sábado, 21 de novembro de 2009

Burkina Faso: IDH avança, mas o desenvolvimento ainda é distante

Le Pays – Uagadugu

O lançamento do Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento Humano 2009, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), aconteceu no último dia 11 de novembro. Abordando a questão das migrações sob o título “Rompendo barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos”, o documento classifica os países de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ainda que o Burquina Fasso continue nas profundezas da lista, melhoras consideráveis têm acontecido ano a ano.
O Burquina Fasso está classificado em 177º, entre 182 países, com um índice de desenvolvimento humano de 0,389. Em 2008, o país dos homens íntegros, como é conhecido, foi classificado em 176° entre 182 países, com um IDH de 0,367. Constata-se que o índice apresenta uma curva ascendente, apesar do recuo do país na classificação. Conforme comentou o coordenador do sistema das Nações Unidas, “este avanço resulta dos esforços empreendidos pelo governo no setor de saúde, e pelas melhorias na renda da população. Os resultados do ranking 2009 sugerem ao Burquina Fasso um esforço mais sustentado na alfabetização, na educação formal, na saúde, assim como pelo aumento da renda das camadas mais vulneráveis da população. A classificação do Burquina, disse o coordenador do programa da ONU, não melhorou porque outros países também fizeram esforços. Conclui-se das declarações, que o país parte com um importante atraso desde a instauração desta classificação em 1990.
Os critérios principais do IDH são renda, saúde (expectativa de vida), educação (média ponderada da taxa de escolarização global nos ensinos primário, secundário e superior e da taxa de alfabetização dos adultos com mais de 15 anos). O critério educação seria o principal responsável pela estagnação do país na parte de baixo do ranking. A taxa de alfabetização continua entre as mais baixas do mundo, com 28%, enquanto que a taxa de escolarização é de 32%. O PNUD revela, entretanto, que a taxa de escolarização avançou 20% em dez anos. O nível de escolarização no ensino secundário é igualmente sofrível, com apenas 15,6% em 2005.
A classificação foi feita com base nos dados de 2007 para o conjunto dos 182 países. O coordenador do programa da ONU encorajou o governo de Burquina a consolidar seus esforços com o apoio de parceiros técnicos e financeiros a fim de que estes desafios sejam levados em conta na formulação da Estratégia de Crescimento Acelerado e de Desenvolvimento Sustentável (SCADD, na sigla em francês).
Sob o tema “Rompendo barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos”, o relatório analisa o fenômeno das migrações e seus impactos sobre o desenvolvimento, fazendo ainda recomendações com base no fato de que a mobilidade é um princípio de liberdade humana. A Europa e os Estados Unidos são considerados regiões de destino, mas o estudo revela ainda que as migrações intra-continentais também são importantes. Os africanos, por exemplo, se movem muito mais dentro do próprio país e do próprio continente do que imigram para a Europa. As razões são essencialmente de ordem econômica, na busca de melhor qualidade de vida. Os pobres são os que se deslocam com mais frequência. No caso do Burquina Fasso, 94% dos emigrados estão no próprio continente.
O relatório evoca ainda os fluxos financeiros em direção aos países de origem, que contribuem para o equilíbrio macroeconômico. Como exemplo, os imigrantes do Burquina enviam 50 milhões de dólares anualmente, enquanto os senegaleses mandam 400 milhões.

Abdoulaye Tao
Tradução: Carlos Gorito
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