Três de outubro se aproxima e a se confirmarem os resultados das
pesquisas indicando uma vitória avassaladora de Dilma Roussef já no
primeiro turno, as análises a serem feitas devem transcender o aspecto
político partidário propriamente dito e o significado do fenômeno Lula
na história brasileira.
O Presidente da República, segundo indicam as pesquisas, em termos de
popularidade ultrapassou Getúlio Vargas em sua época. O então líder
trabalhista, além de se eleger em 1950 enfrentando os ancestrais do PSDB
e Demo, poucos anos antes elegeu quem parecia inelegível, ou seja, o
seu ex-ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, que acabou se tornando
um dos piores presidentes que o Brasil já teve, comparável a FHC,
inclusive traindo compromissos assumidos durante a campanha.
Tais fatos pertencem à história, mas o principal neste momento é
analisar a derrota acachapante que vem sofrendo a mídia de mercado tipo
Veja, O Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, TV Globo e
outros veículos de imprensa que diariamente se opõem a Lula e a sua
candidata. Ou seja, apesar disso, Lula está transferindo praticamente
cem por cento dos seus votos para Dilma Roussef, o que os analistas de
plantão diziam que jamais aconteceria.
Tanto a mídia de mercado quanto o candidato de oposição de direita,
José Serra, esgotaram o estoque de acusações infundadas contra a
candidata Dilma Roussef. A aliança PSDB-Dem-PPS desencavou até o
emergente da Barra de sobrenome da Costa como vice, para caluniar com
base em mentiras. Não satisfeito com as baixarias, encampadas por Serra,
da Costa gratuitamente passou a fazer críticas grosseiras a Leonel
Brizola, o governador do Estado do Rio de Janeiro por duas vezes,
falecido em junho de 2004.
Da Costa e Serra são exemplos típicos da baixa política. Serão
julgados pelos mais de 135 milhões de eleitores aptos a votar em 3 de
outubro. Da Costa foi indicado para vice por ordem de Cesar Maia, numa
estratégia para lançá-lo candidato a Prefeito do Rio de Janeiro em 2012.
Para aparecer nas páginas e na TV, o vice de Serra baixou tanto o nível
que acabou tirando votos do próprio cabeça de chapa.
O Rio de Janeiro daqui a dois anos terá de dar um novo recado nas
urnas para a escolha do Prefeito e o quadro que se apresenta, pelo menos
até agora, chega a ser vergonhoso. Da Costa de um lado e Eduardo Paes
de outro, cujos projetos, apesar das rivalidades eleitorais, não estão
tão distantes assim.
Para se ter uma ideia, basta comparar o que Paes vem fazendo
atualmente na área da educação, repetindo o receituário do Prefeito de
São Paulo, Gilberto Kassab, do Dem. Tendo como titular da pasta a
senhora Claudia Costin, egressa do PSDB, e prestadora de serviços ao
governo FHC na reforma administrativa, a atual secretária de Educação do
município do Rio de Janeiro tenta executar um projeto que tem a
chancela do Banco Mundial e que terá reflexos negativos não só para os
professores, como também para todos os servidores municipais.
Em troca de um empréstimo de 1,9 bilhão de dólares para o Rio, o
Banco Mundial exigiu, e Paes está tentando colocar em execução com a
ajuda de sua bancada na Câmara dos Vereadores, uma reforma da
previdência municipal que prevê a quebra da paridade e diminuição nos
vencimentos de aposentados e pensionistas. Ou seja, Paes está querendo
ir até as últimas consequências com o receituário neoliberal, que sempre
defendeu desde os tempos em que militava no PSDB, o mesmo partido que
durante muitos anos abrigou o atual governador Sergio Cabral.
Leitores e telespectadores desconhecem também o que vem acontecendo
no Rio de Janeiro, como, por exemplo, que a senhora Costin está
tentando incrementar uma formula para os professores do município do Rio
idêntico ao existente em São Paulo: a chamada meritocracia em que os
trabalhadores no setor de educação serão avaliados por uma comissão que
dirá quem vai ganhar mais ou não, graças a vários critérios, inclusive a
nota dos alunos. Em função disso, em São Paulo os professores foram
divididos em sete categorias. E assim vai, no fundo, o objetivo maior é a
competição desenfreada em que a qualidade do ensino propriamente dito é
o último a contar, embora Costin diga ao contrário nas páginas da mídia
de mercado.
Em recente entrevista a um jornal de São Paulo, Diane Ravitch,
ex-secretária adjunta de Educação do governo Bill Clinton criticou com
veemência a política de meritocracia, por ela seguida. Segundo Ravitch,
o ensino não melhorou e foram detectadas fraudes no processo de
avaliação do desempenho dos professores. Quer dizer, Costin copiou um
esquema que sabidamente não deu certo nos Estados Unidos e insiste em
algo que não resultará em melhora para o ensino, muito pelo contrário.
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