terça-feira, 22 de setembro de 2009

Rosa Luxemburgo e a pena de morte...

Um dever de honra

por Enlace

Isabel Loureiro, filósofa e professora da Universidade de São Paulo, apresenta uma tradução inédita de um pequeno artigo no qual a aguerrida intelectual polonesa Rosa Luxemburgo se posiciona veementemente contra a pena de morte.

Por Rosa Luxemburg

Não queríamos “anistia” nem perdão para as vítimas políticas do velho poder reacionário. Exigíamos nosso direito à liberdade, à luta e à revolução para aquela centena de militantes corajosos e leais que definhavam nas penitenciárias e nas prisões por terem lutado, sob a ditadura militar do bando criminoso imperialista, pela liberdade do povo, a paz e o socialismo. Agora estão todos em liberdade. Estamos novamente enfileirados, prontos para o combate. Não foram os Scheidemann e seus cúmplices burgueses, com o príncipe Max (1) à frente, que nos libertaram. Foi a revolução proletária que fez explodir as portas de nossas casamatas.

Contudo, outra categoria de habitantes infelizes desses edifícios lúgubres foi completamente esquecida. Ninguém pensou até agora nos milhares de figuras pálidas e macilentas que definham anos a fio atrás dos muros de prisões e penitenciárias expiando crimes comuns.

E no entanto são vítimas infelizes da infame ordem social contra a qual a revolução se dirigiu; são vítimas da guerra imperialista, que levou a miséria e a desgraça aos extremos da mais insuportável tortura; que, ao custo de uma carnificina brutal, desencadeou em naturezas fracas, dotadas de taras hereditárias, os instintos mais vis.

A justiça de classe burguesa funcionou mais uma vez como uma rede que deixa tranquilamente escapar de suas malhas os tubarões rapaces enquanto as pequenas sardinhas nelas se debatem desamparadas. Os especuladores, que ganharam milhões com a guerra, ficaram na sua maioria impunes ou receberam penas pecuniárias ridículas; os pequenos ladrões e as pequenas ladras são punidos com penas de prisão draconianas.

Passando fome e frio nas celas quase sem aquecimento, psiquicamente abatidos pelo horror dos quatro anos de guerra, esses enjeitados sociais esperavam misericórdia e alívio.

Mas esperam em vão. O último dos Hohenzollern, soberano bondoso preocupado em fazer os povos degolarem-se uns aos outros e em distribuir coroas, esqueceu-se dos infelizes. Desde a conquista de Liège não houve durante quatro anos qualquer anistia digna de menção, nem sequer no feriado oficial dos escravos alemães, o “aniversário do Kaiser”.

Agora a revolução proletária precisa iluminar com um pequeno raio misericordioso a existência sombria nas prisões e nas penitenciárias, diminuir as sentenças draconianas, abolir o bárbaro sistema disciplinar – correntes, açoites! –, melhorar no que for possível o tratamento e os suprimentos médicos, a alimentação e as condições de trabalho. É uma questão de honra!

O sistema penal existente, profundamente impregnado de um brutal espírito de classe e da barbárie do capitalismo, precisa ser extirpado de vez. É preciso começar imediatamente uma reforma de base do sistema penal. É evidente que uma reforma totalmente nova, no espírito do socialismo, só pode ser estabelecida sobre o fundamento de uma nova ordem econômica e social, pois tanto crimes quanto castigos estão em última instância enraizados nas condições econômicas da sociedade. No entanto, uma medida radical pode ser adotada sem mais: a pena de morte, a maior vergonha do ultra-reacionário código penal alemão, precisa desaparecer imediatamente! Por que hesita o governo dos trabalhadores e soldados? Será que o nobre Beccaria, que há duzentos anos denunciou em todas as línguas civilizadas a infâmia da pena de morte, não existiu para vocês, Ledebour, Barth, Däumig? Vocês não têm tempo, têm pela frente mil preocupações, mil dificuldades, mil tarefas. É verdade. Mas peguem o relógio e olhem quanto tempo leva para abrir a boca e dizer: está abolida a pena de morte! Ou será que entre vocês deveria haver a esse respeito um longo debate com votação? Será que nesse caso vocês também se deixariam enredar num emaranhado de formalidades, considerações de competência, questões de rubricas, carimbos e futricas semelhantes?

Ah, como é alemã esta revolução alemã! Como é prosaica, pedante, sem entusiasmo, sem brilho, sem grandeza. A pena de morte esquecida é somente um pequeno detalhe isolado. Mas é precisamente nesses pequenos detalhes que se trai de costume o espírito intrínseco do todo!

Peguemos qualquer livro de história da grande Revolução Francesa, por exemplo, o árido Mignet. É possível ler esse livro sem o coração palpitante e a fronte em brasa? Quem abriu qualquer página ao acaso pode largá-lo antes de ter ouvido, empolgado, sem fôlego, o último acorde desse grandioso acontecimento? É como uma sinfonia de Beethoven, intensamente poderosa, uma tempestade trovejando no órgão dos tempos, grande e soberba, tanto nos erros quanto nos acertos, tanto na vitória quanto na derrota, tanto em seu primeiro grito ingênuo de júbilo quanto em seu último suspiro. E o que acontece agora na Alemanha? A cada passo, pequeno ou grande, sente-se que são sempre os velhos e bem comportados companheiros da defunta social-democracia alemã, para quem os carnês de filiação eram tudo, os homens e o espírito, nada. Não devemos nos esquecer contudo que não se faz história sem grandeza de espírito, sem pathos moral, sem gestos nobres.

Liebknecht e eu, ao deixarmos os hospitaleiros espaços onde vivemos ultimamente – ele, seus irmãos de penitenciária, de cabeça tosada, eu, minhas pobres queridas ladras e mulheres da rua com quem vivi três anos e meio debaixo do mesmo teto – nós lhes prometemos solenemente, enquanto nos acompanhavam com o olhar triste: não os esqueceremos!

Exigimos do Comitê Executivo dos conselhos de operários e soldados um abrandamento imediato do destino dos prisioneiros em todos os cárceres da Alemanha!

Exigimos a supressão da pena de morte do código penal alemão!

Durante os quatro anos de genocídio imperialista o sangue correu em torrentes, em riachos. Agora é preciso guardar respeitosamente cada gota dessa seiva preciosa em recipientes de cristal. A mais violenta atividade revolucionária e a mais generosa humanidade – este é o único e verdadeiro alento do socialismo. Um mundo precisa ser revirado, mas cada lágrima que cai, embora possa ser enxugada, é uma acusação; e aquele que, para realizar algo importante, apressadamente e com brutal descuido esmaga um pobre verme, comete um crime.


Die Rote Fahne (Berlim), nº3, 18 de novembro de 1918.


Tradução: Isabel Loureiro

NOTAS

(1) Em 3 de outubro de 1918 o príncipe Max de Bade foi nomeado chanceler, tendo formado um governo parlamentar com o objetivo de paralisar o movimento revolucionário na Alemanha, salvar as classes dominantes e negociar com a Entente. Faziam parte do governo, entre outros, o líder da bancada do partido do Centro, Adolf Gröber, Friedrich von Payer como representante do Partido do Progresso, Philipp Scheidemann e Gustav Bauer como representantes da social-democracia.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ZERO HORA MONTA EMPULHAÇÃO COM “CADERNO” ACHADO NO LIXO
















.
.
.
.
.

Do blog CloacaNews

O repórter - e notório plagiador - Humberto Trezzi, do tablóide venal gaúcho Zero Hora, acaba de quebrar seu próprio recorde de sem-vergonhice profissional. No dia em que se completa um mês do assassinato do agricultor sem-terra Elton Brum da Silva pela polícia tucana – sem que o nome do criminoso tenha sido apresentado pelo governo terrorista e corrupto de Yeda Crusius – , a reportagem de capa da gazetinha assinada por ele na edição de hoje, acumpliciada por um certo Maicon Bock, tenta passar aos leitores a idéia de que os dirigentes e militantes do MST “comemoram” a morte do “acampado de Canguçu”, uma vez que o crime deu “nova visibilidade ao movimento”.
Para sustentar a matéria, os autores basearam-se em um suposto “caderno escolar de 26 páginas escritas à mão” que estaria, segundo os jornalistas, “jogado em uma lata de lixo no estacionamento do Incra”. Apócrifas e anônimas, as anotações do suposto caderninho deram aos autores do texto subsídios suficientes para que fossem expostas “as estratégias adotadas pela organização após o episódio” e se revelasse o ” pensamento dos sem-terra sobre a morte de um companheiro”.
Para dar “credibilidade” ao trabalho, a gazetinha apresenta “fotos” de anotações em trechos recortados de algumas páginas do suposto caderno, o que nos remeteu ao indecoroso episódio do falso bilhete apresentado pela polícia de José Serra no recente conflito da favela paulistana de Heliópolis.
Se, na edição de ontem do jornalzinho da RBS, até mesmo a colunista-abelha manifestou, em notinha escondida, alguma indignação pelo “silêncio” das instituições sobre o nome do assassino do “joão-ninguém” Elton Brum, hoje as coisas voltaram à normalidade naquele diário. Como se verá aqui e aqui, Zero Hora inicia a semana dando um banho de jornalismo. Um banho de canequinha, com o líquido recolhido no aterro sanitário das oligarquias desesperadas.

Os caroneiros do mito farroupilha


Oportunistas querem mamar leitinho eleitoral da velha vaca sagrada da ideologia estancieira

Por Cristovão Feil

Recebo de um leitor atento a cópia digitalizada do boletim eleitoral do único deputado estadual do PC do B alusivo ao 20 de Setembro (acima, fac-símile parcial).

Segundo o nosso gentil leitor, militantes pecedobistas estavam panfleteando o material eleitoral no Acampamento Farroupilha, no Parque da Harmonia, centro de Porto Alegre, ontem, dia 20 de Setembro.

Li parcialmente o panfleto laudatório ao que eles chamam de "Revolução Farroupilha". Uma confusão só. O material tem a nítida intenção de pegar carona no prestígio popularesco da ideologia do gauchismo e da mitologia farroupilha. O texto é uma simplificação grosseira da historiografia dos fatos ocorridos entre 1835 e 1845 no Rio Grande do Sul. A começar que denomina a guerra civil farrapa de "revolução farroupilha".

Já se vê que os nossos comunistas de mentirinha leram pouco e leram mal as obras de Marx. Se é que leram. Em "A ideologia alemã", casualmente escrito entre 1845/46, Marx e Engels definem o que seja um processo revolucionário. Eles falam do chamado "salto cataclísmico" de um modo de produção para o seguinte, provocado pela convergência de conflitos entre as velhas instituições e as novas forças produtivas que lutam para se impor. Ora, nos conflitos do decênio farrapo jamais foi cogitado algo semelhante. A própria ideia de república era uma consigna anêmica e mitigada. Portanto, a institucionalidade era conservadora e o modo de produção continuaria baseado nas vastas estâncias pastoris tocadas a trabalho escravo. Onde se encontram, então, os elementos necessários para a ocorrência de uma revolução autêntica e genuína?

Marx no belo texto que lhe é peculiar, cheio de pequenas anedotas, espírito agudo e fina ironia, ainda observa que em qualquer revolução é preciso "limpar as estrebarias de Áugias que estão transbordando de estrume" - referindo-se aos doze trabalhos do herói mítico Hércules que desviou dois rios para limpar num só dia as cocheiras fétidas de um velho reino grego.

As estrebarias do Rio Grande do Sul, pois, ficaram simbolicamente mais sujas, depois de 1845. Uma velha classe de civis e militares se revezaram vegetativamente no poder provincial, como xerifes vigilantes da imperial família Bragança. Enquanto isso, sua base social de sustentação política - o latifúndio pastoril (de tão atrasados sequer cultivavam a terra) de exportação - se apropriava de tantas terras públicas quanto fosse possível.

Essa farra latifundiária sem limites e com licença para roubar terminou somente em 1891, com a Constituição escrita pelo republicano Julio Prates de Castilhos, dando início, assim, a um novo ciclo político modernizador e revolucionário que vai durar mais de trinta anos no Rio Grande do Sul.

Mas isso não interessa aos oportunistas que só apostam nas leviandades e meias-verdades do senso comum mais obtuso. O negócio é continuar pescando votinhos nas águas turvas do consenso mais rasteiro e ideologizado.

Golpe em Honduras...

Honduras: A resistência está firme, afirma Frente Nacional

A Frente Nacional contra o golpe de Estado de Honduras afirmou que a resistência contra o governo de facto está firme e não poderá ser derrotada apesar da repressão. Não puderam golpear a moral do povo. Nossa resistência é ativa, mas pacífica, assegurou o dirigente sindical e da Frente, José Luis Baquedano, em declarações a jornalistas.

Cartaz honduras

O coordenador geral dessa aliança de forças populares surgida horas após o golpe militar de 28 de junho, Juan Barahona, expressou que a capacidade de mobilização do povo foi imensa.

Relatou que nesta sexta-feira, quando o canal 36 de televisão e a emissora Rádio Globo denunciaram tentativas de fechamento, milhares de pessoas se dirigiram para proteger esses meios, defensores da causa popular.

A presença da resistência evitou que os retirassem do ar. O povo deu proteção a esses meios, disse.

Barahona narrou que no momento em que tiveram conhecimento das denúncias das duas emissoras, se encontravam na saída da capital para o noroeste do país, mas a passos largos os milhares de manifestantes se apressaram para chegar a esses meios.

Agregou que a ampla resistência popular e o apoio da comunidade mundial à restituição da ordem constitucional em Honduras, dá confiança ao povo sobre o regresso do presidente, Manuel Zelaya.

Desde o dia da ação militar, a Frente traçou esses dois objetivos, junto à demanda de convocação de uma assembleia nacional constituinte que elabore uma carta magna que estabeleça a igualdade e justiça no país.

Barahona e Baquedano asseguraram que Zelaya deve retornar a seu posto, no mais tardar a fins deste mês, para que possam ser reconhecidas as eleições programadas para 29 de novembro deste ano.

Baquedano, candidato a deputado pela ala antigolpista da Partido Inovação e Unidade (PINU), recordou que a Frente não aceitará eleições tuteladas por golpistas".

Barahona anunciou que neste sábado os membros da resistência se reunirão com a família de Zelaya, em um festejo popular do aniversário do estadista.

Hortensia Rosales, mãe de Zelaya, disse ontem à noite que o presidente se mantém firme junto ao povo e voltará ao país para continuar o processo democratizador interrompido pelo golpe militar.

Fonte: Pátria Latina

domingo, 20 de setembro de 2009

Escola Latino Americana de Agroecologia realiza Feira da Agrobiodiversidade

No Paraná, a ELAA(Escola Latinoamericano de agroecologia),na comemoração pelos seus 4 anos de existencia,organiza sua primeira feira de agrobiodiversidade: leia abaixo a materia do diario chasque...


Reportagem: Joel Felipe Guindani


O evento acontece neste sábado (19) no município de Lapa, região metropolitana de Curitiba. A feira faz parte da comemoração dos 4 anos da Escola e dos 25 anos do MST no estado.






Em comemoração ao seu quarto ano, a Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA) realiza neste sábado (19) a primeira Feira da Agrobiodiversidade. O evento acontece na Sede da ELAA, localizada no Assentamento Contestado, município de Lapa, setenta quilômetros de Curitiba.

José Maria Tardin, da coordenação executiva, comenta que a feira não é apenas um momento de confraternização pelas conquistas, mas também de socialização de experiências e de estudo sobre os avanços necessários.

“A biodiversidade tem sido objeto de interesse das grandes empresas que se apropriam através das leis de patente impedindo assim o livre acesso à biodiversidade por parte das famílias camponesas. A feira tem então o objetivo de planejar nossas lutas pra enfrentarmos esse domínio do mercado sobre a agrobiodiversidade”, diz.

José destaca que a ELAA, mantida pelos movimentos que integram a Via Campesina, formou no mês de maio deste ano os primeiros 52 tecnólogos em agroecologia do Brasil. Atualmente, outros 70 educandos dão continuidade ao curso. Tardin ainda enfatiza que a Feira da Agrobiodiversidade também faz parte da comemoração dos 10 anos do Assentamento Contestado e dos 25 anos do MST no estado. A programação inicia às 8h e se estende até o final do dia.


Tarzan e Jane brincam...

Globo, Folha e o medo dos blogueiros


Do blog de Altamiro Borges,pelo próprio

Os latifundiários da mídia e seus colunistas de aluguel, que tanto bravateiam sobre a “liberdade de expressão”, estão preocupados com o uso democrático e crescente da internet no Brasil. Eles temem a migração, principalmente dos jovens, para os blogs, twitter e outras redes sociais. Estão alarmados com a abrupta queda das tiragens dos jornalões tradicionais e mesmo das audiências da TV. O uso da internet, ao menos temporariamente, tem representado um golpe na forma unidirecional e autoritária que impera na mídia. Ela possibilita mecanismos mais participativos e interativos de comunicação, o que abala o pensamento único emburrecedor da ditadura midiática.

“Princípios e valores” dos Marinhos

Segundo informações do sítio Comunique-se, a TV Globo e o jornal Folha de S.Paulo baixaram medidas para coibir os seus funcionários de usarem blogs, twitter e outras redes. “A hospedagem em portais ou outros sites, bem como a associação do nome, imagem ou voz dos contratados da Rede Globo a quaisquer veículos de comunicação que explorem as mídias sociais, ainda que o conteúdo disponibilizado seja pessoal, só poderá acontecer com a prévia autorização formal da empresa”, afirma o comunicado ditatorial da família Marinho de 10 de setembro.

A medida atinge tanto artistas, como jornalistas e outros profissionais da emissora e teria gerado críticas dos funcionários. “A atriz Fernanda Paes Leme reclamou: ‘Não existe arte sem liberdade de expressão. Blog e twitter ajudam o público a conhecer o artista por trás do personagem... Eu vou continuar por aqui’”, registrou o “comunique-se”. Procurada pela redação, a direção da TV Globo alegou que a medida tem o objetivo de “preservar seus princípios e valores”.

Clóvis Rossi, o padre medieval

Já a Folha anunciou em comunicado interno que os jornalistas e colunistas deste veículo deverão seguir “algumas regras” para o uso dos blogs e twitter. “A recomendação, assinada pela editoria executiva, é que os profissionais não assumam opiniões partidárias sobre qualquer candidato ou campanha, e também veda a publicação de conteúdo exclusivo, acessível apenas para assinantes do jornal”. A medida não surpreendeu alguns jornalistas deste jornal, que há muito se queixam do excessivo controle exercido pela direção da empresa na produção de conteúdos.

Já o paparicado colunista Clóvis Rossi, que se acha acima do bem e do mal, deve ter gostado desta nova restrição. Em sua coluna, ele expressou o seu total desprezo pela “praga dos blogs”. Como ironizou o blogueiro Rodrigo Vianna, “o resmungo de Rossi lembra-me a amargura de um padre ‘medieval’, que tinha o monopólio da palavra e do saber e, de repente, sente-se perdido ao ver que, após Gutenberg, a Bíblia poderia ser impressa e interpretada sem a ajuda dos clérigos. O velho jornalismo é conservadorismo em estado bruto. É o absolutismo da informação”.

Rodrigo Vianna também aproveita para descrever a triste trajetória deste colunista da ditabranda. “Quem não vive em São Paulo talvez nem saiba direito quem é ele. O Rossi costumava ser um grande repórter. Ainda hoje, quando vai à rua, produz bons textos... Como colunista, porém, ele tem aquela mania execrável de escrever mais para o patrão (e para a ‘turminha’ da Folha) do que para o leitor”. É este servil jornalista, “em seu pedestal”, que resmunga contra a internet, fazendo coro com as medidas autoritárias que restringem o uso de blogs, twitter e outras redes. Depois, eles ainda fazem as suas bravatas sobre a “liberdade de expressão”. Não há credibilidade que resista!

Noticias do Mexico...

Movimento de Libertação Nacional no México busca maior unidade



Imagen activa

Escrito por Bianka de Jesus
- Prensa Latina


O Conselho Nacional do Movimento de Libertação Nacional se reunirá hoje aqui a fim de avançar no plano 2009-2012 quanto à linha política a seguir.

Propõem-se buscar a unidade para atuar nesse período com vistas às eleições presidenciais, e buscar alternativas à crise econômica que enfrenta o país.

Uma outra ideia, dentre as que se discutirão neste encontro, será propor a renúncia do presidente Felipe Calderón, que na opinião dos dirigentes apresenta uma séria crise de legitimidade.

Esta reunião será o resultado de três meses de intercâmbio, há um ano de criação do movimento, disse à Prensa Latina um de seus dirigentes, Marcos Tello, que advertiu que não é possível deixar o regime com as mãos livres.

É o momento de questionar socialmente o governo, assegurou e assinalou que não se trata de um simples gesto de vontade, nem um dispositivo político, mas sim de um ato de justiça social.

O saldo de várias décadas de políticas neoliberais é, ao ver de todos e no critério dos especialistas, não só a maior desocupação, retrocesso econômico, mas também uma guerra contra o narcotráfico evidentemente fracassada, comentou Tello.

Atualmente, o MLN conta com membros em 25 dos 32 estados e soma cerca de 300 mil mexicanos em toda a nação.

O representante de esquerda advertiu a esta agência que apesar da juventude da organização, muitos de seus integrantes procedem de velhos movimentos de luta e vêm se agrupando há duas décadas, comentou.

Agora a proposta é buscar novas áreas de influência, se aproximar do grande público, referiu Tello.

sábado, 19 de setembro de 2009

Gramsci e a midia...

MÍDIA E HEGEMONIA DE CLASSE

Se Gramsci estivesse vivo, tenho certeza que ele faria o máximo possível para divulgar a necessidade de se democratizar as comunicações, afinal ele propunha a chegada ao poder via Democracia. E é lógico, sem diversidade de pontos de vista não existe a tal Democracia.

- por Ricardo Melo, do blog de Andre Lux

Para que ninguém pense que eu sou dado a estrelismos e nem me chamem de convencido, já vou avisando: escolhi a imagem do italiano Antonio Gramsci só porque acho que ele é “o cara” em termos de pensamento político. Não, não me pareço nem um pouco com ele, nem fisicamente e nem em inteligência. E também não sou assim um especialista em Gramsci, não li a sua obra completa. Não li nem os cadernos do cárcere, que ele escreveu enquanto mofava em uma prisão entre 1926 e 1934. Resumindo, seu eu fosse criancinha hoje, gostaria de ser que nem o Gramsci quando crescer. Com certeza, alguém vai aparecer para falar que isso tudo não é “original”, mas quem disse que tudo precisa ser “original” na vida?

O Gramsci foi original. Ele pegou a doutrina marxista e deu uma volta no velho barbudo. Concluiu e provou que o Socialismo não seria alcançado apenas com a luta direta do proletariado pela apropriação dos meios de produção, via Revolução.

Ele propôs que os trabalhadores, antes de conquistar a posse dos meios de produção, deveriam estabelecer por conta própria uma Hegemonia na super-estrutura, ou seja, deveriam estabelecer na cultura e na política os seus próprios pontos de vista como consenso.

Eu acho que ele estava coberto de razão. A própria burguesia fez isso para chegar ao poder. Estabeleceu os seus valores de classe como os “válidos” na sociedade, colocou o Aristocracia na sinuca (inclusive economicamente) e depois sim é que partiu para a Revolução.

Gramsci mostrou que, apesar da infra-estrutura (a produção econômica) determinar o tipo de sociedade em que vivemos, a super-estrutura (a cultura, a política, a ciência, etc.) tem um papel fundamental para quem se propõe chegar a uma transformação social. E como se tudo isso não bastasse, Gramsci propôs que o Socialismo poderia ser alcançado democraticamente, justamente através do estabelecimento de uma Hegemonia Cultural por parte do proletariado. Eu acho esse ponto de vista bárbaro.

Mas interessante mesmo seria analisar a realidade do nosso contexto a partir do ponto de vista do Gramsci, aliás isso precisa ser feito também por causa do nome da coluna (Última Análise), afinal eu não sou ninguém para escrever uma análise derradeira sobre a filosofia do nosso Antonio.

E eu acho que do ponto de vista do Antonio (olha aí, já ganhei proximidade com “o cara”), o mundo passa por um momento em que a Hegemonia do capital financeiro sofreu um abalo considerável, abrindo um vácuo para que as esquerdas proponham novos pontos de vista e se candidatem a uma Hegemonia na cultura e na política.

O Consenso de Washington não é mais consenso algum, a especulação financeira colocou os países ricos de joelhos, os países emergentes estão se saindo melhor na crise e isso ocorre justamente por causa da ação do Estado na economia. Tudo isso contradiz aquela fé ortodoxa na capacidade dos Mercados se auto-regularem.

Nesse contexto, o Brasil cresceu como nunca, diminuiu a desigualdade como nunca, controlou a inflação como nunca e passou a ser reconhecido no plano global como exemplo de condução econômica e social eficiente. Foi através da ação do Estado que o Brasil estabeleceu o maior programa de complementação de renda do mundo, aumentou o salário-mínimo, está investindo fortemente na infra-estrutura produtiva, aumentou o número de empregos formais, equalizou a questão da previdência e civilizou o atendimento, descobriu o Pré-Sal e por aí vai.

Há pouco tempo, mesmo a contragosto, a mídia teve que anunciar que no mês passado o país gerou um saldo positivo de 240 mil postos de trabalho formais. Esse é também mais um resultado do governo Lula, que conseguiu combater a maior crise internacional desde a década de 1920 utilizando recursos equivalentes a 1% do PIB e mais nada. Só para comparar, a China “torrou” nada menos do que 13% do PIB. Muito mais.

Sim, as conquistas no governo Lula são inquestionáveis, mas a mídia não mostra isso. Com certeza as famílias que gerem a mídia conhecem algo de Gramsci ou mandaram os seus “feitores” ler os escritos do nosso Antonio. Eles manipulam, distorcem e mentem. Pois sabem que o fato objetivo é que um operário conduziu bem o Brasil nos tempos de calmaria e recentemente salvou o nosso “navio” de uma tempestade perfeita.

Se as famílias Marinho, Civita e Mesquita assumissem essa realidade, estariam dando pano pra manga. Teriam de concordar que existe uma transformação na Hegemonia Política em que os donos do poder perdem eleição e perdem a moral também. E isso não pegaria bem para o “andar de cima” desse país não é mesmo? Daí é que eles dizem que esse Lula tem mesmo é “sorte” e fim de papo.

Agora falando sério: está em andamento na Argentina a aprovação de uma nova lei do audiovisual, que vai democratizar no país o controle dos meios de comunicação.

No Brasil também existem iniciativas semelhantes, mas elas encontram uma rejeição enorme por parte da própria mídia, que por sua vez representa os verdadeiros “donos do poder”.

Se Gramsci estivesse vivo, tenho certeza que ele faria o máximo possível para divulgar a necessidade de se democratizar as comunicações, afinal ele propunha a chegada ao poder via Democracia. E é lógico, sem diversidade de pontos de vista não existe a tal Democracia.

Chega daquela velha (e mesma) opinião formada sobre tudo na nossa mídia. A grande maioria da população tem muito interesse nesse tema e muitos precisam ser avisados disso.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Teoria socialista...

O Homem e o Mito - José Carlos Mariátegui


por Enlace

Todas as pesquisas da inteligência contemporânea sobre a crise mundial deságuam nesta unânime conclusão: a civilização burguesa sofre da ausência de um mito, de uma fé, de uma esperança. Ausência que e a expressão de sua falência material.

O Homem e o Mito - José Carlos Mariátegui

Mariátegui

A experiência racionalista teve a paradoxal eficiência de conduzir a humanidade à triste convicção de que a Razão não lhe pode oferecer nenhum caminho. O racionalismo serviu apenas para desacreditar a razão. Afirmou Mussolini que os demagogos sufocaram a idéia Liberdade. Mais exato é, sem dúvida, que os racionalistas sufocaram a idéia Razão. A Razão extirpou da alma da civilização burguesa os resíduos de seus antigos mitos. O homem ocidental colocou, durante algum tempo, no retábulo dos deuses mortos a Razão e a Ciência. Entretanto, nem a Razão nem a Ciência podem ser um mito. Nem a Razão nem a Ciência podem satisfazer toda a necessidade de infinito que há no homem. A própria Razão encarregou-se de demonstrar aos homens que ela não lhes basta. Que unicamente o Mito possui a preciosa virtude de preencher seu eu profundo.
A Razão e a Ciência corroeram e destruíram o prestígio das antigas religiões. Eucken, em seu livro sobre o sentido e o valor da vida, explica de maneira clara e certeira o mecanismo deste trabalho destruidor. As criações da ciência deram ao homem uma sensação nova de sua potencia. O homem, antes intimidado diante do sobrenatural, descobriu logo um exorbitante poder para corrigir e retificar a Natureza. Esta sensação desalojou de sua alma as raízes da velha metafísica.
Mas o homem, como a filosofia o define, é um animal metafísico. Não se vive fecundamente sem uma concepção metafísica da vida. O mito move o homem na história. Sem um mito a existência do homem não tem nenhum sentido histórico. A história, fazem-na os homens possuídos e iluminados por uma crença superior, por uma esperança sobre-humana; os demais constituem o coro anônimo do drama. A crise da civilização burguesa mostrou-se evidente desde o instante em que esta civilização constatou a carência de um mito. Renan destacava melancolicamente, em tempos de orgulhoso positivismo, a decadência da religião e inquietava-se pelo futuro da civilização européia. "As pessoas religiosas escrevia vivem de uma sombra. Depois de nós, viver-se-á de quê?" A desolada interrogação aguarda ainda uma resposta.
A civilização burguesa caiu no ceticismo. A guerra parece ter reanimado os mitos da revolução liberal: a Liberdade, a Democracia, a Paz. Mas a burguesia aliada os sacrificou, em seguida, aos seus interesses e aos seus ressentimentos na Conferência de Versailles. O rejuvenescimento desses mitos serviu, entretanto, para que a revolução liberal se realizasse plenamente na Europa. Sua invocação condenou à morte os resquícios de feudalidade e de absolutismo que ainda sobrevivem na Europa Central, na Rússia e na Turquia. E, sobretudo, a guerra provou uma vez mais, de forma cabal e trágica, o valor do mito. Os povos responsáveis pela vitória foram os povos capazes de conceber um mito multitudinário.
II
O homem contemporâneo sente a peremptória necessidade de um mito. O ceticismo e infecundo e o homem não se conforma com a infecundidade. Uma exasperada e às vezes impotente "vontade de crer", tão aguda no homem pós-bélico, era já intensa e categórica no homem pré-bélico. Um poema de Henri Frank, A dança diante da arca, é o documento que tenho mais à mão a respeito do estado de ânimo da literatura dos últimos anos pré-bélicos. Neste poema lateja uma grande e profunda emoção. Por isto, sobretudo, quero citá-lo. Henri Frank nos diz da sua profunda "vontade de crer". Israelita, trata, primeiro, de reavivar na sua alma a fé no deus de Israel. A tentativa é vã. As palavras do Deus de seus pais soam estranhas nesta época. O poeta não as compreende. Declara-se surdo ao seu sentido. Homem moderno, o verbo do Sinai não pode captá-lo. A fé morta não e capaz de ressuscitar. Sobre ela pesam vinte séculos. “Israel morreu por haver dado um Deus ao mundo”. A voz do mundo moderno propõe seu mito fictício e precário: a Razão. Mas Henri Frank não pode aceitá-lo. “A Razão – diz – a razão não e o universo”.
“La raison sans Dieu c'est la chambre sans lampe.”
O poeta parte em busca de Deus. Tem urgência em satisfazer sua sede de infinito e de eternidade. Mas a peregrinação é infrutífera. O peregrino queria contentar-se com a ilusão cotidiana. “Ah! sache franchement saisir de tout moment - la fuyante fumée et le suc éphemère”. Finalmente acredita que “a verdade é o entusiasmo sem esperança”. O homem traz sua verdade em si mesmo.
“Si l'Arche est vide où tu pensais trouver la loi, rien n'est réel que ta danse.”
III
Os filósofos nos trazem uma verdade análoga à dos poetas. A filosofia contemporânea varreu o medíocre edifício positivista. Esclareceu e demarcou os modestos limites da razão. Formulou as atuais teorias do Mito e da Ação. É inútil, segundo estas teorias, procurar uma verdade absoluta. A verdade de hoje não será a verdade de amanhã. Uma verdade e válida apenas para uma época. Contentemo-nos com uma verdade relativa.
Mas esta linguagem relativista não e acessível e não e inteligível para o vulgo. O vulgo não sutiliza tanto. O homem resiste em seguir uma verdade enquanto não a crê absoluta e suprema. É inútil recomendar-lhe a excelência da fé, do mito e da ação. É preciso propor-lhe uma fé, um mito e uma ação. Onde encontrar o mito capaz de reanimar espiritualmente a ordem que sucumbe?
A pergunta exaspera a anarquia intelectual, a anarquia espiritual da civilização burguesa. Algumas almas lutam por restaurar a Idade Média e o ideal católico. Outras trabalham por um retorno ao Renascimento e ao ideal clássico. O fascismo, através da boca de seus teóricos, atribui-se uma mentalidade medieval e católica; crê representar o espírito da Contra-Reforma, embora, por outra parte, pretenda encarnar a idéia da Nação, idéia tipicamente liberal. A teorização parece comprazer-se com a invenção dos mais apurados sofismas. Mas todas as tentativas de ressuscitar mitos passados estão destinadas ao fracasso. Cada época quer ter uma intuição própria do mundo. Nada mais estéril que pretender reanimar um mito extinto. Jean R. Bloch, num artigo publicado na revista Europe, escreve, a tal respeito, palavras de profunda verdade. Na catedral de Chartres ouviu a voz maravilhosamente crédula da longínqua Idade Média. Mas adverte quanto e como essa voz e estranha às preocupações desta época.
“Seria uma loucura escreve pensar que a mesma fé repetiria o mesmo milagre. Buscai ao vosso redor, em alguma parte, uma mística nova, ativa, suscetível de milagres, apta a encher de esperança aos desgraçados, a suscitar mártires e a transformar o mundo com promessas de bondade e de virtude. Quando a tiverdes encontrado, designado, nomeado, não sereis absolutamente o mesmo homem”.
Ortega y Gasset fala da “alma desencantada”. Romain Rolland fala da “alma encantada”. Qual dos dois tem razão? Ambas as almas coexistem. A “alma desencantada” de Ortega y Gasset é a alma da decadente civilização burguesa. A “alma encantada” de Romain Rolland é a alma dos forjadores da nova civilização. Ortega y Gasset vê apenas o acaso, o crepúsculo, der Untergang. Romain Rolland vê a aurora, a alvorada, der Aurgang. O que mais nítida e claramente diferencia, nesta época, a burguesia e o proletariado e o mito. A burguesia já não tem mito algum. Tornou-se incrédula, cética e niilista. O mito liberal renascentista envelheceu demasiadamente. O proletariado tem um mito: a revolução social. Em direção a esse mito move-se com uma fé veemente e ativa. A burguesia nega; o proletariado afirma. A inteligência burguesa entretém-se numa crítica racionalista do método, da teoria e da técnica dos revolucionários. Que incompreensão! A força dos revolucionários não está na sua ciência; está na sua fé, na sua paixão, na sua vontade. É uma força religiosa, mística, espiritual. É a força do Mito. A emoção revolucionária, como afirmei num artigo sobre Gandhi, e uma emoção religiosa. Os motivos religiosos deslocaram-se do céu para a terra. Não são divinos; são humanos, são sociais.
Há algum tempo que se constata o caráter religioso, místico e metafísico do socialismo. Georges Sorel, um dos mais altos representantes do pensamento francês do século XX, dizia em suas Reflexões sobre a violência:
“Encontrou-se uma analogia entre a religião e o socialismo revolucionário, que se propõe a preparação e ainda a reconstrução do indivíduo para uma obra gigantesca. Mas Bergson nos ensinou que não somente a religião pode ocupar a região do eu profundo; os mitos revolucionários podem também ocupá-la com. o mesmo título”.
Renan, como o mesmo Sorel lembra, referia-se à fé religiosa dos socialistas, constatando sua inexpugnabilidade a todo desalento.
“A cada experiência frustrada, recomeçam. Não encontraram a solução: a encontrarão. Jamais os assalta a idéia de que a solução não exista. Eis aí sua força”.
A mesma filosofia que nos mostra a necessidade do mito e da fé, torna-se incapaz geralmente de compreender a fé e o mito dos novos tempos. "Miséria da filosofia", como dizia Marx. Os profissionais da Inteligência não encontrarão o caminho da fé; o encontrarão as multidões. Aos filósofos caberá, mais tarde, codificar o pensamento que brote da grande gesta multitudinária. Acaso souberam os filósofos da decadência romana compreender a linguagem do cristianismo? A filosofia da decadência burguesa não pode ter melhor destino.
Reproduzido de MARIÁTEGUI, J. C. El hombre y el mito. In: “El alma matinal” 3ª ed., Lima, Amauta, 1964. p. 23-8 – Ediciones Populares, 3.
José Carlos Mariátegui ( 1895 - 1930)

*Sociólogo e jornalista peruano foi o criador de um pensamento absolutamente original para a América Latina, fundamentado no socialismo, cujas raízes buscou nas civilizações andinas. Tais idéias, mais particularmente expostas em sua obra “Sete ensaios de interpretação da realidade peruana”, foram resultado de uma elaboração gradativa e constante, a partir de sua experiência européia e de sua vivência da realidade peruana.
Nasceu em Moquegua, no dia 16 de julho 1894. A partir de 1914 trabalhou como o editor no jornal La Prensa e colaborou em muitos outros. Atuou em diversos gêneros literários e em 1919 criou o diário A Razão, de onde prestou apoio à Reforma Universitária e as lutas do povo trabalhador.
Viajou pela Europa graças a uma bolsa de estudos e retornou ao Peru em março de 1923. Colaborou em diversos jornais e exerceu a cátedra de professor na Univerdidad Pupular González Prada. Em 1924, devido a um velho ferimento, teve amputada uma perna.
Fundou a revista Amauta em 1926 e sofreu várias vezes as agruras do cárcere, assim como prisão domiciliar em 1927 durante o processo contra os comunistas. Em 1928 quebrou com o PARA e fundou o Partido Socialista, a revista proletária Labor e publicou seu clássico “Sete Ensaios de Interpretação da Realidade Peruana”. Um ano mais tarde, fundou a Confederação de Trabalhadores do Peru. Morreu em Lima no dia 16 de abril de 1930.