quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

XUL SOLAR


Post. : Jonnhy F

Xul Solar (1887-1963) é como um criador de "um mundo metafísico onde os deuses tomam as formas da imaginação dos que sonham". Autor de uma obra autêntica que espelhou suas aspirações e pesquisas em várias áreas do conhecimento, Xul não tem par entre os artistas da vanguarda latino-americana do começo do século passado. Mais do que um artista, foi um visionário e utopista. Xul desenvolveu seu trabalho em pequenos formatos, quase sempre com aquarela ou têmpera e com exuberância de cores. Criou uma obra complexa e lírica, explorando sobretudo temas relacionados às suas experiências místicas.
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O artista nasceu em uma família católica de imigrantes -a mãe era italiana, e o pai, alemão, descendente da Letônia. De berço, aprendeu as três línguas, mas falava ainda inglês, português, russo e conhecia sânscrito e chinês. A facilidade com as línguas o ajudaram a projetar a "panlíngua" e o "neocriollo". Não apenas a lingüística o interessava, ele era um grande conhecedor de música (Wagner e Bach eram os favoritos), de tecnologia (guardava em pastas recortes sobre avanços científicos) e, claro, de assuntos religiosos e místicos. Aos 25 anos, o artista foi para a Europa, provavelmente depois de uma crise espiritual, e teve o primeiro contato com a pintura.


HOMENAGEM AO PIONEIRISMO SURREALISTA DE XUL SOLAR

Pioneiro na arte surrealista e antecessor de Paul Klee, amigo do escritor José Luis Borges, Alejandro Xul Solar, é o artista homenageado pela I Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Suas obras estão expostas no Espaço Cultural Aplub, em Porto Alegre (RS), durante o período da Bienal.

Xul Solar, nasceu em Buenos Aires, em 1887, filho único de Emilio Schulz Riga, alemão da Letônia, e de Agustina Solari, nascida em Gênova, Itália. Aos 16 anos adotou o pseudônimo de Xul Solar empregando equivalentes fonéticos dos sobrenomes do pai e da mãe. Erudito, possuindo um saber enciclopédico, interessou-se deste muito jovem por assuntos tão variados quanto religião, filosofia, a antroposofia de Rudolf Stener, a cabala judia, mitologias e sobretudo astrologia.

Segundo depoimento de seus conterrâneos, falava e escrevia seis idiomas vivos, além do latim, do grego e do sânscrito. Este conhecimento lingüístico levou-o a criar duas línguas, o "neocrilo", fundada em raízes provenientes do latim, com expressões locais, latino-americanas, e "panlengua", que pode ser vista como uma das muitas construções similares ao "esperanto".

Xul Solar integrou, nos anos 20, o grupo denominado Martin Fierro, que instaurou o modernismo na Argentina e do qual faziam parte, entre outros, Olivério Girondo, Macedônio Fernandez e Jorge Luiz Borges. Este, ao apresentar mostra de Xul Solar, em 1949, afirmou ser ele "um dos acontecimentos singulares de nossa época", afirmando, em outra oportunidade, que nunca conheceu um homem de "tão rica, heterogênea, imprevisível e incessante imaginação".

O artista argentino produziu algumas centenas de desenhos, aquarelas (seu meio de expressão preferido) e pinturas, geralmente de pequeno porte, as quais, juntas, formam uma espécie de escritura plástica. Arte semiótica. Além da figura humana, estilizada geometricamente, mas sem perder sua dimensão mágica, das arquiteturas e bandeiras, proliferam em suas obras signos e símbolos, muitos deles esotéricos e arcaizantes, tais como estrelas, flechas, hieróglifos, números, letras, etc. Signos e símbolos que ocupam um espaço mental e imaginário, isto é, não-realista. Em suas proposições, Xul Solar antecipa-se ao Surrealismo, assim como tangencia o Maneirismo e o Dada. Sua pintura não exige uma interpretação literal de seu sentido, podendo ser apreciada independente das questões místicas e esotéricas que a fundam.

(Jornalista Joyce Larronda - Reg. Prof.: 5349-RS/BR)


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