Massacres em escolas são cada vez mais frequentes no mundo ocidental
O fenômeno de atiradores que disparam aleatoriamente foi estudado pela primeira vez por pesquisadores do sudeste asiático, que voltaram a atenção pela primeira vez para jovens do sexo masculino, cujo comportamento psíquico causava estranheza e era caracterizado por imprevisibilidade, agressão gratuita e absoluta predisposição à violência. Característico deste tipo de comportamento é o fato de o atirador ferir e até matar várias pessoas, em princípio sem motivo aparente.
Preparação com antecedência
A violência é cometida de súbito, embora o ato em si costume ser anunciado com grande antecedência. Em muitos casos, os atiradores se preparam longamente, encenam com minúcia o ato de violência e aceitam pagar com o preço da própria morte. Entre os fatores que desencadeiam tal fenômeno estão exclusão social e rejeição, desemprego ou transferência forçada.
Muitos desses atiradores se sentem ressentidos, humilhados ou rechaçados. As agressões vão se acumulando gradualmente durante um longo espaço de tempo. Antes de cometerem o ato de violência, os atiradores costumam desenvolver fantasias permeadas por violência, sem estarem em condições de elaborar ressentimentos ou resolver conflitos. Aparentemente, parecem jovens ajustados, cujo comportamento não levanta suspeitas. Com o ato de violência, querem chamar a atenção para si mesmos, afirmam psicólogos que estudam o fenômeno.
Influência da mídia
Isso tudo não explica, porém, por que o número de casos de atiradores tenha aumentado sensivelmente nas escolas dos países ocidentais. Disparar uma arma de fogo a esmo na escola tornou-se uma forma específica de violência injustificada. Os atiradores costumam escolher suas vítimas a dedo, e praticamente as executam. Por vezes existem "listas da morte".
Especialistas alertam para o fato de que os relatos na mídia a respeito dos school shootings (tiroteios em escolas) atraem a atenção internacional, fazendo com que surja uma espécie de efeito de imitação do fato.
Casos no passado
O massacre ocorrido numa escola em Columbine, nos EUA, em 1999, causou consternação em todo o mundo. Doze estudantes e um professor foram mortos. Os atiradores, de 17 e 18 anos, se suicidaram a seguir.
Um dos piores casos de tiroteio em escolas na Alemanha aconteceu no dia 26 de abril de 2002, no Colégio Gutenberg, em Erfurt, no leste do país. Encapuzado de preto e altamente armado, um ex-aluno adentrou as instalações da escola e disparou em 16 pessoas – 12 professores, dois estudantes, uma secretária e um policial. Depois, suicidou-se. Pouco antes, o jovem de 19 anos havia sido expulso do colégio.
Quatro anos mais tarde, no dia 20 de novembro de 2006, um jovem de 18 anos atirou aleatoriamente em sua escola na cidade de Emsdetten, ferindo 37 pessoas, antes de dar um tiro na própria cabeça. Antecipando o ato, ele havia publicado uma carta de despedida na internet.
Vigilância ou não?
Hoje, psicólogos defendem a criação de instituições de "vigilância da internet" dentro da polícia e no âmbito de equipes de crise nas escolas. Esses grêmios, segundo os especialistas, deveriam registrar comportamentos estranhos entre os alunos, como, por exemplo, se disponibilizam na internet vídeos de incitação à violência ou se posam armados para fotografias.
Há vozes críticas que alertam para o perigo de que se comece a estigmatizar qualquer comportamento incomum de jovens, simples desvios que não devem ser automaticamente interpretados como o anúncio de um ato de violência.
Autores: Claudia Hennen / Olja Melnik
Revisão: Augusto Valente
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