Havana, (Prensa Latina)
Turquia tem percorrido um longo e escabroso caminho que
já soma várias décadas na tentativa de se aderir definitivamente à
União Européia (UE) como membro de pleno direito.
Muito
aconteceu desde que em 1963 a Comunidade Econômica Européia,
antecessora da UE, subscrevesse o tratado de associação com o estado
turco denominado Acordo de Ancara.
Um
protocolo adicional fixou em 1970 os objetivos da sociedade
fortalecendo as relações comerciais e financeiras entre a eurozona e a
Turquia com a instauração de uma União Alfandegária.
Por
anos, a entrada desse país à UE como membro pleno tem sido motivo de
calorosas controvérsas que ainda não deixam ver a luz ao final do túnel.
Nações
como Alemanha e França oferecram uma férrea resistência que fundamentam
com a ideia de que seria mais conveniente conceder a Turquia um
estatuto de associação privilegiada e nada mais.
O
temor a um aumento da imigração turca e o consiguinte aumento da
influência islâmica dentro a zona contam entre as razões que esgrimem
Berlim e Paris.
A
onda xenófoba que se vive em alguns dos países da UE onde têm ganhado
terreno partidos de extrema direita também não põe fácil o assunto à
candidatura turca.
No
entanto, expecialistas advertem que a verdadeira razão se encontra no
fato de que Turquia conta agora com uns 72 milhões de habitantes e para
2015 se espera que sua população exceda a da Alemanha.
Se
entrasse na UE, Ancara teria em suas mãos o poder de decisão em não
poucas instituições européias graças a sua enorme população de direito, o
que para alguns representa uma ameaça.
Atendendo
ao critério dos analistas, para além de considerações de índole
religiosa ou racial, a oposição à adesão turca constitui, antes de mais
nada, um problema político.
Com olhar no Ocidente
A
aprovação de emendas constitucionais no início de setembro constitui um
importante passo com rumo à integração já que limpa várias das
exigências feitas pelos 27 ao governo da Turquia.
58
por cento do eleitorado turco aprovou em referendo, entre outros, a
eliminação do fator militar da Constituição e a ampliação dos direitos
de setores desfavorecidos.
Recep
Tayyip Erdogan, premiê de Turquia, celebrou a aprovação das emendas por
considerar que as mesmas fazem o país transpassar o limiar para uma
democracia avançada com o olhar no Occidente.
O
chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, estimou que a consulta foi
extremamente positiva e demonstrou o compromisso modernizador e a
vocação europeísta da Turquia.
Moratinos confiou em que no futuro sejam superadas as reticências de alguns membros da UE com respeito à incorporação plena.
Mas
para promover a abertura das negociações previstas para 2014 sobre a
eventual entrada da Turquia, o grupo comunitário impõe ainda outras
condições.
O
presidente da Comissão Européia, José Manuel Durao Barroso, assinalou
diferenças culturais e uma mudança de atitude para esse país como
obstáculos que frustram as ambições turcas de unir ao bloco.
A
inserção dessa nação, que tem na UE a seu principal sócio comercial
desde o estabelecimento da união alfandegária em 1996, volta a preocupar
os países comunitários, colocados face à polêmica.
Supostas
violações dos direitos humanos e atritos com Chipre, um membro da UE
que Turquia não reconhece, contam entre os desafios que deverá superar
Ancara
De
qualquer forma, a UE não é alheia às transformações internas que têm
lugar nesse país, as que fortalecem seu papel geopolítico a nível
regional com uma significativa influência econômica.
Segundo
fontes oficiais, os empresários turcos controlam na Europa empresas e
fábricas que somam um total de 500 mil empregados cujas faturações
rondam os 51 milhões de dólares.
A
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico prevê que
para o ano 2050 Turquia, que cresce a um ritmo de cinco por cento ao
ano, ocupará o segundo lugar entre as economias européias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário