sexta-feira, 21 de março de 2008

Imagens da desigualdade: o que o mundo come


Uma série fotográfica no site da revista americana Time suscita reflexões sobre a desigualdade social, desta vez sobre a mesa de refeições de famílias espalhadas ao redor do planeta.


A revista reproduziu em seu site fotografias de cada família e os alimentos que elas consomem em apenas uma semana. A fonte das fotografias foi o livro Hungry Planet: What The World Eats (Planeta Faminto: O que o Mundo Come, em tradução livre), que descreve o que 30 famílias, em 24 países, comem em 640 refeições.


O fotógrafo Peter Manzel e o escritor Faith D'Aluisio viajaram o mundo, procurando saber o que 30 famílias em 24 países, do Sudão a Cuba, passando pela Polônia, colocam em suas mesas para jantar.


Reproduzimos abaixo algumas famílias, fotografadas com o que comem em uma semana. É digno de nota comparar a quantidade de comida e o número de familiares que se sustentam semanalmente com o que a fotografia mostra.

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Alemanha: Família Melander de Bargteheide

Gasto semanal em alimentos: US$ 500,07

(Clique na fotografia para vê-la em melhor resolução)

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Japão: Família Ukita, cidade de Kodaira

Gasto semanal em alimentos: US$ 317,25

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Itália: Família Manzo, da Sicília

Gasto semanal com alimentos: US$ 260,11

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Koweit: Família al-Haggan, da Cidade do Koweit

Gasto semanal com alimentos: US$ 221,45

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Estados Unidos: Família Revis, da Carolina do Norte

Gasto semanal com alimjentos: $341.98

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México: Família Casales, de Cuernavaca

Gasto semanal com alimentos: US$ 189,09

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China: Família Dong, de Pequim

Gasto semanal com alimentos: US$ 155,06

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Polônia: Família Sobczynscy, de Konstancin-Jeziorna

Gasto semanal com alimentos: US$ 151,27

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Egito: Família Ahmed, da cidade do Cairo

Gasto semanal com alimentos: US$68,53

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Equador: Família Ayme, de Tingo

Gasto semanal com alimentos: US$ 31,55

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Estados Unidos: Família Caven da Califórnia

Gasto semanal com alimentos: US$ 159,18

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Mongólia: Família Batsuuri, de Ulaan Baator

Gasto semanal com alimentos: US$ 40,02

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Butão: Família Namgay, da vila Shingkhey

Gasto semanal com alimentos: US$ 5,03

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Tchade: Família Aboubakar, do acampamento Breidjing

Gasto semanal com alimentos: US$ 1,23

Créditos: vermelho

Fonte: Time ( http://www.time.com/time/photogallery/0,29307,1626519,00.html )



Led Zeppelin - Remasters - 1990

Remasters - 1990

img171/2510/ledzeppelinremastersfropy5.jpg

Disco 1
Parte1 - Parte2

1. Communication Breakdown (Page/Jones/Bonham)
2. Babe I'm Gonna Leave You (Page/Plant/Anne Bredon)
3. Good Times Bad Times (Page/Jones/Bonham)
4. Dazed and Confused (Page)
5. Whole Lotta Love (Page/Plant /J ones/Bonham)
6. Heartbreaker (Page/Plant / Jones/Bonham)
7. Ramble On (Page/Plant)
8. Immigrant Song (Page/Plant)
9. Celebration Day (Page/Plant/Jones)
10. Since I've Been Loving You (Page/Plant/Jones)
11. Black Dog (Page/Plant/Jones)
12. Rock and Roll (Page/Plant / Jones/Bonham)
13. The Battle of Evermore (Page/Plant)
14. Misty Mountain Hop (Page/Plant/Jones)
15. Stairway To Heaven (Page/Plant)



Disco 2
Parte1 - Parte2

1. The Song Remains The Same (Page/Plant)
2. The Rain Song (Page/Plant)
3. D'yer Mak'er (Page/Plant/Jones/Bonham)
4. No Quarter (Page/Plant/Jones)
5. Houses of The Holy (Page/Plant)
6. Kashmir (Page/Plant/Bonham)
7. Trampled Under Foot (Page/Plant/Jones)
8. Nobody's Fault But Mine (Page/Plant)
9. Achilles Last Stand (Page/Plant)
10. All My Love (Plant/Jones)
11. In The Evening (Page/Plant/Jones)


créditos:LooLoBLog
PASSEIO SOCRÁTICO

Por Frei Beto


Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no
Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na
pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha,
feijão, frutas e hortaliças.
"Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse.
O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo:
refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e
não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor
simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que
se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.
É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais -
manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e
a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido
litúrgico.
A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido
de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa
coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e,
sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais.
Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano
comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira.
Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o
valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos
bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós".
O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores,
somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens
simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social.
Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da
pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas,
tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa
interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígine cultua
uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de
desdém.
Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um vinho guardado na
adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa ao seu dono nas comunidades tribais, na
sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife.
Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro,
e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa
pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um
famoso estilista a gata borralheira transforma-se em Cinderela...
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura
neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre
como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos
ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos
objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E
se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa
frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é
alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também
objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela, mas
não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são
desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas.
Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o
vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de
vizinhança, como ainda ocorre na feira.
Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola
abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta
de convívio é compensada pelo consumo supérfluo.
"Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo
a ordem que a destrói."
E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da
cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e
contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam
indagando se necessito algo.
"Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo.
Olham-me intrigados.
Então explico:
Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo.
Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas.
E, assediado por vendedores como vocês, respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser
feliz".
O "ethos" (a convivência humana e a responsabilidade social, eis o nosso porto.
A "paidéia", com este horizonte, é a caminhada educacional - escolar e a social -
a nos fazer cidadãos,profissionais e pessoas, em construção permanente.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Camille Claudel

Em Paris, em 1885, a jovem escultora Camille Claudel entra em conflito com sua família burguesa e choca a sociedade ao tornar-se aprendiz, depois assistente e, finalmente, amante do famoso escultor Auguste Rodin, que era casado.
Depois de quinze anos de um relacionamento dramático com Rodin, Camille rompe com ele, mas mergulha na solidão e na loucura, tendo que ser internada num manicômio em 1912, por seu irmão mais novo, o escritor Paul Claudel.

Créditos:makingoff - cabelinho
Gênero: Drama
Diretor: Bruno Nuytten
Duração: 175 minutos
País de Origem: França
Idioma do Áudio: Francês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0094828/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: DivX 3 Low
Vídeo Bitrate: 1.199,83 Kbps
Áudio Codec: MPEG1/2 L3 48 KHz
Áudio Bitrate: 142,63 Kbps
Resolução: 640 x 272
Aspect Ratio: 2.353
Formato de Tela: Outros
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 1,36 Gb
Legendas: No torrent

1990 (EUA)

* Indicado nas categorias de melhor atriz (Isabelle Adjani) e melhor filme estrangeiro.


Festival de Berlim 1989 (Alemanha)

* Recebeu o Urso de Prata na categoria de melhor atriz (Isabelle Adjani).
* Indicado ao Urso de Ouro.


Prêmio César 1989 (França)

* Venceu nas categorias de melhor atriz (Isabelle Adjani), melhor fotografia, melhor figurino, melhor montagem, melhor filme, melhor trilha sonora original e melhor desenho de produção.
* Indicado nas categorias de melhor ator (Gérard Depardieu), melhor primeiro trabalho, melhor som, melhor ator coadjuvante (Alain Cuny) e melhor atr promissor masculino (Laurent Grévill).


Globo de Ouro 1990 (EUA)

* Indicadpo na categoria de melhor filme estrangeiro.

Camille Claudel (Fère-en-Tardenois, Aisne, 8 de dezembro de 1864 — Paris, 19 de outubro de 1943) foi uma escultora francesa.

Filha de Louis-Prosper Claudel, hipotecário e Louise-Athanaïse Claudel, Camille Claudel passa sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando em um presbitério que seu avô materno, doutor Athanase Cerveaux, havia adquirido. Primeira a ser gerada pelo casal, quatro anos mais velha que Paul Claudel, ela impõe a este, assim como a sua irmã caçula Louise, sua forte personalidade. Segundo Paul, tendo declarado seu desejo de ser escultora, Camille previu também que ele se tornaria escritor e Louise musicista.

Seu pai, maravilhado com o seu estupendo e precoce talento de Camille que, ainda criança, produziu esculturas de ossos e esqueletos com impressionante verossimilhança, oferta-lhe todos os meios de desenvolver suas potencialidades. Sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos, colocando-se sempre contra a todo aquele empreendimento, reagindo muitas vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incômodos e custos excessivos para a manutenção de seu “capricho”.

Em 1881, parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, tendo por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène — coleção particular) ou Paul aos treze anos [1] (Paul à treize ans — Châteauroux). Rodin, impressionado pela solidez de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê da rua da Universidade em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).

Tendo deixado sua família pelo amor de Rodin, ela trabalha vários anos a serviço de seu mestre e mantendo-se à custa de sua própria criação. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se sabe qual obra do mestre ou da aluna inspirou um ou copiou o outro. Além disso, Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes dificuldades: de um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose Beuret, sua companheira devotada desde os primeiros anos difíceis, e de outro lado, alguns afirmam que suas obras seriam executadas por seu próprio mestre. Assim sendo, Camille tentará se distanciar, percebendo-se muito claramente essa tentativa de autonomia em sua obra (1880-94), tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa [2](La Valse — Museu Rodin) ou A Pequena Castelã [3] (La Petite Châtelaine, Museu Rodin). Esse distanciamento segue até o rompimento definitivo em 1898. A ruptura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura [4] (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).

Ferida e desorientada, Camille Claudel nutre então por Rodin um amor-ódio que a levará à paranóia. Ela instala-se então no número 19 do quai Bourbon e continua sua busca artística em grande solidão apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau, Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot. Este último organiza duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício sentimental e financeiro para Camille Claudel. Suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios.

Depois de 1905, os períodos paranóicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê em seus delírios que Rodin está apoderando de suas obras para moldá-las e expô-las como suas, que também o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para lhe furtar as obras. Ela vive então em um grande abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando de todos.

Seu pai, seu porto-seguro, morre em 3 de março de 1913. Em seguida, em 10 de março, ela é internada no manicômio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida para Villeneuve-lès-Avignon onde morre, após trinta anos de internação, em 19 de outubro de 1943, aos 79 anos incompletos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Camille_Claudel

A escultura do mundo moderno começa em Rodin? Quem foi Camille Claudel?
O filme Camille Claudel (França, 1988 - California Filmes) é um drama biográfico da escultora. Direção de Bruno Nuytten, com Isabelle Adjani, como Camille e Gérard Depardieu, como Rodin.

A maior divulgadora de Camille – sua sobrinha-neta Reine-Marie Paris de La Chapelle, professora e historiadora da arte, fez a direção de arte do filme de Bruno Nuytten. Reine-Marie dedicou-se, desde os 20 anos, a colecionar e resgatar a obra de Camille, reunindo um acervo de mais de 70 peças. Foi quem publicou o primeiro catálogo raisonné (completo) das obras, editado em 1990 e ampliado dez anos depois.

Sinopse
Paris, 1885. A determinada e jovem escultora Camille Claudel, com sua forte personalidade e seu gênio criativo, entra em conflito com sua família burguesa ao tornar-se aprendiz e, posteriormente, assistente do famoso escultor Auguste Rodin. Mais que isso, vai torna-se amante do mestre, mantendo um romance que perdurará por 15 anos, fazendo com que caia em desgraça junto à sociedade parisiense, mesmo sob a estimada consideração de amigos influentes como o compositor Claude Debussy.
Após romper o romance com Rodin, Camille mergulha, por muito tempo, em frenético trabalho, em solidão e dor. A relação, da qual não conseguiu se desvencilhar, passou a consumir sua vitalidade, forças e sua lucidez. Suas alterações emocionais e sentimentos paranóicos fizeram com que seu irmão, o então reconhecido escritor Paul Claudel, a internasseem um manicômio, no ano de 1912. Morreu em 1943, sem nunca ter recebido a visita de sua mãe.
A força e a grandiosidade do trabalho de Camille esteve, por todo o tempo, sob a sombra de Rodin e seu irmão Paul Claudel. Além disso, não é difícil perceber que questões intolerantes de gênero - e um "sem fim" de preconceitos contra as mulheres e, particularmente, contra mulheres artistas – dedicaram a ela posição e papel secundários no cenário das artes, só desmascarados com o tempo.

Camille Claudel, certamente, como mulher e artista pioneira, ultrapassou a compreensão de sua época. Além de abrir caminho para outras escultoras de seu tempo.

http://yedaarouche.arteblog.com.br/r241/Hist-Arte/

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.

Download abaixo:
Arquivo anexado Camille.Claudel.1988.DVDRip.DivX.torrent





Os lucros do massacre contra o Iraque


por jpereira

De empresas do setor bélico às de alimento, de empresas de construção civil às de confecção de uniformes, cada uma abocanha sua parte dos mais de um trilhão de dólares já gastos
De empresas do setor bélico às de alimento, de empresas de construção civil às de confecção de uniformes, cada uma abocanha sua parte dos mais de um trilhão de dólares já gastos



Memélia Moreira,
Especial para o Brasil de Fato de Orlando (EUA)


Antes de você acabar de ler esse parágrafo, os Estados Unidos terão gasto mais de 2 mil dólares para matar indiscriminadamente crianças, mulheres, e homens em Bagdá, Basra ou outra cidade qualquer do Iraque.

Não, isso não é uma piada.

A guerra custa US$ 2.053 por segundo, ou 275 milhões de dólares por dia. E, passados cinco anos de ocupação, matou 700 mil iraquianos, perdeu 4 mil estadunidenses e produziu 4 milhões de refugiados.

Todas as previsões de gastos se transformaram em peça de ficção.

Em 2003, quando os Estados Unidos deslocaram seus soldados e contrataram mercenários para ocupar o Iraque, os economistas do governo de George W. Bush calcularam que os custos não ultrapassariam 50 bilhões de dólares. Ainda naquele ano as cifras caíram por terra.

Dois meses depois de instalados no Iraque, analistas militares começaram a perceber que esta não seria uma das muitas guerras "de baixa intensidade", bem ao gosto dos Estados Unidos, e que seria necessário ficar mais tempo para controlar a resistência iraquiana. Então, refizeram os cálculos e, pela nova previsão, os mesmos analistas concluíram que, se a guerra se estendesse até 2010, seu custo total seria de um trilhão de dólares. Faltam dois anos para se chegar a 2010 e já foram gastos mais de um trilhão. Isso significa que nenhum dos cálculos feitos até agora pode chegar perto do valor total a ser gasto. Nem mesmo a pesquisa apresentada pelos professores Joseph Stiglitz, da Universidade de Columbia e Prêmio Nobel de Economia em 2001, e da professora Linda Bilmes, da Universidade de Harvard, se sustentou por muitos dias. Eles previram um gasto de um a dois trilhões de dólares mas, esta semana, as cifras já ultrapassaram um trilhão. E o presidente Bush (e seu candidato John McCaine) nem de longe acena com a possibilidade de retirada das tropas (leia reportagem: Anistia Internacional define situação no Iraque como "Carnificina e Desesperança).

Sem os custos indiretos

E as cifras não incluem os custos indiretos da guerra (tratamento médico para aqueles que voltam inválidos física ou psicologicamente, pagamento de pensão às viúvas e aposentadorias por invalidez para os veteranos). E estamos nos referindo apenas à guerra do Iraque. A do Afeganistão gasta bem menos e, talvez por isso, seja menos acompanhada de perto pelas organizações não-governamentais que divulgam informações sobre as guerras, entre elas, a Priorities Projects.

Essa organização, combate a guerra na linguagem que os estadunidenses mais entendem: a língua do bolso. Na sua página da internet, caso um texano queira saber quanto do seu imposto está sendo gasto para matar, basta clicar no mapa e a resposta é imediata. Sem qualquer discurso pacifista, eles apenas calculam quanto daquele imposto poderia ir para o serviço médico e para a segurança e educação.


Quem lucra

Mas a guerra não gera apenas mortos e inválidos para sempre. Há também aqueles que estalam a língua de prazer ao ouvir a explosão de bombas. Há quem lucre com esta guerra. Por isso, este mês, um seleto grupo vai comemorar o 5º aniversário da ocupação estadunidense no Iraque. Para eles, essa guerra, a primeira guerra "privatizada" da história da humanidade, transformou-se num "negócio da China". A cada dólar gasto, a cada gole de refrigerante, a cada bota furada, ou uma colherada num prato de cereais, empresários de diferentes pontos do planeta estão engordando suas contas bancárias.

Um dado curioso a respeito das empresas e corporações que trabalham no Iraque é que quase todas elas respondem a processos em diferentes tribunais dos Estados Unidos, ora por evasão de divisas, ora por sonegação fiscal, superfaturamento e até mesmo por desrespeito aos direitos humanos, como é o caso das duas empresas de segurança (responsáveis pelos mercenários).

Uma dessas empresas processadas já foi condenada. Exatamente aquela que é responsável pela fabricação de tanques, veículos militares e armamentos, a Custler Battles. Muitos dos carros de combate vendidos não funcionaram e a Custler foi condenada a pagar multa de 10 milhões de dólares. E também na área de equipamentos pesados, a Boeing e a Lockheed são as duas empresas de engenharia aeronáutica que mais faturam com as guerras do Iraque e Afeganistão.

Quem encabeça a lista das empresas que lucram com a guerra é nada menos que a Halliburton. O nome parece não dizer muito, mas é uma das maiores corporações estadunidenses e, entre seus sócios e ex-dirigentes, uma figura que sempre age nas sombras até na política. Trata-se do vice-presidente Dick Cheney. Qualquer estadunidense diz, sem pestanejar, que Cheney é "mais bem preparado que Bush" mas, mesmo assim, ele preferiu ser vice. E, quando compôs a chapa com George W. Bush, em 2000, Dick Cheney se desligou formalmente da direção da corporação. Apesar disso, continua ativo e garantindo espaço para a Halliburton não apenas no fornecimento de material para a guerra, como também na reconstrução do Iraque e do Afeganistão.

E o que faz a Halliburton? Se alguém pensou na palavra petróleo, acertou. Ela é uma das maiores empresas do mundo em serviços para campos petrolíferos e, também, uma das maiores empreiteiras do planeta. A receita da Halliburton passou de um para 16 bilhões de dólares nesses cinco anos de guerra.

Além disso, a Halliburton figura entre os principais suspeitos no roubo das informações da Petrobrás, no dia 14 de fevereiro no Brasil. Sim, a Halliburton está na lista dos interessados no mega-poço de Tupi, descoberto pela Petrobrás.

Para quem tinha alguma dúvida sobre o real motivo da guerra, a lista daqueles que lucram com o holocausto do povo iraquiano é a prova de que a ocupação tem como principal objetivo o controle dos poços de petróleo. Além da Halliburton, outros nomes do setor petrolífero também estão engordando suas contas. Muitos deles, nossos velhos conhecidos, tais como a Texaco, Shell, British Petroleum e Exxon Mobil.


Em segundo lugar

A seguir, vêm as chamadas "empresas de segurança" que são, na verdade, as empresas que fornecem mercenários (eles são contratados a preços que variam de 10 a 15 mil dólares por mês). As duas maiores empresas desse setor que atuam no Iraque são a CACI e a Titan. Em 2005, agentes da CIA declararam ao jornal The Washington Post que 50% dos 40 milhões de dólares do seu orçamento se destinavam a essas empresas.

Chamados de empreiteiros, os "funcionários" dessas empresas são os principais responsáveis pelo que se chama de "trabalho sujo", ou seja, torturas contra os presos de Abu Ghraib e da base de Guantânamo. As duas estão sendo processadas pela organização Center of Constitutional Rights por tortura e abuso de prisioneiros de guerra.


Construção civil

No ramo da construção civil, quem se destaca é a empresa californiana Bechtel. De uma só vez, ela foi presenteada com um contrato de 2,4 milhões de dólares para coordenar a reconstrução da infraestrutura do Iraque. Logo no primeiro trabalho, o primeiro fracasso: a Betchel não concluiu a tempo a construção de um hospital infantil em Bassorá. Para piorar, o orçamento para a construção envergonharia até a Construtora Gautama, pois saltou de 70 para 90 milhões de dólares. É verdade, esse foi o custo de um hospital infantil em Bassorá.


O setor da alimentação

Para não ficar só na indústria pesada, a guerra distribui seus ganhos também para outros setores como, por exemplo, o da alimentação. E aí vem a Halliburton de novo. É, essa corporação é dona dos famosos "flocos de milho" Kellog´s, que alimenta dez entre dez soldados americanos. E como misturar cereal com leite? Ora, para isso tem a Nestlé, uma das maiores empresas do mundo no ramo de laticínios e a preferida do governo estadunidense em todas as guerras, desde a Coréia.

Quase inexpressiva no cenário internacional, a empresa Kentucky Fried Chicken (fabricante e distribuidora de frango frito nos EUA) abastece os soldados e mercenários com suas caixinhas de asa, ante-coxa, coxa e peito de frango fritos.

A escolha da Kentucky, segundo especialistas, tem objetivos psicológicos, pois suas caixinhas são conhecidas e os soldados, ao recebê-las, "se sentem em casa".

E para beber? Bom, aí vem mais uma curiosidade do povo americano. Maniqueístas por excelência, até para beber eles se dividem entre direita e menos direita. Os menos direita, que aqui são chamados de "esquerda" tomam Coca-Cola. Os de direita, que até hoje acreditam que o prato preferido de comunistas são as criancinhas, só bebem Pepsi-Cola. Então, para manter a tradição republicana, os soldados que estão no Iraque são abastecidos pela Pepsi-Cola.


Os lucros do Brasil

Mas os lucros dessas guerras não se concentram apenas nas grandes potências. O Brasil também "conquistou" sua fatia nesse consórcio. Os soldados que hoje matam no Iraque usam uniformes fabricados por cerca de dez confecções mineiras das cidades de Divinópolis e Formiga. Entre essas empresas, encontra-se a Marluvas, cujo gerente, Fernando Malta, ao mesmo tempo em que se desculpa por colaborar com as atrocidades que estão sendo cometidas, diz que não perderia "essa oportunidade de gerar lucro para Minas e para a empresa".

E os coturnos são feitos também em Minas, além de São Paulo e Paraná. A empresa Arroyo, de Franca (SP), por exemplo exporta coturnos especiais para serem usados no deserto.


É dando que se recebe

Talvez por coincidência, todas as empresas estadunidenses envolvidas na guerra e reconstrução do Iraque, foram também os maiores doadores para a campanha de George W. Bush em 2004. Driblando as leis, juntas, elas doaram cerca de 500 mil dólares para a campanha, o que se constitui na maior soma de dinheiro já recebida por qualquer outro nome da política estadunidense nos últimos 15 anos.

Entre consulta aos documentos e escrita, esta repórter levou 3 horas e 45 minutos para escrever este texto. Durante esse tempo, o povo americano gastou aproximadamente 200 mil dólares para matar crianças, mulheres e homens no Iraque.

Tirania Militar na Birmania

O consumo supérfluo





Rogério Grassetto Teixeira da Cunha

Um dos dois pilares da crise ambiental atual é o consumismo desenfreado. O outro é a quantidade de gente por aqui (não estou com isto querendo justificar ou sugerir medidas extremistas, apenas constato um fato: o excesso de gente somado ao consumismo são as causas principais da crise ambiental que presenciamos). Atualmente, criam-se falsas necessidades, tudo para estimular o consumo, este deus supremo da sociedade atual. Repare o leitor, por exemplo, que já há muito tempo criou-se a obrigação de beber sucos com canudinho. Por que isto? Se pensarmos bem, não há razão, é só uma falsa necessidade criada, que já virou hábito cultural. Se em nossa casa tomamos direto no copo, por que precisamos então do bendito canudinho em público? Se for por questão de higiene, ele não resolve nada, pois, se o estabelecimento não produz os sucos de maneira higiênica ou se não lava direito os copos, não é o canudo que irá resolver o problema. Para piorar, em alguns locais os canudos vêm agora embalados um a um. É um absurdo completo. Já ouvi falar também de guardanapos de papel individualmente acondicionados, mas felizmente ainda não tive o desprazer de ser apresentado a eles. Infelizmente, porém, já me deparei com pequenos pedaços de fio dental para uso único, embalados em envelopinhos tipo "band-aid". Cúmulo dos cúmulos.

Uma idéia simples e efetiva (portanto boa) no sentido de resolver este problema (e chamar a atenção para o consumismo sem causa) é a campanha, proposta pelo prefeito londrino Ken Livingstone em fevereiro, para que a população consuma água "torneiral" em vez de água mineral. Na verdade, a idéia não é nova e diversos prefeitos já lançaram campanhas similares (entre eles os de Nova Iorque, Veneza e Chicago). A idéia seria boa para o bolso e para o meio ambiente.

Mas o que a pobre e inocente água mineral fez de errado? Pensem comigo. O problema começa na extração. Em alguns locais do Brasil, por exemplo, há denúncias de sobre-exploração das reservas, o que pode acarretar problemas futuros. O processo de extração consome ainda alguma energia e demanda recursos, instalação de fábricas etc.

No entanto, o pior está na embalagem e no transporte. Para engarrafarmos a água, consumimos uma quantidade enorme de plástico (ou vidro em alguns poucos casos), substâncias que não se degradam rapidamente na natureza. Mesmo imaginando um percentual alto de reciclagem, haverá sempre uma quantidade considerável de produção de PET virgem. E, de qualquer jeito, tanto a produção quanto a reciclagem são processos industriais, que consomem energia e recursos naturais. No caso da produção pura e simples, pior ainda. Considerando que dados oficiais apontam que apenas cerca de 1% do lixo da cidade de São Paulo é reciclado, podemos concluir que, pelo menos no Brasil, a maior parte das garrafas escapa à reciclagem e/ou descarte adequado e irão enfeitar rios e lagos boiando alegremente ou entupir lixões e aterros sanitários.

Tem mais. Depois de engarrafada, a água precisa ser transportada. Aqui, novamente consumimos energia, com os caminhões e, em alguns casos, até navios. Isto porque em diversas partes do mundo tornou-se chique consumir água importada. Melhor ainda se vier de um país tradicional (como a famosa Perrier francesa) ou de algum local aparentemente exótico (imagine o impacto marqueteiro de uma água das rochas das ilhas Seychelles ou "a pureza da água de degelo das geleiras da Patagônia").

Para termos uma idéia do custo, as matérias reproduzidas pelos jornais brasileiros sobre a campanha em Londres citam um estudo segundo o qual se emite o equivalente a 0,3 gramas de CO2 para a produção de um copo de água "torneiral" de Londres, enquanto que, se a água fosse mineral das marcas Volvic ou Evian, o valor seria a bagatela de 185 gramas do gás, 616 vezes mais.

O interessante disto tudo é que consumir água mineral tornou-se mania, lá e cá. Consome-se a toda hora e sem necessidade. Em cidades dotadas de um eficiente tratamento de água (coisa que infelizmente não ocorre em todo o Brasil), a mania é não só inútil, como perdulária em termos de recursos pessoais e, principalmente, do planeta.

Eu, mesmo sem saber destas contas, já havia reduzido muito meu consumo de água mineral, levando garrafinhas do tipo "squeeze" para diversos locais, ou reutilizando garrafinhas PET já usadas. Agora vou reduzir ainda mais. De preferência a quase zero.

Podemos ver a mania do consumo de água mineral em pessoas comprando garrafinhas para levar ao trabalho, para consumir nas academias, para servir visitas em suas casas. Neste campo, também vemos ainda outra necessidade criada: os garrafões de 20 litros, sempre com a indefectível pilha de copinhos descartáveis do lado. E por aí vai.

Gostei da idéia do prefeito não porque ache que ela vai resolver todos os problemas. O impacto geral certamente é pequeno (porém, se a ajuda não é muita, ela certamente colabora em não aumentar ainda mais a crise). Seu maior valor está em tornar evidentes os efeitos ambientais deletérios do consumismo sem causa e, espero, em fazer-nos refletir, um pouco que seja, sobre as conseqüências de nossos atos e da estrutura social insana que criamos para viver. Proponho até que se lance uma nova música de axé como marketing da campanha:

"Bebeu água? Não!

Tá com sede? Tô!

Olha, olha, olha, olha a água torneiral

Água torneiral

Água torneiral

Água torneiral

Do Candeal

Pro ambiente ficar legal"

Rogério Grassetto Teixeira da Cunha, biólogo, é doutor em Comportamento Animal pela Universidade de Saint Andrews. E-mail: rogcunha@hotmail.comEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email

Hiroshima - Urban World Music (1996)

http://www.artistdirect.com/Images/Sources/AMGCOVERS/music/cover200/drd500/d573/d57330ru6t1.jpg




Faixas:
1 Unspoken Love (6:00)
2 Passion & Pain (4:55)
3 Let Me Be Your Baby (4:26)
4 Heiwa (Peace) (4:03)
5 Through My Eyes (5:23)
6 Ripples in Our Waterfall (4:31)
7 Timekeeper (4:37)
8 Love How You Love Me (4:57)
9 Urban World (4:48)
10 None of Us Are Free (5:00)
11 Koto Blues (4:52)
12 Hipnotic (4:51)
13 Walking With Angels (2:50)



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Fernando Lugo, a novidade paraguaia





Gilberto Maringoni

O Paraguai vai voltar com força às manchetes nas próximas semanas. Os assuntos não serão os sacoleiros de Ciudad del Este ou a enxurrada de produtos vendidos por boa parte dos camelôs de todo o Brasil. É algo muito mais sério. Dia 20 de abril acontecem as mais disputadas eleições paraguaias em várias décadas. Há muitas novidades em jogo.

A primeira é que, pela primeira vez em 65 anos, o velho Partido Colorado pode ser afastado do poder. A segunda é a possibilidade de esta longa hegemonia ser quebrada por uma amplíssima coalizão de centro-esquerda, que abriga de comunistas ao tradicional Partido Liberal Radical Autêntico, agremiação formada por setores nacionalistas. Na cabeça de tudo, o ex-bispo Fernando Lugo, um adepto da Teologia da Libertação. O religioso apresenta uma vantagem de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado na disputa, o ex-general Lino Oviedo, um dissidente colorado, seguido da ex-ministra da Educação Blanca Ovelar, a candidata do partido governista.

Os programas de todos os candidatos propõem algum tipo de revisão ao Tratado de Itaipu, firmado em abril de 1973 entre as ditaduras de Emílio Garrastazu Médici, do Brasil, e de Alfredo Stroessner, que governou o Paraguai com mão de ferro entre 1954 e 1989. Através do documento, ficou acertada a construção da maior usina hidrelétrica do mundo, até então, na fronteira dos dois países. Com validade de 50 anos, o acordo baliza a repartição da energia por ela gerada. Metade fica com o Brasil e metade com o Paraguai. Como o país utiliza apenas 12% do total produzido, pelos termos do documento, é obrigado a vender a eletricidade sobrante ao Brasil, a preços que oscilam de U$S 22 a U$ 44 o KwH. A média de preços da energia hidrelétrica no mercado brasileiro passa dos U$S 80 o KwH.

Soberania hidrelétrica

A construção de Itaipu, entre 1974 e 1981, consumiu cerca de US$ 16 bilhões em valores da época, pagos em sua maior parte pelo Brasil, e representou um marco decisivo no desenvolvimento dos dois países. A usina é responsável por 19% do PIB paraguaio, com ingressos para os cofres públicos locais de cerca de US$ 1,5 bilhão ao ano.

A revisão pretendida pode dobrar o montante arrecadado. A medida tornou-se quase um fator de unidade nacional, sendo chamada de "recuperação da soberania hidrelétrica".

Nenhum candidato em campanha defende o tratado tal como está, sob pena de perder votos. O mais radical é o ex-bispo Fernando Lugo. O engenheiro elétrico Ricardo Canese, um dos coordenadores de sua campanha, diz objetivamente o que pretendem, em um livro recém lançado: "Para chegar a uma eqüidade em Itaipu e transformar este ente binacional no principal instrumento de desenvolvimento do Paraguai (...) se requer: 1. Poder vender livremente nossos excedentes elétricos; 2. Receber um preço de mercado pela exportação de tal excedente (que é da ordem de US$ 3 bilhões ao ano)".

A meta de Canese é real. A Argentina, outro vizinho paraguaio, enfrenta uma estrutural crise energética, após anos de falta de investimento das empresas privatizadas nos governos de Carlos Menem (1989-1999). A Casa Rosada buscou, em vão, comprar, a preços de mercado, energia de Itaipu. O Tratado impede tal negociação.

Os interesses de brasileiros também serão afetados pela proposta de reforma agrária de Lugo. A maior parte das grandes propriedades é de brasileiros, que foram para o outro lado da fronteira entre os anos 1970 e 1980. Tomadas pelas culturas de soja – e agora de cana -, essas terras voltam-se para a agricultura de exportação.

Fraude

A maior ameaça à vitória do ex-bispo é a possível fraude patrocinada pelos colorados. Praticamente tudo no país é controlado por este partido de direita, fundado em 1887, que historicamente defende os interesses da classe dominante. Dominando o Executivo nacional, o Legislativo e o Judiciário, a influência da agremiação espalha-se por todas as localidades paraguaias. É voz corrente que ninguém consegue emprego, matrículas em escolas públicas, atendimento em postos de saúde ou prestar queixas em delegacias policiais se não apresentar sua ficha de filiação no partido. Os integrantes das forças armadas também devem se filiar para ascender na carreira. Dos seis milhões de paraguaios, quase um terço formalmente é membro da agremiação. É uma máquina poderosíssima, para ninguém botar defeito.

O governo brasileiro quer a vitória de qualquer candidato, menos de Fernando Lugo. Um dos partidos governistas, o PT, não tem posição a respeito. Há petistas que preferem Lino Oviedo, há outros sem posição e uma minoria quer o ex-membro da Igreja Católica.

Um possível governo Lugo não será revolucionário. Mas representará a chegada de setores populares ao comando de um dos países mais pobres do continente.

Gilberto Maringoni é jornalista.

Marcelo Maia - Cafundó Vol. 2 (2005)




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