domingo, 2 de setembro de 2007

LED ZEPPELIN - LED ZEPPELIN
Visceral Euforia Virtuosa

Quando se fala em Led Zeppelin, é impossível dissociá-lo do rótulo de precursor do heavy metal. Tanto assim que sua mistura de rock pesado com blues, psicodelia e folk representou um norte e tanto para uma porção de bandas que surgiriam depois. Quanto às influências, apenas para citar algumas, tem-se Elvis Presley, Muddy Waters, Willie Dixon, Beatles, Rolling Stones. O embrião do grupo foi uma banda montada por Jimmy Page, “The New Yardbirds” (obviamente formada a partir das cinzas do Yardbirds, grupo que se notorizou por ter revelado, além de Jimmy Page, outros dois grandes guitarristas ingleses Eric Clapton e Jeff Beck). Em 1967, Page é abandonado pelos músicos da banda. Porém como havia shows pendentes e dívidas a serem pagas, ele foi à cata de uma nova formação. O baixista John Paul Jones, o primeiro a fazer parte do novo projeto, indica o vocalista Robert Plant, membro de um grupo chamado "Hobbstweedle", que se uniu aos dois, trazendo consigo o baterista John Bonham (na minha opinião, um dos maiores bateristas de toda a história da música). Cumpridos os compromissos, em 1968 a banda adota o nome definitivo e grava o primeiro disco “Led Zeppelin”, que é lançado em janeiro do ano seguinte. Este álbum foi o resultado perfeito da combinação do blues + rock, demontrada pelo peso da guitarra de Page, pelo baixo intenso de Jones, pela bateria alucinada de Bonham e pela voz, por vezes, aguda, por vezes, rascante, de Plant. Era um som original, com vínculo (emocional e racional) no blues, mas tocado de modo um pouco mais pesado. Um álbum, enfim, que introduziu signifcativos conceitos para o rock, a partir de uma interpretação extremamente original daquele gênero. O álbum tem início com “Good Times Bad Times”, faixa de um pouco mais de dois minutos e meio que apresenta e sugere a sonoridade adotada pela banda. Com uma bateria vigorosa, a canção conta com um belo solo (embora curto) de Page e apresenta a voz de Plant um pouco mais contida. Canção arrebatadora!! Excelente faixa para abrir um álbum desse calibre. A faixa seguinte é uma das minhas preferidas de toda a discografia da banda: "Babe, I'm Gonna Leave You". Conduzida por uma guitarra acústica, a canção, que não é composição da banda, mas sim uma canção tradicional inglesa, segue por quase um minuto com o dedilhado delicado de Page servindo de base à voz, calma, de Plant. De repente vem a bateria e o baixo, que ficam até mais ou menos quatro minutos se alternando com o vocal solitário de Plant, quando irrompe um hard rock de primeira que se sustenta até o final. Uma aula de como misturar folk com rock pesado. A música seguinte é a versão definitiva para o clássico “You Shooke Me”, de Willie Dixon. O Led Zeppelin toma essa fantástica canção e a transforma em um sedicioso e elétrico rock and roll. Blues sendo tocado de forma pesada e visceral. Três momentos dignos de nota: o órgão tocado por Jones, a harmônica executada por Plant, e o duelo, já na parte final da canção, entre o vocal de Plant e a guitarra de Page. De arrepiar!! E quando, ao ouvir os últimos acordes dessa canção, você pensa em respirar, se refazer, surge - emendada - outra paulada: “Dazed and Confused”, um virtuoso rock pesado, que poderia muito bem ilustrar o tipo de som do grupo. Com uma introdução matadora, na qual o baixo de Jones, soando como se numa valsa, se solidariza aos acordes de Page, que abre espaço para os versos cuspidos por Plant, para em seguida surgir a bateria de Bonham, e dali um riff espetacular, a canção se mantém vigorosa o tempo todo, na qual todos os componentes demonstram a sua competência. São quase seis minutos e meio de puro delírio musical. Um clássico. Há uma versão dessa música no cd ao vivo “The Song Remains the Same”, de 1976, no qual o delírio se prolonga por quase 27(!!!) minutos. Vale a pena dar uma conferida. Na seqüência, as coisas se acalmam um pouco. Primeiro vem “Your Time Is Gonna Come”, uma bela canção folk, meio despretensiosa, mas mesmo assim, marcante. Em seguida, colada a essa, “Black Mountain Side”, que já acenava a influência da música celta para o grupo, o que iria se confirmar em álbuns posteriores. “Communication Breakdown” retoma o peso de antes, fazendo par com a canção de abertura. Música perfeita para se iniciar uma coletânea. Pauleira pura!!! A penúltima canção é mais uma homenagem a um dos ídolos da banda, Willie Dixon. Como se não bastasse “You Shooke Me”, a banda recria mais um clássico do mestre do blues: “I Can´t Quit You Baby”. Blues em estado de graça! Canção para se ouvir “n” vezes sem se cansar. Difícil dizer qual versão é melhor. Na dúvida, fique com as duas. O álbum termina com a épica “How Many More Times”, de oito minutos e meio. Energia rock-blues concentrada em uma única canção. Precisão rítmica e melódica. Canção que beira à excelência para fechar um álbum excepcional. E isso foi apenas o início da banda. Porém, o melhor início que se poderia querer. Nossos corpos, almas e corações, enternecidos, agradecem.
Copiado de:DasTripasMusica

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