sábado, 23 de fevereiro de 2013

Aliança Popular - O povo no poder O Socialismo é necessário e actual


“Odigitis” (Jornal da Juventude Comunista da Grécia - KNE)

 
No passado dia 22 de Fevereiro os trabalhadores gregos, convocados pelo PAME, realizaram uma significativa Greve Geral - a 24º - e realizaram manifestações e concentrações de massas em 70 cidades da Grécia. O KKE, que deu início à fase final da preparação do seu 19º Congresso, desempenha um papel determinante na combativa, prolongada e difícil resistência dos trabalhadores e do povo grego. É oportuna, portanto, a publicação desta entrevista de Aleka Papariga sobre as Teses agora postas à discussão.

Entrevista com Aleka Papariga, sobre as Teses do 19º Congresso do Partido Comunista da Grécia em “Odigitis” (Jornal da Juventude Comunista da Grécia - KNE) 12/01/2013.
A publicação das Teses do Comité Central sobre o 19º Congresso do KKE estabeleceu um prazo para os membros do partido e da KNE de trabalho criativo e discussão com o povo e os jovens que vai durar até a celebração do Congresso nos dias 11 a 14 de Abril de 2013.

O Congresso do KKE é um evento crucial para nosso partido e no que se refere à classe operária em seu conjunto e seus aliados também. Todos os membros da KNE e os jovens que defendem nosso partido devem estudar o texto publicado com nossas teses e, portanto, contribuir com o procedimento pré-Congresso de uma maneira criativa.
“Odigitis” vai contribuir nesse processo que se inicia com a entrevista com a secretária-geral, camarada Aleka Papariga.
 

“Odigitis”: Os Congressos do KKE constituem o processo mais importante de nosso partido. Na introdução do texto das Teses menciona-se que “O dever fundamental do Congresso é a elaboração actualizada do programa de nosso Partido, tendo em consideração as evoluções atuais e as obrigações de hoje, e os estatutos do Partido também”. De onde vem essa necessidade e por que é tão necessário?

Aleka Papariga: Não há dúvida de que o Congresso é um evento importante que requer um processo intenso de modo que todos os membros do KKE e da KNE cumpram com suas obrigações e com seus direitos ao expressar sua opinião no que se refere à acção de 4 anos de nosso partido desde nosso último Congresso em 2009, o rendimento do Comité Central, e ao eleger o Comité Central e a Comissão de Auditoria. Ao mesmo tempo, o Congresso é programático e fará mudanças nos Estatutos também.
A necessidade de elaborar o programa do partido se deve a razões específicas, porém normais já que o programa actual foi feito há 16 anos. Durante esse longo período acontecimentos nacionais e internacionais se sucederam, tendo sido os mais importantes:
1. A crise económica capitalista e sua influência sobre a vida do povo trabalhador,
2. A tentativa de reforma do cenário político, a fim de preencher as lacunas abertas pela insatisfação do povo trabalhador,
3. Uma nova rodada de conflitos militares imperialistas em nosso região e
4. O crescimento da arbitrariedade do Estado e do anticomunismo.
Ao mesmo tempo, nos anos que se passaram o KKE colectivamente, e em colaboração com outros Partidos Comunistas, examinou as razões para a restauração capitalista que tiveram lugar nos países socialistas, e formou nosso ponto de vista pelo socialismo e sua construção. O estudo de nossa experiência sobre a história de nosso Partido e do movimento operário entre 1949-1968 se completou também, de maneira colectiva. Ao mesmo tempo, a KNE e nosso partido adquiriram experiência através de nossa contribuição em lutas e mobilizações sob condições de crise capitalista. Portanto, hoje em dia, somos mais maduros para trabalhar num novo Programa actualizado. Além do mais, a experiência obtida através de nossa actividade revela a necessidade de mudanças nos Estatutos.
Quer dizer que não só este Congresso tem carácter de avaliação de nosso trabalho e de determinação de nossas obrigações futuras até o 20º Congresso, mas também tem a ver com a elaboração do documento mais fundamental de nosso partido, o nosso Programa; Sem este Programa, nossa acção andaria às cegas, de uma maneira empírica, sem finalidade e objectivo: o Socialismo, que é urgente e necessário. É um fato que o Congresso requer intensa acção e trabalho dentro da organização, mas as decisões tomadas tem a ver com o povo trabalhador como um todo, damos ênfase em seus interesses imediatos e na perspectiva de um futuro melhor. Além disso, é necessário que ouçamos as opiniões e sugestões de nossos amigos, as pessoas que lutam ao nosso lado, eles nos conhecem e querem contribuir para este processo com as suas opiniões e observações.

“O”: No Congresso, o KKE avalia as acções que ocorreram nos últimos anos e, ao mesmo tempo, dá ênfase ao próximo plano de acção. Quais são os critérios em que se baseia esse processo?

AP: Os critérios em que o julgamento da nossa acção se baseia é o período dos últimos quatro anos, o que pode levar a conclusões confiáveis. Não podemos julgar as situações dentro de breves períodos de tempo, como um mês ou um ano. Elas são as decisões tomadas no último Congresso e nossa acção geral sobre fatos novos. Isso significa que devemos examinar e avaliar tudo, mas não se pode negar que há deveres e critérios que são absolutamente fundamentais. Estes critérios são:
1. Nossa acção sobre a revitalização e fortalecimento do movimento operário e do progresso da aliança da classe operária com as camadas sociais dos pobres autónomos e agricultores, em correlação com a atracção de jovens e mulheres no eixo de seus problemas crescentes e da necessidade de reforçar a organização e consciência de classe. A consciência de classe, claro, tem seus próprios níveis, mas a sua essência é a compreensão da necessidade de derrubada do poder político capitalista em favor do poder da classe trabalhadora que expressa também os interesses dos aliados da classe trabalhadora.
2. A construção de organizações partidárias em fábricas, empresas, locais de trabalho em geral, nos sectores, onde a contradição fundamental do capitalismo e da luta de classes ocorre. O aumento do recrutamento de trabalhadores, homens e mulheres, para o Partido, o seu desenvolvimento e eleição dos órgãos do Partido.
3. O nosso apoio para a KNE, bem como o desenvolvimento de laços fortes entre o partido e os jovens.
4. Nossa luta ideológica e política contra os partidos burgueses e oportunistas.
5. Nossa acção internacionalista e de solidariedade, nossa luta comum com outros partidos comunistas e de trabalhadores.

“O”: Com a publicação das Teses do Comité Central, o debate interno de organização e o diálogo público começou. Que razões há para que se dediquem a elas os jovens que não são membros do KKE e da KNE?

AP: O jovem tem o direito e também a obrigação, de certa forma, de saber o que está proposto, o que o KKE proclama e como, a fim de compará-los com as teses de outros organismos governamentais e partidos de oposição. Sublinhamos a necessidade de a juventude estar ciente do que o KKE apoia e, melhor ainda, se desejam expressar suas próprias opiniões. Estamos especialmente referindo-nos aos jovens, homens e mulheres, com quem nos encontramos no campo de luta, nas manifestações, no campo de trabalho, nas filas do desemprego, nos bairros populares, no campo. Há também um outro motivo mais especial: o KKE é o partido que tem uma percepção radicalmente diferente dos outros, dado que está combatendo nas condições atuais, mas ao mesmo tempo estabelece aberta e claramente a necessidade de derrubar o sistema capitalista por um levante social popular, na preparação de uma nova geração, que vai desempenhar um papel importante. Os outros partidos prometem uma mudança de governo, mas o resto continua o mesmo: a economia, as instituições e a maioria de todos os problemas do povo. O KKE, apesar da perseguição e das proibições conseguiu ter uma presença contínua na vida social, na luta política, na semeadura das ideias mais radicais e subversivas. Não é por acaso que os partidos burgueses e os partidos que vacilam e conciliam em momentos cruciais, reconhecem e admitem a estabilidade, a persistência e a resistência do KKE. Por razões óbvias, é claro, acusam as posições principais do KKE e sua coragem diante do adversário, como uma política ultrapassada e anacrónica. Cada membro da KNE deve ser preparado para esclarecer e responder a perguntas, e prestar atenção às observações e sugestões. Ainda que um jovem ou uma jovem não sejam convencidos da nossa política, a leitura das Teses contribuirá para que eles dêem um passo na formação de uma opinião sobre o KKE, sem ter de ouvir a nossa opinião e propostas que estão sendo distorcidos por outros.

“O”: Nas Teses do Comité Central há uma referência mais ampla à Aliança Popular. Por que o KKE dedica tanta atenção a isso?

AP: O KKE acredita e sabe bem através de sua própria experiência, como um partido revolucionário, que os resultados da luta cotidiana, a luta pelo socialismo, a luta em condições de uma guerra imperialista, pertencem não só aos comunistas, mas à grande maioria do povo, à classe de vanguarda, a classe trabalhadora, e suas alianças também. Nenhuma mudança será realizada de cima para baixo, sem um movimento de contra-ataque e derrocada, sem as massas populares que determinam o resultado da luta, com a sua maturidade, experiência, organização combatividade e abnegação. A vanguarda comunista não é suficiente. Somos os pioneiros, e não podemos tolerar não o ser, mas só dentro deste movimento ascendente do povo e não sem ele ou separadamente.
O povo não pode expressar-se através de uma formação de alianças embaçada ou de forma unilateral. Com a palavra “povo” descrevemos a classe trabalhadora e os sectores pobres das camadas médias da sociedade. O interesse da classe operária é objectivamente a favor da abolição da propriedade capitalista, quer dizer, dos monopólios, e também da média e pequena propriedade privada. A socialização dos monopólios e das grandes corporações capitalistas não é suficiente, porque eles mesmo nasceram, e nascem constantemente das empresas menores.
Por outro lado, trabalhadores autónomos não podem ser facilmente convencidos, devido à sua posição entre a classe trabalhadora e a classe capitalista, de que a abolição da propriedade capitalista serve os seus interesses de médio e longo prazo. É mais do seu interesse lutar contra os monopólios. Portanto, a Aliança Popular expressa a aliança entre a classe operária e as camadas populares, sem abolir as diferenças que existem e, portanto, o KKE é responsável por manter essa aliança coerente através da luta e por combater as diferenças, especialmente em tempos em que um aumento súbito da luta de classes está amadurecendo. A Aliança Popular pode e deve organizar e mobilizar o povo, enquanto progride e se reconfigura, dependendo da evolução dos acontecimentos. Ela vai ser o modelo que irá evoluir para a frente revolucionária dos trabalhadores durante as condições revolucionárias, quando a questão de “quem detém o poder político” será resolvida, a derrubada do poder dos monopólios, do capitalismo.
Em tais condições, os gérmenes do poder da classe trabalhadora são formados, para a construção do socialismo e sua defesa de todas as tentativas de retrocesso e enfraquecimento. Os sovietes, por exemplo, não apareceram de supetão após a vitoriosa revolução de Outubro, seus gérmenes primeiro haviam se formado em 1905, quando a revolução foi derrotada na Rússia.

“O”: Porque “a negação do KKE em participar de um governo com outros partidos (como SYRIZA, ANTARSYA) é um legado para o movimento da classe operária”. Poderia um “governo das esquerdas” abrir o caminho para o socialismo?

AP: Primeiro de tudo, as diferenças que existem entre nós, SYRIZA e ANTARSYA (que não são idênticos entre eles em tudo, mas acabam tendo o mesmo objectivo) são enormes e de modo nenhum em um nível secundário, consequentemente um acordo programático não pode ser conseguido. A diferença básica que é afirmada na pergunta mencionada é se um governo de “esquerda” (sublinho que este termo é muito flexível e afirma tantos pontos de vista diferentes que não se pode definir apenas um único conteúdo), que é eleito pelo Parlamento, pode realmente resolver os problemas do povo, enquanto os monopólios possuem a riqueza pública e, ao mesmo tempo, a Grécia é um membro da UE e da OTAN.
Este governo em particular será não só inconsistente para com o povo, mas conscientemente vai seguir o mesmo caminho de desenvolvimento, ou seja, o caminho capitalista, o qual todos os governos anteriores dos partidos burgueses têm seguido, o mesmo círculo vicioso que leva à crise económica. Este governo, desde o início, terá suas próprias mãos amarradas, uma vez que terá dito ao povo que irá ajudá-lo sem um levante social e uma ruptura, mas por meio de decisões do Parlamento, o que de fato não pode abolir as leis implacáveis capitalistas.
Além disso, há outra razão fundamental para não participar nesta colaboração. Estas não são só as forças que expressam as vacilações habituais das camadas pequeno-burguesas da sociedade, mas são forças que se separaram do KKE, levando com eles grande parte dos quadros do KKE, criando formações que enfrentaram o KKE como um inimigo, causando danos e criando obstáculos para a radicalização das massas. A experiência tem mostrado que a colaboração com o oportunismo provoca danos à classe trabalhadora e ao movimento popular, e conduz o Partido para retrocessos e erros que não podem ser facilmente corrigidos, com consequências a longo prazo.
 
“O”: No projecto de programa, é mencionado que “Em nossa região, desde os Balcãs até o Oriente Médio, os perigos de uma guerra imperialista generalizada e o envolvimento da Grécia nesta estão crescendo”. Em que fatos tem base esta estimativa do CC do KKE?
 
AP: O fato de que vivemos no imperialismo, fase superior do capitalismo, traz consigo ferozes conflitos interimperialistas pela redivisão dos mercados. Não se esqueça que, mesmo que se proceda uma internacionalização capitalista, mesmo que o imperialismo constitua um sistema internacional unificado, a organização dos capitalistas em Estados nacionais e os interesses da burguesia em nível nacional não são abolidos. Teoria que é confirmada por uma grande quantidade de evidências que não se deve ignorar.
A crise económica leva à reclassificação na hierarquia da pirâmide imperialista e exacerba a desigualdade inerente e a desigualdade nas relações entre os países imperialistas. As duas guerras mundiais do século XX foram devidas aos conflitos sobre a redivisão do bolo da riqueza internacional, como resultado dos problemas criados pela crise em suas relações de poder. Guerras regionais e locais, no entanto, também expressam competição entre as forças mais poderosas, que estão colocados nos níveis mais altos da pirâmide imperialista, mesmo quando elas ocorrem entre as forças locais.
No Oriente Médio, independentemente de quais são os lados em guerra, a competição é expressa entre EUA, União Europeia, China, Rússia e mesmo o Brasil, o mesmo ocorrendo no norte da África. É por isso que, em cada país, a luta contra a guerra imperialista, independentemente de a guerra ser defensiva ou ofensiva, está fortemente ligado à luta pelo socialismo.

“O”: O KKE não é o único partido que fala sobre socialismo. No entanto ele é o único que insiste que o socialismo é necessário e oportuno, uma posição que constitui grande parte do esboço de programa do KKE. Qual é a razão para isso?

AP: O socialismo foi e segue sendo mencionado pela social-democracia e pelo oportunismo, de esquerda e de direita. Se se observa a social-democracia e o oportunismo, incluindo sua participação nos governos na Europa e na América Latina e seus programas, só uma conclusão é possível: o socialismo que professam defende a propriedade capitalista junto com umas pequenas e vagas formas de autogestão e solidariedade, não podendo ser eficazes nem nos períodos de desenvolvimento capitalista favoráveis.
Alem do mais, não há exemplos históricos durante os séculos XX e XXI que confirmem que o socialismo com a propriedade capitalista na realidade possa existir, garantindo que os povos vivam com base no potencial de desenvolvimento de seus países, com conquistas científicas e atendimento das necessidades materiais, espirituais e culturais dos povos.
Como dissemos na resposta de uma pergunta anterior, a classe trabalhadora é a única classe que tem interesse na abolição do sistema capitalista, na sua derrubada, porque este sistema não vai abolir a si mesmo sem uma revolução social.

Tradução: JCA (Juventude Comunista Avançando)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Globo News exibe debate bizarro sobre Yoani Sánchez

blog da cidadania




Pena que não tenho como reproduzir aqui o vídeo do último programa “Entre Aspas”, da Globo News, em que a apresentadora Monica Waldvogel recebeu os jornalistas Sandro Vaia, ex-diretor do Estadão, e Breno Altman, editor do site Opera Mundi, a fim de debaterem os fatos que marcaram a visita da blogueira cubana Yoani Sánchez. É divertidíssimo.
Mas você, leitor, não ficará sem assistir. Pode conferir a íntegra do programa por aqui ou, se quiser, pode apenas ler este post. A escolha é do freguês.
Sobre o programa, um de seus méritos foi o de revelar quão desvirtuado vem sendo esse debate, pois a discussão que ali se viu girou, em grande parte do tempo, em torno das manifestações contra a blogueira.
Apesar de ser elogiável a coragem de Monica em convidar um divergente “fera” como Altman, este deve ser eximido de culpa pelo desvirtuamento do debate. Foram ela e Vaia que o desvirtuaram ao tentarem impedir o rumo que tomava entoando um mantra sobre os protestos de que Yoani foi alvo.
Muito nervosos, Vaia e Monica agiram em dupla pondo Altman sob fogo cruzado. Todavia, este conseguiu manter a linha de pensamento. Antevendo que perderiam o debate se o deixassem falar – a cada vez que abria a boca, estremeciam –, recorreram ao velho recurso de quem não tem argumentos.
Vaia começou a comparar os protestos contra Yoani a movimentos do nazismo e do fascismo que, na aurora da ascensão daqueles regimes na primeira metade do século XX, espancavam pelas ruas da Europa os que pensavam diferente e ousavam dizer de público o que pensavam.
As expressões de incredulidade que se estampavam no rosto de Altman eram talvez mais demolidoras do que sua eloquente argumentação. Apontou a Vaia o “pequeno” detalhe de que os contrários de Yoani só exerceram o direito constitucional à liberdade de expressão em locais públicos e que não houve violência, ainda que possa ter faltado critério.
Aliás, vale explicar que se os protestos contra Yoani tivessem tido o menor resquício de violência – conforme tentaram vender Vaia e Monica – os manifestantes teriam sido reprimidos pela polícia, inclusive no último evento de que a blogueira participou, na Livraria Cultura, em São Paulo, no qual ocorreram novos incidentes e onde abundaram policiais.
Mesmo estendendo uma discussão menor e atuando de forma injusta, na base do dois contra um, Vaia e Monica ficaram vendidos. A apresentadora, acuada, decidiu fazer uso do poder de condução do programa e cassou a palavra de Altman em favor do outro entrevistado. E fez isso por mais de uma vez.
Quem assistiu ou vier a assistir ao programa constatará que Monica prejudicou um dos debatedores. Inclusive como é costume dela fazer nesse tipo de debate que promove, posicionando-se ao lado de um deles e, assim, reduzindo a possibilidade de argumentação do outro.
O mais interessante é que Vaia, sempre entoando mantra que comparava a garotada que vaiou (ops!) Yoani a vários movimentos autoritários europeus, em nenhum momento, ao falar naquelas ações autoritárias e antidemocráticas, citou as que mais fazem sentido aos brasileiros: as ações golpistas de 1964.
O entusiasta da “Revolução” tupiniquim fez isso porque a parte da direita que ele integra envolveu-se até os ossos com o estupro da democracia do país no século passado, razão pela qual foge de discutir aquele período de trevas. Assim, qualquer menção à única ditadura que todos conhecemos é logo respondida com frases pré-fabricadas sobre Cuba.
Esse escapismo do debate, porém, vai ficando cada vez mais frágil, sobretudo com uma Comissão da Verdade se preparando para contar ao Brasil uma história que já provoca suor frio e tremedeira nos adeptos de ontem e de hoje daquele regime de horror.
Não houve, então, uma parte interessante no programa? Houve, sim. E foi cortesia do editor do Opera Mundi.
Altman descartou que Yoani seja “agente da CIA”. Em sua opinião, é só uma ativista de perfil light que foi “abraçada” pelo conjunto de forças político-ideológicas que faz propaganda negativa contra o regime cubano e que viu nela oportunidade de “aggiornamento” da própria imagem pública, desde sempre identificada por uma face de ultradireita.
Além disso, o grande serviço que o jornalista progressista prestou à verdade foi o de desmontar a distorção que tentaram fazer de reunião em que o embaixador cubano ofereceu ao governo brasileiro material contendo a sua versão dos fatos e a sua visão sobre a natureza das ações de Yoani.
Monica tentou contrabandear insinuação descabida de que o governo brasileiro teria organizado os protestos contra a cubana, mas Altman a interpelou, de forma incisiva, cobrando explicações sobre a quem se referia, pois foi uma acusação velada.
O editor do Opera Mundi quis saber por que o governo cubano não poderia oferecer sua visão sobre a sua detratora e onde estaria a evidencia de que o governo brasileiro organizara os protestos contra ela. Monica abandonou a linha de argumentação em seguida devido à boa e velha falta de argumentos.
Não se pode deixar de reconhecer, entretanto, que a apresentadora prestou um serviço a esse debate mesmo dando espaço menor à opinião divergente. Afinal, apesar de ter tentado cassar a palavra de um entrevistado, o que ele conseguiu dizer por certo fez muita gente refletir que a blogueira de pés de barro tem excelente$ razõe$ para falar mal de seu país.
Altman deu, no ar, informação que a mídia nunca dá quando exalta Yoani: ela recebe fortunas de corporações – inclusive de mídia – que se opõem ferozmente ao regime cubano. Assim, sendo ou não agente da CIA, suas posições políticas a recompensam muito bem financeiramente, além da fama e da exaltação que as mesmas corporações fazem de si.
E o que é melhor: Yoani ganha tudo isso sem correr risco algum de retaliação pelo alvo de tanto ideali$mo, a terrível “ditadura” que a deixa sair pelo mundo detratando-a e que, em Cuba, nada faz para impedi-la.
Muito estranha a “ditadura” cubana, não? Se a tal Yoani fosse viva nos idos de 1964 e divergisse da “ditabranda” brasileira (by Folha de São Paulo) como diverge do regime cubano, a esta altura estaria vendo capim crescer pela raiz. Afinal, ditadura que é ditadura não permite uma palavra de quem diverge. Quanto mais verborragia como a dessa mocinha.

A batalha da esquerda e as redes sociais


Consideram-se redes sociais como Facebook e suportes como Youtube exemplos do grande alcance da democratização da informação, sem perceber que se tratam de empresas privadas que, por meio de uma tecla lá de seus centros de controle, podem eliminar um conteúdo subversivo e fazer desaparecer um usuário. Já há muitos casos para contar. Por Pascual Serrano, do Rebelión

Havana – As novas tecnologias, a internet e as redes sociais têm chegado à sociedade com uma auréola de democratização, participação e igualdade que levou concomitantemente uma fascinação progressista unida ao caráter inovador inerente da tecnologia. Não se trata somente de aparatos, suportes e formatos fascinantes tecnologicamente – como toda tecnologia inovadora –, mas que também adiante resultavam, quando igualitárias e baratas, libertadoras na medida em que pareciam romper o monopólio da difusão dos grandes grupos de comunicação e grandes empresas. Não se podia querer outra coisa. E não negaremos que parte de tudo isso é verdade. Mas a questão é que existem muito mais elementos ao redor das novas tecnologias para o que devemos estar preparados; e é necessário discutir criticamente esse mito progressista que envolve esse novo fenômeno comunicativo.

Devemos nos perguntar se as redes sociais são um instrumento de socialização ou, pelo contrário, de isolamento. Já sabemos que 39% dos usuários dessas redes passam mais tempo socializado por meio desses canais do que com outras pessoas, cara a cara. As motivações que levam ao uso da rede e seus conteúdos, o exibicionismo da intimidade, a vaidade e o egocentrismo são prioritários em redes como Facebook em detrimento do interesse de formar-se cultural ou intelectualmente. Pensa-se que os formatos dessas redes são um fenômeno de revolução popular com signo progressista, mas, como na maioria dos produtos culturais promovidos pelo mercado moderno, o domínio segue sendo o da frivolidade. Um estudo do Twitter mostrou, em 2012, que o os picos de atividade coincidiram com os gols da Eurocopa, quando os usuários o usaram para comemorá-los (veja nota 1 abaixo). O jogador Fernando Torres tinha 318.714 seguidores no Twitter, e o único tweet que tinha escrito na rede era um em inglês, meio ano antes, dizendo algo como “ainda não comecei no Twitter, mas esta é a minha página oficial e já está pronta para quando chegar o momento oportuno”. De modo que centenas de milhares de pessoas estavam seguindo alguém que nada dizia.

A importância que se dá às redes sociais é tal que dizem que alguns meios selecionam seus colaboradores e colunistas segundo o número de seguidores que têm nas redes sociais. O professor francês Salim Lamrani demonstrou que a blogueira anticastrista de fama mundial, Yoani Sánchez, colaboradora em muitos jornais europeus, tinha engordado seu Twitter com seguidores falsos.

O suposto igualitarismo democratizador das redes sociais tem tido, não se pode negar, elementos positivos, como o fim do oligopólio da agenda e seleção das informações dos grandes meios, mas também tem sua face negativa. Trata-se da ausência de bula que nos oriente para distinguir o valioso do irrelevante, o rigoroso do rumor, o verdadeiro do falso, o especialista do amador, a análise genial do comentário de bar. Que eu possa palpitar sobre política com a mesma autoridade que Kissinger ou de economia com a mesma contundência que Friedman pode nos deixar orgulhosos, os críticos do controle da informação por parte dos poderes, mas não supõe necessariamente substituir o pensamento dominante do establishment pelo pensamento alternativo crítico. A torrente da internet nos oferece sem distinção o estudo rigoroso, o dado valioso, o argumento elaborado, a tese paranoica sem fundamento, a descoberta falsa, a invenção de um testemunho, o megalomaníaco mentiroso, o presunçoso vão, a trivialidade. Não quero que me confundam e, assim, se pense que estou defendendo o elitismo. A história está repleta de supostos especialistas e doutos que eram na verdade medíocres, mas, para mudar e melhorar o mundo, é necessário se orientar em meio à névoa, e a balburdia pode ser tão estéril que também pode colaborar com a reação e impedir a mudança. Minha proposta não é renunciar às redes sociais e nem a outras muitas opções que nos abre a internet, mas sim ter suas limitações às claras e tentar corrigir a inconsistência de seus conteúdos, além do uso perverso majoritário que a sociedade está dando da elas.

Um objetivo ideológico
Temos que considerar que se é fato que a aparição da internet supõe uma liberdade de informação – e desinformação – sem precedentes e também supõe o fim do oligopólio da distribuição desta mesma informação, as grandes empresas de mídia seguem sendo desproporcionadamente poderosas na internet. As grandes empresas desenvolvem métodos de presença e influência esmagadora sobre o conteúdo: através de colaboradores pagos em fóruns e webs, mediante influência em sites de busca, mudanças em planos e tecnologias que desenvolvem seus projetos na internet. Tampouco esqueçamos que o mais lido na rede, quando falamos de informações, continuam sendo os grandes meios tradicionais, inclusive são os mais citados nas redes sociais. Segundo dados do Instituto Nielsen NetRatings publicados pelo ‘Le Monde’ e citados por Ignacio Romanet, "entre os duzentos sites de informação online mais visitados dos Estados Unidos, os meios tradicionais representam 67% do tráfego" e "80% dos links que encontramos em sites de informação, blogues ou redes sociais norte-americanos remetem a meios de comunicação tradicionais". Conclui Romanet que "na internet, o fenômeno da concentração de informação e da escassez do pluralismo, ainda que de natureza diferente, não é menos importante que a imprensa tradicional" (nota 2).

Por outro lado, e recordando a Guy Debord, o formato espetacular da imagem, cor, movimento, interação e superficialidade da informação atual já é, em si mesmo, ideologia: "O espetáculo é a ideologia por excelência, porque expõe e manifesta plenamente a essência de todo o sistema ideológico: empobrecimento, servidão e negação da vida real" (nota 3).

São numerosos os elementos de ideologização que encontramos nos novos formatos e o novo padrão informativo que se está impondo. Para começar, os métodos de busca já incorporam uma inclinação reacionária e conservadora. Seus critérios prezam o majoritário, o popular, o consenso dominante, náo só na hora de priorizar as temáticas, mas também as teses sobre os temas, os autores, os portais informativos. Numa biblioteca, encontra-se o livro do pensador reacionário ao lado de um pensador crítico, entretanto agora o Google nos oferece os primeiros dez links do autor e o meio dominante, já o alternativo ou contra-corrente aparece muito depois. Os grandes veículos podem dispor de técnicos e estratégias informáticas complexas para alcançar um bom posicionamento nos resultados de busca, em alguns casos incluem em seus conteúdos determinadas palavras que sabem que são as mais usadas pelos internautas. Temos assim, uma outra - e nova - forma de adulteração da informação que é utilizada para triunfar no Google.

Proprietários
Para nos inteirarmos do ideário dos principais interessados no novo modelo informativo tecnológico, podemos fazer uma revisão rápida dos acionistas das principais empresas, ou seja, quem financia e recebe benefícios desse mesmo modelo.

Em primeiro lugar temos a gigante Google, que é listada na Nasdaq e é proprietária, entre outras empresas e serviços, do Youtube e da Motorola Mobility. Entre seus acionistas, junto aos fundadores Sergey Brin y Larry Page, encontra-se Eric Schmidt, membro do Clube Bilderberg, que foi presidente e diretor geral da Google até abril de 2011. Também Ram Shriram, antes administrador da Netscape e da Amazon. Entre os investidores internacionais, basicamente se encontram grandes fundos de investimentos de capital de risco como FMR LLC, The Vanguard Group, Inc., State Street Corporation e outros mais.

Quanto ao Facebook, sabemos que colheu cerca de 18 bilhões de dólares com a abertura de seu capital na bolsa, operação esta gerida pelo banco Morgan Stanley, ao lado de Goldman Sachs e JP Morgan. Seu fundador, Mark Zuckerberg, possui 18,4% da companhia. Entre os principais acionistas e dirigentes, se encontra Goldman Sachs, um banco que, como recordamos bem, esteve envolvido na crise financeira dos EUA em 2008. Também esteve na origem da crise financeira da Grécia de 2010-2011, visto que ajudou a esconder o déficit das contas gregas do governo conservador. Outro acionista do Facebook é Erskine Bowles (também membro do grupo diretor), que ocupava alto cargo na administração Clinton e agora, na gestão Obama, é como presidente da Comissão Nacional de Responsabilidade Fiscal e Reforma. Além disso, é membro do grupo que administra a General Motors, Morgan Stanley e Norfolk Southern Corporation. Também temos a Sheryl Sandberg, que trabalhou para Google e para o Banco Mundial. Foi chefe de gabinete no Departamento do Tesouro na gestão Clinton. Pertence ao corpo da direção de empresas como Walt Disney e Starbucks. Além desses, Reed Hastings, diretor executivo da NetFlix (um provedor de internet estadunidense), e membro do conselho administrativo da Microsoft, sem contar do Facebook.

A maioria dos acionistas do Twitter vem de agências de capital de risco como Spark Capital, Union Square Ventures, Kleiner Perkinsm Benchmark Capital, Institutional Venture Partners, T. Rowe Price e DST Group. A empresa está obcecada para que não sejam mais de 500 acionistas para, assim, não ter que citá-los na bolsa e não trazê-los a público. Sabe-se que entre os acionistas do Twitter está o príncipe saudita Alwaleed bin Talal, que anunciou em dezembro de 2011 que tinha comprado uma participação de 300 milhões de dólares. O Skype foi comprado recentemente pela Microsoft e o Tuenti é propriedade, em sua maior parte, da Telefónica.

A tudo que listamos podemos adicionar os interesses empresariais dos consórcios de fabricação de celulares, a indústria da informática e as operadoras de telefonia e internet. Por trás das empresas dos novos formatos de comunicação, enfim, estão os grandes grupos de investimento mundiais junto com alguns multimilionários da nova economia, então é fácil deduzir a ideologia que vão promover.

Censura
A propriedade privada das empresas tecnológicas e seus suportes tecnológicos modernos permitem todo tipo de censura, que, assombrosamente, é aceito pela sociedade e poderes públicos. Consideram-se redes sociais como Facebook e suportes como Youtube exemplos do grande alcance na democratização da informação, sem perceber que se tratam de empresas privadas que, por meio de uma tecla lá de seus centros de controle, podem eliminar um conteúdo subversivo e fazer desaparecer um usuário, com a complacência de uma sociedade que nunca percebe que estamos ante um ataque à liberdade de expressão. O Facebook veta imagens que não o agrada e expulsa de suas páginas coletivos que lhe parece indesejáveis. Em junho de 2012, o Facebook censurou uma imagem de capa de perfil da revista de humor ‘El Jueves’, que fazia alusão a Merkel e Rajoy, e comunicou ao administrador que lhe tiraria o direito, por 30 dias, de poder subir qualquer conteúdo na rede social (nota 4). Se a revista continuava sendo distribuída com normalidade nas bancas e, em outro lado, na rede social Facebook não se permitia e se impedia o usuário de vê-la, estávamos sofrendo, a partir das mãos das redes sociais, um retrocesso da liberdade de expressão.

As notícias de grupos sociais que tem suas páginas eliminadas no Facebook são constantes. Em abril de 2011 vários coletivos que protestavam no Reino Unido contra os cortes do governo denunciaram o fechamento de suas páginas (nota 5). Neste mesmo mês, alguns ativistas espanhóis do 15M denunciaram que o anúncio de sua manifestação, com mais de 23 mil participantes confirmados, fora apagado de várias de suas páginas (nota 6). Youtube elimina vídeos baseado em qualquer argumento insustentável, como aconteceu com a conta do portal Cubadebate por um vídeo que denunciava o apoio financeiro que recebia o terrorista Luis Posada Carriles (nota 7), autor intelectual da explosão de um avião civil cubano que causou a morte de 73 pessoas. Outros usuários também denunciaram a desativação de vídeos do Youtube, bem como suas contas de usuário, argumentando que violavam direitos autorais, quando na verdade se tratavam de imagens de televisões públicas que as cedem para uso livre (nota 8).

As denúncias dos afetados nunca têm grande espectro nem qualquer viabilidade legal, posto que são empresas privadas que, com seu quase monopólio do serviço e com sua imagem internacional de comunicação gratuita e livre, aplicam a censura corriqueiramente. Por sua vez, os internautas cubanos denunciaram que o Google vetou aos habitantes deste país o uso do serviço Google Analytics, meio pelo qual os administradores de páginas na web têm acesso às estatísticas de visitação. No entanto, a empresa pode usar estes dados para seus cálculos e negócios (nota 9). É ingenuidade pensar que vão nos ceder suas logísticas, é como se um grupo de Panteras Negras quisesse se reunir num McDonalds. O modelo de funcionamento das redes pode ser evidentemente reacionário e conservador. Observemos, por exemplo, que no Facebook aparece sempre a opção "Curtir", mas não existe a correspondente "Não curtir". "Se trata de impedir, obviamente, a crítica a marcas e produtos que podem se tornar futuros anunciantes ou investidores. Mas também se inscreve completamente nesse ciberotimismo, por se incitar a produção constante (inteligência coletiva) e depreciar a crítica, e, sobretudo, a inação, a greve, a renúncia" (nota 10).

Ciberativismo
"O risco da internet é pensar que se vive a democracia de maneira direta, quando só é se trata de uma democracia virtual. Internet não é mais que a continuação da utopia de querer falar diretamente com o mundo todo; o problema é pensar que isso vai resolver nossos problemas reais" (nota 11).

Nosso ativismo político despenca por um declive para a virtualidade dos manifestos e empresas na rede, o sexo alcançou a higiene absoluta e a desinibição total graças ao mundo virtual, os amigos não mais estão no bar, mas no Facebook, e continuarão na rede ainda que morram amanhã. As vias são virtuais porque são as "vias da informação". Mas enquanto tudo isto acontece, as guerras e a fome nada virtuais, com seus mortos nada virtuais, armamentos e criminosos que as provoca, menos virtuais ainda, seguem existindo. Do mesmo modo, nosso salário e nossos serviços sociais estão sendo reduzidos, enquanto seguimos conectados ao mundo virtual.

A ofensiva tecnológica-virtual parece projetada para fugirmos da realidade autêntica e nos metermos numa realidade virtual para assim nos neutralizar. Existem jogos na internet para crianças – e adultos – que o sistema lhe premia com "créditos" para comprar objetos virtuais, depois de enviar uma mensagem de texto do celular com custo real. Isto é, troca-se com toda a inconsequência dinheiro real por virtual. Do mesmo modo atua grande parte da revolução tecnológica: rouba-nos a vida real, sobretudo se uma vida potencialmente crítica e subversiva, e nos dá em troca a vida virtual. Esse é um dos objetivos da assim chamada "brecha digital", enquanto pobres do mundo morrem de fome, os que têm de comer são detidos e levados ao mundo virtual, o mundo feliz de Aldous Huxley onde não terão de se preocupar com os pobres. Toda esta enxurrada tecnológica tem como resultado principal o isolamento do indivíduo.

Expor esta tese em Cuba, onde seus cidadãos sofrem grandes dificuldades para usar a internet, um resultado do bloqueio dos EUA que impede que a Ilha tenha acesso normal ao ciberespaço, pode parecer inoportuno, mas eu venho de uma Europa abduzida pelas redes sociais e acredito ser necessário alertar os cubanos sobre esta possibilidade.


Notas

[1] “Eurocopa 2012: Twitter celebra los goles de la televisión”. Periodistas 21, 2-7-2012 http://periodistas21.blogspot.com.es/2012/07/eurocopa-twitter-celebra-los-goles-de.html

[2] Ramonet, Ignacio. La explosión del periodismo. Clave Intelectual, Madrid, 2011.

[3] Debord, Guy. La sociedad del espectáculo. Pre-Textos, Valencia, 2010

[4] El Jueves, 14-6-2012 http://www.eljueves.es/2012/06/14/facebook_veta_nuestra_portada_merkel_rajoy_plan_sadomaso.html#

[5] The Guardian, 24-4-2012 http://www.guardian.co.uk/technology/2011/apr/29/facebook-accused-removing-activists-pages

[6] Barrapunto.com, 12-4-2011 http://barrapunto.com/~manje/journal/35852

[7] Cubadebate.cu, 13-1-2011 http://www.cubadebate.cu/noticias/2011/01/13/censura-de-youtube-a-cubadebate-desato-movimiento-solidario/

[8] lubrio.blogspot.com.es , 13-6-2012 http://lubrio.blogspot.com.es/2012/06/rcn-y-venevision-usan-youtube-para.html

[9] La pupila insomne. 19-6-2012 http://lapupilainsomne.wordpress.com/2012/06/19/google-roba-datos-de-sitios-cubanos/

[10] Baños Boncompain, Antonio, Posteconomía. Hacia un capitalismo feudal, Barcelona, Los libros del lince, 2012

[11] Citado por Rivière, Margarita. La fama. Iconos de la religión mediática. Crítica, Barcelona, 2009.

*A segunda parte deste texto será divulgada em breve

Tradução: Caio Sarack