sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Blogueiro da Veja prega censura

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Há anos que os grandes meios de comunicação do eixo São Paulo – Rio de Janeiro (o que inclui jornais, revistas, rádios, televisões e portais de internet) vêm empreendendo uma cruzada contra o que chamam de “censura à liberdade de imprensa” ou “de expressão” que estaria sendo planejada pelo Partido dos Trabalhadores e seus aliados ou simpatizantes, de forma a coibirem críticas ao governo federal.


Para esses veículos, não pode haver limite para críticas ao governo, ainda que nunca tenham esclarecido se a premissa valeria para qualquer governo ou só para os governos do PT. Agora, porém, isso está sendo esclarecido.

Editoriais dos jornais O Globo e O Estado de São Paulo já vinham na linha da defesa incondicional do governo Geraldo Alckmin, mesmo que em suas campanhas pela “liberdade de imprensa” sempre tenham caracterizado qualquer defesa do governo federal como “jornalismo chapa-branca”.

Já o jornal Folha de São Paulo vinha em uma linha mais jornalística, inclusive dando furos de denúncias de assassinatos ou desaparecimento de moradores do Pinheirinho, mas acabou publicando editorial em que até reconhece os excessos da Polícia Militar, mas centrando fogo nos partidos e movimentos sociais que se ergueram em defesa dos flagelados pela ação da Polícia Militar e, o que é pior, não citando o governador de São Paulo ou seu partido uma única vez.

Mas, agora, o blogueiro e colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo foi mais longe. Publicou texto em seu blog na última quarta-feira em que aumenta o tom da defesa que os veículos da grande imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro vêm fazendo do governo de São Paulo diante da forte repercussão negativa de sua ordem para que a Polícia Militar despejasse 1.600 famílias do bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), no último domingo (22.01.2012).

A proposta desse texto é a de que sejam presos jornalistas ou mesmo cidadãos sem formação jornalística que façam acusações sem provas ao governo tucano de São Paulo, mesmo que estejam se limitando a reproduzir denúncias de violações de direitos humanos que já estão até sendo repercutidas no exterior e que já geraram decisão da Organização das Nações Unidas de denunciar o governo de São Paulo por tais violações.

Abaixo, trechos dos vários posts que esse blogueiro da revista Veja está publicando nesse sentido.

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Alô, governo de SP, Justiça e Ministério Público! Hora de combater os criminosos da rede. Cadeia para os mentirosos!

É impressionante!

Multiplica-se na rede a delinqüência originalmente veiculada pela Agência Brasil, sob o comando da EBC, segundo a qual houve mortos na desocupação do Pinheirinho. Há vídeos circulando na rede que acusam, entre outras coisas:

- a Polícia Militar de esconder corpos;

- o governo e a PM de separar as crianças de seus pais;

- a prática de tortura.

E onde estão as evidências? Não há! Até porque não aconteceu nada disso. Afirma-se que, entre os mortos, há crianças. São criminosos operando a serviço de teses políticas. A EBC publicou hoje uma patética reportagem desmentindo o que ela própria havia divulgado ontem (as tais mortes) e, mais uma vez, atropelou a boa técnica jornalística e o bom senso. Na madrugada, trato do assunto. Terei de lembrar a Nelson Breve alguns fundamentos da profissão, uns 20 anos depois de nossa última conversa. Daquela vez, eu lhe passei alguns fundamentos do jornalismo em seu primeiro emprego na área. Agora, eu vou convidá-lo a recuperar alguns fundamentos de sua experiência no setor bancário — de onde ele vinha. Ele precisa tratar o leitor, o ouvinte e o telespectador da EBC como os bancos tratam os correntistas: procurando ganhar a sua confiança!

A expressão na Internet é e deve continuar livre. Mas ninguém tem licença para usar a rede para cometer crimes. Acusar a Polícia Militar, o governo do Estado e a Prefeitura de São José dos Campos de esconder corpos é crime — no caso, de calúnia. E o lugar de caluniadores é a cadeia.

Ou os entes do estado reagem contra os criminosos, ou eles progridem! É perfeitamente possível chegar à origem dessas mensagens e responsabilizar seus autores, segundo as regras vigentes no estado democrático e de direito.

(…)

A liberdade de expressão não confere a ninguém a liberdade de caluniar — continua a ser um crime, pouco importa o meio.

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Há uma grave distorção dos fatos, aí. A matéria da Agência Brasil (EBC) não acusou Alckmin ou a PM de nada, apenas repercutiu denúncias que já ganharam o mundo, tendo sido largamente reproduzidas na imprensa internacional em veículos como o diário britânico The Guardian ou na rede de televisão Al Jazeera.

Contudo, quem tem incomodado a grande mídia paulista e fluminense não está fazendo nada nem parecido com o que ela mesma faz há anos contra o governo federal semana sim, outra também. A própria Veja e congêneres, nos últimos anos, não se limitaram a reproduzir denúncias até de assassinato contra o governo Lula, mas endossaram-nas

A revista Veja, por exemplo, em sua edição 1929, de 2 de novembro de 2005, publicou matéria acusando a campanha de Lula à Presidência em 2002 de ter recebido doações ilegais de dinheiro transportado de Cuba para o Brasil clandestinamente. Abaixo, o trecho da matéria contendo a acusação:

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Os dólares, acondicionados em caixas de bebida, andaram por Brasília e Campinas até chegar ao comitê eleitoral de Lula em São Paulo. Dois ex-auxiliares do ministro Palocci confirmaram a história a VEJA. São eles: Rogério Buratti e Vladimir Poleto, que transportou o dinheiro de Brasília a Campinas a bordo de um avião Seneca.

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Nada jamais foi provado e, que se saiba, ninguém pediu prisão para quem fez essa matéria. Como se vê, é muito diferente do que vêm fazendo a EBC ou mesmo a blogosfera. Não se está reproduzindo denúncias, mas endossando-as. O tom da matéria supra reproduzida não diz que pode ter ocorrido, diz que ocorreu.

A mesma coisa fez o jornal Folha de São Paulo em 2007 ou em 2009, por exemplo.

Em 19 de julho de 2007, o jornal publicou chamada em destaque em sua primeira página que remetia a matéria de um colunista do jornal que acusou o governo Lula de ter assassinado 200 pessoas no âmbito do desastre do avião da TAM em São Paulo, que ocorrera no dia anterior. Abaixo, trecho da matéria.

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FOLHA DE SÃO PAULO

19.07.2007

O que ocorreu não foi acidente, foi crime

FRANCISCO DAUDT

COLUNISTA DA REVISTA DA FOLHA

Gostaria imensamente de ter minha dor amenizada por uma manchete que estampasse, em letras garrafais, “GOVERNO ASSASSINA MAIS DE 200 PESSOAS”. O assassino não é só aquele que enfia a faca, mas o que, sabendo que o crime vai ocorrer, nada faz para impedi-lo. O que ocorreu não pode ser chamado de acidente, vamos dar o nome certo: crime.

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Alguns anos se passaram e o que se descobriu foi que havia um defeito no avião e que o piloto cometeu um erro. Mas a acusação jamais foi sequer retificada.

Já no dia 5 de abril de 2009, a mesma Folha de São Paulo publicou nova chamada em destaque em sua primeira página, que remetia a reportagem sobre o suposto plano do grupo VAR-Palmares durante a ditadura militar que visava sequestrar o então ministro Antonio Delfim Netto. Na mesma primeira página foi publicada ficha criminal de Dilma Rousseff que conteria seu indiciamento por ter participado desse crime.

O jornal, à época, alegou ter obtido a ficha criminal da hoje presidente da República junto ao arquivo do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Diante da contestação de Dilma, que apresentou inclusive perícias comprovando a fraude, o jornal admitiu, então, não ter obtido a ficha da parte do DOPS, mas via e-mail, declarando, pois, simplesmente “não poder atestar ou negar sua veracidade”.

Esses são só alguns dos exemplos mais clamorosos, mas há milhares. Não centenas, eu disse milhares.

Daqui por diante, portanto, a cada vez que a grande mídia falar em blogueiros e jornalistas “chapas-brancas” ou em “liberdade de imprensa para criticar o Poder”, você, leitor, jornalista ou blogueiro já está bem ciente do que pode argumentar a fim de encerrar e vencer a discussão: a liberdade de expressão que a mídia quer é só para si, enquanto prega censura e prisão para os que dela divergem.

Maldição é a hegemonia capitalista, diz haitiano no FST


Orçamento da Minustah poderia reverter em 71 mil casas construídas por ano | Foto: laembajada/Flickr

Vivian Virissimo no SUL21

Na visão do haitiano Patrice Florvilus, que participou de uma atividade autogestionária na manhã desta quinta-feira (26) no FST, a pior contribuição da cobertura da mídia internacional foi transmitir a ideia de que o Haiti é alvo de uma “maldição”. “As notícias passaram a ideia que o terremoto e a epidemia de cólera no Haiti são frutos de uma maldição sobre o povo haitiano e isso não é verdadeiro. A verdadeira maldição é a instabilidade política e a hegemonia capitalista e neoliberal de uma burguesia nacionalista”.
De acordo com o último informe da Organização das Nações Unidas (ONU), o Haiti é o pais com maior segurança do continente americano — e, contraditoriamente, é também a nação com maior número de militares que representam diferentes países.
“Somos o país com mais segurança e temos mais militares e aparato militar do que todas as partes do mundo. Só o orçamento da Minustah poderia resultar na construção de 71 mil casas por ano. Se não ajudam na reconstrução da infraestrutura, qual é seu papel? Por que não temos mais representantes da sociedade civil ao invés de militares? Porque eles estão lá para assumir a hegemonia de seus países”, criticou Florvilus, que atua como educador popular há 10 anos e é responsável pela Reagrupação Educação para Todos e Todas no Haiti.
Na mesa que abordou A luta pelo Direito à Educação – Haiti Somos Todos e Todas, Florvilus descreveu a situação preocupante da educação no país, que tem o sistema composto por 98% de escolas privadas. Segundo ele, mesmo com US$5 bilhões em doações da comunidade internacional, nenhuma escola pública foi construída até hoje no país.
Patrice Florvilus: "Se não ajudam na reconstrução da infraestrutura, qual é seu papel? Por que não temos mais representantes da sociedade civil ao invés de militares?" | Foto: André Carvalho/Sul21

O haitiano explicou que essa situação pode ser entendida quando se analisa os diversos acordos internacionais, nos últimos dez anos, que aceleraram o processo de liberalização do mercado e que freiaram o avanço de políticas públicas no Haiti. “O ministro de educação não tem preocupação com escolas públicas e segue o modelo chileno, que está completamente em crise. Aplica uma política de supostamente melhorar a qualidade da educação e aposta num modelo de expansão da escola privada que já chega a 98%”, criticou.
Florvilus apresentou outros dados que mostram a situação do ensino no Haiti após o abalo sísmico: 94% da infra-estrutura escolar foi destruída, sendo 77% de escolas públicas, 3/2 dos centros de formação profissional, afetando a vida escolar de 15.000.00 de estudantes. Além disso, 90% dos edifícios universitários desabaram, sendo que as 11 universidades públicas foram quase totalmente destruídas. O terremoto também causou a morte de 38 mil alunos e 1.346 professores.
Segundo ele, o grande problema é que o estado haitiano não tem controle sobre o sistema educativo, já que entre 61% e 66% do orçamento é proveniente de outros países. “Não temos controle do sistema, que é composto por representantes do Canadá, França e de outros países da América Latina. Cada país que apóia quer um espaço e o estado não consegue regularizar este situação”, argumentou.

Cooperação internacional é imposta ao povo haitiano

“Nem se pode falar de cooperação de fato, pois não se está contando com a cooperação do povo haitiano. As coisas estão ocorrendo de uma forma imposta" | Foto: André Carvalho/Sul21

O haitiano também falou da situação dos campos de refugiados que foram construídos para servirem de abrigo ao povo por três meses e permanecem ativos dois anos depois, sendo a residência atual de 10 mil pessoas. “Não existe nenhum tipo de solução por parte do Estado haitiano e da parte da comunidade internacional. Já se passaram dois anos e nada foi feito”, disse o Haitiano.
Florvilus aproveitou para denunciar que a reconstrução do país está sendo feita por imposição, pois muitas organizações da sociedade civil não estão sendo consultadas. Segundo ele, a maior parte das verbas internacionais está sendo gerida pela Fundação Bill Clinton. O impacto da cooperação internacional foi questionada pelo haitiano. “Nem se pode falar de cooperação de fato, pois não se está contando com a cooperação do povo haitiano. As coisas estão ocorrendo de uma forma imposta. Por isso acreditamos mais na solidariedade, o governo tem seus próprios objetivos, temos que nos solidarizar mais para afrontar o plano dos governos”, afirmou o haitiano.

“O Haiti paga o preço de se contrapor ao império”, falou pesquisador

O pesquisador Pablo Gentili da FLACSO, outro participante da atividade autogestionária, concordou com a afirmação de Florvilus de que o caso haitiano não pode ser reduzido a uma maldição ou tragédia sem considerar o processo histórico no país. “O que aconteceu no Haiti não é uma tragédia, pois tragédias remetem a um fato inesperado, causas desconhecidas. Nem o terremoto haitiano é uma tragédia no sentido literal, pois isso acontece no Caribe o tempo todo. Todos sabem, há muitos anos, que essa região do planeta são mais propensas a terremoto”, afirmou.
Pablo Gentilli: "O Haiti paga o preço da ousadia da igualdade e liberdade" | Foto: André Carvalho/Sul21

Para apresentar os componentes históricos da situação haitiana, Gentili ressaltou que o Haiti foi a primeira nação da América Latina e Caribe a conquistar a independência. “O Haiti paga o preço de se contrapor ao império, foi o primeiro país que garantiu sua independência em 1804 quando a maioria o fez em 1809, 1810, 1812. Uma nação negra que naturalmente aboliu a escravatura antes que qualquer outra. O Brasil, que é a sexta economia do mundo, só aboliu em 1888”, comparou.
Gentili acrescentou que o Haiti iniciou seu processo de endividamento internacional justamente para conquistar sua independência com o pagamento de uma indenização aos franceses. “O Haiti paga o preço da ousadia da igualdade e liberdade. É o primeiro país endividado, teve que pagar uma indenização à França e já em 1840, entrou numa segunda onda de dívida”, lembrou, relacionando essas crescentes dívida a falta de infra-estrutura para lidar com grandes terremotos, por exemplo.
Ele também falou sobre o sistema educacional no Haiti. “O grau de privatização do sistema educacional haitiano não existe em nenhum outro país. Poderia ser um contra-senso num dos países mais pobres do planeta ter o sistema privado mais desenvolvido. Poderia, mas não é, pois este é um mercado que se beneficia do desespero das pessoas para ter acesso a um direito humano que é o direito a educação”, explicou.
Ele também informou que um estudo da UNESCO aponta que o custo de reconstrução do sistema público de educação é tão alto que seria mais fácil subsidiar o ensino privado. “Há um enorme mercado do ensino superior no Haiti e em todos os países. Pobreza não quer dizer que contradição com privatização, muitas vezes inclusive potencializa esse processo”, disse. O pesquisador criticou que este é um princípio neoliberal de que o o melhor é transferir recursos para as famílias, sem importar na qualidade do ensino ou na inserção destas pessoas no mercado de trabalho.
A forte presença militar e a ausência de outras formas de ajuda humanitária também foram criticadas pela população. “A única coisa que o Brasil enviou para o Haiti foram militares. Todos sabem da incapacidade que militares tem em lidar com guerras, quanto mais em missões de paz. Os recursos não deveriam ser passados para a fundação Clinton, mas para organizações haitianas para reconstrução de suas instituições, para organização da militância popular com o fortalecimento do movimento democrático”, argumentou o pesquisador.
A atividade autogestionária foi promovida pela Campaña Latinoamericana por el Derecho a la Educación. Esta organização é uma rede de fóruns regionais e internacionais e de entidades da sociedade civil que trabalham pelo direito humano da educação e que formam uma rede de apoiadores ao povo haitiano.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Sem Terra contribuem na colheita da azeitona por 30 dias na Palestina


Por Marcelo Buzetto
Coletivo de Ralações Internacionais e integrante
da Brigada de Solidariedade na Palestina
Do Jornal Sem Terra
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Um grupo de 17 militantes do MST, da Via Campesina Brasil, da Consulta Popular e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (região metropolitana de São Paulo) ficou durante 30 dias na Palestina, visitando diversos territórios ocupados por Israel em 1948, em 1967 e em comunidades ocupadas ilegalmente após os acordos de Oslo (1994).

Os militantes, que ficaram na região entre outubro e novembro, formaram uma brigada de solidariedade internacionalista, que recebeu o nome de Ghassan Khanafani, jornalista, escritor e revolucionário palestino assassinado por agentes israelenses no Líbano em 1972. A brigada contribuiu na colheita de azeitonas junto às famílias camponesas palestinas, em uma ação de solidariedade contra a violência praticada por colonos sionistas-israelenses e pelo exército de Israel, que procuram intimidar e impedir a realização desse trabalho.

O grupo participou também do 1º Encontro de Camponeses, Trabalhadores Rurais e Pescadores da Palestina, organizado por entidades como a União dos Comitês de Trabalho Agrícola, a União dos Comitês de Mulheres Palestinas, o Centro de Informação Alternativa e o Mundubat. Nesse período, os militantes puderam debater com as organizações locais os passos necessários para a construção da Via Campesina no mundo árabe, além de aprofundar o conhecimento sobre a situação econômica, política, social e cultural, por meio do contato com organizações políticas palestinas e com movimentos israelenses que apoiam essa luta de libertação nacional e autodeterminação.

A brigada conheceu a luta dos trabalhadores israelenses por moradia e visitou um grupo de famílias sem-teto que ocuparam um prédio em Jerusalém e foram despejados pela polícia. Essas famílias organizam o Comitê em Defesa da Moradia Pública, que pressiona o governo israelense a criar uma política habitacional para atender os interesses dos mais pobres.

A pobreza e a desigualdade social nas cidades hoje controladas por Israel é crescente. Na cidade velha de Jerusalém, nas proximidades do Muro das Lamentações, local sagrado para o judaísmo, é possível se deparar com homens e mulheres israelenses pedindo esmolas.

O grupo de militantes brasileiros também esteve reunido com a Força Para os Trabalhadores (FPT), uma experiência concreta de organização autônoma dos trabalhadores. A entidade é uma nova central sindical, construída por meio das lutas dos trabalhadores precarizados e de outras categorias sem representação sindical.

A FPT está em processo de construção, mas já obteve algumas vitórias importantes, como na greve de empresas químicas de Haifa, no início deste ano. Trabalhadores israelenses e árabespalestinos estão se sindicalizando, o que é fato inédito desde a fundação do Estado de Israel, em 15 de maio de 1948.

Durante visita em Hebron, conhecemos a parte da cidade ocupada por Israel em 1967, onde estão fechados as casas e o comércio que eram de famílias palestinas, expulsas para que fosse realizado o processo de transformação de Hebron em uma “cidade judaica”, obsessão dos colonos sionistas que controlam parte da cidade.

Solidariedade na luta


A brigada participou da mobilização do Comitê Popular de Bi´lin, comunidade da Cisjordânia conhecida por realizar toda sexta-feira passeatas contra o muro do apartheid, construído para separar a vila do assentamento judeu-sionista criado após os acordos de paz de 1994.

Assim como em Bi´lin, várias terras palestinas da Cisjordânia foram ocupadas militarmente por Israel para dar continuidade ao projeto expansionista-colonialista, fato que tem feito crescer críticas (entre o povo) aos acordos assinados entre Autoridade Palestina e Israel.

Como Israel não cumpre as resoluções das Nações Unidas e as deliberações dos acordos, palestinos já falam do fim e da morte do processo de paz iniciado pelas negociações diretas com Israel. A luta e a mobilização popular ganham força como principais instrumentos para derrotar a ocupação israelense.

Na manifestação em Bi´lin, soldados israelenses jogaram bombas de gás e dispararam contra os palestinos e os internacionalistas do Brasil, Venezuela, França, Irlanda do Norte e Inglaterra. Em uma ação legítima de defesa diante do ataque das forças colonialistas israelenses e dos colonos que tomaram suas terras, jovens palestinos responderam com pedras a agressão sofrida.

Violência semelhante já tinha acontecido contra a brigada e os camponeses palestinos no vilarejo de Jalud, durante a colheita de azeitonas na Área C, território palestino da Cisjordânia sob controle total das tropas israelenses. Colonos israelenses atiraram com fuzis e agrediram os internacionalistas. Logo depois chegou o exército com o chamado “armamento não-letal”.

A Brigada Internacionalista Ghassan Kanafani é mais um exemplo concreto da luta dos trabalhadores e trabalhadoras pela construção de uma nova sociedade, mais justa, democrática e verdadeiramente humana: a sociedade socialista, que superará as fronteiras criadas pelo mundo do capital.

José Graziano acredita que cooperativismo no país favoreça apoio internacional

Um novo projeto socialista é possível?


Na avaliação do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, a grande tarefa dos movimentos e organizações que participam do Fórum Social Mundial hoje é buscar elementos mínimos de unidade para elaborar um programa de resistência e um novo projeto socialista. "A tipologia tradicional dos partidos de esquerda hoje está esgotada e os novos movimentos sociais ainda não conseguiram transcender o nível de mobilização de rua para o de organização política. A esquerda precisa recuperar a ideia de socialismo, mas não há nenhum acordo sobre como fazer isso", defende.

 
Porto Alegre - “A grande tarefa do Fórum Social Mundial hoje é procurar identificar nas forças políticas e sociais que o constituem elementos mínimos de unidade para elaborar um programa de resistência e um novo projeto socialista. O Fórum foi e permanece sendo um movimento de grande importância para a esquerda mundial”. A avaliação é do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), ao falar para a Carta Maior sobre os desafios colocados para a articulação de movimentos e organizações que constituem o processo do Fórum Social Mundial.

Após mais de dez anos de estrada e de debates, o FSM busca hoje definir qual é seu papel no atual contexto de crise econômica e instabilidade política e social em várias regiões do planeta. O Fórum, afinal de contas, nasceu para lutar por um outro mundo possível, e o mundo está se movendo rapidamente.

A reflexão de Tarso Genro sobre o Fórum Social procura situar historicamente o movimento no contexto da história da esquerda mundial no século XX. “O Fórum Social Mundial nasceu de duas vertentes que não tem uma mesma fundamentação crítica: os novos movimentos sociais que começaram a surgir na década de 80 e as forças críticas anticapitalistas ligadas à nova esquerda marxista, não leninista, que floresceram após o fim da União Soviética. Essas duas vertentes deram o tom das duas primeiras edições do Fórum”.

Ainda segundo a avaliação do governador gaúcho, o desenvolvimento do processo de globalização pós-queda da União Soviética, sob uma hegemonia neoliberal, não encontrou nestas forças de esquerda ligadas ao Fórum Social Mundial uma resposta minimamente uniforme. “Assim, o Fórum que nasceu para ser uma grande articulação contrária a esse modelo de globalização, passou a ser fundamentalmente um espaço de debates”. Mas, no final da primeira década do século XXI, aponta Tarso Genro, esses debates sofreram um bloqueio importante: “uma parte das organizações, mais ligada à esquerda partidária, queria que o Fórum se tornasse uma nova internacional ; outra, ligada aos movimentos sociais, defendia um tipo de articulação política diferente deste da esquerda mais tradicional; e uma terceira parte achava que o Fórum deveria permanecer como um espaço de debates, sem estrutura organizativa”.

Nos últimos anos, prossegue, o Fórum foi marcado por esse debate e tenta hoje redimensionar sua atuação. “Estamos vivendo um largo período histórico de reorganização da esquerda em meio a um clima de decadência do neoliberalismo. Não existem hoje, na minha avaliação, condições teóricas e organizativas nem uma ideologia socialista compatível com os desafios da conjuntura que estamos vivendo. Não há, do ponto de vista da esquerda, a hegemonia de uma visão sobre como enfrentar as crises do capital globalizado. Não há tampouco, com exceção do Brasil e talvez alguns outros poucos países, um partido de esquerda forte capaz de enfrentar essa agenda”.

Daí, defende Tarso Genro, surgiria a grande tarefa do Fórum: “buscar elementos mínimos de unidade para elaborar um programa de resistência e um novo projeto socialista”.

O governador reconhece os obstáculos para a realização dessa tarefa. A esquerda, do ponto de vista de seus partidos, também atravessa um período de transição, assinala. “Mesmo os partidos mais tradicionais, como os comunistas e os social-democratas, apresentam muitas diferenças entre si. A social-democracia abandonou seu documento mais importante, que era a defesa do programa de proteção social. Alguns países, como Suécia, Noruega e Dinamarca, desenvolveram políticas muito avançadas nesta direção, durante cerca de 30, 40 anos, deixando um legado importante. Mas a realidade hoje é outra. Os PCs também seguiram por caminhos diferentes. Basta ver, para tomar dois exemplos, as políticas adotadas pelo PC chinês e o rumo centrista seguido pelo PC italiano e por outros partidos comunistas europeus”.

A tipologia tradicional dos partidos de esquerda hoje está esgotada, conclui Tarso Genro. “A esquerda precisa recuperar a ideia de socialismo, mas não há nenhum acordo sobre como fazer isso”.

Ele aponta, por outro lado, alguns exemplos e manifestações que indicam a possibilidade de um caminho. “Na América Latina, por exemplo, Brasil, Argentina e Venezuela, cada um ao seu modo, vem demonstrando a possibilidade concreta de construir outro modelo de desenvolvimento. Nos países europeus, novos movimentos sociais organizados rompem com a inércia dos partidos de esquerda mais tradicionais e saem às ruas pedindo democracia real contra a hegemonia do capital financeiro sobre a política”.

Esses movimentos, no entanto, ressalta, também já apresentaram um limite importante: eles ainda não conseguiram transcender o nível de mobilização de rua para o de organização política. “No lado dos partidos, as dificuldades não são menores. Se o PT, por exemplo, não pensar em como reorganizar suas relações com as bases da sociedade, vai envelhecer rapidamente”.

O governador do Rio Grande do Sul destaca, por fim, que nesses novos movimentos de esquerda que estão surgindo, não está presente a ideia do socialismo como um modelo fechado, como um modelo pronto de um novo modo de produção. “Hoje, o socialismo é, cada vez mais, uma ideia reguladora, um horizonte a ser perseguido, e não um modelo de produção pronto e fechado. Temos aí a possibilidade de uma ideia de socialismo renovado, com o surgimento de novas formas de empresas, empresas cooperativadas, empresas públicas sob controle social”.
Essa ideia de socialismo, acrescenta, “não extingue a dualidade entre Estado e sociedade civil, erro cometido por experiências socialistas passadas que acabaram estatizando a sociedade civil e privatizando o Estado”. “Essa foi uma lição cabal que tivemos: a extinção da sociedade civil foi um crime contra a ideia libertária de socialismo. A esquerda, na minha avaliação, não deve mais pensar o socialismo como uma ‘ideia do proletariado’, mas sim como de todos aqueles que querem uma sociedade emancipatória e justa”.

Fotos do acampamento da Juventude no FST-2012 de POA

Acampamento da Juventude

Sustentabilidade é questão de vida ou morte, define Leonardo Boff


Leonardo Boff falou sobre sustentabilidade no Fórum Sócial Temático em Porto Alegre| Foto: André Carvalho/Sul21

Vivian Virissimo no SUL21

“Colocar em prática a sustentabilidade é uma questão de vida ou morte diante de um cenário que coloca em risco toda a civilização. Penso que o grande legado desta crise será a discussão de ideias de que planeta nós queremos”, falou o teólogo Leonardo Boff na conferência Rumo à Rio+20 dos povos que debateu os desafios das grandes questões urbanas na Mesa Cidades Sustentáveis na tarde desta quarta-feira (25) no FST 2012.

Boff defendeu que a noção de sustentabilidade deve ser compreendida como um substantivo e não como um adjetivo. “A sustentabilidade é comumente entendida apenas como um adjetivo, colocada como etiqueta em um produto. Isso não é sustentabilidade. A verdadeira sustentabilidade é um substantivo. Ela implica em um novo olhar, um novo paradigma. A falsa sustentabilidade não vê a devastação da natureza e a contradição com a injustiça social, além de legitimar o modelo que está aí para não alterar nada”, definiu Boff.
A Mesa foi coordenada por Oded Grajew e também contou com a participação de Frei Beto, Marina Silva, Ladislaw Dowbor e Jorge Abrahão. O Programa Cidades Sustentáveis oferece aos candidatos às eleições municipais uma agenda completa de sustentabilidade urbana associada a indicadores e casos exemplares, como referências a serem seguidas pelos gestores públicos.
Abrahão apresentou o documento Cidades Sustentáveis que reúne proposições para repensar as grandes cidades | Foto: André Carvalho/Sul21

O programa foi apresentado pelo presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão. Segundo ele, são 19 páginas que resumem os pontos principais para se repensar a estruturas das cidades do futuro. Ele apontou como uma das principais dificuldades a inclusão da discussão da pobreza mundial quando se aborda questões ambientais. “Se não diminuir a desigualdade nas suas várias matizes não tem como enfrentar o problema ambiental que a gente vive. Mas também não temos como resolver a pobreza antes e depois pensarmos no meio ambiente. Vivemos um momento em que temos que ser tudo junto e ao mesmo tempo”, argumentou Abrahão.
O escritor Frei Betto comparou as implicações da Conferência Eco 92, que estabeleceu diversas diretrizes ambientais, ao evento Rio+20 que será realizado no Rio de janeiro de 20 a 22 de junho. “Ainda que não seja uma conferência de Estado como foi a Eco 92 que congregou um número vasto de chefes de estado ao lado das figuras mais importantes do movimento ambiental, eu espero que na Rio+20 haja uma grande participação da sociedade civil, movimentos ambientais e que a gente consiga transformar o Rio de Janeiro numa grande caixa de ressonância”, comentou Betto.
O economista e professor Ladislaw Dowbor destacou que movimentos sustentáveis não podem ser consolidados sem organizar outras formas de sociedade e criticou a irracionalidade da mobilidade urbana em São Paulo para demonstrar que este modelo deve ser repensado. “São Paulo tem tantos carros que a estimativa de velocidade é de 14km/h. Isto não faz sentido, paralisar com o excesso de meios de transportes. Temos que pensar a cidade como um todo, organizar o processo decisório do uso de recursos. Lutar por uma cidade que a gente viva de uma forma mais decente”, avaliou o pesquisador.
"A Rio+20 quer apontar diretrizes, não quer dizer que soluções vão surgir de uma maneira mágica", disse Grajew | Foto: André Carvalho/Sul21

Oded Grajew, que mediou o debate e faz parte do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, pontuou que este é momento chave de mudança no modelo de desenvolvimento e que a crise se desenvolve em diferentes dimensões: ética, ambiental e financeira. “Podemos encarar isso como uma grande oportunidade. A Rio+20 quer apontar diretrizes, não quer dizer que soluções vão surgir de uma maneira mágica. Não se pode esquecer que as causas desse momento são inúmeras”, acrescentou Grajew.
Ele também falou como vai funcionar a sistemática dos políticos que aderirem ao Documento Cidades Sustentáveis. “Cada item da agenda é associado a um indicador para estabelecer metas, por exemplo, economia de água. Para monitorar a ação de políticos, faremos um esquema de prestação de contas para o caso de candidatos que possam assinar o documento e não cumprir”, explicou. Segundo ele, diferentes partidos e candidatos nas eleições municipais já se comprometeram com a agenda de sustentabilidade urbana.
"Os lucros foram apropriados por poucos e os prejuízos divididos por muitos”, disse Marina Silva | Foto: André Carvalho/Sul21

A ex-senadora Marina Silva começou sua intervenção citando estatísticas. Segundo os números apresentados por Marina, 85% da população vive em cidades só no Brasil (50% no mundo), 2/3 da demanda de energia são das pessoas que vivem nas cidades e esses moradores são responsáveis pela produção de 75% dos resíduos do país. “Geralmente a gente vê as cidades como um amontoado de pessoas e de problemas. Mas também as cidades podem ser vistas como um espaço possibilitador de inúmeras soluções e de resolução desses mesmos problemas. Se temos uma grande quantidade de pessoas que estão num único espaço, talvez seja mais fácil levar qualidade de vida para elas”, afirmou Marina.
Para Marina, a Rio+20 vai ocorrer no contexto de um crise que não é somente econômica, mas que se caracteriza por muitas crises, principalmente uma “crise de valores”. “Essa crise de valores tem estressado todas as demais crises. É o que acontece com o sistema financeiro, que não vê diferença em mentir que um país é triple A para continuar lucrando. Os lucros foram apropriados por poucos e os prejuízos divididos por muitos”.
“O mundo inteiro grita que algo tem que ser feito. Se não fizermos nada, estaremos comprometendo o futuro da vida no planeta. Quando as pessoas se juntam elas sinalizam que outro mundo é possível. Outras cidades possíveis também estão sendo sinalizadas. Cidades sustentáveis não vão cair do céu, não vai ser pelo número de queixas, vai ser pela qualidade do nosso compromisso”, finalizou Marina Silva.
Ela vai cumprir outras agenda durante o Fórum Social Temático. Nesta quarta-feira (25) ela participa do lançamento do coletivo gaúcho do Movimento por uma Nova Política, do qual a ex-ministra faz parte. Marina também vai debater Política 2.0: Uma nova forma de fazer política? com o filósofo José Moroni, o jornalista Marcos Rolim e com o conselheiro do Instituto Ethos, Oded Grajew. Este evento ocorre no auditório da Faculdade de Direito, às 14h.
A ambientalista também debate com a vereadora do PSOL, Heloísa Helena e novamente com Oded Grajew a sustentabilidade na mesa Desadaptação Criativa e Descontinuidade Produtiva, na sexta-feira (27), das 9h as 12h, no Auditório 300 da Escola de Engenharia.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"Se os tubarões fossem homens" - Bertolt Brecht

Debate ao vivo no Sindicato dos bancários:Olivio Dutra, protogenes e Amaury Ribeiro

Educadores criticam conceito de sustentabilidade no FST


Alessio Surian, da COFIR, em sua palestra | Foto: André Carvalho/Sul21

Vivian Virissimo no SUL21

No segundo dia do Fórum Mundial de Educação, educadores da Itália, Espanha e Burkina Fasso debateram na manhã desta quarta-feira (25) novas estratégias de educação não formal que questionem o modelo capitalista de desenvolvimento. Também criticaram as noções de sustentabilidade difundidas pelas empresas que, na visão deles, confundem o debate ambiental. Eles apresentaram metodologias diferentes de intervenção política e social para abordar o impacto das mudanças climáticas e suas consequencias para o planeta. O Fórum Social Temático (FST) é uma etapa que antecede as atividades da Cúpula dos Povos que será realizada durante a Rio+20 em junho no Rio de Janeiro.
Com o tema Justiça Ambiental: as práticas educativas para a construção de um mundo possível, o primeiro painelista, o italiano Alessio Surian, da COFIR, começou ressaltando a necessidade de superar o conceito de “sustentabilidade” para que sejam construídas políticas que garantam de fato a justiça ambiental. Ele também falou da necessidade de reconhecimento das diferentes formas de educação, que não se reduzem aos espaços da escola para difundir e estimular momentos de aprendizagem críticas. “É necessário fazer uma ponte entre educação formal e não formal. Sempre, quando falamos em educação, o assunto é reduzido à escola e há muitos lados negativos quando se tem um monopólio dos processos”, falou o italiano.
O espanhol Fernando Ballenilla da Red Ires contou a experiência de um coletivo de professores que trabalham a educação contrapondo o conceito de sustentabilidade com a temática do esgotamento dos combustíveis fósseis. “Estudando sobre o assunto e vimos que a escassez dos combustíveis de petróleo não poderia cobrir o modelo de civilização que nós tínhamos. Estamos numa crise ambiental e de recursos, que é sobretudo uma crise capitalista”, destacou. O professor também comentou que a produção de biocombustível também terá impactos drásticos na produção de alimentos no mundo com a crescente destinação da terra para produção de biocombustíves. Para ele, o debate sobre sustentabilidade é falso, uma vez que a sustentabilidade passa por frear o crescimento dos países e isto não estaria acontecendo.
“Seriam necessários três mundos para que toda a população mundial vivesse como um europeu e cinco como um estadunidense. A situação da natureza é desastrosa. Dizer que estamos trabalhando pela sustentabilidade é dizer que temos que decrescer e neste momento não estamos numa situação de sustentabilidade, pois estamos mantendo e até superando as taxas de crescimento. Como podemos ser sustentáveis se estamos crescendo?”, questionou.
Aminata Boyle contou sua experiência como educadora popular na formação de comunidades nômades de Burkina Fasso. Ela trabalha numa organização não governamental com o conceito de justiça ambiental com os indivíduos desta comunidade que têm suas atividades tradicionais afetadas pelas mudanças climáticas. No dia-a-dia com os integrantes da comunidade, Aminata contou que trabalha com a teoria do brasileiro Paulo Freire e com metodologias da Ong suíça Crianças do Mundo. “Processos educativos devem levar em conta a dimensão humana destas comunidades e sua cultura milenar. Para termos uma educação inclusiva temos que adorar estratégias com reflexão critica sobre as questões ambientais”, contou.