quarta-feira, 20 de maio de 2009

Apurar uma fraude de quase R$ 400 milhões contra o Estado não é um fato determinante?


Uma coisa é escutar parlamentares do PDT e de outros partidos justificarem sua não assinatura do requerimento para a instalação de uma CPI da Corrupção na Assembléia Legislativa em função da suposta ausência de fatos novos e de foco. Para quem não quer investigar os indícios de corrupção no governo Yeda, qualquer explicação é explicação. Outra coisa bem diferente é ver uma jornalista bem informada repetindo esse discurso de um modo acrítico e sonegador da verdade. A colunista de Zero Hora, Rosane de Oliveira, escreve hoje em seu blog:

O problema é a carência de foco: com tantas denúncias pipocando contra o governo, falta um fato determinante para embasar o pedido de CPI. Os indícios de uso de caixa 2 na campanha de 2006 não podem ser o foco da CPI, até porque são águas passadas.

A jornalista certamente leu o requerimento da CPI e conversou com seus proponentes. Portanto, não pode alegar desconhecimento de causa. Em primeiro lugar, os indícios de uso de caixa dois não são o foco do pedido da CPI. O foco do requerimento é a investigação das denúncias levantadas pela Operação Solidária e suas possíveis conexões com a Operação Rodin. Há fortes indícios de que os personagens nas duas fraudes são os mesmos.

Como já foi dito aqui, na Operação Solidária, estão sendo investigados, entre outros, os peemedebistas Eliseu Padilha, Alceu Moreira e Marco Alba. A instalação da CPI prevê a apuração do esquema montado para fraudar licitações nas áreas de pavimentação, saneamento e irrigação, que já teria desviado cerca de R$ 400 milhões. As investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal apontam ainda para a participação de pessoas muito próximas à governadora, como Walna Villarins, sua principal assessora, e Delson Martini, ex-tesoureiro do PSDB e ex-secretário-geral do governo. São mencionados, ainda, a ex-secretária estadual adjunta de Obras, Rose Guedes Bernardes, e o coordenador da transição do governo, Chico Fraga (PTB).

A colunista de ZH simplesmente repete o discurso da base do governo Yeda na Assembléia ao dizer que “falta um fato determinante para embasar o pedido de CPI”. Apurar uma fraude de aproximadamente R$ 400 milhões contra o Estado não é um fato determinante? A jornalista tem conhecimento de todos esses fatos. Ao ecoar o discurso daqueles que estão sob investigação e de seus aliados, abdica de seu dever de bem informar a população.

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