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terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Superflex lança cerveja "pública"



free-beer.jpg FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma nova marca de cerveja é lançada, hoje, na galeria Vermelho: a Free Beer. Entretanto, ao contrário das marcas tradicionais, que tratam como segredo de Estado a receita de suas bebidas, no próprio rótulo da Free Beer está estampada sua receita.
A Free Beer é a nova ação do coletivo dinamarquês Superflex, composto por Bjornstjerne Reuter Christiansen, Jakob Fenger e Rasmus Nielsen. No ano passado, o grupo trouxe polêmica à 27ª Bienal de São Paulo com o Guaraná Power, censurado pela presidência da instituição, que afirmou que não se tratava de uma obra de arte. Apesar do veto, o Guaraná Power, feito em colaboração com a Cooperativa de Agricultores da Região de Maués, na Amazônia, chegou a ser distribuído em museus e na própria Vermelho, durante a Bienal.
"Agora estamos propondo uma marca aberta e, nesse sentido, sugerimos um novo modelo econômico, que permite a qualquer um produzir e distribuir cerveja, a partir de uma receita que é pública, além de criar consumidores não obedientes, como gosta o mercado", conta Fenger.

"Free software"
A Free Beer surgiu em 2004, numa parceria com estudantes da Universidade de Copenhague. "Buscamos transferir os princípios do software livre para algo físico, e a cerveja se tornou um bom exemplo", conta Nielsen. "Por isso, a Free Beer tem sido comparada ao Linux [sistema operacional gratuito] e à Wikipedia", diz o artista.
Quem quiser produzir e comercializar a Free Beer pode baixar do site www.freebeer.org a logomarca da cerveja, de forma gratuita. "Já há Free Beer sendo produzida na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Dinamarca e até na República Tcheca", afirma Fenger.
Fonte original: FolhaOnLine

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A importância dos desimportantes



Frei Betto

Em tempos pré-natalinos, em que autores plagiam Voltaire e apregoam que Deus não passa de um delírio de nossas mentes, vale recordar o que disse Dostoiévski no século XIX: “Ainda que me provassem que Jesus não estava com a verdade, eu ficaria com Jesus”.

Jesus teve muito pouca importância para a sua época, exceto para o pequeno grupo de seus discípulos. Era um homem destituído de valor agregado. Agrega-se valor a uma pessoa a função que ela ocupa (vide os políticos), os bens que ela porta (vide os ricos), os títulos que ela ostenta (vide os nobres e os acadêmicos), o lugar de origem (nascer em Paris ou Nova York soa melhor a certos ouvidos do que nascer em Santana do Capim Seco).

Em tempos de outrora, o lugar de origem fazia às vezes de sobrenome. Os evangelhos referem-se a Jesus de Nazaré. Que valor tinha Nazaré, cidade ao sul da Galiléia? Era uma pequena aldeia camponesa com população em torno de 200 a 400 habitantes. Ali se cultivavam oliveiras, vinhas e grãos, como trigo e cevada. Suas casas eram de pedras brutas empilhadas umas nas outras, revestidas de argila ou lama, e até mesmo esterco misturado com palha para favorecer o isolamento térmico.

A existência de Nazaré jamais foi mencionada pelos rabinos judaicos na Mixná ou no Talmude, embora eles listem 63 outras cidades da Galiléia. O historiador judeu Flávio Josefo, do século I, cita 45 localidades da Galiléia, e Nazaré não aparece. Assim como não figura em todo o Antigo Testamento. O catálogo bíblico das tribos de Zebulon enumera 15 localidades da Baixa Galiléia, próxima a Nazaré, mas esta não é citada (Josué 19,10-15).

Nazaré era um lugar tão insignificante que Natanael, convidado a se tornar discípulo “daquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré”, indaga com ironia: “De Nazaré pode sair algo de bom?” (João 1, 45-46).

Nazaré dista pouco menos de 7 km de Séforis, que foi capital da Galiléia antes de Herodes Antipas construir sua Brasília da época em homenagem ao imperador Tibério César: Tiberíades, à margem do lago da Galiléia. É provável que José e seu filho Jesus tenham trabalhado nas edificações de Séforis e Tiberíades. É curioso constatar que Jesus jamais pisou nesta última cidade, embora fosse visto com freqüência em outras localidades à beira do lago, como Cafarnaum. Talvez a ostentação da capital da Galiléia lhe causasse repulsa.

A própria família de Jesus não o via com bons olhos, como acontece em relação aos filhos que fogem às previsões paternas. Segundo Marcos (3, 19-21), quando Jesus voltou para casa, “a multidão se apinhou, a ponto de não poderem se alimentar. E quando os seus tomaram conhecimento disso, saíram para detê-lo, porque diziam “enloqueceu!” Na cultura da época, insanidade e possessão do demônio eram quase sinônimos.

Marcos, o primeiro evangelista, prossegue: “Chegaram então a mãe e seus irmãos e, ficando do lado de fora, mandaram chamá-lo. Havia uma multidão sentada em torno dele. Disseram-lhe: ‘A tua mãe, os teus irmãos e tuas irmãs estão lá fora e te procuram’. Ele perguntou: ‘Quem são minha mãe e meus irmãos?’. E percorrendo com o olhar os que estavam sentados a seu redor, disse: ‘Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe”. (3, 31-35)

A tentativa de difamar Jesus é perene. Em fins do século II, Celso, filósofo grego, escreveu contra o cristianismo em defesa do paganismo: “Imaginemos o que algum judeu – principalmente se filósofo – poderia perguntar a Jesus: “Não é verdade, meu bom senhor, que você inventou a história de seu nascimento de uma virgem para abafar os rumores acerca das verdadeiras e desagradáveis circunstâncias de sua origem? Não é fato que, longe de ter nascido em Belém, cidade real de Davi, você nasceu num lugarejo pobre de uma mulher que ganhava a vida num tear? Não é verdade que quando sua mentira foi descoberta, sabendo-se que fora engravidada por um soldado romano chamado Panthera, seu marido, um carpinteiro, a abandonou sob acusação de adultério? Não é verdade que, por causa disso, em sua desgraça perambulou para longe de seu lar e deu à luz um menino em silêncio e humilhação? Que mais? Não é também verdade que você se empregou no Egito, aprendeu feitiçaria e se tornou conhecido a ponta de agora se exibir entre os seus conterrâneos?”

Estamos a entrar no Advento. Quem esperamos? Um jovem “maluco” oriundo de uma localidade insignificante ou o Deus Salvador? A resposta é simples: basta olhar em volta e indagar-nos que importância damos aos atuais “nazarenos”: sem-terra e sem-teto, oprimidos e encarcerados, funcionários subalternos e pessoas destituídas de valor agregado. Segundo Mateus 25, 31-46, é neles que Jesus quer ser reconhecido, servido e amado. É por eles que Deus Salvador entra em nossas vidas.

Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Querer é mesmo poder?
:: Flávio Gikovate ::

- As pessoas mais persistentes acabam indo mais longe do que aquelas que ora querem uma coisa ora querem outra. Mas não basta ter um projeto em nossa mente para que ele se concretize.

A afirmação “querer é poder” pressupõe a concepção de que a vontade da nossa razão é soberana. Ela admite que basta que nossa mente construa um projeto e passe a perseguir esta meta para que todo o resto do organismo a siga. Assim, as pessoas não alcançariam um determinado resultado, não porque o querer não seja suficiente, mas porque o querer delas não seria bastante forte. Não desprezo, em hipótese alguma, a eficiência da razão e a importância de se querer muito uma coisa ou uma situação, para que se tenha mais chance de chegar lá. Não desprezo também os chamados poderes paranormais da mente, de tal forma que é possível que o “querer muito” abra portas para que um determinado evento aconteça.

Porém, acho fundamental fazermos algumas ressalvas a respeito desse assunto. A primeira delas é que não se deve incluir no “querer” coisas ou atitudes que dependam da vontade de outras pessoas. Por exemplo, posso querer muito ganhar num jogo de bingo domingo no clube. É possível até que a força da minha razão aumente as minhas chances de isto acontecer. Mas não acho que se possa querer muito que uma determinada moça – ou rapaz – passe a se interessar pela gente. Tenho todo o direito de tentar me aproximar das pessoas que despertam em mim a admiração e o interesse. Mas tenho o dever de respeitá-las, de modo que não me resta alternativa senão me afastar quando não encontro reações favoráveis à minha aproximação. Quando se trata dos direitos das outras pessoas, querer não é poder. Não posso dizer: “Tudo o que eu quero eu consigo” quando este “tudo” é um ser humano.

Na realidade, as pessoas sempre tomam o cuidado de querer coisas até certo ponto possíveis. Caso contrário seria óbvio que querer não é poder. Querer ter um helicóptero está longe de adquiri-lo! Agora, as coisas materiais – e outras conquistas que não sejam as de seres humanos – nos chegam mais facilmente quando a queremos com fervor e persistência. Ou seja, as pessoas mais determinadas e que mudam menos de opinião, acabam indo mais longe que aquelas que ora querem uma coisa, ora querem outra. Esta última atitude, que é a mais comum, acaba por provocar uma dispersão de energia psíquica, de forma que é bem menos provável que se atinja resultados muito positivos. É o que se quer transmitir quando se fala da mula que ficou indecisa diante de dois montes de feno. Não sabendo qual dos dois comer, acabou morrendo de fome!

A ressalva mais importante que eu queria fazer é a de que não são raras as situações nas quais se quer muito um determinado resultado, mas não se tem condições emocionais para sustentá-lo. Eu posso querer ser promovido rapidamente para a direção da empresa onde trabalho. Mas é preciso ver se tenho competência emocional para arcar com este grau de responsabilidade e de obrigações. É preciso ver se eu posso assumir o cargo que tanto quero. Se não estiver pronto para ele, isso poderá me pesar tanto que não será incomum que eu venha a ter, por exemplo, minha saúde arruinada. O indivíduo que está numa posição que “quer”, mas não “pode” sofre de insônia, dores de estômago, dores de cabeça fortíssimas, palpitações cardíacas, falta de ar e, em situações extremas, poderá até mesmo chegar a ter um infarto do miocárdio ou um derrame. Estar maduro para assumir uma determinada função significa ter a competência técnica necessária e também estar psicologicamente apto às responsabilidades e tensões próprias daquele cargo.

Existe a possibilidade, portanto, de acontecer que a gente deseje muito uma coisa ou situação e ainda não possa ter ou estar nela. Nesses casos, querer definitivamente não é poder. Será necessário um grande trabalho interior para que se processe o desenvolvimento íntimo que criará as condições para o exercício daquilo que se quer.
A situação mais importante em que isso costuma acontecer é no amor. Muitas pessoas encontram um par com o qual se identificam muito intensamente. Nesses casos, se desenvolve um encantamento amoroso de forte intensidade, coisa que é do enorme agrado da razão. As pessoas assim, apaixonadas, querem muito ficar o tempo todo umas com as outras. Mas começam a ter várias reações emocionais que denunciam que ainda não são competentes para a realização do seu desejo amoroso. Começam a ficar com muito medo de que alguma coisa ruim irá acontecer. Começam a ter ciúmes desproporcionais aos riscos. Começam a procurar pêlo em casca de ovo, ou seja, pretextos menores para justificar a falta de coragem para ficar juntas. Perdem o sono e o apetite, ficam muito nervosas, não pensam em outra coisa, ficam completamente obcecadas pelo assunto e não conseguem se decidir por coisa alguma.
Esses dados indicam que ainda não estão emocionalmente preparadas para uma relação amorosa de grande intensidade. Terão que andar mais devagar e ir se acostumando aos poucos com a nova situação, de modo a um dia estarem em condições de “poder” agir conforme seu “querer”.

Flávio Gikovate é médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.
Conheça o Instituto de Psicoterapia de São Paulo.
Confira o programa "No Divã do Gikovate" que vai ao ar todos os domingos das 21h às 22h na Rádio CBN (Brasil), respondendo questões formuladas pelo telefone e por e-mail gikovate@cbn.com.br
Email: instituto@flaviogikovate.com.br





sábado, 10 de novembro de 2007

EVITE SER TRAÍDO


Arnaldo Jabor


Você, homem da atualidade, vem se surpreendendo diuturnamente com o "nível" intelectual, cultural e, principalmente,"liberal" de sua mulher, namorada etc... Às vezes sequer sabe como agir, e lá no fundinho tem aquele medo de ser traído - ou nos termos usuais - "corneado".
Saiba de uma coisa... Esse risco é iminente, a probabilidade disso acontecer é muito grande, e só cabe a você, e a ninguém mais evitar que isso aconteça - ou então -assumir seu "chifre" em alto e bom som.
Você deve estar perguntando porque eu gastaria meu precioso tempo falando
sobre isso. Entretanto, a aflição masculina diante da traição vem me chamando a atenção já há tempos.
Mas o que seria uma "mulher moderna"?
A principio seria aquela que se ama acima de tudo, que não perde (e nem tem) tempo com/para futilidades, é aquela que trabalha porque acha que o trabalho engrandece, que é independente sentimentalmente dos outros, que é corajosa, companheira, confidente, amante... É aquela que às vezes tem uma crise súbita de ciúmes mas que não tem vergonha nenhuma em admitir que está errada e de correr pros seus braços... É aquela que consegue ao mesmo tempo ser forte e meiga, desarrumada e linda... Enfim, a mulher moderna é aquela que não tem medo de nada nem de ninguém, olha a vida de frente, fala o que pensa e o que sente, doa a quem doer...
Assim, após um processo "investigatório" junto a essas "mulheres modernas" pude constatar o pior.
VOCÊ SERÁ (OU É???) "corno", ao menos que:
Nunca deixe uma "mulher moderna" insegura. Antigamente elas choravam.
Hoje elas simplesmente traem, sem dó nem piedade.
- Não ache que ela tem poderes "adivinhatórios" . Ela tem de saber da sua boca - o quanto você gosta dela. Qualquer dúvida neste sentido poderá levar à s conseqüências expostas acima.
- Não ache que é normal sair com os amigos (seja pra beber, pra jogar futebol) mais do que duas vezes por semana, três vezes então, é assinar atestado de "chifrudo". As "mulheres modernas" dificilmente andam implicando com isso, entretanto, elas são categoricamente "cheias de amor pra dar" e precisam da "presença masculina". Se não for a sua meu amigo... Bem...
- Quando disser que vai ligar, ligue, senão o risco dela ligar pra aquele ex bom de cama é grandessíssimo.
- Satisfaça-a sexualmente. Mas não finja satisfazê-la. As "mulheres
modernas" têm um pique absurdo em relação ao sexo e, principalmente dos 20
aos 38 anos, elas pensam - e querem - fazer sexo TODOS OS DIAS (pasmem, mas é a pura verdade)... Bom, nem precisa dizer que se não for com você...
- Lhe dê atenção. Mas principalmente faça com que ela perceba isso.
Garanhões mau (ou bem) intencionados sempre existem, e estes quando querem são peritos em levar uma mulher às nuvens. Então, leve-a você, afinal, ela é sua ou não é???
- Nem pense em provocar "ciuminhos" vãos. Como pude constatar, mulher insegura é uma máquina colocadora de chifres.
- Em hipótese alguma deixe-a desconfiar do fato de você estar saindo com outra. Essa mera suposição da parte delas dá ensejo ao um "chifre" tão estrondoso que quando você acordar, meu amigo, já existirá alguém MUITO MAIS "comedor" do que você... Só que o prato principal, bem... dessa vez é
a SUA mulher.
- Sabe aquele bonitão que você sabe que sairia com a sua mulher a qualquer hora? Bem... De repente a recíproca também pode ser verdadeira.. Basta ela,
só por um segundo, achar que você merece... Quando você reparar... Já foi.
- Tente estar menos "cansado". A "mulher moderna" também trabalhou o dia inteiro e, provavelmente, ainda tem fôlego para - como diziam os homens de antigamente - "dar uma", para depois, virar de lado e simplesmente dormir.
- Volte a fazer coisas do começo da relação. Se quando começaram a sair viviam se cruzando em "baladas", "se pegando" em lugares inusitados, trocavam e-mails ou telefonemas picantes, a chance dela gostar disso é muito grande, e a de sentir falta disso então é imensa. A "mulher moderna" não pode sentir falta dessas coisas... Senão... Bem amigos, aplica-se, finalmente o tão famoso jargão: "Quem não dá assistência, abre concorrência e perde a preferência".
Deste modo, se você está ao lado de uma mulher de quem realmente gosta e tem plena consciência de que, atualmente o mercado não está pra peixe (falemos de qualidade), pense bem antes de dar alguma dessas "mancadas"...
Proteja-a, ame-a, e principalmente, faça-a saber disso. Ela vai pensar milhões de vezes antes de dar bola pra aquele "bonitão" que vive enchendo-a de olhares... E vai continuar, sem dúvidas, olhando só pra você!!!
"Quem não se dedica, se complica".




quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Simultânea gigante como homenagem
ao Che enxadrista

POR JOSÉ ANTONIO FULGUEIRAS

SANTA CLARA. — Com uma simultânea gigante de xadrez, no parque Leoncio Vidal, os amadores do jogo-ciência honrarão, nesta tarde, 4 de outubro, ao Guerrilheiro Heróico Ernesto Guevara.

Grandes Mestres e Mestres Internacionais da provincia, além de outras, atuarão frente a 1.500 tabuleiros defendidos por alunos da EIDE e da Faculdade de Cultura Física Comandante Manuel Piti Fajardo, escolas de trabalhadores sociais e de arte, e população em geral.

O GM Jesús Nogueiras expressou ao Granma que dedicar-lhe esta simultânea ao Che é o melhor tributo que possa fazer um xadrezista, já que ele vaticinou que em Cuba haveria Grandes Mestres e seriam um fruto da Revolução.

Na quinta-feira, 29 de abril de 2004 foi organizada nesta cidade uma das maiores simultâneas registradas na história do xadrez até esse momento, ao reunir 13.000 tabuleiros frente à Praça Ernesto Che Guevara, na qual participou o presidente Fidel Castro.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Quase


Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Sarah Westphal

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O que se diz e o que não se diz...


Não se deve fazer divisão binária entre o que se diz e o que não se diz; é preciso tentar determinar as diferentes maneiras de não dizer, como são distribuídos os que podem e não podem falar, que tipo de discurso é autorizado ou que forma de discrição é exigida a uns e outros. Não existe um só, mas muitos silêncios e são parte integrante das estratégias que apóiam e atravessam os discursos.
Michel Foucault
Picture by Paul Klee
Copiado de:AmigosDoFreud

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Pobre Pizza! Pobre Assassina!



Florence Carboni

Também nas línguas há injustiça. As palavras são como os seres humanos: nem todas têm os mesmos direitos e deveres. Algumas morrem e são esquecidas; outras sobrevivem, por séculos, na sua sonoridade e significado, intactas ou no corpo de outras palavras. Ao lado dos vocábulos conhecidos e usados apenas pelos membros de uma família, há os que, com algumas variações fonéticas e gráficas, pertencem a quase toda a humanidade, como os italianismos espresso, pizza, spaghetti, allegro, mafia.

Parece até que as línguas e suas palavras possuem vida autônoma quanto aos falantes. Alguns seres humanos temem até mesmo usar certos termos, pois ao pronunciá-los poderiam materializar a realidade que nomeiam – é o caso de demônio, morte, câncer. Muitos vocábulos têm um forte poder performativo: em determinadas situações, dizer é fazer. Assim funcionam a injúria, o agradecimento, as palavras de amor.

São os seres humanos que criam as palavras. Ao interagir entre eles e com a natureza, na sua compreensão do mundo social e natural, nas suas criações estéticas, inventam palavras novas e reutilizam as existentes, mudando ou não seus aspectos fônicos e significados. A sorte de certas palavras depende de como os setores sociais que as forjaram intervêm nas dinâmicas sociais, produtivas e ideológicas.

Palavras ricas e pobres

No Brasil, palavras usadas pelas comunidades nativas se corromperam na língua dos colonizadores: de habitação coletiva, a maloca se transformou em barraca ou bordel; a china, mulher indígena, adquiriu o sentido de "mulher fácil", "meretriz". Ao se alterar o sentido das palavras, ultrajam-se os grupos sociais que as plasmaram nas suas práticas quotidianas, a partir de suas visões de mundo.

A evolução das línguas implica a transformação espontânea e, portanto, involuntária do léxico, no aspecto fônico e no sentido, a ponto de parecer não haver mais rastro da palavra original. Não raro, o motor da transformação léxico-semântica é a vontade de grupos sociais de dominar e manipular outros.

Há palavras que, ao se internacionalizarem e circularem em todas as bocas, ampliam tanto o seu quadro de referência que pouco têm a ver com a realidade que as produziu. Não raro, são nomes de produtos que, vendidos mundialmente, constituem fonte segura de lucros. Do mundo da moda ao das artes, dos alimentos às armas, desde o nascimento do protocapitalismo, um número crescente de bens circula em nível planetário com suas respectivas denominações – café, violino, baioneta, risoto etc.

No mondo dos alimentos, os referentes das palavras se conservam melhor quando se trata de bens de setores sociais com meios para “protegê-los”. Ninguém pode vender um vinho qualquer e chamá-lo Champagne ou Barolo. Ou comercializar um Camembert ou um Parmigiano sem que as denominações se refiram a queijos produzidos em zonas geográficas específicas, com métodos particulares e rígido controle de qualidade. O mesmo não acontece com alimentos nascidos para esfomear as camadas populares e que, sucessos históricos, com os fluxos migratórios, espalham e se tornam famosos no mundo.

Pão, azeite, queijo, tomate e cultura

A palavra pizza é um bom exemplo desse fenômeno, já que tem como referente uma experiência histórica e práticas culturais muito precisas. Segundo os especialistas, a cadeia sonora pizza poderia derivar do latim pinsa, do verbo pinsere – "achatar", "aplainar", do turco ou do árabe pita, que significa pão aplainado, ou também do germânico bizzo, "pedaço". É certo que tem a ver com o termo picea, já usado em Nápoles no ano 1000.

Para alguns, é no ano 1000, para outros, em 1600, que esse produto nasceu, em Nápoles, quando bolachas de pão temperadas eram vendidas por ambulantes. As palavras pizza e picea referiam-se sempre a um prato pobre e simples, preparado com ingredientes baratos: a farinha, o sal, a banha e, a seguir, o azeite de oliva, as ervas aromáticas, o queijo e, mais tarde, o tomate.

A seguir, a palavra adquiriu dimensão universal, devido à dispersão de milhões de italianos no mundo e às suas características de comida relativamente fácil de preparar, nutritiva e gostosa. Apesar das inevitáveis transformações que sofreu, sua difusão permitiu que se propagasse também um modo de ser e de fazer próprio das camadas populares urbanizadas das costas da Campânia, ainda ligadas aos produtos da agricultura, do pastoreio e da pesca. Comer uma pizza era e é também viver uma cultura.

A sociedade mercantil apropriou-se da prestigiosa palavra para fabricar e vender em escala industrial, em fast foods e pizzarias, objeto que, ao abandonar os processos e os ingredientes tradicionais, para produzir lucro fácil, não constitui mais o mesmo produto. Pode apenas abusivamente ser denominado de pizza.

A multiplicação das pizzas

Em cidade do norte do Rio Grande, segui o conselho de duas colegas lingüistas e me aventurei em pizzaria inaugurada havia semanas, ao estilo rodízio, usado por churrascarias que oferecem variados tipos de carnes. O aspecto acolhedor e o pequeno grupo de pessoas que, com uma senha à mão, aguardava uma mesa, era augúrio favorável. Não desanimei sequer com o plástico do copo de cachaça – a excelente aguardente brasileira –, com a qual os clientes aliviavam a espera.

Apenas me sentei, um garçom assaltou-me com uma pizza com corações de galinha. Gosto de corações de galinha, no churrasco. Mas na pizza, não dá! Resolvi esperar a próxima rodada: pizza com strogonoff e batata palha, seguida por pizzas ao milho, ervilhas, brócolis e catupiry, à portuguesa, à mexicana etc. Minhas esperanças renasceram com o anúncio de uma conhecida: pizza “ao peperoni”. Não havia, porém, pimentões na pizza. O nome se devia à presença de salame picante, pois, segundo o garçom, paperoni seria "picante", em italiano!

Após tantos outros sabores, servidos em ritmo acelerado, em intervalos de minutos, que apenas experimentei, pedi timidamente uma margherita. Sem delongas, chegou ao meu prato uma fatia dessa pizza histórica, que procurei saborear com cuidado: senti sobretudo a massa, com gosto de pão de forma, da qual não emergia o sabor do tomate e da mussarela. Do manjericão, nem notícias! Mas juraram que os ingredientes estavam presentes! Tentei então uma simples pizza marinara, no Brasil chamada de “alho e óleo”, que não consegui comer. Cortado aos pedações, o alho estava cru!

Ao final, um pouco por desespero, um pouco enquanto amante da pizza e da cozinha em geral, mas sobretudo porque não consigo resistir à tentação, abandonei-me às pizzas doces: aos morangos, chocolates, doces de leite, sorvetes... nenhuma me desagradou. Aliás, gostei de todas. Mas não eram pizzas! Algumas até eram preparadas com um disco de pão de ló!!!

A fábrica das pizzas

Nessa aventura gastronômica, impressionou-me também a visita à cozinha e a rápida conversa com a montadora chefe, isto é, a coordenadora do trabalho em série de guarnição das bases de massa pré-cozida. Não se tratava de cozinha, mas de pequena fábrica, que desenfornava por noite centenas desses produtos homogeneizados na sua aparente variedade. Instalações há anos luzes do banco de mármore onde, nas boas pizzarias do mundo e do Brasil, pedaços de massa descansada e fermentada são estendidos, à mão, rolo ou máquina; os discos são cobertos com poucos ingredientes frescos e selecionados e as pizzas são cozidas em fornos à lenha, em alta temperatura, sob os olhos e o nariz do cliente, que pode pré-saborear suas cores e cheiros.

O atual processo de mercantilização abandona a simplicidade e o refinamento do produto artesanal, em favor de mercadoria produzida incessantemente, abusivamente chamada de pizza. E nos rodízios, através da angustiante apresentação ininterrupta de discos de pão com coberturas diversas, consumidos por consumir, engolidos por engolir, tenta-se suprir a falta dos ingredientes e processos tradicionais. O azeite de oliva extravirgem, a mussarela fresca de qualidade, os tomates pelados pouco ácidos, os temperos específicos. A massa deixada descansar longamente para que fique mais leve e digestiva. O cozimento rápido em forno a lenha sob as ordens do pizzaiolo, gestor de todos os momentos do rico concerto.

Muitas vezes nocivos à saúde, esses procedimentos característicos do império do lucro destroem o prazer estético e gastronômico permitido pela produção e consumo da cozinha bem preparada, além de subtrair ao comensal a possibilidade de se aproximar da experiência histórico-cultural na qual os pratos criaram-se. No presente caso, trata-se de rasteira falta de respeito aos pizzaioli que, do Seiscentos aos nossos dias, inventam e aperfeiçoam esse prato popular, garantindo com o trabalho abnegado e anônimo ao vocábulo a fama que merece em escala planetária.

Copiado de:CorreioDaCidadania

Florence Carboni, italiana, é professora no Instituto de Letras da UFRGS. E-mail: fcarboni@via-rs.net

Nessun Dorma



Maria Clara Lucchetti Bingemer

Algo morreu na vida política nacional e nas aspirações éticas do povo brasileiro. E como luto rima com silêncio, não falarei da absolvição do senador alagoano Renan Calheiros. Prefiro escrever sobre Pavarotti. E tampouco ninguém dorme. E que ninguém durma em nenhum quarto frio como o da princesa Turandot, que ele imortalizou com sua voz abençoada. Ninguém dorme velando e espiando as estrelas, sentindo profundamente a ausência do tenor cujo canto – fazendo mais que jus a seu qualificativo de belo, bel canto – calou-se.

A humanidade está mais pobre sem o canto de Pavarotti rompendo todos os silêncios e enchendo ouvidos e corações. O vozeirão que habitava o corpulento tenor foi silenciado pela morte, última inimiga a ser vencida e que o venceu. Já não fará companhia a José Carreras e Plácido Domingo nas Termas de Caracala o fenomenal tenor italiano, que o mundo inteiro conheceu e amou. Já não interpretará os apaixonados personagens de Rodolfo da Boemia, de Armando da Traviata ou do príncipe Calfà de Turandot.

Pavarotti popularizou a ópera, colocando-a ao alcance do grande público, e expropriou-a do exílio em que meia dúzia de eruditos a mantinha confinada. Forma maior da arte, unindo todas as expressões artísticas – o canto, a dança, o teatro –, a ópera chegou às camadas médias da população mundial trazida solicitamente pela mão e a voz do tenor que hoje choramos. Pavarotti é responsável não apenas pelo gênio com que foi dotado pelo Criador, mas por ter colocado esse dom a serviço da humanidade.

Dotado de excepcional voz e de imponente figura, rosto mediterrâneo emoldurado por soberba barba escura e sorriso cativante, foi o tenor capaz de cantar desde o clássico às variedades, passando pelo canto napolitano. Pavarotti não hesitou, desprezando a fúria dos críticos, em formar duetos com parceiros tão improváveis como Sting, Joe Cocker ou Mariah Carey para defender causas humanitárias e catalisar apoio para vítimas de tragédias ao redor do mundo.

No acertado dizer de Bono Vox, da banda U2, um de seus parceiros, Pavarotti não apenas cantava ópera. Era uma ópera ele mesmo. Grande vulcão, que soltava fogo pela garganta e boca, mas ao mesmo tempo derramava amor pela vida em toda a sua complexidade, soube penetrar ouvidos e corações, fazendo sonhar, desejar, viver, amar.

Por isso, que ninguém durma, obedecendo à ordem da princesa Turandot, que se desespera de desejo de ver revelado o mistério do nome de seu amado. Que ninguém durma nesta noite dos tempos em que o mistério do mundo e o segredo do amor não podem mais ser belamente decifrados e degustados pelos agudos e graves de Luciano Pavarotti.

Que ninguém durma e todos vigiem para que a arte de Pavarotti continue viva. Que ninguém durma e a noite passe, as estrelas mergulhem em inevitável crepúsculo, dando lugar aos tímidos ensaios da aurora que começam a iluminar pálidos contornos das formas primordiais. Que ninguém durma porque há que tomar a tocha que Pavarotti deixou pousada no chão e continuar o vôo em busca da arte e da beleza que não morrem e tornam a vida digna de ser vivida.

Que ninguém durma! O genial tenor que, segundo o Papa Bento XVI em telegrama de condolências à família, “honrou o dom divino da música”, agora canta sem ser interrompido ou jamais silenciado. Aquele que o agraciou com a chama do gênio é, para ele, a aurora da vitória sem crepúsculo. O mistério que o príncipe Calfà, apaixonado pela princesa Turandot, tinha lacrado dentro de si, agora se desvenda plenamente perante os olhos ressuscitados de seu imortal intérprete. O brado do final da ária Nessun Dorma, por ele magistralmente interpretada, tornou-se eterno presente: Vinceró! Vencerei!

Maria Clara Lucchetti Bingemer, teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A imortalidade da alma


"Conhece-te a ti mesmo e serás imortal"
Alguns séculos antes de Cristo, vivia em Atenas, o grande filósofo Sócrates. A sua filosofia não era uma teoria especulativa, mas a própria vida que ele vivia. Aos setenta e tantos anos foi condenado à morte, embora inocente. Enquanto aguardava no cárcere o dia da execução, seus amigos e discípulos moviam céus e terra para o preservar da morte. O filósofo, porém não moveu um dedo para esse fim; com perfeita tranqüilidade e paz de espírito aguardou o dia em que ia beber o veneno mortífero.
Na véspera da execução, conseguiram seus amigos subornar o carcereiro (desde daquela época já existia essa prática...), que abriu a porta da prisão.
Críton, o mais ardente dos discípulos de Sócrates, entrou na cadeia e disse ao mestre:
- Foge depressa, Sócrates!
- Fugir, por que? - perguntou o preso.
- Ora, não sabes que amanhã te vão matar?
- Matar-me? A mim? Ninguém me pode matar!
- Sim, amanhã terás de beber a taça de cicuta mortal - insistiu Críton.
- Vamos, mestre, foge depressa para escapares à morte!
- Meu caro amigo Críton - respondeu o condenado - que mau filósofo és tu! Pensar que um pouco de veneno possa dar cabo de mim ...
Depois puxando com os dedos a pele da mão, Sócrates perguntou:
- Críton, achas que isto aqui é Sócrates?
E, batendo com o punho no osso do crânio, acrescentou:
- Achas que isto aqui é Sócrates? ... Pois é isto que eles vão matar, este invólucro material; mas não a mim.
"Eu sou a minha alma. Ninguém pode matar Sócrates! "...
E ficou sentado na cadeia aberta, enquanto Críton se retirava, chorando, sem compreender o que ele considerava teimosia ou estranho idealismo do mestre.
No dia seguinte, quando o sentenciado já bebera o veneno mortal e seu corpo ia perdendo aos poucos a sensibilidade, Críton perguntou-lhe, entre soluços:
- Sócrates, onde queres que te enterremos?
Ao que o filósofo, semiconsciente, murmurou:
- Já te disse, amigo, ninguém pode enterrar Sócrates ... Quanto a esse invólucro, enterrai-o onde quiserdes. Não sou eu... Eu sou a minha alma...
E assim expirou esse homem, que tinha descoberto o segredo da Felicidade, que nem a morte lhe pôde roubar.
"Conhecia-se a si mesmo, o seu verdadeiro Eu divino. Eterno imortal..."
Assim somos todos nós seres Imortais, pois somos Alma, Luz, Divinos, Eternos...
Nós só morremos, quando somos simplesmente esquecidos...

Uberto Rhodes
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quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Estratégias existenciais



Gabriel Perissé


Pensemos no mundo como um tabuleiro de xadrez. Isto é reduzi-lo bastante, certamente, mas serve como metáfora, como alegoria, como símbolo.

No jogo da vida temos adversários. Não podemos ser tão pacifistas a ponto de negá-los. Há quem lute contra nós, mesmo que estejamos dispostos a dar a outra face até as últimas conseqüências.

Temos adversários, com quem vamos jogar o jogo da vida. Mesmo que com muito fair play, com muita elegância e educação, movemos nossas peças e não queremos levar xeque-mate. E queremos dar xeque-mate. Refletindo melhor, mais vale um jogo assumido do que, covardemente, puxar o tapete daqueles que, covardemente, quereriam puxar o nosso.

Contudo, o nosso mais perigoso adversário não é o outro, não é o vizinho, não é o patrão, não é o concorrente, não é o candidato do outro partido. Jogando com as brancas, ou com as pretas, estou eu mesmo diante de mim. Eu sou o meu próprio e mais insidioso adversário.

Diariamente, os lances da vida representam tomadas de decisão. Decidir é arriscar-se. Certa vez ouvi alguém hesitante perguntar-se: “Será que sou indeciso?” A única forma de romper com a indecisão é avançar os peões, avançar os cavalos, abrir espaço para os bispos, para a rainha e torres, sair em campo.

O que está em jogo neste jogo? O rei representa os meus valores. Devo defendê-los (com o roque). Defender e conservar é apenas parte da história. Preciso pensar numa estratégia existencial.

Vencer a mim mesmo nesta luta em que valores e antivalores disputam espaço e poder. No tabuleiro da consciência, cada lance cria problemas e soluções. O confronto comigo mesmo é inevitável. O poeta inglês D. H. Lawrence escreveu esses versos: “ [...] tente chegar à verdade. // E a primeira pergunta para si mesmo é: / Quão grande mentiroso eu sou?”.

A honestidade comigo mesmo consiste em descobrir o que eu prefiro, o que pretendo “ganhar” no jogo da vida. Afinal, o que decido fazer quando não há nada a fazer? O que devo desejar quando ninguém me diz o que desejar devo?

A cada dia, sentar-se ao tabuleiro, recomeçar o jogo! Talvez a partida de ontem tenha terminado empatada. Talvez eu tenha sido derrotado pela preguiça, pelo medo, pela presunção. Mais uma vez é preciso decidir. Vivendo e aprendendo a jogar. Nem sempre ganhando. Nem sempre perdendo...

Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor - Web Site: www.perisse.com.br

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Eterno



Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que
se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata!

Fácil é ouvir a música que toca. Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras. Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber. Difícil é estar preparado para escutar esta resposta, ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade. Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria. Fácil é dar um beijo. Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica. Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar. Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou “como vai”? Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama. Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião. Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá...

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação. Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado. Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.
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quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Transtorno bipolar infantil explode nos EUA

Diagnósticos do quadro em crianças aumentaram 40 vezes entre 1994 e 2003.
Pesquisadores apontam possíveis exageros em alguns casos.
Benedict Carey


O número de crianças e adolescentes norte-americanos em tratamento para transtorno bipolar aumentou 40 vezes entre 1994 e 2003, como relatam pesquisadores no estudo mais abrangente já feito sobre o controverso diagnóstico.


Segundo especialistas, é quase certo que o número tenha aumentado desde 2003.
Muitos especialistas defendem a tese de que a elevação seria reflexo de uma situação em que os médicos estariam aplicando o diagnóstico às crianças de modo mais incisivo e não acham que a ocorrência do transtorno tenha aumentado.


Contudo, a magnitude do aumento surpreendeu muitos psiquiatras. Segundo eles, é provável que isso intensifique a discussão sobre a validade do diagnóstico, que sacudiu a psiquiatra infantil.


O transtorno bipolar se caracteriza por oscilações extremas de humor. Até relativamente pouco tempo, achava-se que ele surgia quase exclusivamente na fase adulta. No entanto, na década de 90, os psiquiatras começaram a procurar com mais atenção pelos sintomas em pacientes mais jovens.


Alguns especialistas afirmam que a maior conscientização, comprovada no aumento do número de diagnósticos, permite que as crianças portadoras do transtorno obtenham o devido tratamento.


Outros dizem que o transtorno bipolar é falso positivo, ou seja, incorretamente diagnosticado quando não está presente. O termo bipolar, como afirmam os críticos, tornou-se o diagnóstico da ordem do dia, um conceito vago aplicado a quase toda criança de personalidade explosiva e agressiva.


Após a classificação das crianças, acrescentam os especialistas, elas são medicadas com remédios psiquiátricos fortes com poucos benefícios comprovados em crianças e com possíveis efeitos colaterais graves como ganho rápido de peso.


No estudo, pesquisadores de Nova York, Maryland e Madri analisaram uma pesquisa do Centro Nacional de Estatísticas em Saúde referente às consultas no consultório, focada em médicos em práticas particulares ou em grupo. Os pesquisadores calcularam a quantidade de consultas em que os médicos registraram o diagnóstico de transtorno bipolar e descobriram que eles aumentaram, de 20.000 em 1994 para 800.000 em 2003, cerca de 1%.


A difusão do diagnóstico representa prosperidade para os fabricantes de remédios, ressaltam alguns psiquiatras, porque os tratamentos, em geral, incluem remédios que podem ser de três a cinco vezes mais caros do que os receitados para outras doenças como depressão ou ansiedade.


"Acho que o aumento demonstra que a área está amadurecendo em se tratando da identificação do transtorno bipolar em crianças, mas a enorme polêmica reflete o fato de que não amadurecemos o suficiente", declarou John March, diretor de psiquiatria infantil e adolescente da faculdade de medicina da Universidade de Duke, que não participou da pesquisa.


"Do ponto de vista do desenvolvimento", explicou March, "simplesmente não sabemos com qual precisão podemos diagnosticar o transtorno bipolar ou se aqueles que são diagnosticados aos 5, 6 ou 7 anos serão adultos portadores da doença. Esse rótulo pode ou não refletir a realidade."


A maioria das crianças enquadradas no diagnóstico não desenvolve as características clássicas do transtorno bipolar em adultos como a mania, como descobriram os pesquisadores. Elas têm muito mais probabilidade de se tornarem depressivas.


O aumento torna o transtorno mais comum entre as crianças do que a depressão clínica, segundo os autores. Os psiquiatras fizeram quase 90% dos diagnósticos, e dois terços dos pacientes mais novos eram meninos, como mostra o estudo, publicado na edição de setembro do Archives of General Psychiatry. Cerca de metade dos pacientes foi identificada como portadora de outras complicações mentais, com mais freqüência o transtorno do déficit de atenção.


Os tratamentos para crianças quase sempre incluem remédios. Cerca de metade recebeu medicamentos antipsicóticos como o Risperdal da Janssen ou o Seroquel da AstraZeneca, ambos desenvolvidos para o tratamento da esquizofrenia. Um terço foi receitado com os chamados estabilizadores de humor, com mais freqüência o remédio para epilepsia Depakote. Antidepressivos e estimulantes também eram comuns. A maioria das crianças tomou uma combinação de dois ou mais remédios e quatro em cada 10 foram tratadas com psicoterapia.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Separe a gordura boa da ruim
Controlando o consumo, você pode comer de tudo sem prejudicar a dieta


Trans: onde ela se esconde?

Apesar de a má fama ter sido espalhada há pouco tempo, a gordura trans sempre fez parte do time de gorduras prejudiciais à saúde. E, se você acha que ela só atrapalha a perda de uns quilinhos, melhor checar a sua despensa. Doenças do coração, derrames e até alguns tipo de câncer têm sido relacionados ao mau consumo de alguns tipos de gorduras.

Não à toa, portanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ordenou que todas as empresas alimentícias indiquem, no rótulo de cada produto, a quantidade presente desse tipo de gordura.

A mudança aconteceu em julho de 2006, transformando uma simples ida ao supermercado numa epopéia em busca do prato saudável. O problema é que, além da trans, há muitas outras variações desse nutriente. E haja cabeça para diferenciar um do outro e incluir cada um deles no cardápio, sem comprometer a saúde.

Para acabar com essa confusão de uma vez por todas, convocamos a responsável pela equipe nutricional do Minha Vida, Roberta Stella. Superdidática, ela montou um guia completo sobre todos os tipos de gordura consumidos por você do café-da-manhã ao jantar, passando ainda pelo lanchinho da tarde. Tome nota!

Coloque os vilões fora de combate
Roberta alerta para uma mudança notável no padrão alimentar dos brasileiros. "A elevada ingestão de alimentos ricos em gorduras ruins, aliada ao excesso de peso e ao sedentarismo eleva o risco de desenvolver doenças cardiovasculares".


Colesterol: até 300mg diários

Colesterol
Tipo de gordura com duas faces, o colesterol desempenha um papel importante no organismo, já que participa da produção dos hormônios sexuais e das glândulas supra-renais. Além dessas funções, o colesterol ajuda na formação da membrana celular e da bílis (substância produzida pelo fígado, fundamental para a digestão das gorduras).

O problema dessa gordura está relacionado ao seu excesso. "A quantidade de ingestão diária não deve ultrapassar 300mg", ressalta Roberta.

A razão disso é que, para ser transportado pelo corpo, o colesterol conta com a ajuda de uma proteína chamada LDL. No vai-e-vem, a proteína acaba deixando rastros da gordura pelo caminho, formando as placas prejudiciais à saúde.

Para ajudar a recolher os restos deixados pela LDL, o organismo conta com a participação da proteína HDL. Também ajudante no transporte do colesterol pelo corpo, ela entra em ação como uma espécie de faxineira varrendo todos os rastros nocivos. Por isso, é importante que as taxas de HDL sempre estejam acima das de LDL.

O segredo para manter essa proporção em equilíbrio e ficar longe das doenças cardiovasculares é controlar os alimentos de origem animal, como carne, leite, derivados e embutidos, apresentam esse tipo de gordura

Gorduras saturadas
Sólidas em temperatura ambiente e viscosas quando aquecidas, as gorduras saturadas são uma ótima isca para doenças cardiovasculares. Isso porque elas colaboram para o aumento de LDL, colesterol ruim, que circula pelo sangue.

Derrames e alguns tipos de câncer, como o de próstata e o de mama, também têm a origem associada aos excessos dessas gorduras no organismo sem falar que a gordura saturada é inimiga número um do emagrecimento. Para prevenir tudo isso, restrinja o consumo diário desse nutriente a, no máximo, 7% das calorias totais da sua dieta.

"Esse tipo de gordura está presente em maior quantidade nos alimentos de origem animal, como carnes, leite e derivados, ovos", alerta a nutricionista.

Gordura trans
Responsável pela forma, textura e sabor aos alimentos industrializados, a gordura trans tem origem na gordura vegetal (que é insaturada e não causa danos à saúde) e torna-se prejudicial depois do processo de hidrogenação.

Na prática, a gordura que era líquida e insaturada passa a ser sólida e saturada, sendo conhecida também como gordura vegetal hidrogenada.

Portanto, assim como a gordura saturada, a trans aumenta os níveis do mau colesterol no sangue e ainda diminui as taxas do colesterol benéfico ao organismo, o HDL.

Entre os alimentos que contêm gordura trans, encontramos bolos e tortas industrializadas, biscoitos salgados e recheados, pratos congelados, sorvetes cremosos e margarinas.

De acordo com Roberta, ainda não existe uma recomendação de quantidade ideal para o consumo de gordura trans. "Mas alguns especialistas dizem que ela não deve passar de 2 gramas por dia", afirma.



Azeite em ação: combate ao LDL

Time do bem
Engana-se quem pensa que todo tipo de gordura causa malefícios ao organismo. Entre a equipe do bem, os destaques vão para as gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas.

Gorduras monoinsaturadas
São líquidas em temperatura ambiente, mas iniciam a solidificação quando levadas à geladeira. Um bom exemplo de gordura monoinsaturada são os molhos à base de azeite, opacos na geladeira e transparentes em temperatura ambiente.

Além de fornecer energia ao corpo, esse tipo de gordura conta com mais uma vantagem: ajuda a diminuir o LDL, conhecido como colesterol ruim.

Para aproveitar os benefícios das gorduras monoinsaturadas, recorra ao óleo de canola e de soja, azeite de oliva, abacate, castanhas e amêndoas. Mas não exagere na dose. Se comparados a outros tipos de gordura, eles realmente não causam tantos malefícios ao coração. Mas, em contrapartida, são bastante calóricos e podem pôr o seu regime a perder


Gorduras poliinsaturadas
Assim como as monoinsaturadas, esse tipo de gordura ajuda a diminuir o colesterol ruim. Por outro lado, se consumidas mais do que o indicado, as poliinsaturadas podem fazer os níveis de HDL (o bom colesterol) diminuírem.

Conte com elas também para ficar longe dos coágulos nas artérias. A ajuda acontece porque a gordura diminui a agregação das plaquetas.

As gorduras poliinsaturadas são encontradas nos peixes de água fria e nos óleos de soja, milho e girassol. Somando sua ingestão com as monoinsaturadas, as gorduras não devem ultrapassar os 20% do total de calorias diárias.

Fonte: Minha Vida


Como toda a gente, só disponho de três meios para avaliar a existência humana: o estudo de nós próprios, o mais difícil e o mais perigoso, mas também o mais fecundo dos métodos; a observação dos homens, que na maior parte dos casos fazem tudo para nos esconder os seus segredos ou para nos convencer de que os têm; os livros, com os erros particulares de perspectiva que nascem entre as suas linhas. Li quase tudo quanto os nossos historiadores, os nossos poetas e mesmo os nossos narradores escreveram, apesar de estes últimos serem considerados frívolos, e devo-lhes talvez mais informações do que as que recebi das situações bastante variadas da minha própria vida. A palavra escrita ensinou-me a escutar a voz humana, assim como as grandes atitudes imóveis das estátuas me ensinaram a apreciar os gestos. Em contrapartida, e posteriormente, a vida fez-me compreender os livros.
Mas estes mentem, mesmo os mais sinceros. Os menos hábeis, por falta de palavras e de frases onde possam abrangê-la, traçam da vida uma imagem trivial e pobre; alguns, como Lucano, tornam-na mais pesada e obstruída com uma solenidade que ela não tem. Outros, pelo contrário, como Petrónio, aligeiram-na, fazem dela uma bola saltitante e vazia, fácil de receber e de atirar num universo sem peso. Os poetas transportam-nos a um mundo mais vasto ou mais belo, mais ardente ou mais doce que este que nos é dado, por isso mesmo diferente e praticamente quase inabitável. Os filósofos, para poderem estudar a realidade pura, submetem-na quase às mesmas transformações a que o fogo ou o pilão submetem os corpos: coisa alguma de um ser ou de um facto, tal como nós o conhecemos, parece subsistir nesses cristais ou nessas cinzas. Os historiadores apresentam-nos, do passado, sistemas excessivamente completos, séries de causas e efeitos exactos e claros de mais para terem sido alguma vez inteiramente verdadeiros; dispõem de novo esta dócil matéria morta, e eu sei que Alexandre escapará sempre mesmo a Plutarco. Os narradores, os autores de fábulas milésias, não fazem mais, como os carniceiros, que pendurar no açougue pequenos bocados de carne apreciados pelas moscas. Adaptar-me-ia muito mal a um mundo sem livros; mas a realidade não está lá, porque eles a não contêm inteira.
Marguerite Yourcenar
picture by Luiz Carlos Ferracioli
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segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Europeus descobrem sistema cerebral que leva à reflexão


Cientistas europeus descobriram o circuito cerebral que faz com que os humanos controlem sua conduta impulsiva e pensem "duas vezes" antes de fazer algo.


O estudo, publicado na revista "Journal of Neuroscience" e divulgado pela Comissão Européia em um de seus sites, concentra-se em uma zona da região frontomedial do cérebro que se ativa quando os seres humanos começam a pensar: "Não farei isso".


Segundo os autores da descoberta, cientistas da University College de Londres (Reino Unido) e da Universidade de Gante (Bélgica), esta parte do cérebro controla e limita as ações que os humanos desejam.


"Muitas pessoas reconhecem esta 'voz interior' que impede que alguém faça algo, como apertar a tecla de 'enviar' após escrever um e-mail se está chateado", afirma o professor Patrick Haggard, um dos responsáveis pelo estudo.


"Nosso estudo identifica os processos do cérebro envolvidos nesta última reconsideração que fazemos", explica.


Segundo ele, estas funções cerebrais são de especial importância para a sociedade, pois a capacidade de adiar uma ação "evita" que as pessoas sejam "egoístas" e atuem "estimuladas por desejos imediatos".


Os pesquisadores observaram através de ressonâncias magnéticas a atividade cerebral de vários voluntários, que deviam se preparar para realizar uma ação e decidir na última hora se seguiriam adiante ou parariam.


Os cientistas descobriram que uma pequena área da região frontomedial anterior do cérebro era ativada somente quando as pessoas refletiam sobre uma ação que tinham preparado previamente.


No entanto, quando as pessoas se preparavam para realizar uma ação e a realizavam, esta região estava muito menos ativa.


Os pesquisadores demonstraram que as pessoas com maior atividade na região frontomedial são mais propensas a refletir sobre suas ações, enquanto aquelas com uma atividade mais fraca tendem a seguir adiante, até mesmo em algumas ocasiões nas quais outros pedem a elas que não o façam.


"Este pode ser um fator que indique por que alguns indivíduos são impulsivos, enquanto outros são reticentes a agir", sustenta Haggard, que assegura que a capacidade de frear um impulso "é essencial, dado o complexo entorno social" em que se vive.

Fonte:Vermelho

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Curiosidades - Anos 1600 a 1700

Ao se visitar o Palácio de Versailles, em Paris, observa-se que o suntuoso palácio não tem banheiros. Na Idade Média, não existiam escovas de dente, perfumes, desodorantes, muito menos papel higiênico. As excrescências humanas eram despejadas pelas janelas do palácio. Em dia de festa, a cozinha do palácio conseguia preparar banquete para 1.500 pessoas, sem a mínima higiene. Vemos nos filmes de hoje as pessoas sendo abanadas. A explicação não está no calor, mas no mau cheiro que exalavam por debaixo das saias (que eram propositalmente feitas para conter o odor das partes íntimas, já que não havia higiene). Também não havia o costume de se tomar banho devido ao frio e à quase inexistência de água encanada. O mau cheiro era dissipado pelo abanador. Só os nobres tinham lacaios para abaná-los, para dissipar o mau cheiro que o corpo e boca exalavam, além de também espantar os insetos. Quem já esteve em Versalies admirou muito os jardins enormes e belos que, na época, não eram só contemplados, mas "usados" como vaso sanitário nas famosas baladas promovidas pela monarquia, porque não existia banheiro. Na Idade Média, a maioria dos casamentos ocorria no mês de junho (para eles, o início do verão). A razão é simples: o primeiro banho do ano era tomado em maio; assim, em junho, o cheiro das pessoas ainda era tolerável. Entretanto, como alguns odores já começavam a incomodar, as noivas carregavam buquês de flores, junto ao corpo, para disfarçar o mau cheiro. Daí termos "maio" como o "mês das noivas" e a explicação da origem do buquê de noiva. Os banhos eram tomados numa única tina, enorme, cheia de água quente. O chefe da família tinha o privilégio do primeiro banho na água limpa. Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade, as mulheres, também por idade e, por fim, as crianças. Os bebês eram os últimos a tomar banho. Quando chegava a vez deles, a água da tina já estava tão suja que era possível "perder" um bebê lá dentro. É por isso que existe a expressão em inglês "don't throw the baby out with the bath water", ou seja, literalmente "não jogue o bebê fora junto com a água do banho", que hoje usamos para os mais apressadinhos. Os telhados das casas não tinham forro e as vigas de madeira que os sustentavam era o melhor lugar para os animais - cães, gatos, ratos e besouros se aquecerem. Quando chovia, as goteiras forçavam os animais a pularem para o chão. Assim, a nossa expressão "está chovendo canivete" tem o seu equivalente em inglês em "it's raining cats and dogs" (está chovendo gatos e cachorros). Aqueles que tinham dinheiro possuíam pratos de estanho. Certos tipos de alimento oxidavam o material, fazendo com que muita gente morresse envenenada. Lembremo-nos de que os hábitos higiênicos, da época, eram péssimos. Os tomates, sendo ácidos, foram considerados, durante muito tempo, venenosos. Os copos de estanho eram usados para cerveja ou uísque. Essa combinação, às vezes, deixava o indivíduo "no chão" (numa espécie de narcolepsia induzida pela mistura da bebida alcoólica com óxido de estanho). Alguém que passasse pela rua poderia pensar que ele estivesse morto, portanto recolhia o corpo e preparava o enterro. O corpo era então colocado sobre a mesa da cozinha por alguns dias e a família ficava em volta, em vigília, comendo, bebendo e esperando para ver se o morto acordava ou não. Daí surgiu o velório, que é a vigília junto ao caixão. A Inglaterra é um país pequeno, onde nem sempre havia espaço para se enterrarem todos os mortos. Então os caixões eram abertos, os ossos retirados, postos em ossários, e o túmulo utilizado para outro cadáver. As vezes, ao abrirem os caixões, percebia-se que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo. Assim, surgiu a idéia de, ao se fechar o caixão, amarrar uma tira no pulso do defunto, passá-la por um buraco feito no caixão e amarrá-la a um sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo, durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento de seu braço faria o sino tocar. E ele seria "saved by the bell", ou "salvo pelo gongo", expressão usada por nós até os dias de hoje.

VIVENDO E APRENDENDO...


sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Estresse



O termo estresse denota o estado gerado pela percepção de estímulos que provocam excitação emocional e, ao perturbarem a homeostasia, disparam um processo de adaptação caracterizado, entre outras alterações, pelo aumento de secreção de adrenalina produzindo diversas manifestações sistêmicas, com distúrbios fisiológico e psicológico. O termo estressor por sua vez define o evento ou estímulo que provoca ou conduz ao estresse.

Em 1936 o fisiologista canadense Hans Selye introduziu o termo "stress" no campo da saúde para designar a resposta geral e inespecífica do organismo a um estressor ou a uma situação estressante. Posteriormente, o termo passou a ser utilizado tanto para designar esta resposta do organismo como a situação que desencadeia os efeitos desta.

A resposta ao estresse é resultado da interação entre as características da pessoa e as demandas do meio, ou seja, as discrepâncias entre o meio externo e interno e a percepção do indivíduo quanto a sua capacidade de resposta. Esta resposta ao estressor compreende aspectos cognitivos, comportamentais e fisiológicos, visando a propiciar uma melhor percepção da situação e de suas demandas, assim como um processamento mais rápido da informação disponível, possibilitando uma busca de soluções, selecionando condutas adequadas e preparando o organismo para agir de maneira rápida e vigorosa.

A sobreposição destes três níveis (fisiológico, cognitivo e comportamental) é eficaz até certo limite, o qual uma vez ultrapassado, poderá desencadear um efeito desorganizador.
Assim, diferentes situações estressoras ocorrem ao longo dos anos, e as respostas a elas variam entre os indivíduos na sua forma de apresentação, podendo ocorrer manifestações psicopatológicas diversas como sintomas inespecíficos de depressão ou ansiedade, ou transtornos psiquiátricos definidos, como por exemplo o Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

Regina Margis