Rememore abaixo a reportagem de Marco Aurélio Weissheimer, publicada na Carta Maior, em 14/09/2006.
E ligue os pontos
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Mas o “chute no balde” não parou por aí. Em entrevista ao jornal Zero Hora, nesta quinta-feira (14), Chico Santa Rita pediu aos eleitores gaúchos que não votem na candidata, comparando sua candidatura a uma “lâmpada queimada”. Ao falar sobre a falta de pagamento, ele afirmou: “Faltou planejamento, faltou comando forte, firme e responsável na campanha, algo que nunca existiu. Espero é que o crescimento que essa campanha ia ter, porque era viável, seja abortado pelos gaúchos”.
O bombardeio não parou por aí: “A Justiça vai falar mais alto. Como sentia que a coisa era complicada, pedi no meu contrato o testemunho de Paulo Feijó (do PFL, vice na chapa de Yeda), de Onyx Lorenzoni (deputado federal e presidente estadual do PFL) e da própria Yeda. Eles me garantiram pessoalmente que eu ia receber. Hoje fico me questionando o que seria desse Estado, que já tem problemas, se cair na mão desse pessoal”, declarou Santa Rita.
Lâmpada queimada
O marqueteiro também atacou a incoerência entre a prática da candidatura e o conceito central da campanha de Yeda, “um novo jeito de governar”: “Contradiz completamente. Ela fala em planejamento, mas onde está o planejamento da própria campanha? Ela dizia que planejar é lançar uma luz sobre o futuro. A luz que ela lança sobre o futuro está com a lâmpada queimada”. Por fim, qualificou a campanha de Yeda como “absurda, feita sem planejamento, sem respeito humano”.
Indicado para responder às críticas de Santa Rita, Sérgio Camps de Moraes (PPS), coordenador da campanha de Yeda Crusius, também saiu atirando: “Essa atitude fala por ela mesma. Ele foi muito ausente até agora na campanha, mas vai ser muito bem pago, vai receber tudo o que foi contratado com ela (Yeda)”. A defesa da candidatura representa outro ponto de constrangimento para o conceito de “novo jeito de governar”, pois põe em xeque a capacidade de escolher bem parceiros e consultores.
Santa Rita e o "novo jeito de governar
"O marqueteiro Chico Santa Rita está longe de ser um desconhecido no cenário político nacional. Entre outros, trabalhou para Orestes Quércia, Collor, Ulysses Guimarães, Mário Covas e Romeu Tuma. Em 1989, fez a campanha de Collor e colocou no ar o ataque de Miriam Cordeiro contra Lula (ela recebeu 24 mil dólares da campanha de Collor para dizer no horário eleitoral que o petista teria lhe oferecido dinheiro para abortar Lurian).
Na época, o marqueteiro justificou o uso eleitoral de uma menina de 15 anos, dizendo que “os eleitores têm o direito de saber tudo da vida daqueles que postulam ser seus governantes”. Agora, ele usa a mesma máxima para atacar a falta de planejamento na campanha da candidata tucana, que conhecia bem o currículo de quem estava contratando. Em suas palestras, Chico Santa Rita defende que a função do marketing político é conscientizar o eleitor das propostas de um candidato.
“A função fundamental dele é apresentar uma boa proposta para que a população a entenda, aceite, participe dela, e venha, através dos candidatos, se posicionar e participar do processo político”, disse o marqueteiro em uma palestra realizada no dia 30 de agosto, no Mato Grosso do Sul. Ele repetiu, na ocasião, que não faz campanha para candidatos em quem ele próprio não votaria. As declarações de Santa Rita ao jornal Zero Hora indicam que ele mudou de idéia em relação a Yeda Crusius.
Realismo orçamentário?
A candidata tucana também parece ter cometido um engano básico na contratação de seu consultor de campanha. Um engano que danifica seriamente seu conceito de “novo jeito de governar”. A resposta de seu coordenador de campanha dizendo que Santa Rita estava ausente mesmo da campanha coloca diretamente a questão: o novo jeito de governar é compatível com a contratação de consultores que permanecem ausentes do trabalho para o qual foram contratados?Outro ponto a ser respondido é que uma das propostas da candidata para enfrentar a crise das finanças públicas do Estado do Rio Grande do Sul advoga a adoção de um realismo orçamentário: “não realizar empréstimos, antecipações de receita e autorizações de novas despesas que agravem o desequilíbrio orçamentário no futuro”, conforme diz uma de suas diretrizes de programa de governo. A julgar pela crise aberta na campanha, essa máxima do realismo orçamentário não foi aplicada dentro de casa.
O resultado dessa incoerência foi o desmantelo da equipe que fazia a propaganda de televisão da candidata. Na terça-feira, cerca de 50 profissionais abandonaram a campanha e retornaram a São Paulo. Chico Santa Rita nomeou um advogado para cobrar a dívida na Justiça. Somente com o pessoal contratado, a dívida é estimada em cerca de R$ 350 mil.
A coordenação da campanha tucana emitiu nota oficial dizendo que toda essa dívida será paga e alegou que enfrenta dificuldades para captar recursos em virtude de uma suposta pressão do governo federal e do governo estadual junto a empresários gaúchos. A alegação é estranha uma vez que o vice de Yeda é o empresário Paulo Feijó (PFL), ex-presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do RS (Federasul).Feijó, aliás, saiu-se com uma explicação peculiar sobre a crise na campanha. “Estamos sendo eficientes, fazendo mais com menos”, declarou.
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