domingo, 10 de janeiro de 2010

Em portugal, como no Brasil a proposta da social democracia(PSDB) é a mesma...

A OFENSIVA CONTRA
A FUNÇÃO PÚBLICA E O SERVIÇO PÚBLICO [1]
Pedro Carvalho

Neste texto de enorme interesse para todos os trabalhadores e não apenas os da função pública, o autor, Pedro Carvalho desmonta a falácia neoliberal que o governo PS de José Sócrates levou a um extremo onde a direita tradicional não conseguiu chegar.
A desqualificação dos serviços, através da diminuição de recursos, meios e funcionários, é sempre o primeiro passo para justificar para a privatização ou mesmo encerramento do serviço.
E o encerramento de serviços implica na grande maioria dos casos um contributo para acelerar a desertificação de uma determinada localidade ou região. Por outro lado, questões de eficiência e qualidade muitas vezes foram levantadas para justificar o encerramento de centros de saúde, maternidades ou urgências, ou noutros casos, a relação custo/benefício na manutenção de um determinado serviço, quando logo após o encerramento o serviço passa a ser garantido por privados.leia aqui na integra...

poesia revolucionaria...

Não cultives a fraqueza

Vive o fraco na fraqueza
o bom na sua bondade
vive o firme na firmeza
lutando por liberdade.


Não cultives a fraqueza,
procura sempre ser forte,
que o homem que tem firmeza
não se rende nem à morte.


Educa a tua vontade
faz-te firme: em decisões,
que não terá liberdade
quem não fizer revoluções.


Se queres o mundo melhor
vem cá pôr a tua pedra,
quem da luta fica fora
neste jogo nunca medra.


Francisco Miguel Duarte,
Poeta popular nascido no Alentejo,
Operário sapateiro, filho de camponeses


Homenageando o centenário do seu nascimento.
Com o apoio de "Caderno Vermelho"

sábado, 9 de janeiro de 2010

O futebol e a barbarie...


Por Rafael Pirrho, em Joanesburgo

Antes que se coloque tudo no mesmo saco, é preciso dizer que o ataque à delegação de Togo, em Angola, não tem chance de se repetir na Copa do Mundo. A África do Sul possui um leque de problemas sérios, incluindo a violência urbana, mas entre eles não estão grupos terroristas ou separatistas. Além disso, aqui há mais estrutura e experiência em grandes eventos, ao contrário de Angola.
O problema é explicar isso àqueles que já se acostumaram a ver os 53 países africanos como um só. Se há crise em um deles, é comum que todos recebam o mesmo rótulo. Por isso, não há como negar que, embora esta seja uma análise equivocada, o que aconteceu em Angola respinga na Copa da África do Sul.

Mas a barbárie mancha, sobretudo, a imagem de crescimento que Angola tenta construir. O país é, ao lado da Nigéria, o maior exportador de petróleo da África, mas engatinha em questões básicas como segurança e infraestrutura. Tem grandes riquezas naturais, mas ainda sofre para controlar seu próprio território.
Cabinda, local do atentado contra a seleção togolesa, é uma reunião de todas essas características. De lá saem cerca de 80% da larga exportação de petróleo angolano, mas, por isso mesmo, esta é uma região instável, repleta de interesses econômicos. Ao colocar a cidade (homônima da província) como sede da Copa Africana, Angola queria mostrar que a situação por lá estava sob controle. Apostou alto e perdeu.
Perderam também os milhões de angolanos que esperavam com ansiedade por esta Copa Africana. Nas últimas semanas, uma enxurrada de propagandas na TV mostravam como o país já respirava o torneio. Angola convidou Pelé e Eusébio, festejou as presenças de Drogba e Eto’o, sonhou com um inédito título continental, mas acabou atingida em cheio pelos tiros em Cabinda. Os terroristas conseguiram acertar o alvo ao exporem ao mundo as fragilidades do país.

A GENTE NÃO SE DESPEDE DE MARIO BENEDETTI




 URDA ALICE KLUEGER, escritora.

"Mário Benedetti entrou na minha vida através de um poema de amor que era cheio de erotismo, e fiquei curiosa com aquele poeta que me chegava do Uruguai (embora os tantos exílios), e tão curiosa fiquei que quis saber mais..."
Ele já estava com mais de trinta anos quando eu nasci, mas só fui conhecê-lo em idade adulta. Um ser como ele, único na sua espécie, decerto já andava a espargir o seu pó de pirlimpimpim por sobre sangues, lutas e esperanças lá na altura em que eu nasci, mas muito tempo passou para eu tomar contato com a sua magia " fui criança, fui adolescente, fui jovem, tornei-me madura (será que algum dia a gente, realmente, amadurece?) sem me dar conta que ali, do outro lado da fronteira (fronteiras, pois também viveu como exilado. Como alguém com a espantosa grandeza d" alma que ele tinha não andar exilado em plena Operação Condor , quando os que nos dirigiam eram títeres formatados por algo nefando como a Escola das Américas[1]?) havia aquele homem que era pura luz, e que como nenhum outro até então soube contar e cantar esta nossa América na limpidez lúcida e corajosa dos seus versos ímpares.

Mário Benedetti entrou na minha vida através de um poema de amor que era cheio de erotismo, e fiquei curiosa com aquele poeta que me chegava do Uruguai (embora os tantos exílios), e tão curiosa fiquei que quis saber mais, e fui mergulhando na sua produção, na sua longa obra de tão longos anos, até o dia em que me deparei com aquele poema único dos únicos: "Te quiero":

"(...)

Tus ojos son mi conjuro

contra la mala jornada;

te quiero por tu mirada

que mira y siembra futuro.



Tu boca que es tuya e mia

tu boca no se equivoca

te quiero por que tu boca

sabe gritar rebeldia.



Se te quiero es porque sos

mi amor mi cómplice y todo.

Y en la calle codo a codo

somos muchos más que dos.

(...)" [2]


Céus, aquilo era o meu sonho de vida! "...Em la calle codo a codo somos muchos más que dos." Calou-me tão fundo à alma que fiquei a pensar se haveria para mim este parceiro que me completaria tão completamente, tão completamente... Sonha-se; assim é a vida, e ninguém como Mário Benedetti para nos atirar para dentro do mundo diáfano, colorido e real dos sonhos " depois de se ler um poema assim, a gente passa a ver que tudo é possível. Tomei-me de tal carinho por "Te quiero" que como que o afivelei com toda a força ao meu coração sempre tão solitário, e ele era como um arrimo para a minha solidão, enquanto descobria mais e mais pérolas desse uruguaio único que era capaz de desestabilizar ditadura cruéis com a força da sua palavra, a ponto de estar tendo sempre que ir trocando de país por onde o Condor voava...

A gente querendo ou não, a vida vai passando e muitas coisas vão acontecendo. Em maio de 2009 eu estava convidada para um evento cultural no Mestrado em Letras da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai " URI -na cidade de Frederico Westphalen/RS, grande evento internacional, que reunia gente da área de Letras de mais de um país. Lá estavam três uruguaios convidados: o escritor Ignacio Martinez, Mariel Cardozo e Graciela Veiga. Foram dias e noites maravilhosas, onde desfrutamos de inúmeras atividades culturais naquele cursos de Letras que me pareceu, também, único " nunca vi outro com tal qualidade e garra pelos lugares onde até hoje andei " e onde professores e convidados fazíamos as refeições juntos em lindos restaurantes, refeições que acabavam se transformando em tertúlias, e numa dessas noites, à hora da sobremesa, os uruguaios passaram a declamar poemas de sua terra, notadamente de Mário Benedetti, e eu pedi: "Ah, por favor, por favor, declamem Te quiero, aquele que diz: Y en la calle codo a codo somos muchos más que dos!".

Muito vã a minha ênfase! Se eu cá de outro país, de outra língua, sabia tanto do poema para dizer seu nome e aquele pedacinho fascinante, o que esperar de legítimos uruguaios? Então houve o momento mágico: nuestros hermanos passaram imediatamente para o poema, mas não se limitaram a declamá-lo: no Uruguai, ele é música! Ignácio Martinez tomou de um violão, e pela primeira vez na vida eu ouvia, transformados em canção, aqueles versos únicos:

"(...)Te quiero em mi paraíso;

es decir, que em mi país

la gente vive feliz

aunque no tenga permisso (...)" [3]


Aquele foi um dos momentos pelos quais vale a pena viver! Emocionadíssima, coração aos saltos, lágrimas nos olhos, eu esperei o final daquela canção fascinante e então assegurei aos irmãos uruguaios: "Se Mário Benedetti morrer antes que eu, não importa se daqui a um ou a vinte anos, eu vou fazer uma crônica de despedida a ele relembrando este momento ímpar aqui em Frederico Westphalen, na companhia de vocês!".

Um dia ou dois depois voltei para minha casa " e no terceiro dia depois daquela noite, Mário Benedetti morreu, aos 89 anos. Gastara até o fim a sua vida usando a palavra como carícia e como arma contundente, e deixou para a humanidade um legado que dificilmente poderá ser suplantado. Eu fiquei com aquilo engolido na minha alma como se tivesse um espinho a atravessá-la, e só agora, mais de sete meses depois, é que me sento para fazer a despedida prometida lá em Frederico Westphalen.

Só que não é despedida, porém. Lá do outro lado da vida, Mário Benedetti não nos abandona. Faz um dia ou dois que ele, de repente, reaparece na telinha do meu computador, trazendo toda a esperança e a inquietação que sempre causou ao longo da sua vida:

"Que passaria se un dia

Despertarmos dandonos

Cuenta de que somos mayoría?

(...)

Que passaria?"[4]


Ah! Mestre, Mestre, não há como despedir-me de ti! És como nosso alter ego, nossa consciência mais profunda, nossa esperança mais certa, nossa sensibilidade mais aflorada! Que acontecerá quando na rua, lado a lado, formos muito mais que dois? Ai, Mestre, como me atinges profundamente o coração!



Blumenau, 06 de janeiro de 2010 " Dia de Reis





Urda Alice Klueger

Escritora.



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[1] A Escola das Américas, instituição estadunidense que funcionou desde 1946 no Panamá, formando torturadores e outros sádicos para dominarem a América dita Latina, atualmente está funcionando no Fort Benning, estado da Geórgia/EUA, com o nome de Instituto de Cooperação para a Segurança Hemisférica.

[2] "(...) Teus olhos são meu conjuro/ contra a má jornada/ te quero por teu olhar/ que olha e semeia o futuro// Tua boca é tua e minha/ tua boca não se equivoca/ te quero porque tua boca/ sabe gritar rebeldia.// Se te quero é porque sois/ meu amor, minha cúmplice e tudo. E nas ruas lado a lado/ somos muito mais que dois.( ...)

[3] "Te quero em meu paraíso/ e dizer que em meu país/ as pessoas vivem felizes/ embora não tenham permissão.(...)"

[4] Que aconteceria se um dia/ despertarmos dando-nos/ conta de que somos mayoria? (...) Que aconteceria?

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Arrependimento Sem Perdão


Em uma pequena cidade na Geórgia, um prefeito com o nome de Varlam Aravidze morre. A família chora a sua morte. Panegíricos são feitos pelos mais importantes e os menos importantes comentam o quão grande fora o falecido. Varlam é enterrado com pompa e circunstância, mas seu corpo continua reaparecendo, exumado por forças desconhecidas. Acaba-se por descobrir que uma mulher á responsável pela exumação do corpo cada vez que é sepultado. A maior parte do filme gira em torno dos motivos dela para a repetida exumação do corpo. É a reavaliação da vida tirânica do homem morto. O filho deste, Abel, está relutante em admitir atos de maldade de seu pai, mas o neto envergonha-se dos atos de seu avô. A responsável pela exumação, que foi diretamente afetada pela tirania de Varlam, diz que não vai deixar o homem morto ser enterrado e que está pronta para aceitar as consequências de seus atos. 




Elenco:

Avtandil Makharadze, Ya Ninidze, Zeinab Botsvadze, Ketevan Abuladze, Edisher Giorgobiani, Kakhi Kavsadze, Merab Ninidze, Nino Zaqariadze, Nano Ochigava, Boris Tsipuria

Para detalhes vide IMDB


Informações e Release:

Gênero: Drama
Diretor: Tengiz Abuladze
Duração: 153 minutos
Ano de Lançamento: 1984
País de Origem: União Soviética
Idioma do Áudio: Georgiano
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0093754/

 Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: XviD
Vídeo Bitrate: 1.526 Kbps
Áudio Codec: MPEG1/2 L3
Áudio Bitrate: 192 kbps 48 KHz
Resolução: 672 x 480
Aspect Ratio: 1.400
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 1.747 GiB
Legendas: No torrent


Critica:

Monanieba foi o primeiro filme soviético que denunciou abertamente os horrores do estalinismo, muito embora o diretor georgiano Tengiz Abuladze (conhecido por seus filmes poéticos e surrealistas) tenha escolhido dar a ele a forma de uma alegoria, usando deliberadamente de anacronismos e fazendo com que o personagem principal parecesse uma mistura de Lavrentiy Beria (homem forte de Stalin e chefe da NKVD), Hitler e Mussolini. Um detalhe interessante: o sobrenome do personagem principal é uma completa invenção, já que não há na Geórgia o sobrenome Aravidze. Na realidade, "aravi" significa "ninguém" em georgiano.
Filmado em 1984, Monanieba foi vítima da censura soviética no momento em que terminou de ser editado. Quando finalmente liberado em 1987, o filme foi galardoado com diversos prêmios, incluindo o Grande Prêmio do Juri do Festival de Cannes. (De www.allmovie.com)

Uma boa crítica/resenha do filme em:

Monanieba (Repentance): Can You Bury Past Evils?


QUEM SE INTERESSAR PELO TORRENT E LEGENDA ENVIA EMAIL PARA turcoluis@gmail.com


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Chorinho nosso de cada dia...

Princípios do Choro Box 3 (2002)


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Créditos: UmQueTenha

Os EUA e a "pacificação presidencial" na América Latina


O presidente Barack Obama distanciou os EUA de quase toda América Latina e Europa ao aceitar o golpe militar que derrubou a democracia hondurenha em junho passado. O apoio ao processo eleitoral garantiu para os EUA o uso da base aérea de Palmerola, em território hondurenho, cujo valor para o exército estadunidense aumenta na medida em que está sendo expulso da maior parte da América Latina. Obama abriu a brecha ao apoiar um golpe militar, repetindo uma prática dos EUAbem conhecida na América Latina. O artigo é de Noam Chomsky(original aqui).

Barack Obama é o quarto presidente estadunidense a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, unindo-se a outros dentro de uma longa tradição de pacificação que desde sempre serviu aos interesses dos EUA. Os quatro presidentes deixaram sua marca em nossa “pequena região” ("nosso quintal"), que "nunca incomodou ninguém", como caracterizou o secretário de Guerra, Henry L. Stimson, em 1945. Dada a postura do governo de Obama diante das eleições em Honduras, em novembro último, vale a pena examinar esse histórico.

Theodore Roosevelt
Em seu segundo mandato como presidente, Theodore Roosevelt disse que a expansão de povos de sangue branco ou europeu durante os quatro últimos séculos viu-se ameaçada por benefícios permanentes aos povos que já existiam nas terras onde ocorreu essa expansão (apesar do que possam pensar os africanos nativos, americanos, filipinos e outros supostos beneficiados).

Portanto, era inevitável e, em grande medida, desejável para a humanidade em geral que o povo estadunidense terminasse por ser maioria sobre os mexicanos ao conquistar a metade do México, além do que estava fora de qualquer debate esperar que os (texanos) se submetessem à supremacia de uma raça inferior. Utilizar a diplomacia dos navios de artilharia para roubar o Panamá da Colômbia e construir um canal também foi um presente para a humanidade.

Woodrow Wilson
Woodrow Wilson é o mais honrado dos presidentes premiados com o Nobel e, possivelmente, o pior para a América Latina. Sua invasão do Haiti, em 1915, matou milhares de pessoas, praticamente reinstaurou a escravidão e deixou grande parte do país em ruínas.

Para demonstrar seu amor à democracia, Wilson ordenou a seus mariners que desintegrassem o Parlamento haitiano a ponta de pistola em represália pela não aprovação de uma legislação progressista que permitiria às corporações estadunidenses comprar o país caribenho. O problema foi resolvido quando os haitianos adotaram uma Constituição ditada pelos Estados Unidos e redigida sob as armas dos mariners. Tratava-se de um esforço que resultaria benéfico para o Haiti, assegurou o Departamento de Estado a seus cativos.

Wilson também invadiu a República Dominicana para garantir seu bem-estar. Esta nação e o Haiti ficaram sob o mando de violentos guardas civis. Décadas de tortura, violência e miséria em ambos países foram o legado do idealismo wilsoniano, que se converteu em um princípio da política externa dos EUA.

Jimmy Carter
Para o presidente Jimmy Carter, os direitos humanos eram a alma de nossa política externa. Robert Pastor, assessor de segurança nacional para temas da América Latina, explicou que havia importantes distinções entre direitos e política: lamentavelmente a administração teve que respaldar o regime do ditador nicaragüense Anastásio Somoza, e quando isso se tornou impossível, manteve-se no país uma Guarda Nacional treinada nos EUA, mesmo depois de terem ocorrido massacres contra a população com uma brutalidade que as nações reservam para seus inimigos, segundo assinalou o mesmo funcionário, e onde morreram cerca de 40 mil pessoas.

Para Pastor, a razão era elementar: os EUA não queriam controlar a Nicarágua nem nenhum outro país da região, mas tampouco queria que os acontecimentos saíssem do seu controle. Queria que os nicaragüenses atuassem de forma independente, exceto quando essa independência afetasse os interesses dos Estados Unidos.

Barack Obama
O presidente Barack Obama distanciou os EUA de quase toda América Latina e Europa ao aceitar o golpe militar que derrubou a democracia hondurenha em junho passado. A quartelada refletiu abismais e crescentes divisões políticas e socioeconômicas, segundo o New York Times. Para a reduzida classe social alta, o presidente hondurenho Manuel Zelaya converteu-se em uma ameaça para o que esta classe chama de democracia, que, na verdade, é o governo das forças empresariais e políticas mais fortes do país.

Selaya adotou medidas tão perigosas como o incremento do salário mínimo em um país onde 60% da população vive na pobreza. Tinha que ir embora. Praticamente sozinho, os EUA reconheceram as eleições de novembro (nas quais saiu vitorioso Pepe Lobo), realizadas sob um governo militar e que foram uma “grande celebração da democracia”, segundo o embaixador de Obama em Honduras, Hugo Llorens. O apoio ao processo eleitoral garantiu para os EUA o uso da base aérea de Palmerola, em território hondurenho, cujo valor para o exército estadunidense aumenta na medida em que está sendo expulso da maior parte da América Latina.

Depois das eleições, Lewis Anselem, representante de Obama na Organização de Estados Americanos (OEA), aconselhou aos atrasados latinoamericanos que aceitassem o golpe militar e seguissem os EUA no mundo real e não no mundo do realismo mágico.

Obama abriu a brecha ao apoiar um golpe militar. O governo estadunidense financia o Instituto Internacional Republicano (IRI, na sigla em inglês) e o Instituto Nacional Democrático (NDI) que, supostamente, promovem a democracia. O IRI apóia regularmente golpes militares para derrubar governos eleitos, como ocorreu na Veenzuela, em 2002, e no Haiti, em 2004. O NDI tem se contido. Em Honduras, pela primeira vez, esse instituto concordou em observar as eleições realizadas sob um governo militar de facto, ao contrário da OEA e da ONU, que seguiram guiando-se pelo mundo do realismo mágico.

Devido à estreita relação entre o Pentágono e o exército de Honduras e à enorme influência econômica estadunidense no país centroamericano, teria sido muito simples para Obama unir-se aos esforços latinoamericanos e europeus para defender a democracia em Honduras. Mas Barack Obama optou pela política tradicional.

Em sua história das relações hemisféricas, o acadêmico britânico Gordon Connell-Smith escreve: "Enquanto fala, da boca para fora, em defesa de uma democracia representativa para a América Latina, os Estados Unidos têm importantes interesses que vão justamente na direção contrária e que exigem um modelo de democracia meramente formal, especialmente com eleições que, com muita freqüência, resultam numa farsa".

Uma democracia funcional pode responder às preocupações do povo, enquanto os EUA estão mais preocupados em construir as condições mais favoráveis para seus investimentos privados no exterior? Requer-se uma grande dose do que às vezes se chama de ignorância intencional para não ver esses fatos. Uma cegueira assim deve ser zelosamente guardada se é que se deseja que a violência de Estado siga seu curso e cumpra sua função. Sempre em favor da humanidade, é claro, como nos lembrou Obama mais uma vez ao receber o Prêmio Nobel.

Tradução: Katarina Peixoto


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ainda repercutindo o ranço da "elite branca"...

Boris Casoy, o filho do Brasi!


Paulo Ghiraldelli Jr.

Uma parte da nossa esquerda política imagina que os ricos não são brasileiros. Pensam que eles ainda são os filhos de uma elite que estudou na Europa e que, se o Brasil for mal, irá embora daqui. Imagina que são pessoas completamente por fora da vida cotidiana do Brasil. Essa visão da esquerda pouco ajuda. Enquanto não entendermos que um homem de direita como Boris Casoy é tão “filho do Brasil” quanto Lula, não vamos descrever o Brasil de um modo útil para os nossos propósitos de melhorá-lo. Creio que o vídeo (aqui) que mostra Boris ridicularizando de maneira odiosa os garis, com o qual iniciamos o ano, deveria valer de uma vez por todas para compreendermos algo que, não raro, há vozes que querem negar: “o ódio de classe” permanece entre nós – sim, nós os brasileiros. Deveríamos levar em conta isso, sem medo, ao descrever o Brasil. Quando Ciro Gomes, ao comentar algumas reações às políticas sociais, então vindas de determinados grupos da imprensa, disse que tal coisa era obra “da elite branca”, a reação da direita foi imediata. Um dos elementos mais à direita que temos na imprensa brasileira, Reinaldo de Azevedo, saiu rasgando o verbo. Primeiro, elogiou Patrícia Pillar, atriz mulher de Ciro, para não criar desafetos, e em seguida tratou o político como um bobalhão que teria falado de algo que não existe no Brasil. Ciro teria bebido demais em algum rortianismo, lá nos Estados Unidos, quando então fez curso arrumado por Mangabeira Unger. Voltando de lá mais à esquerda do que foi, estaria inventando divisões que aqui não existiriam. Reinaldo não é um jornalista sofisticado para escrever isso, mas o que disse, no meio de sua pouca cultura, queria transmitir essa idéia. Mas quando ouvimos o que um Boris Casoy diz por detrás das câmeras, não temos como não admitir que Ciro está certo: existe uma “elite branca” no Brasil que sente profundo desprezo para com tudo que é do âmbito popular. Pode ser que vários membros dessa “elite branca” não sejam tão cruéis quanto Casoy. Pode ser, mesmo, que vários dos ricos que estão nessa “elite branca” se sintam desconfortáveis, perante os preceitos cristãos de humildade que dizem adotar, quando escutam isso que ouvimos de Boris Casoy. Todavia, o que Casoy falou é o que se pode ouvir, entre um uísque e outro, nas festas antes organizadas pelo empresariado que amava da Ditadura Militar, e que hoje é feita para angariar fundos para o PSDB, o partido que havia nascido com o propósito de não ser a direita política, mas que, agora, assume esse papel. Não quero de modo algum, com esse artigo, provocar aqueles que, sempre pensando só de modo dual, logo dirão: “ah, mas a esquerda é blá, blá, blá”. Sou um homem de esquerda. Minha condição de filósofo me dá alguns instrumentos para analisar de onde venho. Podem ficar tranqüilos. Aliás, sou uma pessoa que adora a frase de Fernando Henrique Cardoso, quando ele disse, se referindo a ele mesmo por conta de acreditar que sua política econômica, ela própria, já era política social: “não é necessário ser burro para ser de esquerda”. Mas aqui, não quero falar da esquerda. Quero mostrar que gente como Boris Casoy não caiu no Brasil vindo de Plutão. Muito menos estudou na Europa. Gente como Boris Casoy estava no Mackenzie, fazendo curso superior, mais ou menos no tempo em que Lula deveria estar vendendo limão na rua. Isso não transforma o Lula em um bom homem e o Boris em um perverso. Mas isso dá, claramente, razão a Ciro Gomes: há sim uma “elite branca” que não respeita garis, que não os acham gente, e que transferem esse ódio ao Lula, principalmente quando olham para ele e o vêem sendo abraçado por um Sarkozi, na capa do Le Monde. Sarkozi é o presidente da França. E não é de esquerda. Eis então que toda a direita no Brasil comemorou sua eleição. Todavia, Sarkozi aparece abraçado com Lula, sem o preconceito de classe que vários dos próprios brasileiros ainda possuem contra Lula, então, esse fato Lula-Sarkozi, deixa essa “elite branca” despeitada. Ela se pergunta, raivosa: “por que não FHC ou Serra?” Por que aquele “analfabeto”, por que ele, aquele … “gari”? Sim, a fala de Boris é o equivalente dessas frases que eram, até pouco tempo, restritas aos círculos da Ana Maria Braga, Regina Duarte, José Neumanne Pinto e Danusa Leão. Foram esses círculos que fingiram se espantar com o relato de César Benjamim, sobre Lula na prisão. (a história de que Lula teria tentado comer um garoto lá). Fingiram, sim, pois já haviam escutado isso em festinhas e riam disso, tratavam de fazer correr a fofoca, sendo ela verdadeira ou não. Caso queiramos melhorar o Brasil, vamos ter de ver que os brasileiros – muitos – pensam como Boris Casoy. E atenção nisso: não vamos culpá-lo pelos seus cabelos brancos não! Mainardi, na Globo, ainda não tem cabelos brancos e pensa a mesma coisa. Na Band, vocês já viram o tipo de preconceito de classe contra pobres que aparece no CQC? Já viram o menino Danilo Gentili insultando os pobres, jogando comida para eles? Não? Pois saibam que isso ocorreu sim! Esse tipo de humor é necessário? Estamos há duas décadas da “piada” de Chico Anísio contra Lula, dizendo que se Marisa fosse a primeira dama e fosse morar no Planalto, ficaria esgotada ao ver quantas janelas de vidro teria de limpar. Naquela época, a Globo fez Chico Anísio pedir desculpas em artigo na imprensa. E ele pediu! De lá para cá, o que mudou na TV brasileira? Ora, o vídeo de Boris Casoy nos diz que pouca coisa mudou. Que ainda precisamos de muito para evoluirmos. Temos uma longa caminhada pela frente no sentido de educar aquele brasileiro que não consegue entender que o dia que um lixeiro parar, ele, o rico, vai ver todas as moscas botarem ovos no seu ânus, e quando ele acordar, ele terá sido devorado em vida pelos vermes. Estamos ainda precisando de uma forte pedagogia que entre nas escolas de modo a evitar que os brasileiros do futuro sejam os Casoys da vida. As pessoas podem ser de direita, isso não deveria implicar em perder a capacidade de ver na condição social de concidadãos algo que não os desmerece (o bom exemplo não é, enfim, o próprio Sarkozi?). No Brasil, no entanto, a direita política não consegue apresentar um comportamento de brasileiros que gostaríamos que todos nós fôssemos, ou seja, pessoas capazes de ver em cada outro que lhe presta um serviço um homem digno.

Paulo Ghiraldelli Jr, filósofo.
Espero você no Hora da Coruja, toda terça feira na D+TV http://demaistv.com.br , 19 horas!

Rap palestino.....grupo DAM(eternidade)

Novo filme de Michael Moore...

O caso de amor de Michael Moore com o capitalismo

por Ray O. Light [*]
Capitalismo: Uma história de amor. O novo filme de Michael Moore, "Capitalism: A Love Story" , revela muito do carácter criminoso do actual sistema económico dos EUA. E faz isso no seu habitual estilo popular. Mas o filme também reflecte o facto de que Moore ainda não ultrapassou o seu caso de amor com o capitalismo.

Em "Roger and Me," "Bowling for Columbine" e "Sicko," Moore demonstrou uma vontade real de revelar a cupidez do titãs das companhias automobilísticas dos EUA, a violência que permeia o próprio tecido da sociedade imperialista estado-unidense e a barbárie do seu sistema de cuidados de saúde em comparação aos cuidados de saúde proporcionados no Canadá, Inglaterra, França e, mais espantosamente, Cuba. Igualmente impressionante tem sido a sua capacidade de retratar estes assuntos de uma maneira que o povo dos EUA possa entender e admitir. Como filho de um trabalhador reformado da cidadela histórica da General Motors, Flint, Michigan, Moore tem um sentimento excepcionalmente bom daquilo que culturalmente mantém os trabalhadores dos EUA leais aos seus mestres corporativos. E os seus filmes contêm elementos visuais dramáticos e acontecimentos político-sociais que ajudam a destroçar os nós que unem a população dos EUA ao imperialismo estado-unidense.

Mais uma vez, no novo filme, Moore escolhe alguns exemplos ultrajantes "capitalismo selvagem" nos EUA. Ele destaca, por exemplo, o brilhante esforço do piloto da U.S. Airways, "Sully" Sullenberger, cuja habilidade no comando foi decisiva para salvar as vidas de toda a sua tripulação e passageiros com uma arrojada amaragem no Rio Hudson. O comandante Sullenberger, um orgulhoso sindicalizado, é então mostrado a usar a sua nova fama para testemunhar perante o Congresso como os pilotos de carreira estão a ter o seu treino e o seu pagamento cortado tão drasticamente que está a agravar-se um problema de segurança na indústria das linhas aéreas. Moore apresenta a prova disto, apontando para os mal treinados e mal pagos pilotos cujo avião estraçalhou-se em Buffalo, Nova York, uns poucos meses atrás, enquanto o piloto e o co-piloto estavam preocupados a discutir as suas desgraças financeiras.

Moore chama atenção para o estreito relacionamento que existiu durante alguns anos entre uns poucos juízes da Pennsylvania e a companhia privada que explora o centro de detenção juvenil local, do qual os juízes recebiam subornos. A privatização desta prisão resultou nestes juízes comprados a trancafiar jovens inocentes, durante muitos meses, a fim de manter as instalações cheias e maximizar os lucros da companhia. Que falta de vergonha ao serviço da cupidez!

No filme, Moore desenrola uma fita amarela de cenário do crime em torno do quarteirão da Wall Street onde estão companhias financeiras cúmplices no colapso da economia em 2008, as quais desde então têm sido as beneficiárias de salvamentos de muitos milhares de milhões de dólares do governo dos EUA. Ele tenta efectuar uma "prisão" dos chefes criminosos destas corporações. Também identifica um certo número de políticos democratas e seus nomeados que foram cúmplices dos republicanos de Bush-Cheney neste roubo "à luz do dia" do tesouro nacional dos EUA por conta dos seus patrões bilionários da Wall Street.

Todas estas cenas são intelectualmente instigantes e proporcionam algum "ar fresco" de verdade à população dos EUA anestesiada pelo álcool, pelas drogas receitadas e as de rua e por uma TV estupidificante orientada pelo monopólio capitalista dos mass media.

Ao mesmo tempo, Moore apresenta um certo número de imagens dramáticas e situações os quais mostram alguns sinais de esperança nas iniciativas do povo trabalhador. Ele levanta o facto de que os trabalhadores nos EUA gastam oito, dez ou doze horas do dia sob a ditadura dos seus patrões. E promove a democracia no lugar de trabalho e o êxito de negócios cooperativos dirigidos por trabalhadores. Moore também dá muita atenção à greve com ocupação dos trabalhadores da Republic Windows, de Chicago, em Dezembro de 2008. E é apoiante do seu sindicato pequeno mas democrático, o United Electrical Workers (UE). Destaca que o povo dos EUA, num momento em que a sua raiva com os bancos e as corporações estava no máximo, era simpático para com os grevistas que alcançavam as suas reivindicações em relação a todos os seus benefícios de indemnização estabelecidos contratualmente.

Entretanto, Michael Moore afirma esperar que o seu novo filme, "Capitalismo: Uma história de amor", estimule o povo dos EUA a abolir o capitalismo aqui. E é importante notar que Moore não atinge com seriedade o seu objectivo declarado.

Durante a eleição presidencial de 2004, a nossa organização apelou aos eleitores estado-unidenses a "depositar o seu voto contra os partidos gémeos do imperialismo, Tweedledum e Tweedledee [1] , a efectuar um voto de protesto". Uma das três recomendações alternativas que fazíamos era: "Escreva 'Michael Moore' em homenagem ao seu filme 'Fahrenheit 9/11' que ajudou a educar mais a classe trabalhadora dos EUA e as pessoas das nacionalidades oprimidas acerca da Guerra de Bush do que todos nós da esquerda estado-unidense em conjunto!". Contudo, acrescentámos: "Mas é uma vergonha para ele apoiar Kerry". ("The 2004 U.S. Presidential Election and the Question of Fascism," Ray O' Light Newsletter, September 2004)

Acontece que o endosso de Moore ao multi-milionário John Kerry, o candidato do Partido Democrata, foi mais do que uma fraqueza momentânea ou um incidente político. Pois, mais uma vez, na eleição presidencial de 2008, Moore apoiou o candidato democrata contra o republicano. E desta vez o homem apoiado era de cor, com alguns notáveis feitos educacionais e com uma família negra aparentemente dignificada e saudável. O candidato era também de origens muito mais humildes do que o companheiro de George W. Bush na Yale University e membro da sociedade Skull and Bones, John Kerry. Todos estes atributos pessoais tornaram Barack Obama estimável a Michael Moore.

Agora, com Obama como presidente em exercício e com a persistente defesa de Obama por parte de Moore, como pode ele apelar efectivamente à eliminação do capitalismo nos EUA de hoje? Não pode.

Dentre as imprecisões, omissões e distorções deste filme que o torna um apelo não à eliminação mas sim à continuação do capitalismo, embora de um modo mais razoável, numa forma pacífica, encontra-se o seguinte:

(1) Moore separa a política da economia do sistema capitalista ao invés de reconhecer que o cerne do capitalismo é dialecticamente interligado à política económica. Afirma desejar a eliminação do sistema económico capitalista; mas enterra a lugar pelo poder político que isso implica. Ao invés de reconhecer o papel estratégico da classe trabalhadora na eliminação do capitalismo, através da luta pelo poder dos trabalhadores contra o estado capitalista, o filme de Moore limita o papel da classe trabalhadora à luta por reformas económicas tais como cooperativas de trabalhadores.

(2) Moore distingue a abolição do capitalismo estado-unidense da abolição do Império estado-unidense, em contradição com os ensinamentos de Lenine de que o imperialismo é a última, final e superior etapa do capitalismo. A sua concepção pequeno-burguesa do capitalismo estado-unidense é um regresso aos dias primitivos dos Estados Unidos de dois séculos atrás, ou, ainda mais, aos dias primitivos do novo e ascendente capitalismo na Europa feudal. Ele centra-se inteiramente nos EUA e seu povo, como se a economia do país não estivesse totalmente interligada ao resto da economia capitalista global dirigida pelos EUA. No filme, por exemplo, as guerras imperialistas no Iraque e no Afeganistão não são explicadas como decorrendo da essência do sistema capitalista estado-unidense. Elas são tratadas apenas sob o aspecto de que afectam o povo dos EUA, omitindo o impacto que o sistema capitalista dos EUA tem sobre os trabalhadores e povos oprimidos do Iraque, Afeganistão e tantas outras terras. A expansão da guerra do Regime Obama ao Afeganistão e ao Paquistão é, claro, omitida. Isto é social-chauvinismo.

(3) Moore nunca menciona o papel da União Soviética, cujas tremendas realizações internas durante o período da última Grande Depressão Capitalista, cuja liderança da aliança global que derrotou o fascismo alemão e seus aliados do eixo na Segundo Guerra Mundial e cuja liderança na criação de um campo socialista, apontam o caminho para uma futura humanidade socialista. Ao invés disso, a Alemanha capitalista, o actual estado chinês e uns poucos outros estados capitalistas são arvorados por Moore como modelos de um capitalismo mais eficiente e menos brutal do que os EUA em relação à indústria automobilística, etc. Na verdade, o capitalismo mais civilizado, mais democrático, é o limite da visão de Moore para os EUA. Quando perguntado se é um social-democrata, Moore responde que é pela democracia. (Ele é claramente um social-democrata pelos padrões mundiais. E a sua fuga a esta etiqueta reflecte o seu temor do extremo atraso política da população dos Estados Unidos após décadas de Império americano, isto é, de hegemonia imperialista estado-unidense e a consequente cultura parasita e corrupta da sua sociedade.)

(4) O filme de Moore nunca denuncia Obama e a actual administração democrata. Ele denuncia o facto de que, na actual crise capitalista, políticos democratas bem como republicanos e os conselheiros financeiros a eles associados, incluindo Robert Rubin, Lawrence Summers e Timothy Geithner, têm servido lealmente os corruptos capitalistas da Wall Street que hoje dominam os EUA. Mas Moore omite o facto gritante e crucial de que Obama nomeou estes mesmos serviçais como supervisores da economia dos EUA, causando uma ininterrupta transição capitalista monopolista da desacreditada administração Bush de modo a continuar a "salvar os capitalistas financeiros ao invés de prendê-los!". Uma omissão total!

(5) O que está fora da visão de Moore em relação a Obama está longe de ser pessoal. No fim da entrevista de Moore a The Nation, a entrevistadora Naomi Klein louva Elizabeth Warren, a chefe do comité do Congresso de observação do salvamento, que surge no filme como uma mulher íntegra. Diz Klein: "Ela é até certo ponto o anti-Summers. É o suficiente para dar esperança, saber que ela existe". Resposta de Moore: "Absolutamente. E posso sugerir um candidato presidencial para 2016 ou 2012 se Obama nos decepcionar ? A Marcy Kaptur [congressista de Ohio] e Elizabeth Warren" [ênfase minha]. Portanto Michael Moore, que apoiou John Kerry em 2004 e Barack Obama em 2008, está a anunciar previamente que apoiará o candidato democrata a presidente em 2012 ou 2016 mesmo se Obama trair a confiança do povo. Chega de apelos de Moore à eliminação do sistema capitalista nos EUA!!

No princípio da mesma entrevista, afirma Klein que "a maior parte das pessoas são favoráveis a cuidados de saúde universais, mas elas não podiam agrupar-se por trás desta causa porque ela não estava sobre a mesa". Em resposta, Moore gentilmente critica Obama por optar "por tomar uma meia medida ao invés da medida plena que precisaria acontecer. Tivesse ele tomado a medida plena – a verdadeira, pagador único, cuidados universais de saúde – penso que teria tido milhões a apoiá-lo". Da mesma forma, se Moore não estivesse com meias medidas em relação a Obama e os democratas, o seu desejo declarado de que o filme despertasse e arregimentasse o povo dos EUA para "eliminar o capitalismo" podia ter sido bastante efectivo.

Conclusão: O filme mais recente de Michael Moore, "Capitalismo: Uma história de amor" não é um filme do proletariado revolucionário, ele não organiza a classe trabalhadora e os povos oprimidos dentro do estado multinacional estado-unidense ao combate para acabar com o capitalismo e pelo estabelecimento dos EUA socialista. Contudo, o filme levanta a noção fundamental do carácter "perverso" do sistema capitalista e a ideia de acabar com este sistema. Consequentemente, é uma ferramenta educacional e organizacional válida no combate pela justa para os trabalhadores, pela abolição do sistema capitalista e pelo estabelecimento dos EUA socialista.

Aqueles de nós que desejam sinceramente a eliminação do sistema capitalista dos EUA e do mundo, e querem trabalhar para este fim, têm como responsabilidade utilizar o mais recente filme de Michael Moore, "Capitalismo: Uma história de amor" em favor da causa revolucionária. Como lutamos para ganhar os corações e mentes dos trabalhadores e dos oprimidos pela luta revolucionária para os EUA socialista e um mundo socialista, convidemos os nossos amigos e companheiros de trabalho a ir ao cinema connosco. Discutamos com os trabalhadores e os oprimidos os prós e contras deste filme agitador e educativo. Deste modo, nós, e não Michael Moore, podemos tornar o filme um veículo para a eliminação do sistema capitalista.
[1] Personagens gémeos em Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll.

[*] Adaptação do artigo principal em Ray O' Light Newsletter, #57, "'American Exceptionalism' in the Obama Era".

O original encontra-se em http://www.northstarcompass.org/current.html


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