sábado, 1 de março de 2008

Exército colombiano invade Equador para matar porta-voz das Farc


O ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou à imprensa neste sábado (1º) que uma ação conjunta do exército e da polícia matou o porta-voz das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Raúl Reyes. Tido como o número dois da guerrilha, Reyes teria sido morto na localidade de Granada, em território do Equador. Foi "o golpe mais duro nas Farc em toda a sua história", exultou.


Reyes, durante as conversações de paz de 1998

O ministro admitiu que o guerrilheiro foi morto dentro do território equatoriano, a 1.800 metros da fronteira com a Colômbia. Alegou que o ataque partiu do território colombiano, mas disse que pós o ataque militares colombianos entraram no país vizinho para recolher os corpos, garantir a segurança da área e neutralizar o inimigo.
Bombardeio


Santos disse ainda que o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, informou a respeito o governante equatoriano, Rafael Correa. No entanto, não deixou claro se isso aconteceu antes ou depois da violação da fronteira.


O episódio não foi confirmado por fontes ligadas às Farc. O governo do Equador tampouco se pronunciou.


Sempre conforme a coletiva de imprensa do ministro colombiano, o exército foi informado, "por fontes humanas e de inteligência", de que na noite de sexta-feira Reyes estaria no lugarejo, ao sul do Rio Putumayo. Santos precisou que a força aérea colombiana bombardeou o locar a partir de seu território, sem violar o espaço aéreo colombiano.


Tombaram em combate 17 guerrilheiros, segundo Juan Manuel Santos. Ao lado de Reyes, foi morto também Julián Conrado, considerado pelo governo colombiano como um dos ideólogos das Farc.


Na contra-mão do acordo


A operação de contraguerrilha anunciada pelo ministro contrasta com as recentes libertações de prisioneiros por parte da maior organização insurgente colombiana. Nesta sexta-feira, a guerrilha libertou uma segunda leva de quatro prisioneiros, em um gesto de boa-vontade que pretende forçar um "intercâmbio humanitário" de cativos com o governo.


Os atos de libertação de prisioneiros foram intermediados pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e pela senadora oposicionista colombiana Piedad Cordoba, e aceitos a contragosto pelo governo de Bogotá. O anúncio da morte do dirigente guerrilheiro busca recolocar o tema da guerrilha ali onde sempre deveria ter estado do ponto-de-vista do presidente Alvaro Uribe: uma questão militar.


Origem no sindicalismo


Raúl Reyes, nome de guerra de Luis Edgar Devia Silva, nasceu em 30 de setembro de 1948 na pequena cidade de La Plata. Iniciou sua militância como sindicalista, quando trabalhava numa fábrica da empresa Nestlé, da capital suíço.


Ele ingressou nas fileiras das Farc há mais de 30 anos, e é considerado o segundo homem da força guerrilheira, depois de Manuel Marulanda, o Tirofijo, legendário fundador e comandante das Farc. Durante as conversações de 1998-2002, quando o antecessor de Uribe aceitou a busca de uma paz negociada, Reyes foi o principal interlocutor por parte das Farc. Na mesma época ele participou de um giro por vários países europeus; e esteve no único encontro das Farc com autoridades dos Estados Unidos, na Costa Rica, em 1997.


O governo Uribe oferecia uma recompensa de US$ 2,7 milhões pela captura ou morte de Reyes. O Departamento de Estado dos EUA, que incluiu as Farc em sua lista de "organizações terroristas", oferecia US$ 5 milhões.


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