terça-feira, 26 de outubro de 2010

Turquia: o longo caminho da europeização



Havana, (Prensa Latina) 

Turquia tem percorrido um longo e escabroso caminho que já soma várias décadas na tentativa de se aderir definitivamente à União Européia (UE) como membro de pleno direito.
Muito aconteceu desde que em 1963 a Comunidade Econômica Européia, antecessora da UE, subscrevesse o tratado de associação com o estado turco denominado Acordo de Ancara.
Um protocolo adicional fixou em 1970 os objetivos da sociedade fortalecendo as relações comerciais e financeiras entre a eurozona e a Turquia com a instauração de uma União Alfandegária.
Por anos, a entrada desse país à UE como membro pleno tem sido motivo de calorosas controvérsas que ainda não deixam ver a luz ao final do túnel.
Nações como Alemanha e França oferecram uma férrea resistência que fundamentam com a ideia de que seria mais conveniente conceder a Turquia um estatuto de associação privilegiada e nada mais.
O temor a um aumento da imigração turca e o consiguinte aumento da influência islâmica dentro a zona contam entre as razões que esgrimem Berlim e Paris.
A onda xenófoba que se vive em alguns dos países da UE onde têm ganhado terreno partidos de extrema direita também não põe fácil o assunto à candidatura turca.
No entanto, expecialistas advertem que a verdadeira razão se encontra no fato de que Turquia conta agora com uns 72 milhões de habitantes e para 2015 se espera que sua população exceda a da Alemanha.

Se entrasse na UE, Ancara teria em suas mãos o poder de decisão em não poucas instituições européias graças a sua enorme população de direito, o que para alguns representa uma ameaça.
Atendendo ao critério dos analistas, para além de considerações de índole religiosa ou racial, a oposição à adesão turca constitui, antes de mais nada, um problema político.
Com olhar no Ocidente
A aprovação de emendas constitucionais no início de setembro constitui um importante passo com rumo à integração já que limpa várias das exigências feitas pelos 27 ao governo da Turquia.
58 por cento do eleitorado turco aprovou em referendo, entre outros, a eliminação do fator militar da Constituição e a ampliação dos direitos de setores desfavorecidos.
Recep Tayyip Erdogan, premiê de Turquia, celebrou a aprovação das emendas por considerar que as mesmas fazem o país transpassar o limiar para uma democracia avançada com o olhar no Occidente.
O chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, estimou que a consulta foi extremamente positiva e demonstrou o compromisso modernizador e a vocação europeísta da Turquia.
Moratinos confiou em que no futuro sejam superadas as reticências de alguns membros da UE com respeito à incorporação plena.
Mas para promover a abertura das negociações previstas para 2014 sobre a eventual entrada da Turquia, o grupo comunitário impõe ainda outras condições.
O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durao Barroso, assinalou diferenças culturais e uma mudança de atitude para esse país como obstáculos que frustram as ambições turcas de unir ao bloco.
A inserção dessa nação, que tem na UE a seu principal sócio comercial desde o estabelecimento da união alfandegária em 1996, volta a preocupar os países comunitários, colocados face à polêmica.
Supostas violações dos direitos humanos e atritos com Chipre, um membro da UE que Turquia não reconhece, contam entre os desafios que deverá superar Ancara
De qualquer forma, a UE não é alheia às transformações internas que têm lugar nesse país, as que fortalecem seu papel geopolítico a nível regional com uma significativa influência econômica.
Segundo fontes oficiais, os empresários turcos controlam na Europa empresas e fábricas que somam um total de 500 mil empregados cujas faturações rondam os 51 milhões de dólares.
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico prevê que para o ano 2050 Turquia, que cresce a um ritmo de cinco por cento ao ano, ocupará o segundo lugar entre as economias européias.

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