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Músicos:
Bobby Watson - Sax Alto
Cecil Bridgewater - Trompete
Robin Eubanks - Trombone
John Hicks - Piano
Curtis Lundy - Baixo
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
Vira e mexe essas perguntas vêm à tona em discussões entre amigos: qual o problema com o pessoal da classe média, por que são tão burros e insistem em apoiar políticos que só querem tomar o poder para beneficiar meia dúzia de amigos bem nascidos e seus familiares inescrupulosos?
Um parêntese: esse tipo de político, que disfarça cinicamente suas verdadeiras intenções mesquinhas com um discurso moralista e conservador, está melhor representado hoje no Brasil em partidos como o PSDB e o DEMo (ex-PFL). Mas isso pode mudar a qualquer hora...
Para mim, a resposta é óbvia: a turma da Classe Média não tem "consciência de classe". Não precisa ler as obras do Marx para enteder o que isso quer dizer. É fácil. Converse com uma pessoa pobre, à beira da miséria. Ela sabe que é pobre, não tem ilusões sobre a sua condição social. Pode ser que não faça nada para mudar isso e passe seu tempo dentro de uma igreja, onde é invariavalmente ensinada a se conformar com sua situação com frases do tipo "a pobreza é sua cruz e vai te garantir um lugar nos céus", ou vendo novelas da Globo. Porém, essa pessoa tem consciência de classe.
A mesma coisa vale para os podres de rico. E aqui estou falando dos Antônio Ermírios, dos Daniel Dantas da vida, sujeitos que tem mansões (no Brasil e no exterior), fazendas, iates, helicópteros, aviões carros importados, ilhas, etc, etc - ou seja, um tipo de gente que pobres mortais como eu e você só vemos no cinema ou na capa da revista Exame. Esses caras têm cosciência de classe, podem ter certeza! É só ver como adoram ver os outros (pobres e remediados) seguindo as Leis e os códigos morais que seus lacaios inventam e disseminam para controlá-los, ao mesmo tempo que infringem todos eles...
E é no meio disso que se encontra a tal Classe Média, que no Brasil se subdivide em três tipos:
1) Classe Média Alta - sabe aqueles tipinhos que trabalham como escravos num alto cargo de multinacional para manter uma casa de dois andares num condomínio fechado, três carros de luxo na garagem, um apê no Guaruja, paga alta mesada para aos filhos e centenas de plásticas à esposa perua(para não encherem o saco) - e ainda assim se acha membro da "raça superior" só porque, um dia na festa de fim de ano, o dono da empresa deu um tapinha nas costas dele? Pois é, o próprio...
2) Classe Média Média - tem um nível de vida razoável, algum conforto, um apêzinho de três quartos na periferia, carrinho popular zero (com prestações a perder de vista), educa os filhos em colégios elitizados e vive no limite do cheque especial para manter isso. É o tipo que trabalha hoje para pagar as contas amanhã. Esse tipo eu conheço bem, pois fui criado como um deles pelo menos até os meus 18 anos (saiba como consegui obter, às duras penas, minha "consciência de classe" lendo meus relatos "Eu Também Já Fui Papagaio da Direita" e "Como Comecei a Ver e Sentir a Matrix")
3) Classe Média Baixa - resumidamente, são aqueles que trabalham hoje para pagar as contas de ontem, mas mesmo assim ainda são capazes de morar numa casinha bonitinha, ter um carrrinho mais ou menos novo e dar um mínimo de conforto e educação aos filhos (de preferência em escolas estaduais gratuitas).Então, entre os pobres que mal conseguem se manter vivos e os podres de ricos que acham divertido pagar R$ 7.000 num sapato na Daslu, estão os pobres coitados da Classe Média. Espremidos entre a miséria total e a riqueza absoluta, vivem sonhando que um dia vão "chegar lá" no topo da pirâmide e virar um "chapa" do Antônio Ermírio. E para isso, deliram, basta trabalharem bastante, serem bonzinhos, não questionarem as regras e, acima de tudo, defenderem os interesses daqueles chiques e famosos - afinal de contas, são seus próprios interesses já que um dia eles mesmo poderão também estar lá em cima comprando suas ilhas particulares, não é mesmo?
Essa foi, na minha opinião singela, a grande "sacada" dos podres de ricos: convencer os boçais da Classe Média, por meio de seus aparatos midiáticos (cinema, televisão, jornais, revistas, etc) de que eles estão mesmo bem mais próximos do topo da pirâmide do que da base e que para chegar lá em cima não é difícil, basta ter esforço e dedicação... É aquela velha piada do cara sentando em cima do trabalhador com uma cenoura na ponta de uma vara de pescar - o de baixo vai sair correndo para tentar pegar a cenoura, enquanto carrega o outro nas costas sem nunca coseguir alcançar seu "prêmio".
Se a turma da Classe Média tivésse a mínima consciência de classe, estaria sempre ao lado dos pobres e miseráveis lutando por melhor distribuição de renda, respeito aos direitos humanos e por Justiça social. E não faria isso por altruísmo ou caridade, mas sim por necessidade, para garantir sua própria sobrevivência e um futuro melhor para seus filhos.
O motivo para isso é óbvio, não? Quanto menos pobreza e injustiças existirem no mundo e quanto menor for o abismo que separa as classes sociais, menos chance de perder tudo e viver na miséria as pessoas vão ter. Assim, ao invés de ficarem agarrados desesperadamente ao pouco que tem - e por isso serem presa fácil do discurso cínico dos "conservadores" - a Classe Média vai poder viver em paz, sem medo do amanhã e sem ódio dos que ousam ter consciência de classe e lutam por um mundo melhor para todos.
Créditos: Andre Lux
No momento em que O Globo dá início à série de reportagens sobre a contribuição civil à ditadura, aguardo ansiosamente que apareçam os nomes dos donos da Organização e dos editores no período.
Por Gilson Caroni Filho*, na Carta Maior
Como diz a jornalista Marinilda Carvalho, ex-editora do Observatório da Imprensa, "vou esperar para ver a fotografia do Dotô Roberto bem grande na primeira página! Afinal, Roberto Marinho foi um dos maiores colaboradores! Sua TV e seu jornal prestaram inestimáveis serviços aos nossos gorilas, tanto financeiros quanto midiáticos!”.
Assim, como forma de contribuir com a pesquisa do jornal, ofereço minha modesta ajuda republicando, na Carta Maior, artigo que escrevi para o Observatório, em agosto de 2003, em meio às homenagens póstumas prestadas ao empresário . Creio que será de alguma valia para os que se interessam por um empreendimento que objetiva recontar a história, ocultando o papel desempenhado nela. Eis o texto, revisado em alguns pontos, em nome da atualização.
Epifania editorial
Terra revolvida, consciências entorpecidas e biografia reinventada. É próprio do rito agir sobre a realidade intervindo na representação que as pessoas fazem dela. A isso se chama eficácia simbólica. Capacidade de reescrever a história, muitas vezes ao preço de falsificá-la com a anuência de seus, outrora, críticos severos. Esmaecidos os princípios e calados os dissensos, os poderosos nunca morrem sós. Levam com eles o silêncio dos que se diziam inocentes.
Homenagens póstumas tanto mais revelam quanto maior a absolvição pretendida. Os panegíricos pedem mais que um minuto de silêncio. Solicitam, com maior ou menor intensidade, a troca de sinais e a inversão de discursos. A fabricação do consenso precisa que a razão adormeça e as contradições se esfumem. A memória deve se reinventar para dar seu "fiel" testemunho ao novo sentido que as estruturas de poder solicitam.
A morte do presidente das Organizações Globo, o jornalista e empresário Roberto Marinho, produziu manifestações de pesar por demais emblemáticas para serem ignoradas. De antigos aliados a opositores ferrenhos ouvimos e/ou lemos declarações entusiásticas sobre o cidadão, o companheiro e o empreendedor. Não pretendo, ao longo desse pequeno artigo, analisar as intenções que moveram os gestos. Seria tão inútil quanto presunçoso.
Mas se alguma lição há que se extrair desse episódio, ela não poderá ignorar um ponto fulcral: ao morrer, Roberto Marinho mostrou os acertos das apostas que fez em vida. E isso, per si, explicaria sua longevidade como figura central do cenário político brasileiro.
Apostou no poder das estruturas oligárquicas e acertou na mosca. Jogou todas as fichas em forças sociais que perpetuariam o atraso e raspou a mesa. Foi, em nome da expansão de seu império, parceiro de regimes que suprimiram liberdades civis e acentuaram a exclusão social.
Desde jovem soube, como bom jogador de pôquer, que parcela expressiva da intelectualidade que lhe criticava era facilmente cooptável. A retórica cidadã não resistiria a pequenos favores. Não precisou ler Gramsci para ter perfeita noção do que significa transformismo. E, como senhor do cassino, foi avalista de diversas transições pelo alto, de modernizações conservadoras e desconstruções de projetos nacionais. Por tudo isso, foi um vencedor.
Em texto laudatório, o jornal O Globo, na edição de 8 de agosto, registra sua trajetória política:
"Foi o seu modo de exercer o poder. Ficou com Getúlio Vargas em 1930, contra os comunistas em 1935, contra os integralistas logo depois, contra Getúlio quando da redemocratização ao fim da guerra. Em 1964, apoiou o movimento militar, em sua opinião o caminho para preservar as "instituições democráticas ameaçadas pela radicalização ideológica" dos últimos meses do governo Jango. Foi um gesto de fidelidade aos ‘tenentes e bacharéis’, ao lado de quem estava desde 1930".
Ora, esse curto relato anula as intenções dos que pretendem descrevê-lo como "liberal por temperamento", "democrata por natureza" e "empreendedor por vocação".
Deu sustentação simbólica a distintos blocos de poder em troca do atendimento de suas demandas empresariais. A inegável capacidade de se antecipar ao momento histórico é o que explica o parágrafo acima. Reconheceu com sagacidade o caráter conservador do tenentismo e a ele aderiu quando percebeu a revolução passiva que se delineava.
Independentemente de algum desentendimento com censores, não negou ao Estado Novo o apoio de seu veículo. Rompeu com Getúlio e apoiou o golpe de 45, quando pressentiu que, ao caudilho, não restava outra opção a não ser ampliar a institucionalidade a setores até então excluídos. Décadas depois, conspirou contra a legalidade e se tornou o esteio simbólico da ditadura militar, implantada em 64.
Exaltando as virtudes de um modelo econômico calcado no excessivo endividamento externo, fez ouvidos moucos aos gritos dos torturados nos porões. Como principal capitão da indústria editorial, legitimou a censura e pouco, ou quase nada, falou sobre o extermínio de opositores de um regime do qual era parte constitutiva.
Se houve uma ou outra escaramuça pouco importa, o certo é que o "democrata por natureza" assistiu impávido à supressão de liberdades civis e ao desfiguramento das instituições republicanas. Deixou claro, ao contrário do que supõem as consciências ingênuas, que não existe simbiose entre democracia e grande imprensa.
O "liberal por temperamento" sempre contou com as benesses estatais para isenções de impostos, favorecimentos fiscais, cambiais e fornecimento de papel. E o "empreendedor por vocação" soube jogar com a conivência dos poderes instituídos, para dar vazão à sua chama de "empresário "schumpeteriano".
A associação, ao arrepio de dispositivos constitucionais, com o Grupo Time-Life já faz parte da história da televisão brasileira. E é apenas uma pequena amostra de como se constrói um monopólio. De como se moderniza a mídia ao custo da concentração da informação. Nesse ponto, qualquer analogia com a estrutura fundiária não só é permitida, como desejável.
Retorno que assusta
Esgotado o ciclo militar, o "democrata por natureza" manteve-se na linha de frente dos interesses das classes dominantes. Censurando as manifestações por eleições diretas, celebrando o Colégio Eleitoral que acabaria por levar Sarney ao poder e, no curso de adesão ao projeto neoliberal, apoiando Collor (defenestrado por um acordo intra-elites) e Fernando Henrique.
Roberto Marinho sabia que os movimentos sociais dependem das representações construídas a seu respeito na mídia. Não poupou esforços para sua demonização. O movimento sindical do fim dos anos 70 e o MST, mais recentemente, eram manifestações indesejáveis. Deveriam ser apresentados como disfunções que precisam ser exterminadas para o desejável funcionamento da ordem. Nesse ponto, o restante da mídia lhe seguiu como modelo.
Como sabemos a cultura política de uma formação social — conjunto de significados e valores que constrói o sentido de comunidade política — também resulta da interpretação midiática sobre fatos e comportamentos. Se é assim, não há como olvidar que a contribuição do agora festejado "companheiro-jornalista-empresário" para a prática política brasileira foi deplorável. Sua conivência, em tempos distintos, com a tortura, a exclusão e o patrimonialismo é, em grande parte, responsável por nosso atraso político-institucional.
Por tudo isso soam estranhas declarações como as que abaixo reproduzo:
Antonio Palocci, na época, ministro da Fazenda: "Foi o doutor Roberto Marinho fundamental na construção da democracia brasileira e no fortalecimento e estabilidade do sistema democrático nacional. O Brasil perde, mas devemos aplaudir o exemplo dado por ele."
Miro Teixeira, ex-ministro das Comunicações: "Do amigo ficará a saudade. Do brasileiro o exemplo e a história".
José Genoino, então presidente nacional do PT: "Doutor Roberto é um homem que faz parte da História do Brasil. Viveu os momentos mais importantes do país. Teve uma vida longa e frutífera. E agora descansa em paz."
Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça: "Roberto Marinho marca uma época de renovação e consolidação do jornalismo e da grande imprensa brasileira."
Pela estatura moral dos atores, não acho cabível falar em transformismo. Mas, por força da eficácia simbólica citada no início do artigo, julgo não ser improcedente afirmar que, vivo, Roberto Marinho foi corretamente associado ao reacionarismo de nossas elites. Morto, retorna como epifania democrática. E, convenhamos, isso assusta.”
Alguma dúvida que, passados cinco anos, continua assustando?
* Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro e colunista da Carta Maior
Submersa na globalização, América Latina mostra-se cada dia menos blindada à crise | | | |
Eduardo Gudynas | |
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Muitos governos da América Latina insistiram que seus países estavam blindados perante a crise global. Expressando grande otimismo, em lugares como México, Argentina, Chile, Peru e Colômbia, repetia-se que as economias nacionais continuariam crescendo, enquanto a crise se restringiria aos países ricos. Porém, com o passar das semanas, é evidente que o descalabro financeiro afeta a América Latina e as idéias da blindagem estão sendo derrubadas.
Aquele otimismo se baseava em conceber que as economias latino-americanas poderiam descolar-se da crise global graças a fatores como as importantes reservas monetárias em vários países, acreditando que se manteriam as exportações a países como a China, a quem se considerava a salvo da crise financeira.
Assim como o presidente Lula minimizava a gravidade da crise durante setembro e outubro, outros presidentes, como Felipe Calderón do México ou Alan Garcia do Peru, também sustentavam que tais problemas não chegariam a seus países, e que, se isso acontecesse, de toda maneira contavam com ferramentas para enfrentá-los (ver entrevista com Reinaldo Gonçalves no Correio da Cidadania em 02/10). Alguns davam um passo a mais, como Cristina Fernandez de Kirchner, da Argentina, quando, em sua visita às Nações Unidas, assegurou que em seu país não se necessitavam correções; eram os outros que deveriam mudar.
Essa tese do descolamento ou a ilusão da blindagem se desfez em quase todos os casos. Rebaixaram-se as projeções de crescimento econômico da região a menos de 3% em 2009. As bolsas caíram não só em São Paulo, mas também no México, Buenos Aires e Santiago. As moedas nacionais se desvalorizaram frente ao dólar, enquanto em vários países se registra um aumento na fuga de capitais (na Argentina foram mais de 16,3 bilhões de dólares entre janeiro e setembro de 2008). Da mesma maneira que no Brasil algumas fábricas reduziram ou suspenderam sua produção, Argentina e México também o fizeram. A crise também chegou à China, onde a redução de suas expectativas de crescimento, as limitações do crédito e as reformas na produção agropecuária indicam que sua demanda por commodities sul-americanas se reduzirá.
Alguns governos seguem negando tais evidências. Um caso extremo, possivelmente, é representado pelo presidente peruano Alan Garcia, que considera seu país um paraíso econômico e diz que aqueles que criticam seus planos econômicos ou advertem sobre a transnacionalização de sua economia "deveriam ser colocados em uma balsa e lançados ao mar, para que assim desapareçam" (O Comércio, 20 de novembro de 2008).
O presidente do México, Calderón, afirma que seu país conta com os recursos para superar qualquer crise. Porém, o Banco do México acaba de reconhecer uma redução na atividade econômica, num contexto marcado pela queda do peso ao seu mínimo histórico, um desabamento do crédito interno (com altas porcentagens de inadimplência), perdas nas exportações e aumento do desemprego. A situação deste país se faz mais complicada por conta da íntima dependência que mantém com a economia dos EUA. A evidência histórica indica que qualquer queda no produto industrial estadunidense imediatamente arrasta todo o PIB mexicano. Espera-se um crescimento de menos de 1% para o país asteca em 2009.
A queda das remessas que os migrantes enviam dos EUA e da Europa será outro golpe adicional para o México, mas também para os países centro-americanos e algumas nações andinas (especialmente o Equador).
A crise internacional, ademais, pode se somar aos problemas domésticos de cada país. Por exemplo, na Colômbia, com a queda das chamadas pirâmides, empresas de especulação financeira que desembocaram em golpes em escalas massivas. Na Argentina, as contradições internas geram medidas com muitos pontos de interrogação. Enquanto o valor de seus principais produtos, como a soja, caiu dramaticamente e as exportações de produtos manufaturados se ressentem do momento, as contas públicas estão seriamente ameaçadas. A Argentina tampouco dispõe de acesso a créditos internacionais, como conseqüências do default (suspensão de pagamentos da dívida).
Dentro desse contexto, o governo de Cristina Fernandez nacionalizou os fundos privados de pensão. A medida tem um componente positivo ao recuperar o controle do Estado sobre a previdência social. Ao mesmo tempo, o governo ganha o acesso a uma carteira de cerca de 30 bilhões de dólares e ingressos mensais de 300 milhões de dólares, sob muitas dúvidas a respeito da efetividade dos mecanismos de controle e transparência. Muitos temem que o dinheiro não seja usado nas aposentadorias, mas sim para equilibrar as contas estatais e para a campanha legislativa de 2009.
Na semana passada, o governo argentino voltou a surpreender com mais medidas: benefícios para repatriar os capitais do exterior sem investigar a origem dos fundos, extinção de dívidas e até uma reorganização do gabinete, com a criação do Ministério da Produção. Mais uma vez há interrogações: por exemplo, ao não se requerer uma análise da origem dos capitais repatriados, desaparecerão muitas causas judiciais por questões como fraudes fiscais, além de não faltarem advertências de que isso abre as portas para a lavagem de dinheiro. Apesar de todas essas medidas, as estimativas indicam que a economia argentina crescerá menos de 1% em 2009 ou se estancará.
A queda nos preços dos produtos de exportação e o fechamento de muitos mercados golpeiam em todos os países. Isso se observa em rubros como a mineração, na qual no Peru se suspendem empreendimentos e fecham-se pequenas cooperativas e empresas mineradoras, enquanto que na agricultura e pecuária se espera uma contração na Argentina e no Uruguai. A restrição ao crédito internacional é palpável e os papéis de países latino-americanos perdem valor nos mercados internacionais. Os bancos centrais de México, Chile e Argentina devem utilizar suas reservas para segurar a queda da cotação de suas moedas.
Mesmo no Chile, onde o governo central conta com um fundo anti-cíclico nutrido pelas exportações de cobre, são evidentes os problemas. O nível de endividamento interno é alto, os preços de sua principal exportação (cobre) despencaram e o déficit de conta corrente aumentará de 1% em 2008 para estimados 2,7% em 2009. O sistema de previdência social está quebrando devido ao fato de os investimentos dos fundos de pensão privados terem sofrido perdas de ao menos 27% no ano, especialmente pelas aplicações realizadas no exterior.
Os governos de esquerda também brincaram com a otimista idéia da blindagem e hoje sofrem com esses problemas. A queda do preço do petróleo para 50 dólares é um duro golpe nas reformas de Hugo Chávez na Venezuela, assim como no seu esquema de cooperação internacional. As exportações de Equador e Bolívia sofrem um problema similar, o que gera muitas restrições econômicas para o próximo ano.
Essa breve revisão da situação latino-americana mostra que o ano de 2009 será muito complicado e não existe uma blindagem perfeita. A América Latina encontra-se muito mais submersa na globalização econômica do que alguns estavam dispostos a admitir e os passados êxitos econômicos eram mais dependentes do boom das matérias primas que de novas medidas de ministros da economia.
Apesar disso, parecem abundar mais as receitas que negam a necessidade de mudanças substanciais do que novas e audazes medidas a fim de se avançar rumo a outras estratégias de desenvolvimento. Lançar ao mar dentro de balsas quem advertir sobre tais problemas, como apregoa o presidente peruano Alan Garcia, apenas alimenta o desencanto cidadão com a política. Porém, essa falta de novas idéias é uma enorme oportunidade para que a sociedade civil possa renovar o debate sobre o desenvolvimento.
Eduardo Gudynas é analista de informação no D3E (Desenvolvimento, Economia, Ecologia e Eqüidade), centro de investigações dos assuntos latino-americanos sediado em Montevidéu.
Traduzido por Gabriel Brito.
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Créditos:www.compartilhandoecriandoinformação.blogspot.com
Fonte dos dados acerca do autor: EducaçãoUol
Diretorio onde se encontram os livros
* Obras disponiveis no arquivo rar:
Fiodor Mikhailovich Dostoievski foi uma das maiores personalidades da literatura russa, tido como fundador do Realismo.
Sua mãe morreu quando ele era ainda muito jovem e seu pai, o médico Mikhail Dostoievski, foi assassinato pelos próprios colonos de sua propriedade rural em Daravoi, que o julgavam autoritário. Esse fato exerceu enorme influência sobre o futuro do jovem Dostoiévski e motivou o polêmico artigo de Freud: "Dostoiévski e o Parricídio".
Em São Petersburgo, Dostoiévski estudou engenharia numa escola militar e se entregou à leitura dos grandes escritores de sua época. Epilético, teve sua primeira crise depois de saber que seu pai fora assassinado. Sua primeira produção literária, aos 23 anos, foi uma tradução de Balzac ("Eugénie Grandet"). No ano seguinte escreveu seu primeiro romance, "Pobre Gente", que foi bem recebido pelo público e pela crítica.
Em 1849 foi preso por participar de reuniões subversivas na casa de um revolucionário, e condenado à morte. No último momento, teve a pena comutada por Nicolau 1
Suas crises sistemáticas de epilepsia, que ele atribuía a "uma experiência com Deus", tiveram papel importante em suas crenças. Inspirado pelo cristianismo evangélico, passou a pregar a solidariedade como principal valor da cultura eslava. Em 1857 casou-se com Maria Dmitrievna Issaiev, uma viúva difícil e caprichosa. Dois anos depois retornou a Petersburgo. Em 1862 conheceu Polina Suslova, que viria a ser o seu romance mais profundo. Em 1864, viúvo de Maria, terminou seu caso com Polina e em 1867 casou-se com Anna Snitkina.
Entre suas obras destacam-se: "Crime e Castigo", "O Idiota", "O Jogador", "Os Demônios", "O Eterno Marido" e "Os Irmãos Karamazov".
Publicou também contos e novelas. Criou duas revistas literárias e ainda colaborou nos principais órgãos da imprensa Russa.
Seu reconhecimento definitivo como escritor universal surgiu somente depois dos anos 1860, com a publicação dos grandes romances: "O Idiota" e "Crime e Castigo". Seu último romance, "Os Irmãos Karamazov", é considerado por Freud como o maior romance já escrito.