quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Gaza: a maior prisão da Terra
Jornal Oriente Medio Vivo

Tudo lembrou muito a queda do Muro de Berlim. É impossível não
sentir uma excitação quando massas de pessoas oprimidas e ao
mesmo tempo abandonadas derrubam a barreira que os
aprisionava. A Faixa de Gaza é hoje a maior prisão no globo, e a
derrubada do Muro de Rafah foi um ato de libertação, que serviu
para provar que qualquer política desumana é uma política
estúpida. Essa foi a lição de Gaza em janeiro de 2008.
Meses antes, Israel impôs um cerco militar à Faixa de Gaza, e se
posicionou orgulhoso de sua decisão. Com o apoio ideológico dos
Estados Unidos (falsamente interessados na paz da Palestina), os
palestinos ficaram sem acesso a água, alimentos, remédios,
combustível e eletricidade. Os hospitais, todos operando além do
limite, foram forçados a desligar incubadoras para crianças
prematuras e maquinas de diálise, e o sistema de saneamento
básico foi interrompido. É difícil imaginar um ato mais estúpido.
A justificativa israelense para a punição coletiva de Gaza – de
população de mais de meio milhão de habitantes dividindo uma
área de 365 km² – é a violência na cidade de Sderot, supostamente
causada pelo lançamento de foguetes Qassam vindos de Gaza.
Trata-se de uma justificativa bem escolhida – ela evita críticas da
ONU e da comunidade internacional que, caso contrário, poderiam
condenar o ato de punição coletiva conduzido pelo governo
israelense – um crime de guerra, segundo a Lei Internacional. Mas
como então acabar com a violência em Sderot?
instante: o Hamas já ofereceu duas tréguas a Israel recentemente –
o último deles na semana passada. Segundo o Hamas, uma trégua
seria: foguetes Qassam deixariam de ser lançados contra Israel,
que se comprometerá a abrir o cerco e deixará de invadir Gaza para
conduzir suas operações de assassinatos pré-selecionados. Mas o
governo israelense, seguindo a linha George W. Bush, se recusa a
“negociar com terroristas”, e, por isso, Sderot continuará a ser
bombardeada.
A realidade, muito mais simples do que qualquer profunda análise
da mídia ocidental, é que Sderot é simplesmente um pretexto para
Israel, assim como a captura dos dois soldados pelo Hizbollah em
2006 também foi. O sonho israelense é que a barricada de Gaza
poderia levar à renúncia do Hamas, democraticamente eleitos pelo
povo palestino em 2006, e impedir que, no futuro, a Cisjordânia
passe também a ser controlada pelo partido islâmico.
Israel calculou quando a população palestina poderia desistir, mas
aconteceu o que poucos esperavam, apesar de ter sido o evento
mais previsível possível. Primeiro, uma grande explosão. Multidões
se rebelaram nos portões do Egito, a polícia não abriu fogo e tudo
se acalmou – foi um alerta. No próximo dia, palestinos derrubaram o
muro, centenas de milhares fugiram para o território egípcio e
respiraram aliviados – o cerco foi terminado. A punição coletiva de
Gaza foi um crime de guerra, e pior – um erro estúpido.

Um comentário:

Unknown disse...

cara, adorei teu blog, bem variado, assuntos interessantes,
parabens, foi um dos melhores blogs que vi.
legal
néka