Cerca de 30 mil estudantes universitários participaram, quarta-feira, de uma paralisação nacional e de marchas de protesto na capital Santiago e em diversas outras cidades chilenas. Os sindicatos dos servidores públicos, dos professores e reitores das universidades somaram-se aos protestos contra o modelo privatizador do governo Piñera. Em Santiago, os carabineros reprimiram manifestação em frente ao palácio presidencial. Segundo a Unesco, o Chile é a única nação do mundo com uma educação superior quase inteiramente privatizada.
Enrique Gutiérrez - La Jornada via Carta Maior
Federações universitárias chilenas
realizaram quarta-feira uma paralisação nacional. Milhares de estudantes
se manifestaram pelas ruas de Santiago e de outras cidades do país,
apoiados por autoridades acadêmicas e professores, contra o modelo
privatizador na educação, por uma mudança estrutural no setor e maior
acesso ao ensino superior.
Estima-se que ao menos 30 mil universitários participaram das marchas de protesto pelo centro da capital e em cidades como Talca, Valparaíso, Concepción, Temuco, La Serena, Coquimbo, Valdivia e Puerto Montt, em mobilizações onde só se registraram alguns incidentes isolados. As autoridades policiais informaram que algumas pessoas foram detidas, sem precisar o número.
Em Santiago, a marcha foi realizada pacificamente e, somente no final, houve distúrbios em frente ao Ministério da Educação, a uma quadra do palácio presidencial de La Moneda, quando um grupo de jovens encapuzados tentou bloquear o tráfego de veículos em ruas próximas ao local. A polícia militarizada dos Carabineiros interveio com jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo.
O Colégio de Professores e a Associação Nacional de Funcionários Fiscais se somaram à manifestação de protesto, encabeçada pelos dirigentes da Confederação de Estudantes do Chile e pelos reitores da Universidade de Santiago, Manuel Zolezzi, e da Universidade Tecnológica Metropolitana, Luis Pinto. O reitor Zolezzi declarou que as reivindicações que os estudantes levantam agora são coerentes com o que ele vem defendendo há cinco, seis anos. Por isso, disse, “me parece legítimo acompanhá-los já que tomaram as mesmas bandeiras que sustentei por muito tempo, por uma educação pública de qualidade, justa e equitativa”.
Os dirigentes da Universidade do Chile, Camila Vallejos, e da Universidade Católica, Giorgio Jackson, expressaram sua satisfação com a convocatória que atraiu a milhares de manifestantes para exigir o regresso à educação superior ampliando o acesso a jovens de baixa renda e que se estabeleçam limitações às universidades privadas para impedir que sejam apenas um negócio.
Vallejo assinalou que “nossas demandas seguem sendo transversais, como foi o 12 de maio – dia de outra grande mobilização nacional -, a população nos apoia, acreditando que é necessário avançar no quê estamos pleiteando porque a educação é um direito e tem que ser garantida como tal, razão pela qual não vamos negociar com essa questão”.
Jackson, dirigente da Federação de Estudantes da Universidade Católica, comemorou a recepção ao chamado pela reforma completa do sistema. “Viemos dizer ao ministro que nós, que viemos para essa luta, não somos os privilegiados de sempre, mas sim que estamos fazendo um movimento amplo”.
Nos últimos anos, os estudantes chilenos têm denunciado a falta de financiamento para as universidades públicas, assim como a escassa regulação nas universidades privadas. Nestas últimas, sustentam, os currículos são deficientes, existe uma alta evasão escolar e a prioridade é somente a rentabilidade econômica.
Os dirigentes universitários têm insistido com as autoridades que o problema tem origem no período da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990), quando o regime militar impôs uma drástica redução dos recursos às universidades e promoveu uma ampla privatização do setor.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Ciência, a Educação e a Cultura (Unesco), o Chile é a única nação do mundo com uma educação superior considerada quase inteiramente privatizada, pois é toda paga e os estudantes dos setores mais pobres da população só podem ter acesso a ela por causa dos altos impostos.
As universidades tradicionais que tem a melhor docência e pesquisa no Chile estão há muitos anos esperando um tratamento justo e equitativo das autoridades. Não queremos seguir esperando enquanto se frustram os sonhos e ideais de gerações inteiras de chilenos, declarou o reitor da Universidade do Chile (estatal), Víctor Pérez Vela. “É por isso que estamos exigindo que haja seriedade, transparência e que termine o lobby obscuro que utiliza recursos de todos os chilenos, sem fiscalização alguma, para melhorar o negócio de algumas novas universidades privadas”.
Por outro lado, permanece hospitalizado em coma induzido Luciano
Pitronello Schufenneger, de 22 anos, um jovem supostamente vinculado a um grupo anarquista que perdeu as mãos na explosão de uma bomba que tentava colocar em uma agência bancária, em Vicuña Mackenna, em Santiago.
Enquanto isso, o legisla uruguaio Hugo Rodríguez reconheceu que a análise que realizou das causas da morte de Salvador Allende foi especulativa, porque ele não viu as lesões que o ex-presidente chileno sofreu e só teve acesso ao informe da primeira autópsia. “A única coisa que sustento é que, se o informe da autópsia corresponde à realidade, há duas lesões de armas bem diferentes. Mas isso eu não sei porque não vi as lesões e nem sequer há fotografias”, assinalou.
Rodríguez disse ainda ao diário Las Últimas Noticias que não apontou quantos tiros Allende recebeu e em que circunstâncias. “Disse que, a ser correta a informação exposta, encontramos dois padrões de armas e lesões diferentes”. Essa análise, apresentada em um programa de televisão, provocou mal estar na família de Allende.
Tradução: Katarina Peixoto
Estima-se que ao menos 30 mil universitários participaram das marchas de protesto pelo centro da capital e em cidades como Talca, Valparaíso, Concepción, Temuco, La Serena, Coquimbo, Valdivia e Puerto Montt, em mobilizações onde só se registraram alguns incidentes isolados. As autoridades policiais informaram que algumas pessoas foram detidas, sem precisar o número.
Em Santiago, a marcha foi realizada pacificamente e, somente no final, houve distúrbios em frente ao Ministério da Educação, a uma quadra do palácio presidencial de La Moneda, quando um grupo de jovens encapuzados tentou bloquear o tráfego de veículos em ruas próximas ao local. A polícia militarizada dos Carabineiros interveio com jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo.
O Colégio de Professores e a Associação Nacional de Funcionários Fiscais se somaram à manifestação de protesto, encabeçada pelos dirigentes da Confederação de Estudantes do Chile e pelos reitores da Universidade de Santiago, Manuel Zolezzi, e da Universidade Tecnológica Metropolitana, Luis Pinto. O reitor Zolezzi declarou que as reivindicações que os estudantes levantam agora são coerentes com o que ele vem defendendo há cinco, seis anos. Por isso, disse, “me parece legítimo acompanhá-los já que tomaram as mesmas bandeiras que sustentei por muito tempo, por uma educação pública de qualidade, justa e equitativa”.
Os dirigentes da Universidade do Chile, Camila Vallejos, e da Universidade Católica, Giorgio Jackson, expressaram sua satisfação com a convocatória que atraiu a milhares de manifestantes para exigir o regresso à educação superior ampliando o acesso a jovens de baixa renda e que se estabeleçam limitações às universidades privadas para impedir que sejam apenas um negócio.
Vallejo assinalou que “nossas demandas seguem sendo transversais, como foi o 12 de maio – dia de outra grande mobilização nacional -, a população nos apoia, acreditando que é necessário avançar no quê estamos pleiteando porque a educação é um direito e tem que ser garantida como tal, razão pela qual não vamos negociar com essa questão”.
Jackson, dirigente da Federação de Estudantes da Universidade Católica, comemorou a recepção ao chamado pela reforma completa do sistema. “Viemos dizer ao ministro que nós, que viemos para essa luta, não somos os privilegiados de sempre, mas sim que estamos fazendo um movimento amplo”.
Nos últimos anos, os estudantes chilenos têm denunciado a falta de financiamento para as universidades públicas, assim como a escassa regulação nas universidades privadas. Nestas últimas, sustentam, os currículos são deficientes, existe uma alta evasão escolar e a prioridade é somente a rentabilidade econômica.
Os dirigentes universitários têm insistido com as autoridades que o problema tem origem no período da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990), quando o regime militar impôs uma drástica redução dos recursos às universidades e promoveu uma ampla privatização do setor.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Ciência, a Educação e a Cultura (Unesco), o Chile é a única nação do mundo com uma educação superior considerada quase inteiramente privatizada, pois é toda paga e os estudantes dos setores mais pobres da população só podem ter acesso a ela por causa dos altos impostos.
As universidades tradicionais que tem a melhor docência e pesquisa no Chile estão há muitos anos esperando um tratamento justo e equitativo das autoridades. Não queremos seguir esperando enquanto se frustram os sonhos e ideais de gerações inteiras de chilenos, declarou o reitor da Universidade do Chile (estatal), Víctor Pérez Vela. “É por isso que estamos exigindo que haja seriedade, transparência e que termine o lobby obscuro que utiliza recursos de todos os chilenos, sem fiscalização alguma, para melhorar o negócio de algumas novas universidades privadas”.
Por outro lado, permanece hospitalizado em coma induzido Luciano
Pitronello Schufenneger, de 22 anos, um jovem supostamente vinculado a um grupo anarquista que perdeu as mãos na explosão de uma bomba que tentava colocar em uma agência bancária, em Vicuña Mackenna, em Santiago.
Enquanto isso, o legisla uruguaio Hugo Rodríguez reconheceu que a análise que realizou das causas da morte de Salvador Allende foi especulativa, porque ele não viu as lesões que o ex-presidente chileno sofreu e só teve acesso ao informe da primeira autópsia. “A única coisa que sustento é que, se o informe da autópsia corresponde à realidade, há duas lesões de armas bem diferentes. Mas isso eu não sei porque não vi as lesões e nem sequer há fotografias”, assinalou.
Rodríguez disse ainda ao diário Las Últimas Noticias que não apontou quantos tiros Allende recebeu e em que circunstâncias. “Disse que, a ser correta a informação exposta, encontramos dois padrões de armas e lesões diferentes”. Essa análise, apresentada em um programa de televisão, provocou mal estar na família de Allende.
Tradução: Katarina Peixoto
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