um ataque a um posto de controlo da polícia naquele país é 4 dólares, mas os assessores estrangeiros em Cabul, pagos com os orçamentos de ajuda estrangeiros, podem dispor de salários anuais entre 250.000 e 500.000 dólares.

Os elevados custos para pagar, proteger e alojar num estilo de vida faustoso os altos funcionários das agências ocidentais ajudam a compreender por que razão o Afeganistão ocupa um lugar entre 174º e 178º na classificação da riqueza dos países elaborada pelas Nações Unidas. Isto, apesar do esforço de ajuda internacional em que só os Estados Unidos gastaram 31.000 milhões de dólares desde 2002 até ao final deste ano.

Durante muito tempo o elevado montante de dinheiro gasto na ajuda ao Afeganistão foi um segredo sussurrado. Em 2006, o então director no país do Banco Mundial, Jean Mazurelle, calculou que entre 35% e 40% da ajuda tinha sido «mal gasta». «O esbanjamento da ajuda é elevadíssimo», disse. «Está a dar-se um autêntico saque, fundamentalmente por parte das empresas privadas. É um escândalo».

Do ponto de vista político, a reputação que o esforço da ajuda estadunidense no Afeganistão tem de disfuncional é crucial porque, com o apoio de Gordon Brown, Barack Obama prometeu enviar para o Afeganistão uma vaga de peritos não militares para fortalecer o governo e fazer com que os acontecimentos se voltassem contra os talibans. O número destes técnicos poderá chegar aos 600, incluindo agrónomos, economistas, juristas, ainda que Washington tivesse admitido há semanas que estava a ter dificuldades no recrutamento das pessoas suficientes e com o perfil adequado.

Ocuparam-se zonas inteiras de Cabul ou foram reconstruídos para alojar os trabalhadores ocidentais da agência de ajuda ou das embaixadas. «Acabo de alugar este edifício por 30.000 dólares mensais a uma organização de ajuda», afirmou Torialai Bahadery, director de Property Consulting Afganistán, especializado em alugueres a estrangeiros. «Foi tão caro porque tem 24 quartos com casa-de-banho, portas blindadas e janelas à prova de bala» explicou, ao mesmo tempo que mostrava uma foto de uma enorme e horrorosa mansão.

Ainda que 77% dos afegãos não tenha acesso a água limpa, o sr. Bahadery afirmou que as agências de ajuda e as empresas estrangeiras contratadas que trabalham para elas tinham insistido em que cada quarto devia ter casa-de-banho privada, o que faz duplicar o preço do alojamento.

Além deste caro alojamento, os trabalhadores estrangeiros em Cabul estão invariavelmente protegidos por companhias de segurança, caras, e cada casa converte-se numa fortaleza. Os estrangeiros têm uma liberdade de movimentos muito limitada. «Nem sequer posso ir ao melhor hotel de Cabul» queixou-se uma mulher que trabalha numa organização de ajuda governamental estrangeira. Acrescentou que para viajar até uma zona que os afegãos considerem completamente livre de talibans teve de ir de helicóptero e depois num veículo blindado até onde ela queria ir.

Em Cabul houve muitos ataques a estrangeiros e os atentados suicida tem sido, sob o ponto de vista dos talibans, tão eficazes que obrigaram os trabalhadores estrangeiros a irem para complexos luxuosos, mas onde estão tão confinados como numa prisão. Isto significa que a maioria dos estrangeiros enviados para o Afeganistão para ajudar a reconstruir o país e a máquina estatal têm um contacto escasso com os afegãos, aparte os seus choferes e os afegãos com quem trabalham directamente.

«Evitar riscos tem inutilizado o esforço de ajuda internacional» disse um técnico em Cabul. «Se o governo está verdadeiramente preocupado com o risco, então não deveria mandar as pessoas para aqui e fazê-la trabalhar em condições tão limitadas».

No Iraque, a efectividade dos assessores e técnicos estrangeiros é ainda mais limitada, devido ao pouco tempo que permanecem no país. «Muitas pessoas vão-se embora ao fim de nove meses», disse um trabalhador estrangeiro que pediu anonimato. «Além disso, alguns trabalhadores têm duas semanas livres por cada seis de permanência no país, para lá das suas férias habituais».

A alguns quadros que trabalham para organizações não governamentais no Afeganistão preocupa-os a quantidade de dinheiro que os altos cargos dos governos estrangeiros e das suas agências de ajuda gastam com o pessoal, em comparação com a pobreza do governo afegão.

«Estive na província de Badakhshan no norte do Afeganistão, que tem uma população de 830.000 habitantes, a maioria dos quais dependentes da agricultura», afirmou Matt Waldman, director de política e serviços legais de Oxfam em Cabul. «Todo o orçamento do departamento local de agricultura, irrigação e pecuária, que é extremamente importante para os agricultores de Badakhshan, é de apenas 40.000 dólares. Isto é o que cobraria, em poucos meses um consultor estrangeiro em Cabul».

Matt Walkman, autor de vários e muito detalhados artigos sobre o fracasso da ajuda no Afeganistão, diz que nas mais altas esferas se investe um elevado montante de dinheiro, mas que ele é desviado antes de chegar aos afegãos comuns, os que estão ao mais baixo nível. Está de acordo que os problemas que há que enfrentar são horríveis, num país que sempre foi pobre, e que foi arruinado por 30 anos de guerra. Aproximadamente 42% dos 25 milhões de afegãos vivem com menos de um dólar por dia, e a esperança de vida é de apenas 45 anos. O índice total de alfabetização é de 34%, e no caso das mulheres é 18%.

Mas a maior parte do dinheiro da ajuda vai para as companhias estrangeiras que subcontratam até cinco vezes e cada contratado, por sua vez, ganha entre 10% e 20%, antes de fazer qualquer trabalho para o projecto. O maior doador do Afeganistão é os EUA, cujo departamento de ajuda ao estrangeiro, USAID, entrega a cinco grandes contratadores estadunidenses quase metade do seu orçamento de ajuda ao Afeganistão.

Os exemplos referidos num relatório de Oxfam incluem a construção de uma estrada pequena, entre o centro de Cabul e o aeroporto internacional, em 2005, que, depois da subcontratação a uma companhia afegã, custou 2,4 milhões de dólares o quilómetro ou, o que é o mesmo, quatro vezes o custo médio de construção de uma estrada no Afegnistão. Também é frequente a ajuda ser gasta no país doador.

Outra consequência do uso de contratadores estrangeiros é não ter havido qualquer impacto no desemprego entre os jovens afegãos, o que é fundamental para derrotar os talibans. De acordo com um relatóriodo Instiituto para Informar sobre a Guerra e a Paz, nas províncias do sul, como Farah, Helmans, Uruzgan e Zabul, mais de 70% dos combatentes talibans são jovens sem trabalho e sem motivação ideológica a quem se entrega uma arma e se lhes paga uma miséria antes de cada ataque. Ao recorrer a estes combatentes a tempo parcial como carne para canhão, os talibans podem ter poucas baixas entre os seus veteranos combatentes, ao mesmo tempo que infligem perdas entre as forças governamentais.

Descuidaram-se algumas formas simples e óbvias de gastar dinheiro em benefício dos afegãos. Will Beharrell da organização caritativa Turquoise Mountain, que fomenta o artesanato tradicional afegã e a reconstrução da cidade velha, afirma que as melhorias simples e tangíveis são importantes. «Participámos na limpeza do lixo porque é simples e proporciona emprego. Nalguns lugares, com a limpeza fizemos com que o nível das ruas baixasse dois metros, afirmou.

Um facto surpreendente em Cabul é que, enquanto as ruas principais estão pavimentadas, as ruas laterais não passam de terra batida com montes e buracos e enormes poças de água suja. Construíram-se novas estradas entre as cidades, como Cabul e e Kandahar, mas são muito perigosas de percorrer, devido aos pontos de controlo móveis dos talibans onde quem quer que tenha a ver com o governo é imediatamente abatido.

O programa de ajuda internacional é particularmente importante no Afeganistão, pois o governo tem poucas fontes de receitas para além dessa. As doações dos governos estrangeiros representam 90% da despesa pública. A ajuda é muito mais importante que no Iraque, onde o governo tem receitas provenientes do petróleo. Um salário mensal de um polícia no Afeganistão é de apenas 70 dólares, que não é suficiente para viver sem subornos.

Desde a queda dos talibans que o governo afegão tem procurado dirigir um país em que a infra-estrutura física foi destruída. Cabul recebe a electricidade do Uzbequistão, mas 55% não tem qualquer electricidade e apenas 20% a tem durante todo o sai. O exército estadunidense pode distribuir o dinheiro mais rapidamente, mas isto pode não acabar com o apoio político aos talibans na medida esperada.

Os próprios afegãos estão entusiasmados com os planos do presidente Obama de um maior comprometimento civil e militar dos Estados Unidos no Iraque. E o fracasso da ajuda estrangeira no momento de proporcionar uma vida melhor aos afegãos também contribui para explicar a queda a pique do apoio ao governo de Cabul e aos seus aliados estrangeiros. Matt Waldman, da Oxfam, acredita que uma ajuda melhor organizada poderia proporcionar os benefícios que os afegãos esperavam obter quando se derrotou os talibans, em 2001, mas adverte: «Está a começar a ser demasiado tarde para fazer bem as coisas».

Vejamos os números: gastos ocidentais no Afeganistão:
• 57 dólares de ajuda estrangeira per capita ao Afeganistão, face aos 580 per capita depois do conflito bósnio.
• 250.000 dólares é o salário médio dos consultores estrangeiros no Afeganistão, incluindo cerca de 35% de subsídio por trabalho em condições difíceis e 35% de subsídio de perigosidade. Os funcionários afegãos têm um salário de cerca de 1.000 dólares anuais.
• 22.000 milhões de dólares é o deficit das doações em relação ao que a comunidade internacional calcula que o Afeganistão necessita, aproximadamente 48%.
• Cerca de 40% é a percentagem do orçamento de ajuda internacional que regressa aos países de procedência, soba a forma de lucros das empresas e salários dos consultores, mais de 6.000 milhões de dólares desde 2001.
• 7 milhões de dólares diários de ajuda são gastos no Afeganistão. A despesa militar diária do governo estadunidense é de aproximadamente 100 milhões de dólares.


* Jornalista irlandês, presentemente correspondente do The Independent no Médio Oriente


Este texto foi originalmente publicado em www.counterpunch.org/patrick05012009.html


Tradução de José Paulo Gascão

Esta no Correio da Cidadania...

Apoteose da pequena política




Escrito por Léo Lince

O presidente Lula, tudo indica, fez escola. Com a imagem do Senado Federal em petição de miséria, chegou a vez do seu presidente, José Sarney, declamar em discurso solene o velho refrão: "não sabia de nada". O que lhe imputam, ele não nega, aconteceu de fato. Mas nada fora dos conformes, da prática habitual entre os seus pares; ou, quando ilegal, executado à sua inteira revelia. Impoluto, ele que preside a Casa pela terceira vez e nomeou o indigitado Agaciel, se julga injustiçado. Prometeu investigar tudo, "doa a quem doer", e declarou sem corar: "eu não sei o que é ato secreto".

Uma frase chave foi destacada pelos jornais no pronunciamento em pauta: "a crise não é minha, é do Senado". Na sequência, sem deixar claro se dava ao plural o uso majestático, enfatizou: "nós não temos nada a ver com isso". Inútil buscar nelas mesmas o sentido de tais frases. Que diabo disso é aquilo só saberemos no desdobrar dos acontecimentos. Pode ser um mero freio de arrumação, um aviso aos navegantes, um cala-boca geral. Pode ser também uma volta a mais na espiral da crise que, para muito além do Senado, envolve o conjunto das instituições e valores republicanos. Ou até mesmo uma nova teoria sobre a impessoalidade da corrupção sistêmica, aquela que por si move e sobre a qual ninguém é responsável.

Neste momento, as luzes da ribalta estão focadas em Sarney, uma figura cada vez mais emblemática. Depois da morte de ACM, ele se tornou a mais luzida expressão do peso das oligarquias regionais na política brasileira. Quando jovem, na chamada "banda de música" da UDN, ostentava fumos progressistas: desbancou o oligarca de sua região para ocupar, com os mesmos métodos, o seu posto. Na ditadura, foi prócer da ARENA e "evoluiu" de opinião quando a transição para a democracia se afigurava inevitável. Na época, por conta de tal deslocamento, ele foi definido por Fernando Lira, então um autêntico do MDB, como sendo a expressão mais lídima da "vanguarda do atraso". Embora não pareça, era um elogio. Por golpes do acaso, a morte de Tancredo, se fez o primeiro presidente da chamada "Nova República". Sempre bem composto com os governos que lhe sucederam, ostenta no momento atual a condição de conselheiro e lulista de carteirinha.

Apesar de imortal, por ser titular da Academia Brasileira de Letras, como pessoa política Sarney deve ao governo Lula a longevidade de sua condição de oligarca regional. Aliás, dos males provocados contra o Brasil pelo lulismo, a revitalização das oligarquias regionais está entre os mais danosos. Prometia alvoradas – outro modelo econômico, ética na política, nova gramática do poder - e se realizou como continuidade do ocaso. Desmobilizou o ímpeto mudancista dos movimentos sociais e agora, na condição de "atraso da vanguarda", chafurda no pântano comum da mais desqualificada política de negócios.

Daí a fieira interminável de escândalos, cidadania desencantada, crise da representação política, apodrecimento das instituições. Um momento particularmente perigoso. Lula e Sarney são peças chaves do quebra-cabeças, onde a junção da "vanguarda do atraso" com o "atraso da vanguarda" resulta no que aí está: a apoteose da pequena política.

Léo Lince é sociólogo.

A voz da oposição…no Irã: fatos novos, velhas escolhas…


Um novo ato em defesa do afastamento da governadora Yeda Crusius (PSDB) foi realizado ontem em Porto Alegre. A imagem ao lado mostra a dimensão do mesmo. Milhares de pessoas saíram às ruas mais uma vez. Estudantes lavaram a calçada em frente ao Palácio Piratini. Os dois jornais de maior circulação no Estado, Zero Hora e Correio do Povo, optaram por dar um tratamento discreto ao mesmo. Nenhuma foto ou chamada de capa, registro apenas nas páginas internas. Zero Hora preferiu destacar uma manifestação da oposição…no Irã. E o Correio do Povo achou mais relevante estampar a foto de um avião da Continental Air Lines, cujo piloto morreu em pleno vôo.


Essas escolhas editoriais obedecem à uma lógica similar àquela daqueles que se opõem à instalação de uma CPI para investigar as denúncias de corrupção no governo estadual pela suposta ausência de fatos novos. Um novo protesto no Rio Grande do Sul? Não é fato novo. Fatos novos são o protesto no Irã e a morte de um piloto em um vôo entre Bruxelas e Nova York. Isso ajuda a entender a natureza do fio que ainda sustenta um governo paralisado, desacreditado e com data de validade vencida.

Fotos: Caco Argemi

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A crise não passou sua fatura de barbárie







Revisão de expectativas?

Escrito por Venâncio de Oliveira

Nas últimas semanas havia uma reversão de expectativas. O fantasma da crise parecia estar sendo derrotado. Como? As forças do mercado rejubiladas estariam ajustando as suas falhas temporárias e necessárias? Alguns lançam o jargão econômico que se reinventa para poder fazer o de sempre: encantar e nada explicar. Os indicadores deveriam ser analisados com mais cuidado e menos otimismo. É o desespero do poder que não consegue entender a ineficiência dos mecanismos de mercado. Todavia, é difícil aceitar que um amplo setor da "esquerda" brasileira foi cooptado para este projeto de poder.

Antes da saída dos indicadores do último trimestre os analistas e petistas – antes opostos, hoje amigos – mantinham o discurso dos fundamentos sólidos brasileiros para salvar o mundo das mercadorias. A realidade tem dificuldade de se encaixar nesta tentativa de manipulação das expectativas. As variáveis foram analisadas com muita pressa.

Vejamos alguns destes dados. O preço do petróleo voltou a subir, entre a casa dos 60 e 70 dólares (). Os fundos emergentes voltaram a ter "preferência pelo risco" e se moveram para os países emergentes. A exportação chinesa caiu. As relações entre Brasil e China reforçaram-se. A burguesia brasileira começou a pressionar o PSDB a aceitar a entrada da Venezuela no Mercosul. O presidente Chávez vem ao Brasil pedir empréstimos, com um discurso um pouco exagerado, louvando os ímpetos empresariais brasileiros.

Estes dados entrecortados poderiam sugerir outra coisa do que a racionalidade do sistema que se ajusta. Para jogar um pouco de água fria nos otimistas basta ver que se mantêm em alta as notícias de quebras e caos na economia estadunidense. O gigante histórico, General Motors, quebrou e teve de ser ajudado pela mão (hoje) louvável do Estado.

O movimento dos fundos emergentes não deveria ser analisado com louvor. A voracidade de ganhar dinheiro rápido e fácil é mais sinal de decrepitude do modelo econômico do que de progresso. O fato de que este capital parasitário esteja valorizando moedas dos países emergentes é sinal de desespero do capital, estão fugindo do dólar, e das economias dos países hegemônicos. Os chamados emergentes atraíram US$ 21 bilhões de investidores. Já os mercados de países centrais (Japão, Europa e EUA) perderam US$ 14,1 bilhões ().

Isso é um sinal mais negativo que positivo. O déficit dos Estados Unidos promete ser maior com os projetos salvacionistas de Obama. O dólar terá dificuldades crescentes para continuar sendo a moeda de referência. Um processo de mudança de referência não seria indolor; com a quebra do dólar, muitos países e capitais que lhe usam como padrão sofrerão desvalorizações com conseqüências cumulativas para a economia global. A crise do dólar é uma crise das moedas como sistema de referência de valor sustentável, é o capital fictício cobrando seu quinhão.

Brasil e seu papel geopolítico no xadrez da crise

Neste sentido cabe analisar o papel que joga o Brasil na mundialização do capital. É importante relembrar o processo recente de desvalorização do real. O fato de que o real esteja valorizado não significa que seja uma moeda sustentável mundialmente. O capital tem memória de passarinho, ninguém mais se lembra que, antes do craque de outubro de 2008, o mundo especulou com o real - isso causou a débâcle da Aracruz, salva pelo governo Lula.

O real em sua natureza é uma moeda-prostituta. Serve para dar e receber as migalhas dos homens. Quais são os efeitos que estruturam esta natureza? Os juros mais altos do mundo. Dezesseis anos de governos disciplinados às regras do mundo civilizado do dinheiro. Isso cria uma estabilidade aparente para nossa moeda. Coroada com os pontos que os especuladores nos deram ano passado, o Investment Grade. O real é o paraíso.

Nos tempos gloriosos dos nossos intelectuais da "esquerda", dos quais alguns se mantêm na trincheira de resistência, isso já era percebido. O real valoriza, os investidores chegam, ganham dinheiro e saem, desvalorizando nossa moeda. É uma aposta. Alguém ganha, outro perde. Sempre o povo acaba perdendo, porque paga as apostas dos jogadores. A situação do filho que joga todo o dinheiro e a mãe acaba sempre o salvando.

Outro elemento para entender a participação do Brasil na ganga financeira mundial é o seu papel hegemônico regional e as características do processo produtivo interno. Como analisado por Ruy Mauro Marini (), o Brasil tem características de economia sub-imperialista. Esta natureza conquistada pela industrialização dos anos de ouro do capitalismo brasileiro foi rearticulada, não se perdeu, mudou sua forma. Mas mantém o essencial.

A economia brasileira explora nações menores, como Paraguai, Venezuela e outros. Isso cria um efeito amortecedor para a burguesia brasileira que é vassala da economia mundial, tendo de transferir uma parte de seu excedente com pagamentos de juros e rendas ao exterior. Como faz isso? O empresariado brasileiro em aliança com o Estado domina fronteiras agrícolas e recursos naturais de países latino-americanos ou mesmo africanos (), o que permite custos menores, com um excedente maior para a burguesia brasileira.

As exportações brasileiras têm um duplo destino, os países centrais e os periféricos. O Brasil exporta capitais, carros e aviões para a restrita burguesia e classe média de países da extrema periferia da economia mundial. Com a pulverização destes mercados, ou seja, a ampliação do horizonte comercial feita pela diplomacia brasileira, permite-se incrementar a carteira comercial brasileira. Por último, o Brasil exporta suas commodities, carros, aviões e parte dos seus lucros para os países centrais. Assim, o Brasil é fortemente dependente da exportação, bem como da saúde econômica de países periféricos e centrais.

O capital internacional também é dependente da economia brasileira, pois tem lucros a receber dos seus investimentos especulativos e de suas montadoras de carros. É importante agregar neste sentido a participação do capital internacional na Petrobrás, Vale do Rio Doce e Embraer. Dessa forma, é fácil entender a pressão que sofre o tucanato. O mercado venezuelano é estratégico, dada a possibilidade de exportar capitais e mercadorias, e dominar fronteiras petrolíferas. Outro exemplo é a disputa pelo gás boliviano pela Petrobras, ou ainda o domínio da fronteira agrícola paraguaia por brasileiros.

A partir destes elementos é difícil perceber o fim da crise, e mais fácil entender as apostas dos fundos. O Brasil tem potencial econômico e regional, isto cria ilusões nos apostadores internacionais. Porém, de fôlego curto, pois o Brasil é dependente da acumulação de capital dos países centrais. Os programas salvacionistas de Obama podem criar outro ciclo curto de acumulação, mas baseado em elementos frágeis, a dívida externa e interna estadunidense. A bolha pode ser maior e seu estouro pode ter conseqüências mais drásticas para a economia mundial.

Mercado interno e ilusões de capitalismo autóctone

A economia brasileira tem seu mercado interno para amortecer os efeitos da crise. O Brasil tem um desenvolvimento desigual e combinado de seus setores econômicos, ilhas de excelência como a produção de aviões e setores tecnologicamente atrasados. Tal fato permite uma classe média que trabalha no centro destas empresas, uma aristocracia operária, gerentes e tecnocratas, criando uma demanda que poderia incentivar um ciclo interno de acumulação. Este mercado é esquecido até o momento da crise. Quando as empresas têm problemas com a demanda externa, voltam-se para dentro, com incentivos ao consumo interno, o que explicaria a política de corte de impostos para consumo de carros. Trata-se de um efeito de relaxamento da crise, mas não de superação, pois dificilmente o brasileiro vai consumir os aviões e as sojas que são o setor dinâmico da economia nacional.

Dentro da tentativa da superação da crise, cabe analisar algumas políticas colaterais. A economia brasileira é estruturalmente dependente da superexploração do trabalho, necessária para contrabalancear o compromisso de enviar excedentes para o exterior. Uma burguesia ávida por lucros precisa superexplorar sua classe trabalhadora para assim manter seu consumo de classe dominante européia e estadunidense. Desta forma, é impossível fazer um estado de bem-estar social brasileiro.

E todos os intentos que buscaram respeitar a democracia liberal foram julgados pelas mãos de ferro da burguesia. Temos um mercado de trabalho estreito. Quando tivemos o ápice de regulação, a burguesia usava do mercado informal para poder manter o ritmo de acumulação selvagem. Os governos neoliberais desmontaram a precária política social que tivemos. O governo Lula não se atreveu a tocar nestas mudanças.

O crescimento econômico recente não foi captado pelo mercado de trabalho brasileiro. As taxas de desemprego de 5% a 6% seriam insuportáveis para a burguesia brasileira. Que fizeram? Um pequeno choque de desemprego. Exemplo disso: a demissão em massa na Embraer. Se a crise piorar, o desemprego (aberto) pode chegar aos patamares de 13% do início do governo Lula. Em um recente relatório seu, a OIT demonstra que, dentro dos pacotes anti-crise no mundo, o brasileiro é que menos tem proteção social, no qual a ajuda para desempregados é a mais precária (). O salário mínimo de cerca de 200 dólares é uma vergonha. Honduras, que é uma economia bem menor que a brasileira, tem o salário mínimo de 250 dólares. Essa é a política trabalhista progressista do governo Lula? Qualquer política trabalhista que questione a superexploração de fato é uma medida revolucionária.

Assim, a crise é jogada nas costas do trabalhador. O fato de que é possível superar a crise a partir de termos capitalistas não dá perspectiva de que teremos um mundo mais justo, pois é impossível humanizar o capital. O fato de que a extrema-direita ganha cadeiras no parlamento Europeu pode ser indício de que as soluções para superar a crise vão demandar mais barbárie. Talvez, a classe trabalhadora européia perca todos os resquícios do estado de bem-estar social que foi conquistado por uma classe mais combativa.

Novo ciclo de acumulação não superará a crise estrutural

O fator China ainda é uma incógnita. É uma economia maior do que a brasileira, mas alguns elementos são muitos semelhantes: a superexploração de trabalho nacional e a dependência da acumulação de capital internacional. A queda da exportação chinesa é um fator que pode acumular mais conseqüências negativas mundiais. Talvez, coubesse uma análise da classe média interna chinesa, uma população maior que a brasileira, e que poderia ser um efeito amortecedor com mais alcance. Isso responderia à tentativa da burguesia brasileira de buscar outro amo, o estreitamento comercial entre a burguesia brasileira e a burocracia chinesa. Outro ciclo de crescimento não anula as contradições próprias do capitalismo. Um consumismo chinês-brasileiro e um plano de guerra estadunidense de longo alcance podem gerar uma crise de sobreprodução energética sem precedentes, capaz de ameaçar a própria civilização humana.

A crise do dólar ainda não foi sentida em toda a sua extensão. Uma mudança de padrão será bem dolorosa e, neste sentido, estariam equivocados tanto os emergentes que querem uma transição pacífica para outro padrão (obscuro) de referência como os conservacionistas que pensam que as coisas estão boas do jeito que está. Outro problema é que o petróleo volta ao crescimento anterior. Sobre o petróleo, são importantes duas considerações: a baixa anterior significou um estouro de uma bolha, dos apostadores que especulavam com seu crescimento; por outro lado, sua caída não restabeleceu preços estáveis. O crescimento dos preços de petróleo é sustentado e está relacionado com a crise de alimentos, agora só lembrada em alguns documentos da FAO. Este novo ciclo de crescimento de preços pode significar outra bolha para ser estourada, que significaria mais tremores na abalada economia mundial.

Como muito bem analisado pelos marxistas Chesnais () e Reinaldo Carcanholo (), esta crise é filha mal criada da crise de 1970. Neste tempo houve uma reconfiguração do capital e a liberalização financeira, comercial e de trabalho criou outros jogadores. Isso trouxe mais instabilidade à contraditória economia capitalista. A crise não acabou, é impossível sublimar seus conseqüentes problemas humanos.

Os projetos alternativos não se evidenciaram. Não quer dizer que não exista formulação consistente. Mas padecemos da crise de um ciclo na esquerda brasileira e mundial. Enquanto os socialistas não conseguiram superar a hegemonia da caducada fórmula reformista, um projeto consistente de superação do capitalismo não terá seu reflexo na práxis política da classe trabalhadora.

Não é uma questão de substituição simples da direção antiga. Mas de uma construção de novos discursos, relações e linhas da esquerda e da classe trabalhadora organizada. O discurso da velha esquerda mantém uma correspondência ideológica com a realidade fetichista do capital. A idéia de um Brasil desenvolvido promete sonhos de estado de bem-estar social.

A ilusão tem seu tempo determinado. A esquerda socialista que se mantém na luta não conseguiu uma influência que se contraponha ao popular projeto de uma social-democracia tupiniquim. Os projetos alternativos latino-americanos, venezuelanos e bolivianos estão sendo testados. A crise não traz um alento para os socialistas, ela pode passar sua fatura de barbárie.

Notas:

1) http://www.oil-price.net/index.php?lang=pt

2) CANZIAN Fernando. Apetite por risco volta ao mercado global, Folha de S. Paulo, 26/06/2009.

3) MARINI, Rui Mauro. La acumulación capitalista mundial y el subimperialismo, Cuadernos. Políticos, México, n.12, abril-junio 1977. Alegre, UFRGS, 2007. http://www.marini-escritos.unam.mx.

4) Diante disso não é nada fraterna e progressista a política externa brasileira com os países latino-americanos e africanos. O projeto do etanol de criar desertos verdes fora do Brasil é um ataque à soberania alimentar de nações como Haiti, El Salvador e outras que estão dentro do horizonte comercial do governo Lula.

5) Para OIT, ação do Brasil deixa trabalhadores sem proteção, Folha de S. Paulo, 26/03/09.

6) CHESNAIS, François. Recesión mundial: el momento, las interpretaciones y lo que se juega en la crisis, in: http://www.herramienta.com.ar/.

7)CARCANHOLO, Reinaldo. Situación mundial: aspectos teóricas de la crisis capitalista, in: http://www.herramienta.com.ar/.

Venâncio de Oliveira é economista e trabalha no CEICOM (Centro de Investigación sobre Inversión y Comercio) – http://www.ceicom.org/

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Contato: venancio.comuna@hotmail.com