segunda-feira, 25 de abril de 2011

Seduc vai retomar Escolas Itinerantes


A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) vai retomar as atividades das escolas nos acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), as chamadas Escolas Itinerantes. O Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado do Brasil a reconhecer e regulamentar as Escolas Itinerantes, autorizados pelo Conselho Estadual de Educação por meio dos pareceres no 1.313/96 e 1.489/02. O Estado desenvolvia cursos experimentais nos acampamentos do MST nos níveis de Educação Infantil, Ensino Fundamental e na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Ensino Fundamental. As escolas nos acampamentos foram fechadas no ano de 2009, deixando aproximadamente 500 crianças sem acesso a Educação, a partir de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado pelo Ministério Público Estadual (MP) e pela então secretária de Estado da Educação.

A decisão para o retorno das escolas foi tomada a partir de um parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE) que informa a nulidade do TAC, pois o termo deveria ter sido assinado pela governadora do Estado e pelo procurador-geral do Estado. O TAC foi assinado pela então secretária de Estado sem a prévia autorização da governadora Yeda Crusius, o que deixa o documento sem respaldo legal na legislação do Estado. Além disso, o processo ocorreu sem o acompanhamento de um procurador do Estado como determina a lei.

Ao assumir a Seduc, o secretário de Estado da Educação, Prof. Dr. Jose Clovis de Azevedo, solicitou parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE). Sendo constatada a irregularidade da ação descrita acima, determinou a retomada das atividades.

De acordo com a assessora técnica da Seduc para Educação do Campo, Nancy Pereira, o setor de educação do MST está fazendo um levantamento sobre a situação escolar das crianças nas mil famílias acampadas no Estado.

Para a secretária de Estado em exercício da Educação, Maria Eulalia Nascimento, as escolas itinerantes são uma alternativa adequada, legítima e possível para as comunidades dos acampados.


Escolas Itinerantes

É uma escola pública estadual, e está onde as comunidades rurais sem terra estão e fazem a sua luta: nos acampamentos de reforma agrária, nas marchas, nas ocupações e nas mobilizações. É importante ressaltar que não se aplica as escolas localizadas nos assentamentos já regularizados, onde há escolas formais, e que a Seduc está estudando um conjunto de ações para a efetiva implantação da modalidade Educação do Campo, conforme dispõe o decreto lei no 7.352 de 04/11/2010.  O formato pedagógico e estrutural para retomada das Escolas Itinerantes ainda está em análise pela Secretaria. 
 
Fonte: sitio da SEDUC

Falta igualdade para a democracia brasileira, diz Stédile

Guilherme Kolling
Marcelo G. Ribeiro/JC
 
''Brizola foi o primeiro homem público que fez uma lei de reforma agrária'', afirma Stédile.
''Brizola foi o primeiro homem público que fez uma lei de reforma agrária'', afirma Stédile.

Nome mais conhecido do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile avalia que o Brasil tem uma democracia apenas formal, em que, apesar do direito ao voto, a população não conquistou igualdade de oportunidades. Crítico das diferenças sociais entre ricos e pobres, o líder do MST fala, nesta entrevista ao Jornal do Comércio, sobre as raízes do ativismo pela reforma agrária, das dificuldades do MST com a mudança no perfil da agricultura brasileira e projeta o futuro do movimento. Vê avanços no projeto dos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff, que, para ele, estão substituindo o neoliberalismo pelo “neodesenvolvimentismo”. E aponta que falta envolvimento da sociedade e debate na imprensa e na universidade sobre o modelo de desenvolvimento do Brasil.

Jornal do Comércio - Qual é a sua avaliação do atual momento econômico do Brasil?
João Pedro Stédile -
O governo Lula fez uma política macroeconômica de reconciliação de classes. Garantiu os ganhos para aqueles 5% mais ricos e tirou da miséria os 40 milhões que dependem do Bolsa Família. E freou o neoliberalismo, recuperou o papel do Estado, do Bndes (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiava privatizações, agora financia fábricas. O governo Dilma ganha as eleições no bojo da continuidade. Porém, isso tem limite. Não dá mais para apenas distribuir renda através do Bolsa Família. Tem que mudar o modelo. E tem que mexer na taxa de juros.

JC - E essa proposta no atual cenário de aumento de inflação?
Stédile -
Esse projeto neodesenvolvimentista da Dilma saiu perdendo para os setores conservadores do governo, que ganharam o primeiro round contra a inflação ao fazer um corte de R$ 50 bilhões no orçamento e ao aumentar a taxa de juros em 1 ponto percentual. O aumento da taxa Selic é uma burrice. Quem vai bater palma são os bancos, o resto da sociedade vai pagar para eles.

JC - Falta debate sobre o modelo de desenvolvimento?
Stédile -
A imprensa tem que ser mais criativa, propor o debate. Tem que discutir problemas de fundo, o agrotóxico - ninguém escapa, vai pegar também donos de jornal, de televisão, o câncer pega todo mundo. E levar esse debate para a universidade, que está de costas. Levar para as igrejas. Enfim, um mutirão de debate político e social. Estamos num momento de letargia na sociedade. Nem nas campanhas eleitorais se discute projetos.

JC - Qual é a sua avaliação da democracia brasileira?
Stédile -
É uma democracia formal, em que o povo brasileiro ganhou o direito de votar. Mas a população quer as mesmas oportunidades. Então, quando todo o povo brasileiro tiver a oportunidade de entrar na universidade, uma moradia digna, uma informação honesta, cultura, e não depender do Bolsa Família, aí viramos uma sociedade democrata.

JC - Falta igualdade na democracia brasileira?
Stedile -
Sem dúvida. A sociedade brasileira é a terceira mais desigual do mundo. É por isso que não consegue ser democrática.

JC - Como o senhor iniciou na luta pela reforma agrária?
Stédile -
Na Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em 1978, Nonoai (RS), uma área indígena, tinha 700 posseiros pobres. E os índios se organizaram e expulsaram os posseiros, que, da noite para o dia, estavam na beira da estrada. Então, comecei a organizá-los, porque parte queria voltar para as terras indígenas, e aí dava morte; outra parte queria ir para o Mato Grosso, que era a proposta do governo. Nosso trabalho na militância social era: quem quiser continuar trabalhando aqui no Rio Grande, tem terra. E reivindicamos duas áreas públicas, remanescentes da reforma agrária do (ex-governador Leonel) Brizola, que tinham sido griladas.

JC - O senhor já falou da importância do Brizola para a reforma agrária. Foi na gestão dele o embrião desse movimento?
Stédile -
O embrião foi a colonização europeia no Rio Grande. Deu uma base para a democratização da propriedade, eles pegavam de 25 a 40 hectares, nem menos, nem mais. Isso criou uma base de sociedade mais justa. Não é por nada que Caxias do Sul tem um PIB mais elevado que o de toda a Metade Sul. Na década de 1960, Brizola retomou esse embate e foi o primeiro homem público que fez uma lei estadual de reforma agrária. Foram ocupadas muitas fazendas, a mais importante delas foi a Sarandi, tinha 24 mil hectares.

JC - E a denominação Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra?
Stédile -
De 1978 até 1984, em todo o Brasil, a CPT começou a juntar as lideranças desses movimentos e a fazer encontros. Quem deu a marca de Movimento dos Sem Terra foi a imprensa - começou a se noticiarem acampamentos dos “colonos sem-terra.” Quando fundamos o movimento nacional, em janeiro de 1984, já havia essa marca. Incluímos uma questão de classe: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

JC - Como está o MST hoje?
Stédile -
O MST sofreu percalços nos últimos 10 anos, houve mudanças na agricultura. Até a década de 1980, o que dominava era o capitalismo industrial. E o latifúndio improdutivo era uma barreira. Quando ocupávamos o latifúndio improdutivo, a burguesia industrial nos apoiava, porque éramos o progresso. A minha turma dividia terras, ia para o banco comprar máquinas, geladeira... E, na essência, essa é a proposta da reforma agrária clássica: dividir a área improdutiva para ela desenvolver as forças produtivas. Por isso, na maioria dos países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão, quem tomou a iniciativa de fazer a reforma agrária foi a burguesia industrial, não os camponeses.

JC - Quais foram as mudanças no Brasil?
Stédile -
O movimento nasceu na década de 1980 no contexto de reforma agrária clássica. Por isso a burguesia industrial e a imprensa nos toleravam: “Ah, está certo, tem que ocupar mesmo.” Com o neoliberalismo, houve uma expansão das empresas transnacionais e do capital financeiro que veio tomar conta da nossa agricultura, desde os anos 1990. Quem tem a hegemonia da agricultura não é mais o capital industrial. Tanto que, na década de 1970, a economia brasileira vendia 80 mil tratores por ano. Quem comprava? O pequeno agricultor. Sabe qual foi a venda de tratores no ano passado? 36 mil. Então, aumentou a potência do trator e diminuiu o mercado. É um absurdo.

JC - Como isso afeta o MST?
Stédile -
Hoje, quando tem um latifúndio improdutivo, as grandes empresas transnacionais também chegam para disputar com a gente. Quando tentamos ocupar a Fazenda Ana Paula, 18 mil hectares improdutivos, acampamos e fomos despejados. Aí, a Aracruz comprou e encheu de eucaliptos. Quantos empregos gerou? Nenhum. Faz sete anos que tem eucalipto lá. Nenhuma renda para o município. Mas a Aracruz vai ganhar muito dinheiro no dia em que colher aquele eucalipto. Então, agora o MST enfrenta barreiras... Mudaram os inimigos de classe.

JC - E encolheu o MST?Stedile - Não, o movimento até que aumentou, mas a luta ficou mais difícil. Para desapropriar uma área ficou mais difícil, porque a força desses capitalistas pressiona para não ter desapropriação. Querem empurrar os pobres do campo para a cidade.

JC - Como o senhor projeta o futuro do movimento, com a presidente Dilma?
Stedile -
As vitórias do governo Lula (PT) e Dilma colocaram uma barreira ao neoliberalismo. Há uma tentativa de reconstruir o modelo de desenvolvimento, com lugar para mercado interno, distribuição de renda e indústria nacional. Mas isso ainda é uma vontade política. No nível macro, está havendo mudanças de rumo: não é mais o neoliberalismo, agora é o neodesenvolvimentismo. Na agricultura, estamos iniciando esse grande embate entre o modelo do agronegócio e o da agricultura familiar. Nossa esperança é que nos próximos dez anos a sociedade perceba que o agronegócio é inviável.

JC - Por quê?
Stédile -
Economicamente porque os únicos que ganham são as transnacionais. Pode dizer: “o Rio Grande produz 10 milhões de toneladas de soja”. E quem fica com o lucro se a soja sai daqui em grão? Voltamos a ser um simples exportador de grãos. Temos que exportar é o óleo de soja. A longo prazo, esse modelo de monocultura, que só beneficia a exportação, é inviável. Ou seja, não agrega valor e não distribui renda, concentra. E expulsa a população do campo. E, terceiro, o agronegócio tem uma contradição com o meio ambiente: só produz com veneno, que mata o solo, os vegetais e o ser humano pelos alimentos contaminados. Então, é uma questão social, e econômica e ambiental.

JC - Se o governo federal promover o assentamento reivindicado para as famílias sem terra, como fica o MST?
Stédile -
Vamos continuar lutando contra o latifúndio. Mas, ao mesmo tempo, temos que desenvolver, nas áreas de assentamento, programas que combinem com esse novo modelo: ter agroindústria, laticínio, reflorestar áreas degradadas, produzir alimentos saudáveis... Esse novo caminho que vamos trilhar é seguir a luta contra o latifúndio, implantando um novo modelo nos assentamentos.

JC - Isso depende mais do governo ou da sociedade?
Stedile -
Depende dos pobres do campo lutarem; do governo ter essa vontade política de deixar o agronegócio para o mercado, as políticas públicas de agricultura têm que estar voltadas para o pequeno agricultor; e depende de a sociedade perceber que a luta pela reforma agrária não pode ser criminalizada, porque é o progresso. É para garantir emprego, renda e comida farta e saudável. Tudo que o agronegócio não consegue.

JC - Como o senhor avalia o papel da imprensa nesse processo?
Stedile
- Os quatro grandes grupos que controlam a imprensa no Brasil - Rede Globo, Estadão, Folha de S. Paulo e o grupo Abril - estão a mercê dos interesses do grande capital, das multinacionais e do capital financeiro. Para eles, não só o MST mas qualquer movimento social que lute contra esse modelo se transforma em inimigo. Quando os operários voltarem a lutar como fizeram em Jirau (usina que está em construção no Rio Madeira, em Rondônia), a hora que os sem-teto voltarem a lutar, a imprensa vai chamá-los de vândalos. Ninguém foi a Jirau pesquisar como os operários estavam vivendo. Mas quando colocaram fogo, a primeira coisa que fizeram foi chamá-los de vândalos. É um caso exemplar de como a imprensa criminaliza e tenta derrotar ideologicamente qualquer luta social.

JC - Mas tem havido perda de apoio de setores mais urbanos da sociedade, especialmente a partir de episódios de violência em ações do MST.
Stedile -
O movimento é contra qualquer tipo de violência, sobretudo, contra pessoas. Mas na mobilização de massas sempre há fatores incontroláveis.

JC - Qual é o seu conceito de burguesia?
Stedile -
A burguesia brasileira é aquele 1%, com as 5 mil famílias que controlam 48% do PIB brasileiro e que são subordinadas ao capital internacional. São as 100 maiores empresas que tiveram lucro de R$ 129 bilhões para dividir entre eles. 

Perfil

João Pedro Stédile, 57 anos, nasceu em Lagoa Vermelha (RS). Passou a infância e a adolescência no Interior, com a família, que produzia uva, trigo e produtos de subsistência. Aos 17 anos, veio para Porto Alegre estudar. Cursou Economia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) e formou-se em 1975. Estagiou e depois fez concurso para a Secretaria da Agricultura. Atuou na Comissão Estadual de Planejamento Agrícola (Cepa), estimulando o cooperativismo e viajando por todo o Estado.
 Ficou na Secretaria de Agricultura até 1984. Paralelamente, atuava junto aos sindicatos dos produtores de uva da região de Veranópolis, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, a quem assessorava em um plano de cálculo do custo de produção. Sua militância foi influenciada pela Igreja, através Comissão Pastoral da Terra (CPT), onde atuou e através da qual se envolveu na questão da terra.
Com a redemocratização, nos anos 1980, diversos grupos, em todo o Brasil, se reuniram e formaram em janeiro de 1984 o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que luta pela reforma agrária e do qual Stédile é considerado um dos fundadores - embora não goste disso - e integra até hoje a coordenação nacional. Ele está radicado em São Paulo.

Um olhar verde sobre o jornalismo


A presença dos temas ambientais na mídia e a compreensão dos processos de sustentabilidade exigem profissionais bem formados e com uma profunda visão do papel social da mídia como referência e instrumento de transformações. Por Dal Marcondes

Verde deve ser a cor do jornalismo do século XXI. Não um jornalismo adjetivado de ambiental, praticado por jornalistas especializados em meio ambiente, mas o meio ambiente presente em todo o jornalismo. Os termos jornalismo ambiental e desenvolvimento sustentável são profundamente anacrônicos. Não é desenvolvimento se não for sustentável, assim como é precário o jornalismo que não incluir em suas variáveis a transversalidade ambiental. O jornalista, como um generalista que é, acaba adjetivando seu mister pelo simples fato de que deseja se destacar em uma ou outra área do conhecimento. Sempre haverá o jornalismo econômico, o esportivo, o social e muitas outras variáveis, mas deve estar fadado à extinção a prática exclusiva de uma vertente ambiental.
A mídia e os jornalistas têm um papel fundamental na construção do futuro dentro dos conceitos de sustentabilidade. A ex-primeira ministra da Noruega e diretora da Organização Mundial de Saúde, Gro Brundtland, em seu relatório sobre sustentabilidade definiu o termo de forma muito simples: “Ser sustentável é suprir as necessidades das atuais gerações sem comprometer a capacidade das gerações futuras em suprir suas próprias necessidades”.
O que isto quer dizer? De uma forma bastante simplista isto significa que a humanidade não vai se extinguir na atual geração de pessoas. Nós teremos filhos, netos e bisnetos, que por sua vez também irão se reproduzir. Todas estas gerações vão precisar de água potável, alimentos e todos os benefícios de uma civilização evoluída e tecnológica. Para isto deverão encontrar na natureza os recursos que serão necessários para satisfazer suas necessidades.
O jornalismo ambiental surgiu da necessidade de mostrar à sociedade, aos governos e às empresas que o modelo de desenvolvimento adotado durante o século XX é insustentável em longo prazo. Muitos ambientalistas dizem isto há anos, no entanto a mídia se faz surda diante da necessidade de uma reflexão mais profunda sobre este modelo e da necessidade de transformações. Os argumentos para o distanciamento da mídia dos temas referentes à sustentabilidade, aqui visto como um equilíbrio entre as vertentes econômica, social e ambiental, são de toda a ordem. Um deles, e muito forte, é que a mídia é uma das principais beneficiárias do modelo de desenvolvimento baseado nos princípios da “Sociedade de Consumo”. Isto porque a publicidade é uma das mais importantes ferramentas deste modelo e é esta a forma como a mídia se sustenta. Uma sociedade menos voraz e consumista talvez seja também uma sociedade com menos publicidade.
Na última década do século XX, inicialmente impulsionadas pela realização no Rio de Janeiro da Cúpula da Terra, também conhecida como Rio-92, surgiram as “mídias ambientais” e grandes jornais passaram a ter meio ambiente como uma de suas editorias. As mídias que atuam exclusivamente com pautas ambientais se estabeleceram e se desenvolveram dentro do mesmo princípio das mídias de resistência à ditadura nos anos 70. São jornais, revistas e sites que se mantém à margem do processo de comunicação de massa, mas que conseguem grande audiência entre os formadores de opinião na área de meio ambiente e sustentabilidade.
O jornalista sempre foi vanguarda nas conquistas políticas e sociais. No entanto, esta é uma fronteira mais espinhosa, exige conhecimento, formação e capacidade para lidar com a diversidade de variáveis que formam as sociedades e organizações complexas. No início acreditava-se que o jornalismo ambiental seria um vertente do jornalismo científico. Isto porque havia conceitos da biologia, da física, da geografia que precisavam ser dominados para a elaboração de boas reportagens ambientais. No entanto, a sustentabilidade ambiental não se restringe a um nicho social. É uma variável presente em todas as decisões humanas e que precisa ser explicitada como tal. A sociedade define o que deseja em termos de sustentabilidade quando estabelece seus padrões de consumo de energia, de matérias-primas, de embalagens, de alimentos etc. Tudo o que se faz tem impactos ambientais anteriores e posteriores ao consumo. O jornalista que pretende compreender este planeta megadiverso não pode simplesmente ter um olhar superficial sobre a realidade, deve compreender suas interfaces e sua cadeia de consequências.
No Brasil isto é ainda mais estratégico, na medida que a biodiversidade e os recursos naturais são as commodities do futuro e devem ser compreendidas como tal por toda a sociedade. A vanguarda desta transformação conceitual é formada por jornalistas capazes de compreender esta realidade e seguir atuando de forma objetiva na disseminação de informações e conhecimento para a  sociedade.  (Envolverde)

Dal Marcondes

Dal Marcondes é jornalista, diretor da Envolverde, passou por diversas redações da grande mídia paulista, como Agência Estado, Gazeta Mercantil, Revistas Isto É e Exame. Desde 1998 dedica-se a cobertura de temas relacionados ao meio ambiente, educação, desenvolvimento sustentável e responsabilidade socioambiental empresarial. Recebeu por duas vezes o Prêmio Ethos de Jornalismo e é reconhecido como um "Jornalista Amigo da Infância" pela agência ANDI.

domingo, 24 de abril de 2011

Morre o guru hindu Sathya Sai Baba aos 85 anos

Jorge Seadi no Sul21

Sathya Sai Baba, um dos líderes religiosos hindus mais respeitados,  morreu hoje (24) aos 85 anos em um hospital da calma cidade de Puttaparthi, local onde nasceu.
O líder religioso foi hospitalizado em março passado e na última semana com problemas renais e cardíacos. Na última semana seu estado de saúde piorou muito e sua morte era esperada para qualquer momento. A causa da morte foi uma parada cardiorrespiratória.
Sai Baba contava com milhares de seguidores na Índia e em outros países que lhe permitiu construir um império financeiro. Seus seguidores o consideravam a encarnação humana da trinidade hindu composta por Brahma, Vishnú e Shiva. Astros do cinema indiano, o ex-primeiro ministro Atal Behari Vajpayye e o craque do cricket Sachim Tendulkar eram seus fiéis seguidores.
Conhecido por seu cabelo estilo afro e sua túnica laranja, Sai Baba tinha partidários em vários países do mundo e sua popularidade cresceu na década de 70 com o movimento hippie. Hoje, tem seguidores em 100 países. Seu centro religioso é um local de peregrinação de muitas personalidades da Índia a tal ponto de a presidente Pratibha Patil e o primeiro-ministro, Manmohan Singh, terem ido ao último aniversário de Sai Baba. “Sathya Sai Baba era um líder espiritual que inspirou milhares de pessoas a, sem reunúncia a sua própria religião, levar uma vida de moral com amor e paz”, disse o primeiro ministro Singh. 
Porta-voz da Polícia de Puttaparthi confirmou que foi montado um forte aparato de segurança em volta do hospital onde morreu Sai Baba como prevenção de possíveis manifestações de seus seguidores.

Com informações do El Mundo, Espanha  

Reflexão de Fidel Castro: O Norte revolto e brutal


Estava lendo materiais e livros em abundância para cumprir minha promessa de continuar a Reflexão de 14 de abril sobre la Batalha de Girón, quando dei uma olhada nas notícias frescas de ontem, que são abundantes como todos os dias. É possível acumular montanhas delas em qualquier semana, que vão desde o terremoto no Japão ao triunfo de Ollanta Humala sobre Keiko, filha de Alberto Fujimori, ex-presidente do Peru.


Por Fidel Castro Ruz no Vermelho

O Peru é grande exportador de prata, cobre, zinco, estanho e outros minerais; possui grandes jazidas de urânio que poderosas transnacionais aspiram a explorar. Do urânio enriquecido saem as mais terríveis armas que a humanidade já conheceu e o combustível das centrais eletronucleares que, apesar das advertências dos ecologistas, estavam sendo construídas a ritmo acelerado nos Estados Unidos, Europa e Japão.

Obviamente, não seria justo culpar o Peru por isto. Os peruanos não criaram o colonialismo, o capitalismo e o imperialismo. Tampoco se puede culpar o povo dos Estados Unidos, que também é vítima do sistema que engendrou ali os políticos mais imprudentes que o planeta já conheceu.

Em 8 de abril último, os senhores do mundo deram à luz seu costumeiro informe anual sobre as violações dos “direitos humanos”, que motivou uma aguda análise no sitio Rebelión, assinada pelo cubano Manuel E. Yepe, baseado na resposta do Conselho de Estado da China, enumerando fatos que demonstram a desastrosa situação de tais direitos nos Estados Unidos.

“…Os Estados Unidos são o país onde os direitos humanos são mais agredidos, tanto em seu próprio país como em todo o mundo, e são uma das nações que menos garantem a vida, a propriedade e a segurança pessoal de seus habitantes.

“Anualmente, uma em cada cinco pessoas é vítima de um crime, a taxa mais alta do planeta. Segundo dados oficiais, as pessoas com mais de 12 anos sofreram 4,3 milhões de atos violentos.

“A delinquência cresceu alarmantemente nas quatro maiores cidades do país (Filadélfia, Chicago, Los Ângeles e Nova Iorque) e se registraram notáveis aumentos em comparação com o ano anterior em outras grandes cidades (Saint Louis e Detroit).

“O Tribunal Supremo decidiu que a posse de armas para a defesa pessoal é um direito constitucional que não pode ser ignorado pelos governos estaduais. Noventa milhões dos 300 milhões de habitantes do país possuem 200 milhões de armas de fogo.

“No país foram registrados 12 mil homicidios causados por armas de fogo, enquanto 47 por cento dos roubos foram cometidos igualmente com o uso de armas desse tipo.

“À sombra da seção de “atividades terroristas” do Patriot Act, a tortura e a extrema violência para obter confissões de suspeitos são prácticas comuns. As condenações injustas se evidenciam nas 266 pessoas, 17 delas já no corredor da morte, que foram absolvidas graças a exames de DNA.

“Washington advoga pela liberdade na Internet para fazer da rede de redes uma importante ferramenta diplomática de pressão e hegemonia, mas impõe estritas limitações no ciberespaço em seu próprio território e trata de estabelecer un cerco legal para lidar com o desafio que representa Wikileaks e seus vazamentos.

“Com uma alta taxa de desemprego, a proporção de cidadãos estadunidenses que vive na pobreza alcançou um nível récorde. Um em cada oito cidadãos participou no ano pasado dos programas de cupons para alimentos.

“O número de famílias acolhidas em centros para desamparados aumentou 7 por cento e as familias tiveram que permanecer mais tempo nos centros de acolhida. Os delitos violentos contra estas famílias sem teto aumentam sem cessar.

“A discriminação racial permeia cada aspecto da vida social. Os grupos minoritários são discriminados em seus empregos, tratados de maneira indigna e não são levados em conta para promoções, benefícios ou processos de seleção de emprego. Um terço dos negros sofreu discriminação em seus lugares de trabalho, embora somente 16 por cento se atreveu a apresentar queixa.

“A taxa de desemprego entre os brancos é de 16,2 %, entre hispanos e asiáticos de 22 %, e entre os negros é de 33 %. Os afroamericanos e os latinos representam 41 por cento da população carcerária. A taxa de afroamericanos cumprindo prisão perpétua é 11 vezes mais alta que a de brancos.

“90 por cento das mulheres sofreu discriminação sexual de algum tipo em seu lugar de trabalho. Vinte milhões de mulheres são vítimas de violação, quase 60 mil presas sofreram agressão sexual ou violência. A quinta parte das estudantes universitárias são agredidas sexualmente e 60 por cento das violações em campus universitários ocorre nos dormitórios femininos.

“Nove em cada dez estudantes homossexuais, bissexuais ou transexuais sofrem assédio no centro escolar.

“O Informe dedica um capítulo a recordar as violações dos direitos humanos de que é responsável o governo dos Estados Unidos fora de suas fronteiras. As guerras do Iraque e do Afeganistão, dirigidas pelos EUA, causaram dados exorbitantes de vítimas entre a população civil destes países.

“As ações ‘antiterroristas’ dos EUA incluíram graves escândalos de abuso a prisioneiros, detenções indefinidas sem acusações ou julgamentos em centros de detenção como o de Guantânamo e outros lugares do mundo, criados para interrogar os denominados ‘presos de valor elevado’ onde se aplicam as piores torturas.

“O documento chinês também recorda que os EUA violaram o direito a existir e desenolver-se da população cubana sem acatar a vontade mundial expressa pela Assembleia Geral da ONU durante 19 anos consecutivos sobre ‘A necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba’.

“Os EUA não ratificaram convenções internacionais sobre os direitos humanos como o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher; a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Convenção sobre os Direitos da Criança.

“Os dados apresentados pelo governo chinês demonstram que o funesto histórico dos EUA neste terreno o desqualifica como ‘juiz dos direitos humanos no mundo’. Sua ‘diplomacia dos direitos humanos’ é pura hipocrisia de dois pesos e duas medidas a serviço de seus interesses imperiais estratégicos. O governo chinês aconselha o governo dos EUA a tomar medidas concretas para melhorar sua própria situação em direitos humanos, que examine e retifique suas atividades nesse terreno e detenha seus atos hegemônicos que consistem em utilizar os direitos humanos para interferir nos assuntos internos de outros países.”

O importante desta análise, a nosso juízo, é que se faça tal denúncia em um documento assinado pelo Estado chinês, um país de 1 bilhão e 341 milhões de cidadãos, que possui 2 trilhões de dólares em suas reservas monetárias, sem cuja cooperação comercial o império afunda. Parecia-me importante que nosso povo conhecesse os dados precisos contidos no documento do Conselho de Estado chinês.

Se Cuba o dissesse, careceria de importância; levamos mais de 50 anos denunciando esses hipócritas.

Martí tinha dito há 116 anos, em 1895: “…o caminho que se há de fechar, e o estamos fechando com nosso sangue, da anexação dos povos de nossa América ao Norte revolto e brutal que os despreza…”
“Vivi dentro do monstro, e conheço suas entranhas”.

Fidel Castro Ruz
23 de abril de 2011, 19h32
Fonte: Cubadebate
Tradução da Redação do Vermelho

Filme Indiano

Ratoeira
(Elippathayam)
Elippathayam
Poster
Sinopse
Drama indiano que discute os sentimentos humanos a partir de histórias envolvendo ratos e os moradores de uma antiga casa, de uma familia tradicional e decadente. O personagem central é Unni, um homem que não consegue conviver tranquilamente com seu egocentrismo, e incapaz de lidar com as demandas de um mundo em transição.

  Créditos e Legendas Exclusivas de KEROUAC - MAKINGOFF
Screenshots (clique na imagem para ver em tamanho real)

Elenco
Informações sobre o filme
Informações sobre o release
Karamana Srada, Jalaja, Rajam K, Nair, Prakash, SomanGênero: Drama
Diretor: Adoor Gopalakrishnan
Duração: 115 minutos
Ano de Lançamento: 1981
País de Origem: India
Idioma do Áudio: Malaiala
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0082318/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: XviD
Vídeo Bitrate: 1787 Kbps
Áudio Codec: MPEG1/2 L3
Áudio Bitrate: 132 kbps 48 KHz
Resolução: 640 x 464
Aspect Ratio: 1.379
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 1.564 GiB
Legendas: Em anexo
  
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Médicos e pacientes pressionam IPE por melhorias no plano de saúde


Plano de saúde dos servidores gaúchos já foi considerado o melhor do país

Paulo Germano | paulo.germano@zerohora.com.br

A direção do Instituto de Previdência do Estado (IPE), responsável por um dos maiores planos de saúde do Rio Grande do Sul, está pressionada entre médicos e usuários. Do lado dos profissionais credenciados, pesam os pedidos por correção da tabela de procedimentos. Do lado dos pacientes, crescem reclamações a respeito da demora em busca de atendimento. A dimensão do problema fica evidente quando se olha o tamanho da carteira de segurados: quase 1 milhão de pessoas.

Não é mais a mesma a reputação do IPE, o plano de saúde dos servidores gaúchos que já foi considerado o melhor do país. Parte desse abalo deve-se ao pagamento oferecido aos médicos e à conduta de uma parcela dos profissionais. Eles reclamam que o instituto paga mal, mas resistem em deixar o quadro de credenciados. Resultado: algumas práticas questionáveis já estão de tal forma entranhadas no cotidiano de alguns consultórios que nem os pacientes conseguem perceber as distorções.
 
 "Pelo IPE, não paga nem o
consultório", diz presidente do Simers


Um agravante para o problema é que o IPE tem remunerado seus médicos com valores abaixo dos de mercado – o que aguça o embate entre a instituição e entidades como o Sindicato Médico (Simers). Na prática, os maiores prejudicados são os usuários do plano, que atende a quase 1 milhão de pessoas no Estado inteiro.

O IPE em números:
Um dos sistemas de previdência mais antigos do país, o IPE foi criado por Flores da Cunha em 1931

Usuários: 976 mil
Médicos cadastrados: 7,2 mil
Consultas/mês: 260 mil
Atendimentos/mês: 1 milhão
Orçamento de 2011: R$ 1,1 bilhão
Receita mensal: R$ 87,1 milhões*
Despesa mensal: R$ 84 milhões*
Saldo no Fundo de Assistência à Saúde: R$ 331,4 milhões*
Servidores estaduais que contribuem: 350 mil
Desconto no contracheque: 3,1%
Prefeituras e Câmaras Municipais conveniadas: 330
Servidores municipais que contribuem: 45 mil

*Dados referentes ao mês de fevereiro


>>>Leia a reportagem completa na edição de Zero Hora deste domingo

sábado, 23 de abril de 2011

Ensino técnico. Qualidade e quantidade, só o Estado

Brizola Neto no TIJOLACO

O Globo anuncia hoje o lançamento, em maio, do Programa Nacional de Ensino Técnico, o Pronatec. Posto aí em cima uma entrevista, dada em fevereiro, pela Presidente Dilma Rouseff, em que ela explica os objetivos do programa e – muito importante – conecta a educação profissional à formação geral, com a ideia de escolas de dois turnos – o regular e o profissionalizante.
É, como se vê, uma medida que já vem sendo gestada desde o início do ano. Mas é, antes ainda, uma questão que se arrasta, no Brasil, há quase 80 anos, sem que tenha sido solucionada de forma adequada.
Já nos anos final dos anos  30, o país vivia o dilema entre dois modelos de educação profissional e tecnológica. De um lado, o Ministro da Educação, Gustavo Capanema, defendendo que o Estado o assumisse diretamente e o fizesse associado à educação dita “formal”; de outro, o “grupo industrial”, formado por dirigentes empresariais paulistas de vanguarda, como Roberto Simonsen e Euvaldo Lodi, que sustentava que o próprio empresariado – garantidos os recursos para isso – seria o melhor para gerir essa qualificação profissional.
 
A solução do Sistema “S” – Senai, Senac, etc – foi a predominante. E se provou de alta qualidade, ao longo de décadas. A outra vertente, ainda que de maneira periférica, também se mostrou um vitoriosa, embora restrita, com a criação, em 1942, da Escola Técnica Nacional – hoje o Cefet – que proporcionava visão mais ampla e teórica da atividade industrial ao lado do ensino convencional. Tanto que, nos anos 70, passou a ter um acesso tão disputado que, praticamente, só a classe média a ela conseguia ter acesso, pela admissão concorridíssima, quase a tornar obrigatórios os cursos de preparação.
Da mesma forma, a partir do fim dos anos 80, o Sistema “S” foi deixando de ser uma alternativa de formação de profissionais qualificados. Se antes a necessidade era tão intensa que algumas oficinas do Senai era envidraçadas para atrair a atenção dos passantes e  captar alunos, a crise econômica acabou com a quase total “garantia de emprego” com que contavam os egressos do sistema. De outro lado, o preço desta formação passou a se tornar proibitivo – mais ainda por não assegurar contratação imediata em bons padrões salariais.
Afinal, excetuando as vagas gratuitas proporcionadas por acordos com o Governo, que atinge apenas metade das vagas, fazer um curso profissionalizante nestas instituições  passou a ter um custo proibitivo. O ex-presidente Lula, por exemplo, dificilmente teria condições de fazer hoje um curso de torneiro mecânico. Por dois meses e 160 horas aula, o custo desta aprendizagem no Senai chega a R$ 1,3 mil.
O esforço feito pelo Governo Lula para criar cursos de qualificação profissional, muito embora tenha sido e seja ainda positivo, esbarra nos limites da inexistência, fora do setor estatal e semi-estatal (como o Sistema “S”)  de estruturas capazes de fazê-lo com qualidade e eficiência. Em geral, acaba-se por produzir apenas profissionais para funções muito básicas, embora nossa demanda seja, cada vez mais, por mão-de-obra de média/alta qualidade, capaz de se adequar às estruturas mais exigentes, competitivas e tecnológicas da atividade industrial e de serviços.
O Governo Lula produziu muitos avanços. Primeiro, acabou com a virtual proibição aos Estados de fazerem ensino técnico, pela restrição imposta por FHC de que arcassem com todo o custeio. Depois, expandiu a rede de escolas técnicas federais de maneira expressiva e faz subir de 113 mil para 219 mil o número de matrículas, entre 2003 e 2009 (não tenho os números de 2010).
Mas era preciso um passo adiante, uma decisão. E Dilma a tomou, ao que parece, com o Pronatec.
A formação profissional de qualidade – e isso é inseparável da formação do ser humano – vai passar a ser uma causa de Governo, à qual as instituições públicas e semi-públicas devem se integrar.
E dou, desde já, uma sugestão: porque não convovar a Petrobras, as universidades públicas estaduais e federais do Rio de Janeiro e as indústrias da cadeia petroleira, inclusive a naval,  para fazermos uma grande Escola Técnica de Petróleo e Gás no Rio de Janeiro, para formar a mão de obra que o setor já  necessita e vai precisar com o pré-sal?
Sem prejuízo do Prominp, que dá formação básica, essencialmente, temos de formar centenas, milhares de profissionais de alta qualidade para as plataformas e refinarias. E temos conhecimento para isso. Ali, em Itaboraí, onde se ergue o pólo petroquímico que será a maior refinaria brasileira, a pouca distância do pólo naval de Niteroi/São Gonçalo e do Centro de Pesquisa da Petrobras, há espaço e proximidade para fazer uma escola de alto padrão, fisica e pedagogicamente conectada com as necessidades do setor.
A oportunidade está aí. E os recursos também, pois o Fundo Social para o qual irão boa parte das receitas do pré-sal tem destinação obrigatória também para esta área da educação, da ciência e da tecnologia.

Bertolino: Maurício Grabois e os devaneios de um jornalista


Por coincidência, acabo de ler o que seria o diário de Maurício Garbois, no exato momento em que a revista CartaCapital chega às bancas com este tema como matéria de capa. O texto, intitulado "Devaneio na selva" e assinado por Lucas Figueiredo, comenta “O diário do Araguaia”, tema anunciado como “exclusivo”. O assunto, no entanto, não é novo. Quando escrevi a biografia de Maurício Grabois, publicada em 2004 pela editora Anita Garibaldi, deparei com informações que davam conta desse diário.

Reprodução
carta capital - araguaia
A capa da revista CartaCapital desta semana traz a reportagem de Lucas Figueiredo sobre o diário de Maurício Grabois no Araguaia
 
Por Osvaldo Bertolino*no Portal Vermelho

Recebi, anonimamente, trechos do que seriam as anotações do comandante militar da Guerrilha do Araguaia, mas, impossibilitado de verificar a veracidade do documento, não usei as informações.

Segundo o jornalista Hugo Studart, que escreveu o livro A Lei da Selva, trata-se uma cópia preservada por um militar. Em artigo publicado pela revista Brasil História, edição de março de 2007, ele diz que o destino e principalmente o teor do diário ficaram ocultos por três décadas. “O diário foi encontrado pelas tropas que mataram Grabois, dentro de suas roupas, já estufado pela umidade. O documento chegou a Marabá no final da tarde de 25 de dezembro de 1973, para ser encaminhado na primeira hora do dia seguinte ao Centro de Informações do Exército (CIE), em Brasília”, diz ele.

Segundo Studart, um capitão da área de informações pediu o material emprestado aos colegas para examiná-lo e, sem consultar os superiores, convocou cinco soldados para que atravessassem a madrugada copiando o conteúdo à mão. Pela manhã devolveu o documento. O diário original desapareceu dos arquivos do CIE, provavelmente destruído no crematório ocorrido em fins de 1974, por ordem do presidente Ernesto Geisel, para ocultar os combates no Araguaia. Restou a cópia (mais tarde datilografada), preservada nos arquivos pessoais daquele capitão. Três oficiais superiores, antigos membros da Comunidade de Informações que tiveram acesso aos originais antes da cremação, atestam a autenticidade do conteúdo que consta na cópia.

O último combate

O jornalista diz que Grabois começou o diário três semanas após a chegada do Exército. Ele esmerou-se nos detalhes dos crimes cometidos pela repressão no Araguaia, a principal razão que levou os generais do regime militar mandar destruir a maior parte dos documentos sobre a Guerrilha, incluindo o diário do seu comandante militar. Studart descreveu o documento como rico na descrição das receitas de alimentos e medicamentos utilizadas pelos guerrilheiros, assim como na transcrição de poemas e letras de canções invocadas no cotidiano das selvas.

Grabois escreveu até dia do seu último combate, em 25 de dezembro de 1973, quando, segundo escreveu João Quartim de Moraes no prefácio da biografia que fiz, o Brasil vivia o tempo dos assassinos, dos curiós, dos sérgios fleury e congêneres. Era “também o tempo dos verdadeiros heróis, dos que em vida se comoviam até as lágrimas com a imensa miséria e o indizível sofrimento dos humilhados, dos famélicos, dos sem-infância e sem-esperança, mas que, na hora do combate final, caem de pé, olhando a morte na cara”. Grabois morreu no grande combate que ficou conhecido como o “Chafurdo de Natal”.

Descrevi, no livro, a cena nestes termos:

“No início da operação, batizada de 'Sucuri', instalou-se na região um sujeito chamado Marco Antônio Luchini, enviado como engenheiro do Incra. Era na verdade o major Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió, ferrenho anticomunista que em 1961, como tenente, foi preso por participar da trama que tentou impedir a posse presidencial de João Goulart. No golpe de 1964, ele participou ativamente da conspiração e chegou ao CIEx. Frio e sanguinário, ficou famoso na região por receber de pistoleiros as cabeças, mãos e dedos decepados dos guerrilheiros para os quais pagava de 10 a 50 mil cruzeiros – dependendo da importância política da vítima.

Por trás da operação estava o general Antônio Bandeira. Curió foi, possivelmente, a figura que mais encarnou o espírito da “guerra suja”, que rasgou todas as leis e princípios que regem os conflitos militares e os direitos básicos do ser humano. Curió ainda iria participar de outras atrocidades praticadas pela ditadura – como a “chacina da Lapa”, quando em 1976 a repressão assassinou dirigentes do PCdoB em São Paulo – e se estabelecer na região, onde foi eleito deputado, dominou o garimpo de Serra Pelada à força e fundou uma cidade em homenagem ao seu nome – Curionópolis.

No dia 25 de dezembro de 1973, Curió comandava a patrulha que, no final daquela manhã chuvosa, por volta das onze horas e vinte cinco minutos, encontrou o grupo de guerrilheiros. O major viu entre eles aquele que o relatório do CIEx classificou como o comandante militar da Guerrilha, que destacava-se dos demais pela idade – estava com 61 anos. Maurício Grabois recebeu um tiro de fuzil no braço esquerdo, abaixou-se, puxou o revólver e de joelhos atirou até ser atingido mortalmente na cabeça. Apropriadamente, o oficial que presenciou a cena proclamou: “Foi a morte de um lutador”.

No início do dia 25 de dezembro de 1973, exatamente seis anos depois do desembarque de Maurício Grabois no Araguaia, dos 69 guerrilheiros enviados à região 41 estavam vivos, 20 mortos, 7 presos e um – João Carlos Borgeth, o “Paulo Paquetá” – havia fugido. No tiroteio contra a Comissão Militar naquela manhã de Natal, dos 15 que estavam no grupo dez sobreviveram. Os mortos foram, além de Maurício Grabois, seu genro Gilberto Olímpio Maria, Líbero Giancarlo Castiglia, o “Joca” – que chegou com ele e Elza Monnerat à região em 1967, e possivelmente foi preso ainda com vida –, Paulo Mendes Rodrigues e Guilherme Gomes Lund. Os demais guerrilheiros estavam acampados num local mais abaixo ou realizando tarefas nas redondezas.”

Para escrever a biografia, consultei muitas fontes, conversei demoradamente com pessoas que conviveram com Grabois e mergulhei fundo em seus escritos. A impressão que fiquei é de um homem à frente do seu tempo, de rara capacidade intelectual, de caráter sólido e totalmente envolvido com a causa que embala a humanidade desde tempos imemoriais: a luta pelo futuro. É daqueles que, como disse o escritor Monteiro Lobato na carta enviada a Caio Prado Júnior quando este estava na prisão, quanto mais a gente conhece, mais admira. “A regra é ao contrário: à proporção que a gente vai conhecendo um homem, vai se decepcionando – vendo-lhe as falhinhas...”, disse.

Formulação de Karl Marx

No caso de Grabois e de seus contemporâneos que reorganizaram o Partido Comunista do Brasil em 1943, na Conferência da Mantiqueira, e em 1962, aplica-se muito bem a formulação de Karl Marx, na obra O dezoito brumário de Luis Bonaparte, de que a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”, diz ele.

Esse é ponto: Grabois se destaca nos noticiários por ter participado até à morte naquela que é considerada a mais dura linha de resistência à ditadura de 1964, a Guerrilha do Araguaia, mas o seu legado oprime o cérebro dos que procuram esvaziar as suas ideias. O conjunto da sua obra nem sempre é devidamente valorizado – uma opção da mídia que, sabemos muito bem, não tem o menor interesse em retratar o alcance da Guerrilha do Araguaia.

Chutes teóricos de Lucas Figueiredo

O que causa estranheza é a opção de CartaCapital de entregar esse assunto ao jornalista Lucas Figueiredo, que se revelou um desconhecedor das elementares informações que possibilitariam um juízo mais em conformidade com os fatos descritos no diário. Já no início da matéria, ele deduz que Grabois ilude-se sobre o ânimo das “massas”, que seriam “a miserável população local que quer cooptar para fazer a revolução comunista no Brasil”. Devaneio maior, impossível.

Bastaria raciocinar não mais que cinco minutos para saber que uma “revolução comunista” era o que menos estava em questão naquele movimento. Se for para ser mais rigoroso, é possível dizer que Lucas Figueiredo não se deu sequer ao trabalho de evitar chutes teóricos para qualificar a luta armada no Sul do Pará. Seria o caso de perguntar: onde ele leu, ouviu ou obteve tal informação? Se diz que Grabois e seus camaradas queriam “fazer a revolução comunista”, deveria explicar o que vem a ser isso. É o velho vício da mídia, de disparar preconceitos sem a menor preocupação.

O esperto jornalista

Para Lucas Figueiredo, “tudo conspirava contra os guerrilheiros”, mas o ingênuo Grabois “julgava que a situação era ‘favorável’”. O esperto jornalista diz que “fica patente” no diário “que, entre o sonho e a realidade, Grabois abraça o primeiro e renega a segunda, um gesto bonito para um idealista, mas fatal para um comandante militar”. Bem, quando o assunto chega a esse tom professoral, é preciso tomar cuidado. Como sabemos, professores nem sempre gostam de ser contestados. Mas alguns pontos são tão falseados que, mesmo com esse risco, não dá para não comentar.

Lucas Figueiredo descreve Grabois como um ser tão incapacitado intelectualmente que passava horas de seu dia a ouvir as transmissões da Rádio Tirana e acreditava nas notícias que chegavam “da distante e fechada Albânia comunista”. “Grabois chega a acreditar que não só ele e seus companheiros ouvem a propaganda vermelha da Tirana (sic), a ‘melhor fonte de informações’”, escreve. Aqui a desinformação assusta. Bastaria um rápida busca na internet para saber que o PCdoB montara um sofisticado sistema de transmissão de informações, via Rádio Tirana, que vinham exatamente de onde Grabois estava. Dizer, como faz Lucas Figueiredo, que Grabois tomava propaganda como informação é o cúmulo do descaso.

Uma confusão primária

Para o jornalista, a capacidade do comandante “de se entregar ao autoengano parece infinita”. “O diário mostra que ele confundia o apoio logístico dado pela população local, que realmente existiu durante um tempo, com a nunca efetivada adesão à luta”, diz ele. Lucas Figueiredo poderia ter assistido ao documentário Camponeses do Araguaia – a Guerrilha vista por dentro (veja aqui do lado, na coluna da esquerda), do qual participei como responsável pelas entrevistas, para ver que Grabois tinha razão. Deveria também ler os documentos sobre o caráter daquela resistência para saber que ninguém, muito menos o comandante, queria que a população aderisse “efetivamente” à luta. É uma confusão primária, sabe-se lá com qual propósito.

O texto se lança em outros devaneios de menor intensidade, como as descrições de Grabois sobre as dificuldades enfrentadas na mata e a busca incessante por comida. Aí Lucas Figueiredo voa tão baixo que é impossível alcançá-lo. “O diário revela um guerrilheiro obcecado por comida”, diz ele. Depois dessa triste passagem, ele volta a atacar Grabois, “um comandante rigoroso, sobretudo com os outros”.

Palavreado rasteiro, chulo

Aparece novamente um ser ingênuo e incapacitado a ponto de escrever regras como “garantir o autoabastecimento” e “levar a cabo ações armadas contra o inimigo”. “Espera que os estudantes e profissionais liberais de pouca idade levados pelo PCdoB para a mata sejam verdadeiros Rambos”, escreve. “E quando não o são, Grabois os chama de ‘problema’, ‘acovardado’, ‘pouco desenvolto’ ‘ingênuo’ e ‘um tanto lerdo de raciocínio’”, diz o jornalista, fazendo citações descontextualizadas e demonstrando que leu o diário de forma artificial.

Mas, segundo Lucas Figueiredo, Garbois era tão estulto que “quando se tratava de analisar a si próprio como comandante e o PCdoB como Estado-Maior da guerrilha, era generoso”. O palavreado é rasteiro, chulo. “Se os 69 combatentes ‘inexperientes’ – pelo menos isso ele admitia – seguissem à risca as ordens emanadas da cúpula vermelha e da inspiração do ‘mestre da guerra popular' Mao Tse Tung, seria ‘impossível’ perder a luta contra o rolo compressor liderado pelo Exército e apoiado pela Aeronáutica, Marinha, Polícia Federal e as PMS de três estados”, escreve. Quantos devaneios!

Dignidade humana personalizada

Para finalizar, Lucas Figueiredo atribui às chuvas as derrotas sofridas pela repressão em suas duas primeiras campanhas. E na operação final fica-se com a impressão de que os bandos comandados por Curió é que estavam certos. “Em fevereiro de 1973, às vésperas do início da campanha definitiva dos militares, (Grabois) aceita em sua mente (sic) o jogo do tudo ou nada. ‘No final, como nos filmes de mocinho, tudo acabará bem. Se não acabar... azar nosso’”, escreve ele.

Grabois não merecia isso tudo. Se pudesse dizer algo para o comandante da Guerrilha do Araguaia, utilizaria ideias e palavras de Monteiro Lobato na carta a Caio Prado Júnior. Cada ato seu o eleva mais. Morreu por ser digno, honesto em uma era de desonestos, corajoso nesse tempo de covardes, limpo em um século de sujeiras. Eu aqui, da minha insignificância, Grabois, te beijo a mão comovido – como se beijasse a mão da própria dignidade humana personalizada.

*Osvaldo Bertolino é jornalista, pesquisador da Fundação Maurício Grabois e editor do portal desta instituição (grabois.org.br).

Fonte: Blog O outro lado da notícia

Download Leia aqui a íntegra do diário de Maurício Grabois

sexta-feira, 22 de abril de 2011

141 anos do nascimento de Lenin.

Do blog de Zequinha Barreto


Companheirada hoje 22 abril completa 141 anos do nascimento de um dos homens mais brilhantes da política, um herói e guia do proletariado no caminho para a libertação, me referimo a Vladimir Ilyich Ulyanov, mais conhecido como Lenin.
Transformador do Partido Obrero Social Demócrata de Russia em Partido Comunista, como se denominava Marx y Engels tal como disse o proprio Lenin, fervoroso marxista que lutou enconadamente contra o reformismo, o revisionismo, o anarquismo e contra o “infantilismo da esquerda” com a mesma força que lutava contra a burguesía  e o capital; criador de aportes universais que complementam conceitos económicos do marxismo como o descubrimento de uma fase más atroz do capitalismo a  que chamou de imperialismo. Transformador Social Democrata Partido dos Trabalhadores da Rússia, Partido Comunista, como Marx e Engels eram conhecidos como disse Lênin, um fervoroso marxista, que lutou amargamente contra o reformismo, o revisionismo do anarquismo, e contra o "infantilismo da esquerda" com o mesmo força que foi contra a burguesia e criador contribuições de capital complementar universal conceitos econômicos do marxismo como a descoberta de uma fase terrível do capitalismo, que ele chamou de imperialismo.
Lenin foi líder e condutor da Revolução de Outubro o Revolución Bolchevique de 1.917 na Russia que tirou do poder o governo reformista da burguesía e pequena burguesía que havía derrotado varios meses antes, revolução que permitiu construir um estado socialista poderoso na linha  do marxismo e de experiencias práticas de exercicio de poder pela classe trabalhadora como a Comuna de Paris de 1.871 e que pouco tempo depois se transforou em  Unión de Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS); Lenin é o fundador da  III Internacional que se opos a  guerra imperialista mundial do momento (I guerra mundial). Lênin era o líder e maestro da Revolução de Outubro ou Revolução Bolchevique de 1917 na Rússia, que transfere o poder ao governo reformista da burguesia e a pequena burguesia que haviam derrubado  meses antes de uma revolução que permitiu a construção de um poderoso Estado socialista, sob a orientação do Marxismo e experiências práticas de exercício do poder pela classe operária como a Comuna de Paris de 1871 e logo depois se tornou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Lenin também é fundador da Terceira Internacional, que se opôs a guerra imperialista mundial.
Entre essas contribuições são essenciais para examinar agora as características que fizeram Lenin sobre o imperialismo: a fase do capitalismo monopolista, a fusão do capital bancário e o capital industrial para criar o capital e a burguesia financeira, as exportações do capital sobre a exportação de bens , a formação de associações de capitalistas-monopolistas que são donos do mundo (corporações transnacionais), o emprego do colonialismo territorial dos países poderosos para satisfazer as suas necessidades saque das matérias-primas.
. Os homens e mulheres trabalhadores, camponeses, estudantes, intelectuais, revolucionários e amantes da paz, progresso e dignidade dos seres humanos tem um herói  proporções gigantescas de Lenin a 141 anos após seu nascimento continua a guiar a revolução antes que estremecerá a burguesia.

¡Viva Lenin! Viva Lênin!