Vivian Virissimo
Marcada para a próxima terça-feira (28), a eleição para a diretoria
do Cpers acontece em meio a um contexto decisivo para os
professores. Centrada em torno de temas historicamente caros para a
categoria, como melhoria de salários, plano de carreira e alteração na
previdência, a disputa mobiliza três chapas.
A atual líder da entidade, Rejane de Olveira, a ex-presidente Simone
Goldschmidt, ambas ligadas ao PT, e Luiz Afonso Medeiros, ligado ao PDT,
disputam o voto do magistério. O Sul21 encaminhou, por e-mail, seis perguntas para os três candidatos.
Rejane de Oliveira
Chapa 1: “Em frente: para manter e conquistar”
Qual sua posição sobre as alterações na previdência estadual,
previstas no pacote encaminhado pelo governador Tarso Genro à
Assembleia?
Nós não concordamos, pois as mudanças visam solucionar os ditos
problemas financeiros do Estado, retirando direitos dos servidores. Mais
uma vez, é sobre os ombros dos trabalhadores que querem jogar os
alegados problemas.
Que tipo de repercussão uma mudança no plano de carreira dos
professores terá para a categoria e para a melhoria da qualidade do
ensino?
Nós defendemos o atual plano de carreira. Ele tem avaliação interna,
valoriza a habilitação e a experiência, esta por meio dos triênios. Além
disso, não podemos cegar os olhos para o que está acontecendo. O
governo tem que cumprir a lei do piso nacional, porém alega dificuldades
financeiras. Faz fortes movimentos para reduzir os gastos com os
trabalhadores, como cortar o pagamento das RPVs, aumentar a contribuição
para a previdência. Ora, neste contexto, mexer no plano de carreira
pode significar a perda de boa parte do que conquistamos com o Piso
Nacional. E não pode haver melhoria na qualidade de ensino se o estado
continuar fechando cada vez mais as torneiras para os educadores. O
governador Tarso se comprometeu, tanto no debate entre os candidatos
como na negociação com o CPERS em não mexer no plano. Agora vamos ver se
é um governador que tem palavra, ou não.
O governador sinaliza com a implantação de um sistema de avaliação dos professores. Qual é sua opinião?
O que não concordamos é que se possa fazer avaliação do educador
apenas a partir dos resultados dos alunos. Mesmo pública, uma escola da
periferia não tem as mesmas condições de outra em bairro de classe
média. Não podemos admitir que professores e funcionários de escola que
já sofrem mais para educar em comunidades socialmente vulneráveis venham
ser penalizados pelo baixo desempenho que possa ter uma comunidade
exposta, por exemplo, a drogas e violência. Não basta dar um giz e um
quadro negro para que os educadores mudem a realidade das pessoas. É
preciso um bom projeto político pedagógico e formação continuada. É
necessário estruturar as escolas, dando condições para a aprendizagem e
para o trabalho. Tem que haver bons laboratórios, bibliotecas com acervo
adequado, material pedagógico, além de salário digno para que os
educadores possam acessar a internet, comprar revistas, livros, jornais e
não tenham que trabalhar em três turnos para sobreviver.
Sobre o cumprimento da lei do piso nacional do magistério,
quais poderiam ser as estratégias adotadas pelo sindicato para
consolidar este direito?
Lei não é só para o povo cumprir. Os governantes também estão
sujeitos. Aqui no Rio Grande do Sul fizemos a primeira greve do País em
defesa do piso. E é assim, na luta, que garantiremos sua implantação.
Vamos continuar cobrando do governo a imediata implantação do piso, ao
mesmo tempo em que lutamos contra toda e qualquer retirada de direitos.
Qual deve ser a postura do Cpers em relação à Secretaria da Educação e ao governo estadual?
O CPERS deve ter a mesma postura que teve com governos anteriores: de
independência, lutando por uma educação pública de qualidade e
colocando sempre professores e funcionários de escola em primeiro lugar.
Por fim, que análise se pode fazer da conjuntura atual da educação pública no Rio Grande do Sul?
Não é possível falar em educação de qualidade sem investimento na
escola pública, valorização profissional – que passa pela implementação
do piso nacional – projeto político pedagógico debatido com a comunidade
escolar, condições de trabalho e formação continuada. A educação
precisa de investimentos urgentes e não de cortes. Já está provado que
poupar, cortando da educação, só atrasa o estado. Mas, infelizmente, as
propostas apresentadas até aqui pelo atual governo sinalizam para a
tentativa de reduzir direitos dos educadores, já que o estado terá que
cumprir a lei do piso. Nós lutaremos para que seja implementada a lei do
piso para professores e funcionários de escola sem que sejam retirados
direitos dos educadores.
Simone Goldschmidt
Chapa 2: “Unidos pela Educação”
Qual é sua posição sobre as alterações na previdência estadual previstas no Pacote do governo Tarso?
Não concordamos. A transferência de responsabilidade do pagamento das
aposentadorias dos novos servidores para um fundo de previdência
capitalizado não garante nada. Além disso, entendemos que alíquota
diferenciada é inconstitucional. Os servidores que teriam descontos de
16,5% em seu salário poderiam derrubar facilmente a decisão na Justiça.
Que tipo de repercussão uma mudança no plano de carreira dos professores terá para a categoria e para a qualificação do ensino?
Não propomos e não estamos discutindo mudanças no plano de carreira.
Queremos a implantação da lei do piso, que envolve aumento salarial, um
terço da carga horária dedicada ao planejamento, além de investimentos
na área da educação. Não temos dúvidas que essas ações qualificariam a
educação no Rio Grande do Sul e no Brasil.
O governo sinaliza com a implantação de um sistema de avaliação dos professores. Qual é sua opinião?
Não temos problemas com avaliação, mas é preciso refletir sobre os
objetivos da avaliação. Se for para valorizar, investir e melhorar as
condições de trabalho, podemos realizar um extenso debate sobre o tema.
Mas, temos que lembrar que nosso plano de carreira já nos avalia. Sendo
assim, basta levar a sério esse instrumento. Se a ideia é avaliar para
demitir ou dar prêmios uma vez por ano, somos totalmente contrários. Os
prêmios não são salários, não contam para aposentadoria e servem somente
para governos “fazerem de conta” que usam os 60% dos recursos do FUNDEB
que deveria ser utilizado para pagamento de pessoal.
Sobre o cumprimento da lei do piso nacional, quais poderiam
ser as estratégias adotadas pelo sindicato para consolidar esse direito?
Foi aprovado na assembleia do CPERS que o sindicato buscasse negociar
com o governo um calendário de implantação do piso. Porém, a atual
direção não encaminhou nenhuma proposta. Temos que, primeiramente,
buscar nossa reivindicação através do diálogo. Caso não surta efeito,
temos várias formas de fazer pressão em favor da categoria. Hoje, vários
estados brasileiros (Alagoas, Amapá, Minas Gerais, Santa Catarina,
Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Sergipe) estão em greve pelo
cumprimento do piso. Afinal, ele é garantido por lei e, inclusive, já
foi confirmado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Qual deve ser a postura do CPERS em relação ao Governo do Estado e à Secretaria de Educação?
Uma postura completamente independente e crítica, mas com respeito e
busca de negociação para avanços da categoria e da educação. Quando o
diálogo não for possível, intensifica-se a mobilização. A pressão tem
que vir pela capacidade de aglutinação de forças, com uma intensa
valorização da base.
Qual é a análise que se pode fazer da conjuntura atual da educação pública no RS?
A educação, não só no Rio Grande do Sul como no País, sofre as
consequências de décadas de descaso. Vemos falta de professores em
escolas, muitos contratos emergenciais, necessidade de concursos
públicos, além de precariedade na estrutura física de instituições de
ensino. Nós exigimos que os governos invistam fortemente na área para
que tenhamos uma educação qualificada e que nos deixe orgulhosos de
dizermos que somos professores.
Luiz Afonso Medeiros
Chapa 3: “Muda Cpers – Educação Já”
Qual é sua posição sobre as alterações na previdência estadual previstas no Pacote do governo Tarso?
Somos radicalmente contra o pacote. Consultados que fomos por nosso
partido sobre nossa posição em relação ao pacote informamos da nossa
posição e sugerimos que o PDT aproveitasse a ocasião para abandonar a
base de apoio do governo, pois este pacote fere o compromisso do PDT em
relaçao a defesa dos funcionários públicos.
Que tipo de repercussão uma mudança no plano de carreira dos professores terá para a categoria e para a qualificação do ensino?
Somos a favor da implantação imediata do piso nacional, ele junto com
nosso plano de carreira garantirão uma inegável melhoria na auto-estima
do professor e com certeza isto na qualidade do ensino no nosso Estado.
O governo sinaliza com a implantação de um sistema de avaliação dos professores. Qual é sua opinião?
Nós educadores não podemos ter preconceito contra avaliação, pois
isto é um dos nossos fundamentos profissionais. Da mesma forma que
avaliamos nossos alunos não podemos ter receios de sermos avaliados.
Sobre o cumprimento da lei do piso, quais poderiam ser as estratégias adotadas pelo sindicato para consolidar esse direito?
O piso nacional é uma lei de autoria do senador Cristóvam Buarque, o Coordenador Nacional do Educaçao Já, nosso movimento,
vamos com a sua força e credibilidade e nossa histórica tradição de mobilização e luta pressionar o governo Tarso a cumprir sua palavra empenhada na campanha eleitoral.
vamos com a sua força e credibilidade e nossa histórica tradição de mobilização e luta pressionar o governo Tarso a cumprir sua palavra empenhada na campanha eleitoral.
Qual deve ser a postura do CPERS em relação ao Governo do Estado e à Secretaria de Educação?
De absoluta independência, com capacidade de diálago e firmeza na defesa dos nossos interesses.
Qual é a análise que se pode fazer da conjuntura atual da educação pública no RS?
Temos tudo neste momento para darmos um salto de qualidade na
educação pública do nosso Estado. Até porque os atuais dirigentes
educacionais têm postura e prática democrática. O governo anterior,
especialmente no período em que a secretaria foi dirigida de forma
autoritária, prepotente e tecnocrática, a partir de falsas premissas e
conceitos, retrocedeu. A substituição da então secretaria mostrou o
equívoco do governo em patrocinar este método de gestão, que só angariou
antipatias, críticas e mal estar entre nós educadores, este período
rivalizou com um período até hoje é abominado por todos os educadores
que foi o periodo do calendário rotativo, de triste memória a todos
professores e comunidade escolar.
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