sexta-feira, 10 de julho de 2009

Pico Petrolífero...um ano depois...

Dia do Pico Petrolífero: 11 de Julho

por Richard Heinberg

Dia do Pico Petrolífero: 11 de Julho. No dia 11 de Julho de 2008 o preço de um barril de petróleo bateu um recorde de US$147,27 na cotação diária. Naquele mesmo mês, a produção mundial de petróleo bruto alcançou um recorde de 74,8 milhões de barris por dia.

Durante anos, uma crescente legião de analistas tem argumentado que a produção mundial de petróleo atingiria o máximo em torno do ano 2010 e começaria então a declinar por razões que têm a ver com a geologia (nós descobrimos e já apanhámos a "fruta pendente mais baixa" do mundo em termos de campos petrolíferos gigantes), assim como a falta de equipamentos de perfuração e de geólogos e engenheiros de exploração com treino. O "Pico Petrolífero", insistiam os analistas, marcaria o fim da fase de crescimento da civilização industrial, porque a expansão económica exige quantidades crescentes de energia de alta qualidade.

Durante o período 2005-2008, quando o preço do petróleo subia firmemente, a produção permaneceu estagnada. Embora novas fontes de petróleo começassem a produzir, elas mal compensavam os declínios de produção devidos ao esgotamento dos campos existentes. Em meados de 2008, quando os preços do petróleo subiram à estratosfera, os produtores de petróleo respondeu ao incentivo óbvio de extrair todo o barril possível. As taxas de produção escalaram para cima durante um par de meses, mas então tanto os preços como a produção caíram quando a procura por petróleo entrou em colapso.

Desde então, com preços do petróleo muito mais baixos, e com crédito escasso ou indisponível, evaporaram-se mais de US$150 mil milhões destinados ao desenvolvimento de futura capacidade de produção de petróleo. Isto significa que se um novo nível recorde de produção fosse alcançado, novos declínios na produção dos campos existentes teriam de ser ultrapassados, ou seja, que todos aqueles projectos de produção cancelados, e muitos mais adicionalmente, teriam de ser activados rapidamente. Pode não ser fisicamente possível ultrapassar a situação neste ponto, dado o facto de que os novos "jogos" são tecnicamente exigentes e portanto de desenvolvimento caro, além de terem potencial produtivo limitado.

No dia 4 de Maio deste ano, a Raymond James Associates, um importante corrector especializado em investimentos em energia, emitiu um relatório em que declarava: "Com a produção de petróleo da OPEP tendo aparentemente atingido o pico no primeiro trimestre de 2008, e o da não-OPEP ainda mais cedo em 2008, o pico petrolífero mundial parece ter tido lugar no princípio de 2008". Esta conclusão é corroborada por um conjunto de outros analistas.

Talvez seja forçado dizer que o pico da produção ocorreu num momento identificável, mas atribuí-lo ao dia em que os preços do óleo atingiram o seu mais alto nível pode ser um modo útil de fixar o acontecimento nas nossas mentes. Assim, sugiro que recordemos o 11 de Julho de 2008 como o Dia do Pico Petrolífero.

Estamos a aproximar-nos do primeiro aniversário do Dia do Pico Petrolífero. Onde estamos agora? A economia global está estilhaços, os preços do óleo recuperaram-se um pouco (estão agora cerca da metade do nível a que chegaram em Julho de 2008). O consumo mundial de energia está baixo, o comércio mundial está baixo, a indústria da aviação está a contrair-se e a maior parte dos fabricantes de automóveis do mundo estão nas salas das urgências ligados a aparelhos.

É demasiado tarde para preparar para o Pico Petrolífero — um ano demasiado tarde, de facto. Agora o nome do jogo é adaptação. Estamos num ambiente económico inteiramente novo, no qual as velhas suposições acerca da inevitabilidade do crescimento perpétuo, e a utilidade de alavancar investimentos com base em expectativas de crescimento futuro, estão a explodir em chamas. Mesmo que a actividade económica suba um pouco, isto ocorrerá no contexto de uma economia significativamente mais pequena do que aquela que existia em Julho de 2008, e a escassez de energia rapidamente levará a que a maior parte dos rebentos verdes definhem.

É impossível dizer o que acontecerá no futuro quanto aos preços do petróleo. Evidentemente, preços muito altos matam a procura ao cortarem actividade económica. Portanto é possível que o barril do preço de petróleo possa nunca mais romper o recorde do ano passado. Por outro lado, se valor do dólar entrar em colapso, então o céu é o limite para preços em dólares por barril.

É mais fácil prever a tendência da oferta de petróleo: embora no futuro possamos ver o nível de produção elevar-se temporariamente de vez em quando, em geral ele estará baixo, em fase descendente a partir de agora.

Muito embora o Pico Petrolífero esteja agora no passado, a sua comemoração anual no Dia do Pico Petrolífero pode servir à importante finalidade de recordar-nos porque a nossa economia está a encolher e de concentrar os nossos pensamentos nos meios destinados a facilitar a transição para um mundo pós petróleo.

Quais são os modos apropriados de comemorar o Dia do Pico Petrolífero? Sugiro passar algum tempo na natureza, entrar num jejum de petróleo de 24 horas, ou organizar uma parada de bicicletas nas vizinhanças com um cozinhado feito com forno solar.

Marque no seu calendário. O que estará você a fazer a 11 de Julho?

Ajude a "celebrar" o Dia do Pico Petrolífero assinando a petição:
http://www.thepetitionsite.com/1/peak-oil-day


O original encontra-se em http://www.postcarbon.org/peak-oil-day


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

quinta-feira, 9 de julho de 2009

ANNA KARENINA - 1935(Tolstoy)




Anna Karenina


Links:

Arrow http://rapidshare.com/files/251957086/E.T.A.K..A.N.A.ChRiStInE.part1.rar
Arrow http://rapidshare.com/files/251966143/E.T.A.K..A.N.A.ChRiStInE.part2.rar
Arrow http://rapidshare.com/files/251975469/E.T.A.K..A.N.A.ChRiStInE.part3.rar
Arrow http://rapidshare.com/files/251984165/E.T.A.K..A.N.A.ChRiStInE.part4.rar
Arrow http://rapidshare.com/files/251992835/E.T.A.K..A.N.A.ChRiStInE.part5.rar
Arrow http://rapidshare.com/files/251993168/E.T.A.K..A.N.A.ChRiStInE.part6.rar

Senha para descompactar: (tem que ter cadastro no sitio,é gratuito)

http://farra.clickforuns.net



Informações:

Arquivo: RMVB
Tamanho: 481 Mb
Título Original: Anna Karenina
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 93 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1935
Estúdio: MGM
Distribuição: MGM
Direção: Clarence Brown
Roteiro: Clemence Dane, Salka Viertel e S.N. Behrman, baseado em romance de Leo Tolstoy
Produção: David O. Selznick
Música: Herbert Stothart
Fotografia: William H. Daniels
Desenho de Produção: Fredric Hope e Edwin B. Williams
Direção de Arte: Cedric Gibbons
Figurino: Adrian
Edição: Robert Kern





Sinopse:

Petersburgo, século XIX. Anna Karenina (Greta Garbo) é a esposa de Karenin (Basil Rathbone), um rico funcionário do governo.
Ela viaja até Moscou para tentar acalmar Dolly (Phoebe Foster), sua cunhada, pois o irmão de Anna, Stiva (Reginald Owen),
um mulherengo, foi infiel e agora o casamento passa por uma crise. Logo ao chegar na estação de trem ela conhece um oficial,
o Conde Alexei Vronsky (Fredric March). Ambos se sentem atraídos, sensação esta que aumenta ao participarem de um baile.
Anna decide voltar logo para São Petersburgo, pois tem um marido e um filho, Sergei (Freddie Bartholomow), esperando por ela.
Talvez tudo não passasse de um flerte se Vronsky não antecipasse sua ida para São Petersburgo, embarcando no mesmo trem. Ele confessa seu amor, sendo que ela também está apaixonada. Logo Anna deixa Karenin, que não quer lhe dar o divórcio, pois para ele as aparências importam, e a proíbe de ver Sergei. Anna e Vronsky vão para a Itália, onde continuam se amando intensamente.
Mas ao voltarem para a Rússia Anna sente que Vronsky está diferente.


Elenco:

Greta Garbo (Anna Karenina)
Fredric March (Conde Alexei Vronsky)
Freddie Bartholomew (Sergei)
Maureen O'Sullivan (Kitty)
May Robson (Condessa Vronsky)
Basil Rathbone (Karenin)
Reginald Owen (Stiva)
Phoebe Foster (Dolly)
Reginald Denny (Yashvin)
Gyles Isham (Levin)
Joan Marsh (Lili)
Ethel Griffies (Madame Kartasoff)
Harry Beresford (Matve)


Clique para ampliar as Screens Shots:





quarta-feira, 8 de julho de 2009

Xadrez, a ginástica dos neurônios...

Vacilo não tem vez

Democrática e de fácil acesso, a prática do xadrez ajuda a desenvolver a concentração, o raciocínio lógico, a imaginação e o potencial de aprendizad.

Por: Ricardo Criez - RedeBrasilAtual


Vacilo não tem vez

Despreocupada, Nathalia se diverte (fotos: Gerardo Lazzari)

A molecada corre de um lado para o outro para se distrair e driblar o friozinho da tarde de outono. O ruído e o clima dão ares de gincana aos intervalos de cada rodada. Os competidores e o público sentem-se num parque de diversões. Nem parecem estar num ambiente – um dos ginásios do complexo poliesportivo do Ibirapuera, em São Paulo – em que os protagonistas jogam emocionantes partidas de... xadrez. Trata-se da 6ª Copa Ayrton Senna de Xadrez Escolar, realizada sempre em junho pela Federação Paulista de Xadrez. Lucas Tavares Lira, de 8 anos, integrante de um grupo de 30 alunos de uma escola de Santos, considera o jogo “muito bom para a cabeça”. “Ele era muito inquieto, melhorou 100% depois que passou a jogar”, diz a mãe, Juliana Castro Tavares Lira, que sempre o acompanha nas competições.

Horácio
Horácio: incentivo
Marcio
Marcio: cada erro pode ser fatal

Nos últimos anos tem crescido o ensino de xadrez nas escolas públicas e privadas. Há projetos por todo o país, em iniciativas dos governos ou de clubes, entidades e federações. E há também o trabalho de formiguinha de voluntários e educadores dos mais variados campos do conhecimento (professores de educação física, ciências, matemática, história, português etc.), que perceberam como o xadrez pode ser uma poderosa ferramenta no processo de aprendizagem de um aluno.

“Batemos o recorde de inscritos”, disse Horácio Prol Medeiros, presidente da federação, sobre o evento de proporções gigantescas para os padrões do xadrez. Mais de 60 pessoas trabalharam na infraestrutura para acomodar 1.782 enxadristas de 210 cidades de todo o estado. “A ideia do xadrez escolar é exatamente incentivar aquelas crianças que ainda não participaram de competições oficiais”, explicou o dirigente.

Entre os alunos, ganhar era a última preocupação. “É divertido estar aqui”, disse Nathalia Soares Costa, de 8 anos, de uma escola particular paulistana, que venceu duas das quatro partidas que disputou. Ela garante que não fica chateada quando perde: “Quero continuar jogando e ganhar um troféu”.

Jogo e vida

Um dos motivos que levam professores a apostar no ensino do xadrez na escola é o fato de se poder traçar um paralelo entre o que ocorre no mágico tabuleiro quadricular de 64 casas e as situações do cotidiano. “Cada lance executado no tabuleiro corresponde a um efeito na partida, assim também são os próprios atos da vida”, destaca o Grande Mestre Internacional (GMI) Gilberto Milos Júnior, que chegou a ser número 34 no ranking mundial. O estudante Marcio Luiz da Costa Correia, de 13 anos, já compartilha esse pensamento. “É preciso pensar muito bem, um erro pode ser fatal”, diz o jovem aluno de uma escola de Santos.

Para Milos, atual número 4 do ranking brasileiro, o xadrez ajuda em primeiro lugar a organizar o raciocínio e administrar o tempo. Embora não tenham ido tão bem no torneio para iniciantes organizado pela FPX, os amigos Patrick Lanchotti e Renan Vianna Cardoso, ambos de 17 anos, estudantes da rede pública, procuram praticar esse pensamento. “O xadrez estimula o raciocínio lógico, a disciplina, a responsabilidade”, acredita Renan.

É senso comum entre os estudiosos e especialistas da arte da Caissa, a deusa mitológica dos tabuleiros, que a prática do jogo faz bem para o desenvolvimento de habilidades como atenção, concentração, raciocínio lógico, memória, organização de ideias, imaginação, antecipação, espírito de decisão, autocontrole, disciplina e perseverança. E até para a autoestima, a competição ética e o trabalho em equipe.

Livros
  • Xadrez Básico, de Orfeu D’Agostini
  • Xadrez para Todos, de James Mann de Toledo e Juliana Kyoko Kamada
  • Estratégia Moderna de Xadrez, de Ludek Pachman
Sites
Jogos on-line
  • O ICC é o maior clube de xadrez virtual do mundo. Pode-se acessá-lo sem gastar nada ou se cadastrar e pagar uma pequena anuidade.
  • Gratuito, o espanhol EducaRed também é muito bom.
Ouça
  • Brancas e Pretas, de Paulinho da Viola e Sérgio Natureza (Do álbum A Toda Hora Rola uma História, de 1982).

Para Antonio Villar Marques de Sá, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, o xadrez, por ser um jogo complexo, é uma das melhores atividades para desenvolver a capacidade intelectual dos jovens. Villar aponta o xadrez como uma atividade socializadora, que pode ser trabalhada com pessoas de todas as classes sociais, de qualquer idade ou sexo, e também por pessoas com deficiências.

A tenacidade e a disciplina de Margareth Giorghe são bons exemplos para os mais jovens. Ela aprendeu a jogar com o pai, na Áustria, mas só passou a praticar efetivamente após os 30 anos, quando veio para o Brasil. E não parou mais.

Aos 90 anos, segue disputando competições em São Bernardo do Campo em ótimo nível. “É uma ginástica para a mente”, garante ela, que joga até consigo mesma, em casa. Margareth já disputou finais de Campeo­nato Brasileiro, além de ter conquistado títulos municipais, regionais e estaduais. “Eu não teria chegado a essa idade, com essa lucidez, sem a prática diária do xadrez.”

“Assim como os demais esportes, o xadrez também funciona como um fator de inclusão social”, aponta o Mestre Internacional (MI) James Mann de Toledo, que trabalha há 25 anos como professor de xadrez e já formou vários campeões brasileiros de categorias menores. “E tem uma grande vantagem em relação às demais modalidades: é mais barato e precisa de pouca gente para ser praticado.”

O educador Mário Cardozo ajudou a disseminar o jogo nas escolas públicas de Belém e em instituições que cuidam de menores infratores na capital paraense, com bons resultados de inclusão. No ano passado, levou a modalidade para a aldeia indígena dos Tembé, na pequena cidade de Capitão Poço, a mais de 300 quilômetros de Belém. Atualmente todos jogam o “jogo dos reis” na tribo, onde já é possível mensurar uma verdadeira revolução: a soma de todas as médias de 5ª a 8ª série do ensino fundamental passou de 5,9 para 7,2 de um ano para o outro.

Famosos

A história é repleta de pessoas famosas em outras áreas da humanidade que se aventuraram no tabuleiro. Napoleão Bonaparte, um dos maiores estrategistas militares da história, foi um grande entusiasta do xadrez. Na corte, seu adversário mais constante era o general Michel Ney, seu mais brilhante estrategista, que sempre levava a melhor contra o “terrível corso”.

Por uma questão cultural e climática, o xadrez está para a Rússia assim como o futebol para o Brasil. Para ter uma ideia dessa distância quilométrica, há 170 GMI russos no mundo, ante 17 argentinos e apenas 8 brasileiros. Lenin, um fascinado pelo jogo, chegou a dizer que teve de optar “entre o xadrez e a revolução”.

Che Guevara e Fidel Castro também praticavam o jogo, inclusive na Sierra Maestra, antes da tomada de Havana. Che era reconhecidamente um jogador mais forte, tendo inclusive empatado em 1962 com o GMI argentino Miguel Najdorf, numa partida na qual o grande mestre teria sido muito “camarada”.

Albert Einstein, um dos maiores gênios do século 20, não cansava de massacrar Julius Robert Oppenheimer, o cabeça do Projeto Manhattan, que resultou na fabricação da primeira bomba atômica. Einstein também era muito amigo do campeão mundial e matemático alemão Emmanuel Lasker, a quem sempre pedia para “deixar esse jogo das pedrinhas para enfrentar, com ele, alguns problemas de matemática e física”.

O compositor ucraniano Sergey Prokofiev, autor de Concerto para Piano nº 3 e do balé Romeu e Julieta, era um enxadrista da maior categoria e obteve até uma fantástica vitória, em 1914, sobre o cubano José Raúl Capablanca, que posteriormente viria a ser campeão mundial.

Índia ou China

Há várias lendas sobre a origem do xadrez. Uma das histórias mais conhecidas – e que encontra suporte em fontes arqueo­lógicas – menciona o sábio Sissa. Ele era um brâmane que viveu no noroeste da Índia entre os anos 600 e 700 e foi incumbido pelo rajá Bahlait de inventar um jogo que embutisse valores éticos e morais, como a prudência, a determinação e a coragem. Sissa, então, criou o chaturanga, o “exército formado por quatro membros”, precursor do atual xadrez.

O rajá gostou e fez questão de presentea­r o sábio com qualquer coisa que ele solicitasse. Sissa pediu como recompensa um grão de trigo pela primeira casa do tabuleiro, dois pela segunda, quatro pela terceira, oito pela quarta e, assim, sucessiva e exponencialmente até a 64ª casa. Mal sabia Bahlait que nem mesmo uma camada de trigo de três metros de espessura que cobrisse todo o planeta seria capaz de pagar pelos serviços do sábio!

Da Índia, o chaturanga teria ido para a Pérsia (atual Irã) e se disseminado pelo mundo por meio da cultura árabe e da influência política e geográfica da nova força do Islã, a partir do século 7. A Europa sofreu grande influência, em particular com a invasão direta da Espanha pelos muçulmanos. Após a expulsão dos mouros, os europeus apropriaram-se da cultura árabe, alteraram as regras e criaram o xadrez moderno.

Estudos recentes, contudo, indicam que o xadrez poderia ser muito anterior ao chaturanga. Em 1985, o americano Sam Sloan­ escreveu um longo artigo intitulado “A origem do xadrez”, no qual cita fontes e documentos segundo os quais o jogo teria surgido na China, no século 3 a.C., e só posteriormente migrado para a Índia.

Lances inocentes
Laurence Fishburne e Max Pomeranc em Lances Inocentes

O tabuleiro no cinema
No cinema, uma das partidas mais famosas foi disputada entre o astronauta Frank Poole e o computador Hal 9000 no filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick (1968), durante uma viagem entre a Terra e Júpiter. Poole utilizou como jogada uma variante inferior da Abertura Ruy López e facilitou o trabalho do computador, que ainda não tinha a velocidade e o cálculo destrutivo dos microprocessadores de hoje. Mas o melhor filme sobre xadrez já realizado chama-se Lances Inocentes – Procurando por Bobby Fischer (1993), de Steven Zaillian. Com estrelas como Ben Kingsley, Laurence Fishburne e Joe Mantegna no elenco, retrata bem o universo do jogo, do aprendizado ou da competição, e é uma ótima lição de vida para pais, professores e alunos.

Pirata Amélia

Partido Pirata, de Amélia Andersdotter, defende direitos a privacidade e ao compartilhamento de informações na internet (Foto: Divulgação)

Amélia Andersdotter, de 21 anos, estudante de Economia e Espanhol da Universidade de Lund, na Suécia, pode se tornar uma das mais jovens representantes do Parlamento Europeu na próxima legislatura, que começa em julho de 2009. Ela se candidatou pelo Partido Pirata Sueco, que já conquistou uma cadeira no Parlamento. Se Irlanda ratificar em breve o chamado Acordo de Lisboa, que amplia as representações, o partido e ela terão direito a mais uma cadeira.

Fundado em 2006, o Partido Pirata Sueco defende maior liberdade de acesso aos conteúdos na internet e já é um dos maiores em filiações no país, com quase 50 mil membros. Se conseguir a cadeira, Amélia considerar doar parte de seu salário para organizações como Attac, a Ordfront (uma editora alterantiva sueca), a Anistia Internacional e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher.

Entrevista

Amélia Andersdotter

estudante de Economia e Espanhol da Universidade de Lund, na Suécia e possível integrante do Parlamento Europeu pelo Partido Pirata

Blog Velho Mundo – Você pode apresentar quais serão as prioridades do Partido Pirata no Parlamento Europeu, na legislatura que começa em julho de 2009?

O “pacote Telecom” (o conjunto de regulamentos que rege as telecomunicações na União Européia) será uma de nossas prioridades mais importantes neste segundo semestre, na medida em que ele virá para o processo de conciliação no Parlamento. Também vamos trabalhar com excessos e limitações em matéria de copyright. Em geral esse não é um item prioritário no Parlamento, mas nós contamos transformá-lo numa prioridade exercendo pressão sobre a Comissão encarregada e sua presidência, que é de um sueco.

Há um trabalho contínuo da União Européia no que diz respeito à política para Tecnologia de Informação, tanto no que se refere ao combate a crimes quanto no que diz respeito à transparência nos processos de decisão. Também tentaremos trabalhar sobre essa questão.

"Temos eleitores tanto de grupos de esquerda quanto de grupos de direita. Então precisávamos ingressar num grupo tão neutro quanto o possível para não termos de tomar muitas definições no conflito entre direita e esquerda" – Amélia Andersdotter

Se depender de nós, vamos dar início a uma discussão sobre política de comércio, sobretudo no que diz respeito a medicamentos e também no que se refere a negociações sobre comércio.

Blog Velho Mundo – O Partido Pirata deve integrar o bloco dos Partidos Verdes Europeus – Aliança Europa Livre, que tem 55 cadeiras no Parlamento. Por quê? Que papel o Partido Pirata poderá desempenhar dentro dele.

Percebemos esse bloco como o mais neutro politicamente. Nós temos eleitores tanto de grupos de esquerda quanto de grupos de direita. Então precisávamos ingressar num grupo tão neutro quanto o possível para não termos de tomar muitas definições no conflito entre direita e esquerda. Também tivemos uma oferta vantajosa por parte deste bloco, em termos de benefícios, se entrássemos para ele.

Esperamos poder contribuir para a definição de uma política quanto à informação, por parte desse grupo, que seja digna do século 21.

Blog Velho Mundo – Caso você tenha sucesso em obter ainda uma cadeira para o seu partido no Parlamento Europeu, o que será possível com a ratificação do Acordo de Lisboa – e só falta a Irlanda ratificá-lo –, você se tornará uma das parlamentares mais jovens da história dessa instituição. Qual o significado disso? Os jovens europeus estão participando mais da política, seja no nível formal ou não?

Se eu entrasse para o Parlamento, isso mostraria que há uma jovem geração de políticos na Europa interessada nos rumos que essa União está tomando. Aparentemente, os jovens europeus se preocupam mais com questões específicas, como o meio ambiente, ou a política de informação. Eles têm os políticos de gerações mais velhas como um tanto quanto obtusos, porque eles (políticos) não conseguem perceber a importância dessas questões. Mas no interior desses agrupamentos em torno das questões ambientais ou do livre compartilhamento de arquivos na internet em relação aos direitos de propriedade intelectual, não estão apenas membros do Partido Verde ou do Partido Pirata. Há também uma miríade de grupos formados por jovens ativistas que trabalham 24 horas por dia por mudanças nesses setores. Infelizmente não dispomos até agora do sucesso e do alcance da “Big Media”, mas com o tempo nós vamos assumir o controle dessa área de uma vez por todas.

Blog Velho Mundo – Você ou o seu partido têm alguma proposta a respeito da presente crise econômico/financeira mundial?

Não.

Créditos: Flávio Aguiar - RedeBrasilAtual

Você sabe a origem da carne que come?


No Brasil, ninguém pode saber a origem da carne

De acordo com uma investigação feita pelo jornal Folha de S. Paulo, as carnes vendidas em grandes redes de supermercados como Wal-Mart [no RS adota o nome fantasia Nacional e BIG], Carrefour e Pão de Açúcar não possuem, em seu rótulo, a origem do produto. De acordo com a Associação Paulista de Supermercados (Apas) e os supermercados, os consumidores não têm como saber de forma exata a procedência das carnes que compram. A informação é do portal Amazônia.org.

Em entrevista ao jornal, Daniela de Fiori, vice-presidente de sustentabilidade do Wal-Mart Brasil, explica que a única forma, hoje, de os consumidores terem garantia de não compactuar com o desflorestamento da Amazônia é frequentar mercados em que confiam. No entanto a reportagem da Folha encontrou carne de frigorífico do Pará no Wal-Mart do Morumbi (zona oeste da capital paulista). As peças foram embaladas em maio (antes das denúncias). Também havia carne de frigoríficos de outros Estados da Amazônia Legal.

Além do embargo ao Pará, a representante do Wal-Mart diz que as três redes exigem, agora, que os frigoríficos contratem auditorias. "Dada à gravidade das denúncias, entendemos que não há outro caminho, mesmo que isso custe para o setor. As outras medidas [como a suspensão da compra de carne do Pará] são paliativas."

O Carrefour, por meio de assessoria de imprensa, disse que 40% da carne comercializada por ela têm um selo de origem na embalagem. Essas carnes, diz a empresa, são totalmente garantidas, inclusive do ponto de vista ambiental.

Em outros produtos, como os embalados a vácuo, existem normalmente apenas o nome da cidade onde o frigorífico fornecedor opera. Ou seja, mesmo conhecendo muito a geografia brasileira, é complicado saber se determinada cidade está localizada na Amazônia ou não.

"Nós não suspendemos a compra pelo CNPJ dos fornecedores. O controle é feito pelo número do Serviço de Inspeção Federal (SIF), ele que é importante [para rastrear o animal desde o local onde nasceu]", diz Nelson Raymundi, gerente de comercialização de carnes do Grupo Pão de Açúcar. Ele afirma que a maior parte da carne da rede vem do Mato Grosso (que faz parte da Amazônia Legal), Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Segundo o Pão de Açúcar, sua etiqueta Taeq, que representa 3% das carnes vendidas, é a única que tem 100% de controle.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Está no blog Carta Maior....

A bifurcação da humanidade

Não bastam controles e regulações que acabam beneficiando os que provocaram a crise. Faz-se urgente um novo paradigma que redefina a relação para com a natureza com seus recursos escassos, o propósito do crescimento e o tipo de civilização planetária que queremos.

Nos inícios do ano os vinte países mais ricos do mundo (G-20) se reuniram em Londres para encontrar saídas à crise econômico-financeira mundial. A decisão de base foi continuar no mesmo caminho anterior à crise mas com controles e regulações a partir de uma presença maior do Estado na economia. Os controles seriam pelo tempo necessário à superação da crise, a fim de evitar o colapso global e as regulações para restaurar o crescimento e a prosperidade com a mesma lógica que vigorou antes.

Esta opção implica continuar com a exploração dos recursos naturais que devastam os ecossistemas e fazem aumentar o aquecimento global e o fosso social entre ricos e pobres. Se isso prosperar dentro de pouco enfrentaremos crise da mesma natureza, pois as causas não foram eliminadas. Acresce ainda o fato de que os restantes 172 países (ao todo são 192) sequer foram ouvidos e consultados. Pensou-se em ajudá-las mas com migalhas. Efetivamente, toda a África, o continente mais vulnerável, seria socorrida com menos fundos que o governo dos EUA aplicou para salvar a General Motor.

O impacto perverso da crise sobre os países de baixa renda apresenta-se aterrador. Estima-se que, enquanto durar a crise, mais de 100 milhões de pessoas caiam cada ano na extrema pobreza e um milhão de postos de trabalho se perderão por mês. Tal fato fez com que o presidente da ONU, Miguel d’Escoto Brokmann, imbuído de alto sentido humanitário e ético, convocasse uma reunião de alto nível que reunisse os 192 representantes dos povos para juntos discutirem entre si a crise e buscarem soluções includentes. Isso ocorreu nos dias 24-26 de junho do corrente ano nos espaços da ONU. Todos falaram. Era impactante ouvir o clamor que vinha das entranhas da Humanidade: os ricos lamentando os trilhões em perdas de seus negócios e os pobres denunciando o aumento da miséria de seu povo.

Muitas vozes soaram claras: não bastam controles e regulações que acabam beneficiando os que provocaram a crise. Faz-se urgente um novo paradigma que redefina a relação para com a natureza com seus recursos escassos, o propósito do crescimento e o tipo de civilização planetária que queremos. Importa elaborar uma Declaração do Bem Comum da Humanidade e da Terra que oriente ética e espiritualmente o sentido da vida neste pequeno planeta.

Depois de um intenso trabalho previamente feito por uma comissão de expertos, presidida pelo Nobel de economia Joseph Stiglitz e com as colaborações vindas de quatro mesas redondas e da Assembléia Geral concertou-se um documento detalhado que ganhou o consenso dos 192 representantes dos povos. O perigo coletivo facilitou uma convergência coletiva, uma raridade na história da ONU.

O documento prevê medidas inéditas especialmente para salvar os mais vulneráveis sob coordenação de várias instituições internacionais, articuladas entre si. Mas, o mais importante é a apresentação de um programa de reformas sistêmicas que prevê um sistema mundial de reservas com direitos especiais de giro, reformas de gestão do FMI e do Banco Mundial, regulações internacionais dos mercados financeiros e do comércio de derivados e principalmente a criação de um Conselho de Coordenação Econômica Mundial equivalente ao Conselho de Segurança. Desta forma se presume garantir um desenvolvimento estável e sustentável.

O fato desta cúpula mundial é gerador de esperança, pois a humanidade começa a olhar para si como um todo e com um destino comum. Mas todas as soluções se orientam ainda sob o signo do desenvolvimento, o fator principal gerador da crise do sistema-Terra. Ele tem que ser trocado por um "modo sustentado geral de viver", caso contrário assistiremos à bifurcação da humanidade, entre os que desfrutam do desenvolvimento e os que são vítimas dele. Não chegamos ainda ao novo paradigma de convivência Terra-Humanidade, forjador de uma nova esperança.

O próximo futuro, dizia o Presidente da Assembléia, será pela utopia necessária que precisamos construir para permanecermos juntos na mesma Casa Comum.


Leonardo Boff é teólogo e escritor.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A mídia de esgoto e o golpe em Honduras...

Enquanto a internet gorgeia no twitter pela democracia, a mídia de massa apóia descaradamente o golpe em Honduras

Do sitio trezentos


Parece existir uma agenda internacional da mídia afinada com a pauta dos interesses das grandes corporações e da classe média neo-liberal. O fato é que indiferentes à condenação do golpe pelo Departamento de Estado dos EUA, da OEA e da UE; toda grande mídia repete sem cessar a versão da burguesia e classe média neo-liberal hondurenha: Zelaya foi deposto porque ia dar um golpe para se reeleger. Aproveitando o fato de Chavez ter se tornado o espantalho para a classe média dos EUA a mídia não para de repetir que Zelaya quer se transformar em um novo Chavez. Chavez esse que, diga-se de passagem, submeteu-se a 14 pleitos populares diferentes e suporta democraticamente a gritaria insana que clama por um golpe anti-popular na Venezuela. Aqui no Brasil a legião dos júniores – Friazinho, Civitinha, Mesquitinha e Marinho – não consegue sequer disfarçar sua sanha contra o apoio dado por todas as instituições governamentais mundiais ao presidente legalmente eleito de Honduras. Para estes jovens pinóquios e seus veículos envenenados de pouco adianta argumentar que o presidente Zelaya apenas queria fazer uma consulta popular sobre a possibilidade de realizar uma consulta popular sobre a convocação de uma assembléia constituinte na eleição do final de ano quando Zelaya entrega seu mandato. Para impedir a consulta da consulta o golpismo hondurenho amparado em militares e políticos golpistas minoritários invadiram o palácio do governo de madrugada e levaram à força ainda de pijamas o presidente hondurenho Zelaya para a base militar de onde o expulsaram ilegalmente do país. A pronta condenação desta molecagem neo-liberal por Hillary e Obama deixou a classe média neo-liberal estupidificada. Como o golpe foi discretamente auxiliado pelos picaretas remanescentes do antigo governo Bush, os picaretas hondurenhos achavam que iam ter apoio do governo dos EUA, na base do anti-chavismo. Ao invés, entraram em rota de colisão com EUA e Europa, tendo apoio apenas do último trêfego de Bush sediado no govêrno Canadense. Na internet a conversa é outra. O debate come solto no twitter, no Facebook, no Orkut. a Telesur transmite em IPTV uma reunião da ALBA onde Zelaya relata o golpe e desmente que tenha pedido seu próprio afastamento. A blogosfera continua percutindo e perguntando pela legalidade da deposição. As 4 bestas do após-calypso brasileiro – Friazinho, Civitinha, Mesquitinha e Marinho – e sua mídia golpista clamam por Azeredo para calar essa mídia fora de sua agenda global.

A máfia do esporte e o corintians...

Este artigo foi copiado do sitio furacao.com e retrata bem a indignação, tanto dos Atleticanos como dos colorados com relação ao favorecimento do corintians nas competições oficiais, numa semelhança ao que acontece de mais podre na política de nosso país...


NOVA CARA

por Juarez Villela Filho

O futebol brasileiro tem uma nova cara. Aliás, o futebol brasileiro personifica aquilo que temos de mais híbrido na cultura tupiniquim: molejo, malícia, ginga, finta e sacanagem. Tanto com os sucessivos escândalos na vida pública, a falta de cidadania das pessoas cada vez mais preocupadas com seus interesses pessoais em detrimento do bem comum, o convívio já quase harmônico com uma violência galopante e um trânsito caótico e muita sacanagem correndo solta. O time campeão da Copa do Brasil tem isso tudo reunido. O Corinthians Paulista é hoje a cara desse Brasil!

Fez duas belas finais, mas só chegou lá por causa dos sucessivos e determinantes erros de arbitragem em praticamente todas as fases. Ver um elemento desqualificado moralmente como Dentinho agredir covardemente com uma cotovelada o atacante Rafael Moura, se fingir de atingido e simplesmente ser absolvido podendo jogar todas as demais partidas da competição é prova disso. Ver um mau caráter como Cristian “Zidane” fingir se machucar, empurrado ao chão por um companheiro de time para ganhar tempo após o empate Colorado, demorar uma eternidade para sair de campo mas voltar correndo para fazer parte da grande confusão que se sucedeu é prova disso. É uma nova ordem no Brasil, a ordem da sacanagem.

O Brasil tem essa cara, essa cara de sacanagem explícita. Um Flamengo deve trilhões, mas contrata porque simplesmente seus débitos não são cobrados. Sem querer comparar o tamanho dos clubes, mas a Fiorentina decretou falência, teve que disputar as divisões inferiores na Itália até chegar na Série A porquê devedora com credores e o Fisco italiano. Um escândalo de arbitragem como o ocorrido em 2005, quando tiraram o título do Internacional e deram ao clube de Kia Joorabchian teria outro desfecho num país sério. Mas estamos no Brasil, onde o clube querido da maior emissora de TV pode tudo.

Legitimamente e tentando se proteger, já que foi alvo de erro de arbitragem na primeira partida final da Copa do Brasil, a direção do Inter divulgou um DVD com lances que mostravam claramente a ajuda do apito amigo ao time do Parque São Jorge. A grande imprensa do eixo desdenha e ainda dá destaque para o bom goleiro Felipe do time alvinegro que os chamou de “Chororado”. Difícil imaginar, mas tentem ter idéia do tamanho do destaque que seria dado e com que conotação seria dada uma notícia no sentido oposto.....

Mas estamos no Brasil, onde o campeão de sua copa nacional e com vaga assegurada na Libertadores no ano de seu centenário é um clube que treina num terrão onde se tem a petulância de chamar de CT, joga no campo da Prefeitura por não ter estádio, mas mostrará este ano a qüinquagésima oitava maquete do “Fielzão” para atrair investidores e ter mais espaço na mídia, mesmo que todos saibam que sequer a pedra fundamental de um novo estádio vai ser lançada.

Mas estamos no Brasil, um país onde até no futebol o que vale é isso, é essa sacanagem, essa mentira, essa enganação. Um país de qualidade indiscutível no futebol, com uma confederação rica, mas com clubes pobres, que perde seus destaques não mais somente para grandes centros como França, Espanha e Itália e para países com mais dinheiro como Japão e os Países Árabes, mas perde jogadores titulares de seus grandes times para a periferia do leste europeu, para o futebol coreano ou mesmo para divisões inferiores de países muito menores que o nosso.

Ser sério e correto no Brasil parece não valer a pena.

ARREMATE

“Brasil, Mostra tua cara/
Quero ver quem paga/
Pra gente ficar assim” BRASIL – Cazuza, George Israel e Nilo Romério

Cloaca News desmascara midia de esgoto do RS...

A MANCHETE QUE ZERO HORA NÃO DEU


.
E A PALHAÇADA QUE PUBLICOU
;

.
O tablóide Zero Hora, do Grupo RBS - afiliado da Globo e destinatário de 80% das verbas publicitárias do governo gaúcho - teve acesso a um documento demolidor: um ofício enviado pela Procuradoria Regional ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, em que o assessor e lobista tucano Lair Ferst denuncia 20 falcatruas das grossas envolvendo a ainda governadora Yeda Crusius, entre as quais a de que a tucana recebia uma polpuda mesada de um esquema criminoso instalado no Detran do Rio Grande do Sul.
Tanto na capa quanto nos títulos internos do jornalóide, não se lê o nome da tresloucada dama, protagonista das negociatas. A explicação talvez esteja na coluna assinada pela melíflua jornalista Rosane de Oliveira, não por acaso, a editora de Política daquela gazeta. "Não se pode tomar a palavra de Lair como definitiva, até porque ele é um dos réus na Operação Rodin. O que Lair forneceu foram pistas para o Ministério Público e a Polícia Federal investigarem com os meios de que dispõem. Somente depois de quebrar sigilos, cruzar dados e montar o quebra-cabeça das relações é que se poderá saber se as denúncias têm fundamento" - escreveu a carismática abelhinha.
.
Para conferir as denúncias em poder da Procuradoria-Geral da República, clique aqui e aqui.
Para se lambuzar com a geléia real do jornalismo-sabujo, clique aqui.

Honduras:


"O golpe não poderia ter ocorrido sem a cumplicidade dos EUA"

por James Petras

.











Chury: Ao iniciar nosso panorama internacional de notícias, como sempre às segundas-feiras, temos as análises ponderadas de James Petras nos Estados Unidos. Bem vindo, Petras.

Petras: Aqui estamos a analisar os acontecimentos em Honduras e as respostas internacionais num panorama por um lado muito claro e por outro muito escuro.

Chury: Certamente quando me falas de escuro referes-te a Honduras.

Petras: Sim, falamos do golpe de estado e das respostas dos diferentes organismos internacionais, regionais e também a resposta da Venezuela e do presidente Zelaya.

Chury: Aqui há expectativa sobre qual é a atitude assumida pelo governo norte-americano frente ao primeiro golpe que se verifica sob o governo de Barak Obama.

Petras: Bem, mais uma vez uma divisão. Um sector de esquerda analisa os vínculos entre os militares hondurenhos, o Pentágono e organizações clandestinas norte-americanas como a CIA e as fundações com as ONGs golpistas e concluem que os EUA estavam implicados, são cúmplices, porque o controle que têm, a influência que tiveram os militares norte-americanos nas Honduras, é muito profunda e de muito longo prazo...

Chury: Que vem do tempo dos contra também.

Petras: Sem, há muito tempo Honduras foi trampolim para o golpe contra Arbenz em 1954; foi a ponta de lança para a invasão de Cuba em 1961; foi a casa dos contras com 20 mil soldados mercenários lançados a partir de Honduras. É um país muito colonizado desde há muito tempo e Zelaya, por outro lado, é um burguês reformista tibiamente crítico ou, poderíamos dizer, independente de algumas políticas norte-americanas do passado e da actualidade e tenta conseguir benefícios ligando-se à Venezuela por causa da ajuda petrolífera, a ajuda económica. O facto de ter assumido uma autonomia relativa em relação à integração do ALBA associando-se à Venezuela foi a razão para o deslocarem. Agora, a política de Obama é muito mais subtil do que no passado. Diplomaticamente condenaram a situação de violência e em primeira instância não condenaram os militares pelo golpe, mas depois de a OEA o ter feito de forma unânime é que eles se somaram à denúncia. Mas sabemos que o que dizem em público, em fóruns onde não têm alternativa, é uma coisa e o que fazem a partir dos seus contactos e ligações em Honduras é outra. Agora, a prova do envolvimento ou não dos Estados Unidos vai passar pelas medidas que tome a OEA. Há várias possibilidades. A política é: as forças devem dialogar com os golpistas no Congresso e o presidente títere trata de resolver o conflito. Como só restam seis meses do regime eleito, poderiam prolongar as negociações para que ele volte ao governo por pouco tempo mas sem possibilidade de aprovar a reforma da Constituição.

Há que reconhecer várias coisas: Zelaya não propunha um referendo. Era uma consulta que não tinha força de lei. E segundo, foram os militares que se negaram a cumprir as ordens do presidente eleito. E, neste contexto, dizer simplesmente que haja um diálogo entre os violentos, os ilegais, os golpistas, com o presidente eleito parece-me um disparate. Por esta razão: Washington quer castigá-lo como um exemplo para os outros países no Caribe, do que lhes poderia acontecer se eles se envolvem com Chávez. E é uma dupla política. O que a esquerda deveria saber, inclusive alguns que deveriam conhecer isso melhor, é que simplesmente criticar formalmente não significa nada com este presidente que temos. É o mesmo que se passou no Irão com o golpe fracassado, criticar o processo eleitoral enquanto estão a fomentar e financiar os golpistas nas ruas.

Neste caso utilizaram uma parte da institucionalidade e no Irão lançaram os estudantes e os sectores mais pró ocidentais às ruas. Mas é o segundo golpe do senhor Obama, muito bem disfarçado e com a cumplicidade da esquerda que só enfoca no aspecto mais superficial: os militares, que são simplesmente instrumentos da política norte-americana. Todos treinados pelos Estados Unidos, todos assessorados pelos Estados Unidos, todos receberam ajuda financeira e armas dos Estados Unidos. Actualmente há inclusive assessores norte-americanos que funcionam na Embaixada e temos o caso dos militares norte-americanos que em momento algum intervêm para dizer "nós nos opomos a este acontecimento".

Chury: Quer dizer então que na realidade é muito hipócrita a posição do governo de Obama.

Petras: Bem, é muito inteligente manejar melhor as relações públicas e o que cala é bom para que a OEA não condene os Estados Unidos mas condene simplesmente os militares, e enquanto isso as declarações da OEA são que os protestos devem respeitar o âmbito constitucional. Que âmbito constitucional existe quando o Congresso, o Tribunal Supremo e os militares destituíram o presidente eleito? Não há âmbito constitucional; é um quadro anti-democrático e anti-constitucional. Então só querem que a gente marche em protesto e volte para casa. Os sindicatos e os camponeses têm outro projecto: uma greve geral indefinida e marcha permanentes até que o governo de Zelaya retorne. Então há uma diferença subtil que devemos anotar porque as grandes manchetes dizem "OEA repudia o golpe", muito bem. Mas e depois? Como vão manejar a situação, a negociar com estes poderes golpistas que são uma frente muito poderosa? E o que poderia sair disso, desarmar a possibilidade de um voto constitucional e retorna Zelaya como preso na presidência sem capacidade de criar um quadro melhor para que os processos democráticos marchem em Honduras? Por isso digo que há uma parte clara e uma parte escura nisso. Por que todo o mundo aplaude que as Nações Unidas, a OEA, o ALBA, o Mercosul, a Unasur, condenem o golpe. Sim, está bem, mas quais são as acções práticas? Vão impor um embargo, vão romper relações com os golpistas, vão organizar algum embargo sobre o comércio? Que medidas práticas vão tomar? Os Estados Unidos vão retirar o seu embaixador, vão retirar seus assessores golpistas?

Porque uma denúncia simplesmente folclórica e que tudo siga normalmente económica e politicamente parece-me um acto meramente simbólico e inconsequente.

Chury: Petra, isto leva-me a Roma e Júlio César. Parece que para Honduras a sorte está lançada.

Petras: Bem, não sei em que grau. Por exemplo, o que preocupa Bachelet e os outros governos burgueses na América Latina é que este golpe é contra um governo burguês liberal, o de Zelaya, que não mudou nenhuma propriedade, não nacionalizou, não fez nenhuma reforma agrária mas apenas facilitou os direitos democráticos das organizações sociais para que possam articular as suas reivindicações. Nesse sentido é um democrata, mas sem nenhuma radicalidade em medidas sócio-económicas. Por isso queria rever a Constituiçã para introduzir algumas mudanças sócio-económicas, mas até agora as medidas mais progressistas estão na política externa. Mas todos os governos da América Latina devem estar muito preocupados porque eles se podem identificar com um governo liberal democrata e se há um golpe contra Zelaya por que não se podem multiplicar os golpes agora na América Latina a partir das crises económicas e das dificuldades para continuar com a política económica actual? São os seus próprios interesses que estão em jogo agora. Inclusive o governo do Uruguai deve considerar que um golpe na América Central pode parecer algo comum e que não está neste círculo, mas os militares têm um modo de tomar lições do que se passa em outras partes e do que se pode fazer, que podem não escapar a um castigo exemplar. Por esta razão todos querem condenar o golpe; porque poderia ser um efeito dominó: um golpe em Honduras, depois um golpe no Equador, um golpe na Bolíva, ... E por esta razão que é muito perigoso e Washington está a olhar para ver como tudo isso vai acontecer. A primeira prioridade de Washington é deslocar um aliado de Chávez e a segunda, o mal menor, é que volte a ser governo mas enquadrado num contexto em que não possa continuar a mandar, como um presidente preso no palácio presidencial. E depois, em Novembro, em menos de seis meses, outra eleição em que o partido liberal muda o candidato, põe um reaccionário de turno e termina o perigo de uma aliança centro-americana com Chávez.

Há dois carris em Washington: um é simplesmente deslocar Zelaya e o outro é terminar com um prolongamento falso deste governo.

Uma indicação de tudo isso é a reportagem da BBC que lemos esta manhã. Tem uns 15 parágrafos e 13 estão a dar a voz e a opinião da direita. Inclusive a dizer mentiras, como que o senhor Zelaya queria fazer uma emenda à Constituição, o que é falso porque era uma simples consulta, não era propriamente um referendo. E segundo, há comentários do governo dos golpistas, comentários de alguém na rua que diz estar alegre por ter caído o governo.

É um artigo pró golpe esse da BBC, o qual é um media muito degenerado nos últimos anos. Os media reflectem algo do que realmente pensam em Washington e os argumentos que vão mencionar: que os militares estavam apoiados pelo Tribunal Suprema, que não é uma violação ao governo civil e sim que os militares estão a controlar, revertendo a ordem completamente. Tratam de esconder com uma nuvem de fumo o grande significado do golpe, dar-lhe legitimidade enfatizando o novo presidente do Congresso. Dizem que era o segundo na hierarquia presidencial, etc. Devemos ler com atenção o que dizem os media neste sentido, que tentam minimizar o significado da derrubada.

Chury: Em síntese, Petras, os Estados Unidos são alheios a este golpe em Honduras ou são parte dele?

Petras: Eu creio que estão implicados e há que dizê-lo. Os EUA não tiveram problemas em convencer os militares devido aos seus próprios interesses e ideologia e toda a oligarquia estava contra simplesmente porque não controlava Zelaya tão bem como controlava todos os mal chamados presidentes passados. Então foi uma confluência de interesses imperialistas, oligárquicos e militares. E não tenho nenhuma dúvida de que com a presença norte-americana, a presença militar profunda em Honduras, não há nenhuma possibilidade de este golpe ter ocorrido sem a cumplicidade dos Estados Unidos.

Ninguém pode imaginar forças armadas mais subordinadas ao Pentágono que as de Honduras, que não actuam simplesmente por sua conta, não actuam independentemente dos EUA, não actuam sem que os EUA e os militares, que funcionam nos mesmos quartéis, nos mesmos Ministérios, não se pode imaginar que o general do exército de Honduras possa actuar sem a cumplicidade activa dos Estados Unidos.

Chury: Vamos deixar este tema, que certamente vai dar muito o que falar. Tivemos eleições no Rio da Prata. As eleições para a renovação do Congresso argentina e a eleições internas do Uruguai.

Petras: Da Argentina recebemos a notícia de que os Kirchner estão muito enfraquecidos, que subiu a direita dura e, como previmos, com a crise económica o centro-esquerda que é responsável pela política de dependência sofreu muito e então a direita é a primeira beneficiária, mas Pino Solanas [NR] aumentou enormemente a votação.

Chury: Sim, é a surpresa.

Petras: Sim, mas também é uma expressão de como as crises dividiram o país e Pino teve a capacidade de aglutinar uma força, ao passo que todos os trotsquistas, o Partido Obrero, os PTS e os demais fragmentam-se não conseguem nada. O mesmo de sempre: quando aumentam de um por cento para um vírgula cinco crêem que é um grande êxito. Neste sentido creio que é um sinal de que o centro-esquerda está em crise. Dissemos isso há um ano aqui. Que frente à crise económica isto de tentar equilibrar forças entre exportadores, burgueses, industriais, operários, não tinha mais caminho, que não poderia continuar. Mas Kirchner e Cristina Fernández continuaram a mesma política anterior e à crise e a polarização vai contra eles, porque ambos assumem a responsabilidade pelos efeitos da crise capitalista porque são o governo e a direita aproveita na sua posição contra o governo para colher votos dos descontentes. Agora, poderias informar-me se Mujica subiu em relação a Astori e Tabaré?

Chury: Sim, mas não é o principal da eleição de ontem no Uruguai. O principal é que o Partido Nacional, con Lacalle à cabeça, ficou acima da Frente Ampla.

Petras: Repete-se o que se passou na Argentina. Repito: o centro-esquerda em tempos de crise é culpável pelos problemas sociais que surgem. Assumiram toda a responsabilidade pela trajectória capitalista, o capitalismo entra em crise e as pessoas deslocam-se para a oposição, independentemente de que a oposição vá continuar e aprofundar as mesmas medidas de crise que a Frente Ampla. Há uma votação significativa da classe média que diz: quem está a provocar as minhas dores, quem está a afectar o emprego?: é o governo. O governo é a Frenta Ampla, então assume todos os custos de continuar a sua política económica. O que se passa é que a esquerda não é suficientemente forte e diferenciada da Frente Ampla para aproveitar um deslocamento da Frente Ampla para a esquerda. É uma lástima, é trágico que por muito tempo a esquerda tenha estado associada com a Frente Ampla e por esta razão não acumulou uma imagem suficientemente crítica e contra ela para que possam servir como um pólo de atracção. Então ganham o Partido Nacional, Macri na Argentina...

Considero que isso vai ser um fenómeno continental: onde o centro esquerda maneja e manda neste período de crise, sofrerá golpes eleitores.

Chury: Petras, como estamos no final do tempo, tenho que agradecer a análise e dar-te um abraço muito grande. Encontramo-nos segunda-feira como sempre.

Petras: Um abraço para todos.

[*] Entrevista à CX36, Rádio Centenário, do Uruguai, a 29/Junho/2009.

[NR] Fernando Pino Solanas: Director de cinema, autor do filme argentino Memoria del Saqueo . Para encomendar DVDs seus clique em Mémoire d'un saccage e La dignite du peuple .

O original encontra-se em http://www.lahaine.org/index.php?blog=3&p=38940


Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/ .