Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
domingo, 11 de fevereiro de 2007
Isso tem a ver com Religião??
ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo, no Rio
A prisão dos fundadores da Igreja Renascer em Cristo, apóstolo Estevam Hernandes e bispa Sônia Haddad Hernandes, nos Estados Unidos, e a ação judicial do Ministério Público de São Paulo contra o casal por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e estelionato interromperam o megaprojeto de radiodifusão da igreja que estava em andamento.
Levantamento exclusivo da Folha revela que a igreja havia comprado em licitações públicas duas concessões de TV e 23 de rádio, por intermédio de três empresas em nome de dirigentes da instituição. Paralelamente, as empresas e a Fundação Renascer têm 155 pedidos de retransmissoras de TV e de rádios FM educativas no Ministério das Comunicações.
A igreja não se manifestou sobre o assunto. Na quarta-feira, sua assessoria de imprensa foi informada sobre os principais pontos da reportagem. Na quinta, informou que o assunto estava sendo examinado pela assessoria jurídica. Até a noite de sexta, não houve resposta.
O ministro Hélio Costa, das Comunicações, determinou a suspensão de todos os processos, até o término dos processos judiciais, incluindo os das concessões compradas nas licitações públicas que ainda tramitam no governo.
Além disso, a igreja corre o risco de perder a concessão de sua principal geradora: a TV Gospel (SP). O prazo de vigência da concessão, de 15 anos, acabou em 2003. Segundo Costa, a renovação só foi pedida em 2006, o que, em tese, permitiria o cancelamento da concessão.
A TV Gospel ocupa um canal educativo. O ministro quer que a Fundação Evangélica Trindade, dona da concessão, prove que a TV cumpre o papel educativo. O ministro já havia cancelado, no final de janeiro, a autorização que dera para uma retransmissora da TV Gospel, da Renascer, no Espírito Santo.
R$ 20 milhões
Informações obtidas pela Folha em Juntas Comerciais, cartórios e na página do Ministério das Comunicações na internet dão uma visão do megaprojeto de radiodifusão.
Em 1997, as empresas Ivanov, Mello e Bruno e FH Comunicação e Participações foram registradas em nome de bispos, para comprar concessões de rádio e de TV nas licitações públicas do governo. Disputaram 117 licitações, em 2000, e venceram 25.
Segundo especialistas do mercado, elas ofereceram preços muito elevados por concessões no interior, e estariam sem dinheiro para honrar os lances feitos nas licitações, no total de R$ 10,2 milhões. Para instalar as 23 rádios, duas TVs e as 155 retransmissoras solicitadas, a igreja gastaria mais R$ 10,3 milhões em equipamentos.
Até a semana passada, nem o governo tinha visão precisa das empresas ligadas à Renascer. Costa soube, pela reportagem da Folha, que a FH é um braço da igreja. Ela é uma das empresas acusadas pela Promotoria de São Paulo de integrar um suposto esquema de lavagem de dinheiro da Renascer.
Ilegalidade
A FH Comunicação e Participações foi registrada na Junta Comercial de São Paulo, em 1997, em nome da bispa Sônia Hernandes e do filho Felipe Daniel Hernandes, o bispo Tid. Os dois figuram como donos da empresa no cadastro do Ministério das Comunicações, mas a Junta Comercial informa que 100% das cotas mudaram de mãos em 2002, sendo transferidas para um outro casal de bispos da Renascer: Hamilton Gomes e Ana Lúcia Gomes.
A troca não foi comunicada ao ministério, o que tornaria ilegal a vitória da empresa nas licitações. Pelo mesmo motivo, o apresentador de TV Gugu Liberato perdeu uma concessão de TV em Cuiabá, em 2002.
Segundo o ministro Hélio Costa, a legislação só permite a mudança de controle de concessionárias de radiodifusão decorridos cinco anos de funcionamento.
sábado, 10 de fevereiro de 2007
A incrível briga entre Yeda Crusius e Paulo Feijó
O episódio foi apenas o início de uma briga que iria explodir publicamente logo no primeiro mês do governo Yeda-Feijó. Uma briga que, na verdade, teve suas sementes lançadas ainda na campanha eleitoral de 2006. Escolhido para acomodar uma aliança entre PSDB, PFL e PPS, o empresário Paulo Feijó foi escondido da propaganda eleitoral de Yeda. Neoliberal assumido, o ex-presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviço do Rio Grande do Sul (Federasul) é um entusiasta das privatizações e da idéia de Estado mínimo. Sempre disse isso em alto e bom tom. Ao longo de sua trajetória política recente, Yeda Crusius também defendeu essas idéias, apoiando e participando do processo de privatizações levada a cabo no RS pelo governo Antônio Britto (PMDB) e, em nível nacional, pelo governo FHC. Mas, na campanha para o governo gaúcho, Yeda optou por se apresentar de “cara nova”, dizendo apenas que era representante de “um novo jeito de governar”. Assim, na campanha, enquanto ela garantia que não iria privatizar nenhuma empresa pública, Feijó dizia o contrário. Era só o início do que estava por vir.
Fogo amigo e liturgias
As primeiras semanas do novo governo gaúcho confirmaram o que havia acontecido na campanha e no período de transição. O vice-governador foi descartado por Yeda e, sem função definida no governo, passou a fustigar a governadora através de declarações pela imprensa. O “fogo amigo” atingiu inclusive o marido da governadora, o economista Carlos Crusius, que desempenho um papel central na campanha e no período de transição. Feijó acusou a ingerência de Crusius no governo, observando que ele não havia sido eleito para nada e não tinha nenhum cargo no Executivo. O episódio serviu para azedar, definitivamente as relações entre o empresário e o casal Crusius. A partir daí, a situação só iria piorar. O último episódio dessa briga teve seu ápice na quarta-feira (7), quando Yeda Crusius, em entrevista à rádio Gaúcha, bateu forte em Paulo Feijó, reclamando de sua “falta de preparo para a vida pública e de sua irresponsabilidade”.
As declarações foram uma resposta à nota oficial divulgada no dia anterior por Feijó, que tratou das denúncias feitas por ele contra o presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), Fernando Lemos, confirmado por Yeda para permanecer no cargo. O vice-governador advertiu-a sobre os riscos de manter Lemos no cargo, dizendo que sua gestão não resistiria à uma auditoria. Na nota, entre outras coisas, o vice-governador reclama da falta de diálogo por parte de Yeda. Após entregar uma carta à governadora, Feijó pediu uma audiência com a mesma, mas não foi atendido. A resposta veio na entrevista à rádio Gaúcha: “Ele não se preparou para ser uma pessoa pública, não tem o perfil (...) Não sabe respeitar a liturgia do cargo (...) Precisa ter responsabilidade, sentir-se parte do governo e não querer ser um rei (...) Espero que amigos e parentes o ajudem”, disparou a governadora. Se alguém tinha alguma dúvida acerca do rompimento entre as duas principais autoridades políticas do Estado, deixou de tê-las após esse episódio.
“Um inimigo na trincheira”
Feijó tornou-se um sério problema para o governo Yeda Crusius. A governadora trabalha para isolá-lo politicamente, o que vem conseguindo fazer, com a ajuda do próprio vice, que não mede palavras em suas declarações e coleciona atritos. Mas ele ainda é o vice-governador e tem, entre suas atribuições, a de substituir a governadora quando esta se ausentar do Estado por períodos mais longos. Em função disso, Yeda tornou-se uma espécie de prisioneira no Palácio Piratini. Ela foi convidada para ir ao Japão em uma missão oficial e recusou pois não quer transmitir o cargo para o vice. A crise só não adquiriu proporções maiores ainda porque a mídia gaúcha vem tratando o assunto em pequenas notas. A exceção foi um editorial publicado quarta-feira pelo jornal Zero Hora, lamentando a briga: “é doloroso para os rio-grandenses constatar a cada dia o péssimo relacionamento entre a governadora e seu vice. Na falta de um papel claro para desempenhar, ele está se transformando num verdadeiro inimigo na trincheira”.
O editorial reproduz o tom geral da crítica que Yeda Crusius faz ao comportamento do vice; “Tudo bem que discorde da política governamental, especialmente nas áreas do seu conhecimento. É compreensível, inclusive, que manifeste suas opiniões sobre medidas econômicas e políticas que firam as suas convicções. Neste aspecto, pode até praticar um saudável contraponto e estimular os demais integrantes do governo a uma reflexão plural. Só não pode é se aproveitar da imunidade do mandato para boicotar sistematicamente a administração de que faz parte”. Um dos temores, no núcleo duro do governo Yeda, é que a figura do “inimigo na trincheira” se transforme na de um “homem-bomba”. Na tarde de quarta, cresceram os rumores de que Feijó não recuaria da briga e que, além de levar suas denúncias contra o presidente do Banrisul ao Tribunal de Contas do Estado, traria outras novas relativas ao financiamento da campanha eleitoral de 2006.
Preocupação na Assembléia
A guerra entre a governadora e o vice já está repercutindo na Assembléia Legislativa gaúcha. A deputada Stela Farias (PT) anunciou que a Comissão de Serviços Públicos convidará nos próximos dias o vice-governador para prestar esclarecimentos sobre as denúncias envolvendo a gestão de Fernando Lemos, no Banrisul. “Do nosso ponto de vista, o que menos nos importa é a polêmica, que não é nova, entre a governadora Yeda Crusius e seu vice. O que nos preocupa é o prejuízo à imagem do banco público”, disse a deputada, que buscará o apoio das demais bancadas da casa para promover uma audiência pública na Comissão de Serviços Públicos. Feijó ainda não respondeu se aceitará o convite, mas, segundo seus raros aliados no governo, há boas chances de fazê-lo, uma vez que está ficando cada vez mais isolado e sem espaço no governo. Uma clara expressão disso é o tratamento que ele recebe no site do governo do Estado. Na seção de notícias dedicada ao vice-governador, desde o início do governo, há apenas uma nota, em 16 de janeiro, falando de um encontro que ele manteve com o secretário da Fazenda, Aod Cunha.
A estratégia de Yeda Crusius é isolar cada vez mais Paulo Feijó, tentando vencê-lo pelo cansaço. Esse mesmo movimento foi utilizando durante a campanha eleitoral quando se cogitou, inclusive, substituí-lo na chapa. Na época, Feijó disse que não renunciaria de jeito nenhum. Repete o mesmo discurso agora. A crise entre as duas autoridades fragiliza o discurso de eficiência administrativa da governadora. Nos últimos dias, uma pergunta repete-se no Estado: quem foi mesmo que escolheu Feijó como vice? Originalmente, o empresário seria candidato a senador pelo PFL, mas um acordo entre este partido, o PSDB e o PPS, colocou-o como vice da chapa, ficando a vaga do Senado para o PPS. O “novo jeito de governar” anunciado por Yeda nasceu marcado por uma escolha de conveniência que está cobrando um alto preço agora. Esse preço só não está sendo maior em função da generosidade da mídia local que vem tratando o tema com notável discrição.
Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
Israel enganando a comunidade internacional
O Estado de Israel declarou na última sexta-feira (2) que havia cancelado a construção de novos assentamentos ilegais na região da Cisjordânia, após ter anunciado no mês passado a aprovação da construção dos assentamentos de Maskiot, o primeiro construído fora da região de Jerusalém, com total apoio do governo israelense, desde o início do processo de paz de Oslo. A mídia israelense, considerando a sensibilidade da questão, comunicou que o Ministro de Defesa de Israel, Amir Peretz, havia dado ordens de interromper a construção dos novos assentamentos “para cuidadosamente analisar as possíveis implicações”. O governo israelense, porém, não esperava a rápida descoberta do grupo Peace Now, maior movimento extraparlamentar que se concentra em dinamizar o processo de paz na região. Novas fotos aéreas desmentiram o governo israelense, confirmando construções de novos assentamentos ilegais em quatro pontos na Cisjordânia. Mais uma vez Israel planejava enganar a comunidade internacional com seu “processo de paz”. O coordenador de monitoração de assentamentos israelenses do Peace Now, Dror Etkes, declarou que “o governo israelense não é capaz hoje sequer de cumprir seus cometimentos com relação a seis assentamentos”, ao explicar as imagens aéreas tiradas há poucos dias, colocadas em comparação direta com outras de meses atrás.O “estado nacional judaico” estava encarregado, de acordo com com as recentes definições da ONU, apoiadas inclusive pelos Estados Unidos, de suspender imediatamente as construções nos assentamentos ilegais na Cisjordânia. Entretanto, logo após a manobra unilateral do ex-primeiro ministro israelense Ariel Sharon de recuar colonos da região de Gaza, descrevendo sua decisão como “um sacrifício pela paz”, o governo de Israel iniciou a construção de mais assentamentos ilegais na Cisjordânia, literalmente roubando mais terras dos palestinos. Movimentos de paz israelenses e oficiais palestinos têm reclamado há muito tempo sobre a construção de milhares de lares judaicos nos principais assentamentos ilegais, além da contínua expansão de ‘pontos de controle’ israelenses, ilegais perante as próprias leis de Israel. Ao invés de tomar alguma atitude e parar com novas construções, o governo israelense continua a expandir o seu território ilegal, enquanto a comunidade internacional, mais uma vez, assiste a tudo sem expressar qualquer opinião. FONTE: Jornal Oriente Médio Vivo – www.orientemediovivo.com.br Edição nº42 - http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edi |
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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
Guantánamo ou "Existe o inferno?"
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
Filme PARADISE NOW...
Desde o dia 11 de setembro de 2001, que o ocidente plata essa pergunta que culminou com a realidade atual da invasão iraquiana, porém, até agora não encontrou uma resposta adequanda.
ABU-ASSAD tenta oferecer uma reflexão num filme que movimentará a todos os espectadores.
Kaled(Ali Suliman) e Said(Kais Nashef) são dois jovens palestinos, amigos desde a infância, recrutados para levar a cabo um atentado suicida em Tel Aviv.
Depois de passarem a noite com suas familias, partem rumo a fronteira com esplosivos junto ao corpo.
Vários imprevistos os obriga a separar-se.
Este filme, rodado em Nablus, propõe uma interessante visão da vida cotidiana de pessoas em circunstâncias desesperadoras. Explora as legítimas razões da resistência à ocupação sem justificar em nenhum momento a perda de vidas humanas. Muito intrigante e desvelador!
Download do filme
Áustria desvenda rede de pedofilia em 77 países
Investigadores gravaram mais de 8 mil hits de video em 24 horas |
Os suspeitos pagavam para ver imagens que exibiam "os piores tipos de abuso sexual de crianças", definiu o ministro Guenther Platter.
Os vídeos eram colocados em um website mantido por uma companhia austríaca.
Segundo as autoridades austríacas, nenhuma prisão foi realizada, mas informações estão sendo compartilhadas com investigadores em outros países, como os Estados Unidos, Alemanha e França.
A polícia americana está investigando cerca de 600 suspeitos no país, enquanto as autoridades alemãs estão seguindo outros 400. Na França, mais de cem suspeitos estão sob investigação, disse o governo austríaco.
Na América Latina, a lista de países onde há suspeitos, de acordo com a agência de notícias EFE, inclui Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Porto Rico, Espanha, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Venezuela.
Autoridades em Viena disseram que 23 suspeitos estão sendo interrogados, e que mandados de prisão devem ser emitidos em breve.
A pessoa mais jovem implicada no crime tem 17 anos, e a mais velha, 69.
A policia austríaca disse que o caso é "um golpe contra pornografia infantil sem precendentes na história criminal da Áustria".
terça-feira, 6 de fevereiro de 2007
My name is Panamá
Um país sob o jugo da dominante cultura americana, o Panamá vive intensa crise de identidade e assiste à economia ficar cada vez mais atrelada aos EUA com a assinatura do TLC.
Latinautas*
Sétimo país do qual os Latinautas mandam relatos, o Panamá vive uma profunda crise de identidade após um século de domínio dos EUA. Mesmo com o canal, principal fonte de divisas do país, tendo já passado ao controle panamenho desde 1999, a cultura e a economia do país continuam sob forte jugo americano.
O relato que segue apresenta um pouco daquilo que, na História do Panamá, serve de indícios para a descaracterização da cultura local, além de apresentar o papel da Teologia da Libertação que, a exemplo de outros países da América Central, mostra-se como uma das principais referências de lutas sociais. O controverso tema da assinatura do Tratado de Livre Comércio com os EUA é avaliado sob a ótica de economistas locais. Há ainda, o registro do lançamento do Partido dos Trabalhadores Panamenhos, que aconteceu durante a estada dos Latinautas no país.
Canal do Panamá; invasão dos Estados Unidos
O desejo de construir um canal na região da América Central, que ligasse os Oceanos Pacífico e Atlântico, sempre esteve presente nas mentes dos comerciantes europeus e norte-americanos. Diversos projetos surgiram ao final do século XIX. O que obteve maior destaque foi o dos Franceses, os quais, por já possuírem a experiência de terem construído o canal de Suez, ganharam a concessão e escolheram o Panamá como local ideal para sua construção.
Entretanto, a construção do canal começou a apresentar diversos problemas, os gastos eram muito maiores do que o orçamento inicial e milhares de homens perderam suas vidas por causa de doenças tropicais. A idéia inicial era a de construir um canal em linha reta, ao nível do mar. Aos poucos, os franceses demonstraram-se inaptos para dar seqüência à construção do canal do Panamá e, então, passaram seus direitos sobre a área para os Estados Unidos.
O Canal foi administrado pelos Estados Unidos durante o século XX. Toda a área que a eles “pertencia” funcionava como um país diferente do Panamá. Os panamenhos não podiam freqüentar os espaços norte-americanos, sendo privados do direito de circular dentro de sua própria nação.
Em 1989, os Estados Unidos invadiram oficialmente o Panamá com a justificativa de retirar o ditador Noriega do poder. Entretanto, a luta contra a ditadura deveria ser do povo panamenho e a invasão foi vista com bons olhos apenas pelos setores de elite da população, os quais teriam seus ganhos econômicos garantidos. Vale lembrar que o ditador Noriega sempre foi um fiel amigo estadunidense e trabalhou durante anos para a CIA. Quando seus serviços não mais contavam, os EUA decidiram então “proteger seus interesses”.
Em 1999, o Canal do Panamá passou, finalemnte, para as mãos panamenhas. Entretanto, muita pouca coisa mudou, pois o Canal segue operando voltado para os interesses de uma pequena elite local.
Identidade Panamenha
A moeda corrente panamenha é o Balboa. O Balboa é uma moeda fictícia. Existe somente como um nome, pois, na realidade, é sinônimo de dólar. Sim, o dinheiro que circula no país não se chama dólar, mas é o dólar. “Estranho” pensamos. Descobrindo isso, estávamos prontos para presenciar outros indícios de colonização norte-americana na região.
Os outdoors nas avenidas mais importantes da capital, Cidade do Panamá, são todos escritos em inglês. A grande maioria dos anúncios imobiliários também. Até mesmo a seção de oferta de emprego no jornal é em inglês, ou quem sabe, bilíngüe. Mas qual seria a língua oficial do país?
Demoramos um pouco para entender o que acontecia naquela nação. Durante os primeiros dias não sabíamos exatamente o que ocorria. Procurávamos manifestações da identidade local, mas era difícil encontrar algo autêntico. A população justificava-se dizendo que a Cidade do Panamá é uma capital moderna, onde vivem pessoas de diversas nacionalidades. Mas e o povo panamenho, onde se encontrava?
Tratado de Livre Comércio sob a ótica de um economista
Nossa primeira entrevista em solo panamenho foi com o economista Aléxis Sotto, representante da organização nacional de agricultores e produtores (ONAGRO). Sotto é também analista econômico de diversos setores do governo e de empresas privadas. Aléxis Sotto foi muito atencioso, dirimiu nossas duvidas e interou-nos da situação econômica do país, mais precisamente sobre a assinatura do Tratado de Livre Comercio (TLC) com os Estados Unidos.
Para Sotto, o TLC pode representar vantagens e desvantagens. Entretanto, o que mais preocupa o economista é que o Panamá possa, em algum ponto, perder sua soberania. “O país deve produzir seus produtos básicos, ou, ao final, ficaremos nas mãos dos Estados Unidos e teremos que comprar todos os produtos deles, com o preço que eles desejarem”.
Aléxis Sotto repetiu-se diversas vezes sobre a questão da soberania econômica. Disse também que um país deve sim participar de acordos econômicos desde que os mesmos beneficiem sua própria economia. Ao perguntarmos sobre a questão da moeda nacional, o economista respondeu que foi algo “natural” uma vez que, pelo país, passe carga de diversas procedências e a moeda corrente entre os negociantes sempre foi o dólar.
Saímos da entrevista com algumas dúvidas respondidas, mas a questão da identidade nacional ainda estava longe de ser resolvida e, para nós, era difícil aceitar que as coisas naquele nação acontecessem assim, tão “naturalmente”.
Igreja Católica
Assim como nos demais países da América Central, a Teologia da Libertação foi bastante difundida no Panamá. Atualmente, um dos principais representantes da mesma é a Fundação Pastoral Cáritas. Ainda que menos “radical” do que nos anos anteriores, a Pastoral segue com a filosofia de que a Igreja é para todos, as pessoas possuem os mesmos direitos independente de cor, gênero e/ou situação econômica.
O Panamá é o segundo país da América Latina com a pior distribuição de renda, perdendo apenas para o Brasil. A linha divisória entre ricos e pobres vem aumentando ao longo dos anos, fator que assusta muitos e é uma das principais preocupações do grupo Cáritas.
Conversamos com o Diácono César Carraquilla Vasquez, coordenador da Fundação. Segundo ele, diversos projetos de “desenvolvimento” presentes atualmente no Panamá possuem características neoliberais.
“Qualquer projeto que não leve em conta as pessoas que estão ao redor possuem uma característica neoliberal (...) as pessoas devem tomar consciência de que devem lutar por uma melhor qualidade de vida. Isso não surgirá de maneira espontânea. Nós temos que lutar pela vida, a vida que nos deu Deus. Uma vida em que todas as pessoas tenham direito a um pão, à assistência medica, à educação e à recreação. Se tivermos isso claro, concluímos que qualquer projeto deve promover o desenvolvimento integral do ser humano”, concluiu o diácono.
Um Canal ao serviço de um país ou um país ao serviço de um canal?
O encontro com o professor universitário e radialista Miguel Antonio Bernal foi, sem dúvida alguma, o mais esclarecedor de todos. Bernal demonstrou-se muito direto e claro em suas palavras, trazendo-nos a compreensão da atual situação do país num contexto amplo.
Para ele, a crise de identidade que o país enfrenta é tão séria que o Panamá encontra-se em um momento decisivo dentro do qual terá que decidir se será um país ou apenas um Canal. Leia a entrevista na íntegra com Miguel Antonio Bernal (leia aqui).
(*) Latinautas é o apelido dado pela Carta Maior à equipe da expedição "Da América para as Américas", formada por Milena Costa de Souza, Pedro José Sorroche Vieira, Thiago Costa de Souza e Ligia Cavagnari. Eles atravessam as Américas, passando por 17 países, percorrendo mais de 25 mil km em busca de uma identidade de resistência à hegemonia política, econômica e cultural exercida pelos EUA.
Fonte : cartamaior
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007
O que é a globalização...boa reflexão!!
Usemos este texto como tema de discussão, para entender melhor os problemas do nosso tempo, do mundo e do Brasil. É um bom texto para ser reproduzido e utilizado em seminários de debate.
"O que é a globalização? O enfrentamento central do nosso tempo. Aquele do mercado contra o Estado, do steor privado contra os serviços púiblicos, do indivíduo contra a coletividade, dos egoísmos contra as solidariedades.
Por todos os meios, o mercado procura ampliar sua área de intervenção em detrimento do Estado. É por isso que as privatizações se mutliplicam em todos os lados. Elas são, de fato, simplesmente tranferências para os setor privado de fragmentos (empresas, serviços) do patrimônio público. O que era gratuito (ou mais ou menos barato) e à disposiçáo de todos os cidadãos sem distitnção se torna pago ou mais caro. Esta grande regressão social tem sobretudo relação com as camadas mais pobres da população. Porque os serviços públicos são o patrimònio dos que não têm patrimônio.
A globalização é também, pelo mecanismo das trocas comerciais, a interdependência cada vez mais estreita das economias de numersos países. O fluxo das exportações e das importações aumenta regularmente. Mas a globalização das trocas se refere sobretudo ao setor financeiro, porque a liberdade de circulação dos fluxos de dinheiro é total. E isto faz com que este setor domine, com grande vantagem a esfera da economia.
As pessoas que detêm fortunas se encontram, para mutliplicar seu capital, diante da seguinte alternativa: seja investir seu dinheiro na Bolsa (não importa em que Bolsa do mundo, pois os capitais circulam sem entraves), seja investi-lo em um projeto industrial (criação de uma empresa de fabricação de produtos de consumo). Neste caso, a rentabilidade média é de entre 6 e 8% na Europa. Em compensação, no caso de um investimento na Bolsa, a rentabilidade pode chegar a níveis muito mais altos (na França, em 2006, os mercados bursateis conheceram uma alta de 17,5%, na Alemanha de 22% e na Espanha de 33,6%!)
Diane de diferenças tão grandes, os proprietários de capitais só aceitam investir na indústria (onde são criados empregos) com a condição de que isso lhes renda cerca de 15% ao ano. Mas vimos como a rentabiliade média para esse tipo de investimento na Europa é de entre 6 e 8%. O que fazer? Pois bem, investir na China ou na Tailândia, por exemplo, países nos quais, em razão dos custos muito baixos da mão de obra, o retorno sobre o investimento pode chegar e até superar os 15%. É por isso que tantos investimentos são feitos atualmente, principalmente na China.
E como a finalidade do exercício consiste em fabricar com baixos custos nos países pobres para vender a preços muito altos nos Estados ricos, isso leva a uma avalanche de produtos importador dos países-fábricas e vendidos, por exemplo, na Europa. Aqui eles competem deslealmente com os mesmos produtos fabricados no Velho Continente com custos de mão de obra mais altos porque os direitos sociais dos trabalhadores são aqui – felizmente – mais importantes. Em conseqüência as empresas européias vão à falência e numerosos outras são obrigadas a fechar as portas e a licenciar seus trabalhadores.
Para sobreviver, alguns capitalistas optam por “deslocalizar”, isto é, transferir seu centro de produção para um país com mão de obra barata. O que se traduz, também nesse caso, nos países ricos, em fechamento de empresas e em desemprego.
A globalização atua assim como uma mecânica de triagem permanente sob o efeito de uma concorrência generalizada. Há concorrência entre o capital e o trabalho. E, como os capitais circulam livremente, enquanto os homens são muito menos móveis, quem ganha é o capital.
Da mesma forma que oa grandes bancos ditaram, no século XIX, sua atitude para numerosos países, ou como as empresas multinacionais o fizeram entre os anos 1960 e 1980, os fundos privados dos mercados financeiros têm agora em seu poder o destino de muitos países. E, em certa medida, o destino econômico do mundo.
Os mercados financeiros estão em condições de ditar suas leis aos Estados. Nessa nova paisagem político-econömica, o global se impõe sobre o nacional, a empresa privada sobre o Estado. Náo há praticamente mais distribuição de renda e o único ator do desenvolvimento – nos dizem – é a empresa privada, o único reconhecido como competente em escala internacional. E assim o único motor em torno do qual – nos dizem – é preciso reorganizar tudo.
Em uma economia globalizada, nem o capital, nem o trabalho, nem as matérias primas constituem, em si, o fator econômico determinante. O importante, é a relação ótima entre esses três fatores. Para estabelecer essa relação, uma emrpesa não leva em conta nem as fronteiras, nem as regulamentações, mas apenas a exploração mais rentável que ela possa fazer da informação, da organização do trabalho e da revolução da gestão. Isso produz sistematicamente uma fratura das solidariedades dentro de um mesmo país. Ocorre assim um divórcio entre o interesse das empresas e os interesses da coletividade nacional, entre a lógica do mercado e a lógica da democracia.
As empresas globais fingem que não têm nada com isso: elas sub-contratam e vendem no mundo inteiro; e reivindicam um caráter supra-nacional que lhes permita atuar com uma grande liberdade porque não existe, para dizê-lo de alguma maneira, instituições internacionais com caráter político, econômico ou jurídico em condições de regulamentar eficazmente seu comportamento.
A globalização constitui assim uma imensa ruptura econômica, política e cultural. Ela submete os cidadãos a uma regra única: “adaptar-se”. Abdicar de qualquer vontade, para obedecer mais às injunções anônimas dos mercados. Ela constitui o ponto de chegada final do economicismo: construir um homem “mundial”, esvaziado de cultura, de sentido e de consciência do outro. E impor a ideologia neoliberal em todo o planeta".
(Publicado em “Les dossiers de la mondialisation”, Manière de voir de Le Monde Diplomatique – janeiro-fevereiro de 1007-
(Tradução de Emir Sader)
domingo, 4 de fevereiro de 2007
Campanha distribui livros a 10 mil presos palestinos em Israel
Os 10 mil exemplares obtidos inicialmente vieram de doações de 35 ONGs e diversas personalidades palestinas. Desde setembro 2000, o início da Segunda Intifada, são estimadas em 50 mil as prisões de palestinos, incluindo 4 mil crianças (10% delas permanecem detidas). Dos parlamentares palestinos, 40 são mantidos presos. Os dados são da própria Campanha, e dizem respeito a janeiro de 2007.
Parte dos presos fica permenece presa em detenção administrativa, mecanismo legal israelense que permite a reclusão, por até seis meses, sem julgamento nem informação do motivo da detenção. A entidade, no entanto, denuncia casos em que palestinos permaneceram até sete anos presos.
Maruan Barguti
Aos 46 anos, o ativista palestino Maruan Barguti é mantido preso desde 15 de abril de 2002, quando era parlamentar palestino eleito pelo Fatá, pertido de Iasser Arafat e Mahmoud Abbas. É apontado como fundador da Brigada dos Mártires de Al-Aqsa, braço armado do partido político. Condenado em dezembro de 2002, cumpre cinco prisões perpétuas por assassinato e tentativa de assassinato. É apontado como "terrorista" pelo governo israelense.
A Campanha pela Libertação de Maruan Barguti e Todos os Presos foi criada como uma rede que reúne organizações em defesa dos direitos dos presos políticos. Barghouti, visto como preso político pela entidade, chegou a lançar-se à presidência da Autoridade Palestina em 2004 como candidato independente, mas retirou-se da disputa para apoiar Mahmoud Abbas. Em dezembro de 2005, de dentro da cadeia, rompeu com o grupo para criar o partido al-Mustaqbal (O Futuro).
Barghouti era um dos presos cuja libertação era reivindicada pelo Comitê de Resistência Popular, responsável pelo sequestro do soldado Gilad Shalit, detido em junho de 2006. A prisão dele e de outros dois soldados israelenses serviram de pretexto para a agressão ao Líbano. O trabalhista Shomn Perez, ex-premier e postulante a candidato à presidência de Israel, defende o perdão a Barguti.
sábado, 3 de fevereiro de 2007
UNE de volta pra casa: estudantes retomam terreno histórico
Depois de um ato com ex-presidentes da União Nacional dos Estudantes (UNE), cerca de cinco mil pessoas marcharam nesta sexta-feira (01/02) na Culturata rumo ao terreno na Praia do Flamengo que pertencia ás entidades estudantis até o Golpe de 64. Com muita irreverência, música e emoção os manifestantes derrubaram o portão do estacionamento irregular, que até então funcionava no terreno, e tomaram de volta o que a ditadura lhes tirou.
Estudantes derrubam portão de terreno, onde ficava antiga sede da UNE
A Culturata, que saiu dos Arcos da Lapa na cidade do Rio de Janeiro por volta das 16 horas, teve na sua linha de frente ex-presidentes da UNE como Aldo Arantes, Ricardo Capelli, Wadson Ribeiro e Felipe Maia. Entre os ex-presidentes da velha guarda estavam José Frejat, Genival Barbosa e Irum Santana, que presenciou a Fundação da UNE em 1.937. O autor da chamada “bíblia do movimento estudantil” – O Poder Jovem – Arthur Poerner também se somou á primeira fileira.
Do Rio de Janeiro,
Carla Santos
Fonte: vermelho