Escrito por Raymundo Araujo Filho no CORREIO DA CIDADANIA |
É fato que a chamada Revolução Verde na Agricultura (só se for do
dólar...) foi iniciada no estado do Rio Grande do Sul e espalhada dali
para o Brasil, através de movimentos migratórios pela fronteira oeste
até o Acre, já tendo presença marcante no Amapá, Roraima e toda a região
Norte, avançando no sul maranhense e Piauí, principalmente, além do
Centro-Oeste brasileiro e demais estados do Sul. Sua predatória presença
é menos sentida no Sudeste, tendo São Paulo experimentado o estilo
predador através de sua própria gente e empresários de fora,
expandindo-a para Minas (hoje não mais resistente). No Rio de Janeiro e
Espírito Santo persiste fraca vocação agropecuária (sendo importadores
de alimentos), apesar de seus inúmeros microclimas, enormes áreas de
serra e várzea e vasta região litorânea.
Mas, foi ali na região dos Pampas que as corporações do agronegócio
predador aportaram fortemente, com sua laia de indústrias de venenos
agrícolas e para animais, rações industriais, fertilizantes,
sanitizantes e toda a sorte de combinações esdrúxulas destas drogas e
venenos, com mau manejo agrícola e animal, persistindo monoculturas e
gado extensivo ou confinado, opções equivocadas frente ao
semi-intensivismo.
Dali emanaram os tais “sistemas integrados” entre o produtor e os
moinhos, abatedouros ou indústrias transformadoras de alimentos, sendo o
produtor praticamente escravizado pelo sistema de plantio ou criação
determinado pelo complexo do agronegócio, com seus pacotes avalizados e
financiados com dinheiro público de fundos de longa amortização ou mesmo
fundo perdido.
Mas, dialeticamente, foi aquele estado, junto com o Rio de Janeiro
(Coonatura, com Paulo Aguinaga e Tuíca à frente), que nos proporcionou a
vanguarda da genuína e não empresarial Agropecuária Ecológica com a
Cooperativa COOLMÉIA, com Nelson Diehl e Glaci Alves à frente (entre
outros), apoiados sempre pelos eméritos professores José Lutzemberg (“in
memorian”), o engenheiro florestal Sebastião Pinheiro e com grande
labor de agricultores como Jaime Carvalho, Roberta Coimbra, a família
Primel, Schimidth (do município de Feliz, na Serra Gaúcha), entre outros
de valorosa estirpe (a quem aqui homenageio).
No entanto, o sistema internacional atua em uma espécie de
auto-regulação internacional, onde a guerra comercial e de conquista de
mercados se dá através da rapinagem econômica e sabotagens tecnológicas.
A Granja Guanabara, na Raiz da Serra, no Rio de Janeiro, ainda na
década de 60 tinha forte iniciativa na independência genética de aves
(frangos e galinhas), e foi asfixiada economicamente e vendida para um
grupo estrangeiro. Depois, temos o relato de como se destruiu o seu
acervo, substituindo-o por matrizes híbridas de compra obrigatória e
eterna aos EUA.
No mesmo ano do relato acima sobre a Granja Guanabara, 1976, Santa
Catarina se sobressaía como possuidora de uma forte inserção no mercado
de Suínos, voltado para o Consumo Interno, com raças mistas e
autóctones, sem compra significativa de Matrizes Genéticas
Internacionais (Landrace, Large White, Duroc e outras) e, é verdade,
ainda com baixa sistematização e produtividade, a Suinocultura
Brasileira sofreu um ato de Rapinagem Biológica Internacional, com a
introdução da Peste Suína Africana, causando uma histeria pré-fabricada,
com a dizimação de rebanhos inteiros, destruindo a estrutura vigente
(que estava pronta para ser alavancada por um projeto Autóctone),
suspendendo QUASE TODAS as Feiras Agropecuárias e Encontros
Agropecuários do país, até 1978 ou 79.
Assim, os Agentes do Agronegócio, no seu braço Industrial Exportador,
visando apropriarem-se de toda a estrutura e recursos humanos
existentes (então à míngua), apresentaram-se, com o beneplácito dos
governos, Agências de Fomento Técnico e Econômico perfeitamente
concatenadas entre si, propondo o Sistema Integrado Industrial,
praticamente colocando os produtores como executores de um Sistema em
que não têm a menor capacidade de intervenção e nem controle do Fluxo de
Capitais (custeio e investimento), e nem tampouco algum Poder de
Intervenção na Formulação de Preços oferecidos aos seus produtos
terminados, tendo contra si TODAS as cláusulas possíveis, caso não
cumpram as metas estabelecidas, à sua revelia.
Este modelo, na verdade focado na venda de Fertilizantes e Venenos,
tendo o Produto Final apenas como arremate econômico do Sistema
Agroindustrial Monopolista, tornou-se o Modelo hoje fartamente
hegemônico entre nós, que nos coloca como grande produtor mundial de
grãos e carnes, como o MAIOR CONSUMIDOR MUNDIAL de Fertilizantes, Drogas
e Venenos. Para onde vão estas substâncias?
No início dos anos 90, inicia-se a introdução ilegal no Brasil, dos
Transgênicos. Por onde? Pelas fronteiras do RS com a Argentina (na época
a vanguarda dos Transgênicos na América do Sul), com uso de venenos da
Monsanto Co., importados ilegalmente, do Paraguai.
Os governos FHC e Lulla foram complacentes com esta iniciativa e,
após forte traição eleitoral, finalmente Lulla legaliza o ilegal,
regulamentando os Transgênicos. Era um grande passo para a dominação
tecnológica de nossas sementes e agricultura.
Em seguida, vemos tentativas de introdução de disseminação de doenças
em animais, a partir de “cochilos” de nossa Vigilância Sanitária,
solapada por Sarney, quase extinta por Collor, manipulada por FHC e
praticamente “largada de mão” por Lulla. Tivemos a retirada de Santa
Catarina do “status” de área livre de aftosa Sem Vacinação e do RS e PR
de livre de aftosa Com Vacinação. Foram suspensas, como até hoje,
exportações principalmente para Rússia. Era a Guerra Econômica por
Mercados, com suas armas biológicas sendo utilizadas.
A Síndrome da Encefalopatia Espongiforme Bovina (Vaca Louca) e Gripe
Aviária foram episódios que derrubaram países produtores no mercado, em
alguns casos, penso eu ter sido possível, como a Inglaterra, com
beneplácito do governo, favorável a um “tranco de arrumação” de sua
oferta mundial de carne bovina, não muito vantajosa para o país (segundo
eles), naquele momento de forte alinhamento com os EUA.
E aí veio a Gripe Suína, provocada pelo escape de um vírus produzido
em determinada fazenda dos EUA e espalhando-se deleteriamente, em poucos
dias, por mais de 1600 Km2 no México (e depois pelo mundo), que acabara
de aderir a ALCA, dizimando o Parque Suíno Mexicano, passando este país
a importar matrizes dos EUA, exatamente como faz hoje a terra de Pancho
Villa, do EZLN e do Comandante Marcos, conhecido pelas suas comidas a
base de Milho-MAIZ (mais de 40 variedades “crioulas”) , tomado pelos
Transgênicos da Monsanto e Novartis Co.
Foi um Deus nos acuda, com forte terrorismo midiático, mas com
descobertas como a que o único remédio disponível no mercado (TAMIFLU)
tem como base de sua fórmula o Illicium verum (Aniz Estrelado), planta
esta que tem 90% de sua Produção Mundial comprada pelo Laboratório
Roche, dono da patente TAMIFLU. Consta que, na época Lab. Roche andava
muito mal das pernas, pela “crise” internacional das Bolhas
Especulativas. Enquanto centenas de milhares de pessoas no mundo caíram
de cama, por causa da artificialmente criada Gripe Suína, o Lab. Roche
levantou-se de seu estado comatoso...
Agora, em sua ida à China para reclamar do protecionismo Chinês, a
presidente DiLLma, entre pífios acordos comerciais, sem nenhuma
transferência de tecnologia chinesa para nosotros, e com envio de
fábrica da EMBRAER para lá (para ser clonada em 5 anos), canta como
vitória o acordo de exportação de Suínos para o país de Fuman Chu.
Escrevi, imediatamente, um comentário, onde eu denunciava que esta
iniciativa apenas iria encarecer a Carne Suína aqui no Brasil, além de
proletarizar ainda mais (no mau sentido) o Produtor Rural Brasileiro,
mantido “vivo sob aparelhos” com dois anos de lucros por quatro de
prejuízos na atividade integrada da Suinocutura (assim como na da
criminosa Cultura Fumageira, entre outras).
Mas ainda não havia despontado o aspecto mais cruel desta iniciativa.
Refiro-me à combinação existente entre nós de total desmonte das
Vigilâncias Sanitárias, que está muito aquém de nossas necessidades, com
nuances aqui e ali mais satisfatórias, associado ao Sistema
Agroindustrial Contaminante com Drogas, Venenos e Fertilizantes
Industriais, que permitem neste momento um novo “surto” de gripe Suína
(talvez inoculada criminosamente), que já vitimou 9 Brasileiros. Onde?
No Rio Grande do Sul, é lógico!
Urge o Combate ao Modelo do Agronegócio!
Urge o Fortalecimento da Agropecuária Ecológica!
Urge a Reforma Agrária!
P.S: Agronegócio que se empana para dizer que produz
32% dos empregos do país, no Campo, emprega apenas 2,5 Trabalhadores
por cada 400 hectares. A Agropecuária Familiar dá ocupação e Renda para 4
pessoas a cada 30 hectares, em média.
Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e sabe que “O Que ERA do Homem, o Bicho Não COMIA”!
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Gripe suína e pirataria biológica
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