sábado, 19 de maio de 2007

A histeria do aquecimento global

Ar quente & dinheiro frio – os comerciantes do medo

Alexander Cockburn [*]

Nenhuma resposta é mais previsível do que aquelas esganiçadas pelos que vendem o medo do efeito de estufa: dizem eles que qualquer um que questione as suas afirmações está na folha de pagamento das companhias de energia. Uma segunda réplica, igualmente previsível, contrasta o número sempre diminuto de agnósticos com as crescentes legiões de cientistas agora renascidos para a "verdade" de que o CO 2 antropogénico é responsável pela tendência para o aquecimento da Terra, a fusão das calotas polares, o alteamento dos mares, o aumento dos furacões, o declínio da fertilidade do pinguim e outros horrores demasiado numerosos para serem mencionados.

Realmente, as companhias de energia adaptaram-se há muito às fantasias em voga, recitando devidamente todo o catecismo acerca da neutralidade do carbono, descontraidamente e sem rir referem-se ao encantador endosso de Tom Friedman ao "carvão limpo", reposicionando-se a si próprias como pioneiras interessadíssimas na investigação de virtuosos combustíveis alternativos, a estabelecerem-se confortavelmente em novos lares, tais como o "Energy Biosciences Institute" da British Petroleum no Campus de Berkeley da Universidade da Califórnia, primeiro fruto de um acordo de US$ 500 milhões entre aquela companhia petrolífera e um campus cuja família fundadora, os Hearsts, afinal de contas fez a acumulação da sua fortuna no negócio mineiro.

De facto, quando se chega ao patrocínio corporativo de teorias insanas acerca da razão porque o mundo está a ficar mais quente, a conspiração de interesses mais bem documentada é entre os comerciantes do medo do aquecimento global e a indústria nuclear, agora largamente possuída por companhias de petróleo, cujas perspectivas vinte anos atrás pareciam negras, no meio de manchetes acerca das precipitações de Chernobyl, centrais a envelhecerem e depósitos de resíduos nucleares com fugas até à eternidade. Os que administram a fabricação do medo do efeito de estufa estão bem conscientes de que a única saída para a crise imaginária que têm estado a patrocinar é através de uma porta com a inscrição "energia nuclear", com uma porta de serviço lateral com a etiqueta "carvão limpo". James Lovelock, o Rasputin do Gaia, disse que "A energia nuclear tem uma importante contribuição a dar". (Àqueles que se sobressaltaram com as palavras "crise imaginária", remeto ao meu último artigo acerca deste tópico, onde enfatizo que ainda há zero evidência empírica de que a produção de CO 2 antropogénico esteja a dar qualquer contribuição mensurável à actual tendência para o aquecimento do mundo. Os comerciantes do medo do efeito de estufa confiam inteiramente em modelos computacionais não verificados, brutalmente super-simplificados, para apontar o dedo à contribuição pecaminosa da espécie humana).

O histérico mais bem conhecido do mundo, auto-promotor do tópico da responsabilidade física e moral do homem pelo aquecimento global, é Al Gore, um sócio da indústria nuclear e dos barões do carvão desde o primeiro dia em que entrou no Congresso encarregado do sagrado dever de proteger os interesses orçamentais e regulamentares do Tennessee Valley Authority e do Oakridge National Lab. As "task forces" da Casa Branca sobre alterações climáticas nos anos Clinton-Gore foram sempre bem despachadas por Gore e o seu conselheiro John Holdren com gente da indústria nuclear como John Papay da Bechtel.

Como cidadão de Washington desde os seus verdes anos, Gore sempre entendeu que a ameaça da inflação é a ferramenta mais segura para engordar orçamentos e incitar multidões de eleitores. Em meados da década de noventa ele posicionou-se como chefe da aliança estratégica e táctica formada em torno do "desafio das alterações climáticas", que agora avançava para ocupar o lugar do comunismo no teatro essencial a toda a vida política. Na verdade, foi no New Republic, um incansável agente publicitário da ameaça soviética em fins da década de 70, que Gore anunciou em 1989 que a guerra ao aquecimento global não poderia ser ganha sem uma renovação dos valores espirituais.

A infantaria nesta aliança tem sido os privilegiados modeladores climáticos e a sua Internacional, o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) da ONU, cuja perícia científica colectiva é reverentemente invocada por todos os devotos do catecismo dos fabricantes do medo do Efeito de Estufa. Fora o facto de que o cemitério de erros intelectuais está recheado com uma miríade de lápides de "esmagador consenso científico", o IPCC tem o exército habitual de funcionários e colectores de privilégios, e uns pequenos salpicos de cientistas reais com a qualificação primária de climatologistas ou físicos da atmosfera.

Identificar tanto os modeladores do clima financiados por governos como as suas tropas de choque, os membros do IPCC, com rigor e objectividade científica é tão irrealista quanto detectar tais atributos num craniologista financiado por Lombroso que estuda a cabeça de um assassino numa prisão do século XIX para criminosos insanos. Os dedos e compassos dos craniologistas foram programados pelos habituais incentivos de estipêndios, privilégios e ego profissional a fim de descobrir sulcos, protuberâncias e depressões na caveira daquele assassino, cada uma delas meticulosamente equacionada com uma ingovernável paixão, um défice étnico ou um desarranjo mental. A cabeça do indivíduo assassino tornou-se um modelo universal, o particular promovido a uma teoria inatacável.

Lombroso e os seus seguidores pelo menos mediam cabeças. Mas tudo o que Al Gore alguma vez precisou para promover a sua inatacável teoria do aquecimento global feito pelo homem foi de um dia quente ou alguma chuva forte. Viesse um Verão chuvoso (1995), um El Niño perfeitamente rotineiro (1997) ou um incêndio florestal na Florida (1998) e lá estava Gore para a foto oportunidade, com o dedo levantado a advertir da pioria do aquecimento por vir. O ano de 1997 também encontrou Gore no Parque Nacional de Glaciares, a apontar para o glaciar Grinnell e a dizer com gravidade à imprensa que ele estava a fundir, o que na verdade tem estado a acontecer desde o fim da Pequena Idade do Gelo, de 1450-1850 . Os glaciares das latitudes médias expandem-se, assim como se contraíram no Período do Aquecimento Medieval, mais quente do que hoje e portanto tão vexatório para alarmistas do clima como Michael Mann (agora um burocrata reinante do clima no IPCC) que eles o extirparam dos seus gráficos de temperaturas históricas, tal como um editor no tempo de Stalin recortou uma foto da equipa de antigos bolcheviques para livrar-se de indesejáveis que haviam sido anatematizados.

A teoria de um aquecimento global produzido pelo homem é alimentada por previsões pseudo quantitativas de carreiristas do clima a extraírem [dados] primariamente do grande mega-computador Modelos de Circulação Geral (MCG), os quais incluem o National Center for Atmospheric Research (NCAR), o Goddard Institute for Space Studies da NASA, o Geophysical Fluid Dynamics Lab do Departamento do Comércio, um MCG privado que costumava estar no estado de Oregon antes de a Universidade de Illinois atrair a equipe para outro lugar. Há um outro em Livermore e um na Inglaterra, em Hadley.

Estas burocracias da programação do modelo computacional manobram muitos milhares de milhões de dólares e pretendem a sua auto-preservação e reforços orçamentais tal como as burocracias nucleares cognatas de Oakridge e Los Álamos.

É tão improvável que desenvolvam modelos refutando a hipótese do aquecimento global induzido por humanos quanto o IPCC de dizer que o tempo possivelmente está a ficar um pouco mais quente mas que não há grande motivo para alarme e na verdade até alguma razão para regozijo, uma vez que este aquecimento (cujas causas naturais discuti naquele artigo recente) dão-nos uma estação de plantio mais longa e CO2 acrescido, um poderoso fertilizante de plantas. Bem vindo ao amadurecimento global.

Remontando ao princípio da década de 1970, em agências tais como a Conferência sobre Comércio e Desenvolvimento (Conference on Trade and Development, UNCTAD) a ONU alimentou alguns planos bastante radicais para uma nova ordem económica internacional, os quais estabeleciam termos de comércio mais favoráveis para os países mais pobres. No fim da década dos 70 tais esperanças estavam a esvanecer-se sob a maré neoliberal e a era Reagan-Clinton pôs-lhe fim. No fim da década de 1980 os altos escalões da ONU perceberam claramente que o "desafio" das alterações climáticas poderia ser o cavalo de batalha para reconstruir a cada vez mais esfarrapada autoridade moral da organização, e para reclamar um papel além daquele de ser um óbvio garoto de recados americano. Em 1988, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, criado originalmente em 1972, foi unido num não sagrado matrimónio burocrático à Organização Metereológica Mundial da ONU, dando-nos o IPCC.

O ciclo de previsões alarmistas agora está bem estabelecido. Não muito antes de algum novo debate da ONU sobre "O que fazer acerca do clima", algum conhecido vendedor de medo como James Hansen ou Michael Mann fará uma trémula declaração acerca da aceleração do tempo e das dimensões da crise do aquecimento.

A choradeira é então retomada pelo IPCC (e na década de 1990 pelo par Clinton/Gore - Casa Branca), com os comunicados de imprensa postos em manchete pelo New York Times, exactamente com a mesma falta intencional de avaliação crítica com que aquele jornal reciclou as mentiras do governo acerca das armas de destruição maciça de Saddam. Meses e anos mais tarde virão as qualificações e retractações, muito depois de novos contratos e privilégios terem sido concedidos, e novas legiões contratadas para os impérios sempre em expansão dos fabricantes do medo. (O Pentágono pelo menos entendeu a situação, e instruído por um brilhante almirante que conduz o estudo do Center for Naval Analysis, está a construir o fundamento intelectual para enormes novos aumentos orçamentais com base em hipotéticas conexões entre aquecimento global e terrorismo explosivo devido à fome).

Quando a realidade medida não coopera com as apavorantes previsões do modelo, são cozinhados novos "factores" compensadores, tais como os – populares por breve tempo – dos aerossóis da década de 1990, recrutados para arrefecer o calor obviamente excessivo previsto pelos modelos. Ou os existentes dados inconvenientes são despachados como aconteceu com as amostras dos cilindros de gelo que deixaram de confirmar as necessidades dos modeladores de temperaturas recorde hoje a serem opostas às de meio milhão de anos atrás. Como observou Richard Kerr, o homem do aquecimento global na revista Science, "Os modeladores climáticos têm estado a trapacear por tanto tempo que isto se torna quase respeitável".

A consequência? Tal como a espiral de gastos com armas fomentadas pelos mercadores do medo da Guerra Fria, vastas quantias de dinheiro serão gastas inutilmente em programas que não funcionam contra um inimigo que não existe. Enquanto isso, perigos reais e ambientais sanáveis são tratados superficialmente ou ignorados. A histeria governa estes dias, afogando necessidades urgentes de limpeza no nosso quintal enquanto aplaina o caminho para a indústria nuclear colher as suas recompensas globais.



[*] Co-editor de CounterPunch e co-autor de Dime's Worth Of Difference: Beyond The Lesser Of Two Evils

Fonte: http://resistir.info/ .

Lamentável!!!!!mais um gol contra do Lula...

Projeto do governo quer acabar com direito de greve


Escrito por Fernando Silva


É de enorme gravidade a tentativa do governo Lula em atacar amplamente o direito de greve. Foram dois fatos públicos na semana: a entrevista coletiva do presidente e o anúncio do Projeto de Lei de greve do governo, elaborado pelo Ministério do Planejamento e atualmente sob análise da Advocacia Geral da União.

A declaração do presidente de que os trabalhadores que fazem greve e querem garantia dos seus dias parados estão de férias não se constitui lá em uma novidade. Por mais incrível que isso possa parecer. Já no primeiro mandato de Lula, não foram poucas as vezes que tais palavras foram proferidas, em alguns casos, palavras que viraram atos, como no corte de ponto dos previdenciários em uma greve no ano de 2005.


Mas além de insultar os trabalhadores, este tipo de declaração brinca com a própria história. Pois faz parte da legítima tradição dos movimentos grevistas a busca do não desconto dos dias parados, normalmente incluído em qualquer processo de negociação para a solução de uma greve.


Isto sempre aconteceu, no setor público como no privado. Não é de lembrança distante que, nas longas greves metalúrgicas dos anos 70 e 80, as lideranças sindicais, como o próprio presidente, lutavam para que os trabalhadores não tivessem o desconto e, como sabemos, o maior ou menor sucesso desta e de outras reivindicações trabalhistas dependiam da relação de forças estabelecida.

Que o presidente e um governo, oriundos da classe trabalhadora, queiram contribuir decisivamente para que a relação de forças penda ainda mais para o lado do Capital e do seu Estado nos movimentos grevistas, a ponto de praticamente impedi-los de fazer greve (quanto mais de receber dias parados), só atesta o quanto esse governo não tem nada a ver com a defesa dos interesses mais elementares da classe trabalhadora.

Uma tragédia, sem dúvida, mas assim é.

Até porque, para além das declarações do presidente, está em gestação o Projeto de Lei em si.

Uma afronta, pois, entre outras medidas, a lei quer enquadrar todos os serviços públicos das três esferas na categoria de serviços essenciais, quer criar a categoria de serviços públicos essenciais inadiáveis, onde estariam enquadrados 19 tipos de serviços, como pagamento de benefícios do INSS, controle aéreo, abastecimento de água, entre outros. Estabelece condições mais duras para a deflagração de uma greve, chegando a ponto de querer determinar quantos trabalhadores podem estar em uma assembléia para que se possa decretar uma paralisação!! Fazem parte ainda do Projeto de Lei as multas draconianas sobre os sindicatos e a proibição de piquetes de greve.


É a mais ampla e profunda tentativa de intervenção estatal no movimento sindical desde a ditadura militar.

Não estamos diante de uma “regulamentação”, mas sim de uma tentativa de acabar com o direito de greve nos serviços públicos, nos setores de transportes, bancos, petroleiros, e quebrar respectivamente os sindicatos que os representam.

Um autêntico processo de criminalização dos movimentos urbanos da classe trabalhadora.

É urgente que os sindicatos, partidos da esquerda socialista, movimentos populares e estudantil se unam para deflagrar uma ampla campanha de massas pelo direito irrestrito de greve e contra a lei do governo Lula, começando por dar o devido peso a esse assunto na jornada do dia 23 de maio.

Campanha que precisa também ser ideológica, para convencer a ampla maioria da população de que a greve, além de instrumento legítimo de defesa dos explorados, não “atinge” ou “prejudica” a população.

A greve atinge o lucro do Capital e os interesses do Estado capitalista, no caso atual, os interesses de um Estado que prefere congelar salários dos seus servidores, sucatear serviços sociais, congelar a reforma agrária a ter que retirar um centavo sequer da remuneração ao capital financeiro, que consome metade do Orçamento da União; aliás, orçamento elaborado para este fim pelo mesmo Ministério que “planeja”, agora, o fim do direito de greve.

Fernando Silva é jornalista, membro do Diretório Nacional do PSOL e do Conselho Editorial da revista Debate Socialista.

Fonte: correio da cidadania

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Celtic Woman - A New Journey



Celtic Woman - A New Journey


Celtic Woman, grupo musical feminino,é formado por 4 vocalistas irlandesas e uma violinista. As 4 vocalistas são Chloë Agnew, Lisa Kelly, Méav e Orla Fallon e a violinista é Mairead Nesbitt.
O repertório do grupo inclui músicas clássicas, músicas tradicionais celtas e modernas.
O grupo já lançou 3 albuns :"Celtic Woman", "Celtic Woman:A Christmas Celebration" e "Celtic Woman- A new Journey". O primeiro álbum Celtic Woman foi filmado no Teatro Helix,Dublin,Irlanda em setembro de 2004 para ser exibido pela PBS TV nos Estados Unidos. A estréia foi em março de 2005 e o sucesso foi enorme. O album e o DVD foram lançados simultaneamente e conquistaram o disco de platina.
O segundo album " Celtic Woman -A christmas celebration" foi lançado em outubro de 2006.
O lançamento do terceiro album e DVD correspondente aconteceu no dia 30 de janeiro de 2007. O concerto foi filmado ao vivo no castelo de Slane, Irlanda.A convidada, o soprano Hayley Westenra, participou da gravação de " A New Journey". Ela também aceitou fazer parte da turnê 2007 "Celtic Woman - A new journey" nos Estados Unidos e tem alternado datas de shows com Méav.
1. The Sky and the Dawn and the Sun
2. The Prayer
3. Newgrange
4. Over the Rainbow
5. Granuaile's Dance
6. The Blessing
7. Dúlaman
8. Beyond the Sea
9. The Last Rose of Summer
10. Caledonia
11. Lascia Ch'io Pianga
12. Carrickfergus
13. Vivaldi's Rain
14. The Voice
15. Scarborough Fair
16. Mo Ghile Mear
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Memória Palestina...

A MEMÓRIA: UMA CHAVE PARA O FUTURO



George Bisharat, The San Francisco Chronicle/Rebelión



Por que alguns têm o poder para lembrar enquanto a outros se pede que esqueçam?


Esta pergunta é especialmente crítica nesta época do ano, na qual passamos do dia do Holocausto, no início da primavera, ao aniversário da declaração de independência de Israel em 14 de maio de 1948.

Nos meses próximos desta data, as forças judaicas expulsaram, ou intimidaram até fazê-los fugir, cerca de 750.000 palestinos. Esmagou-se e fragmentou-se uma sociedade cheia de vida que havia existido na Palestina durante séculos e, sobre suas ruínas, se construiu outra nova sociedade.

São poucas as famílias que não guardam um relato de perda daquela época, um tio assassinado ou uma parte da família fugindo para o norte enquanto outra parte fugia para o leste para nunca mais voltar a se juntar, ou casas, oficinas, hortas e outras propriedades arrebatadas. Desde então, os palestinos do mundo inteiro têm comemorado o dia 15 de maio como o dia da Nakba, da catástrofe.

Nenhuma pessoa ética aconselharia os judeus a esquecerem do Holocausto. De fato, nas últimas décadas, e com toda razão, são lembradas as vítimas deste terrível episódio e parte delas tem conseguido recuperar alguns dos bens confiscados pelos Nazistas.

Outras vítimas de injustiças de massa, os estadunidenses de origem japonesa presos, os escravos afro-americanos e os armênios assassinados no genocídio, a atrocidade que muito provavelmente serviu para que Hitler se convencesse da viabilidade dos assassinatos em massa, recebem, no mínimo, uma consideração respeitosa para seus casos, ainda que, às vezes, as respostas a suas queixas não sejam as esperadas.

Contudo, em diálogos com israelenses e alguns estadunidenses, sempre se aconselha aos palestinos que “esqueçam o passado”, que olhar para trás “não é construtivo” e “não leva a nenhuma solução”. Ironicamente, dia após dia, os palestinos vivem as conseqüências do passado, seja como exilados de sua pátria que como membros de uma minoria oprimida em Israel ou como vítimas de uma brutal e violenta ocupação militar.

No Ocidente, nos lembram sempre o sofrimento dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Na medida em que se aproxima o dia do Holocausto, uma festa nacional em Israel amplamente apoiada nos Estados Unidos, nossos jornais publicam vários testemunhos de sobreviventes da barbárie nazista. Da quinta a oitava série, minha filha tem lido, no mínimo, um livro por ano sobre o holocausto nazista. No ano passado, ao ingressar no ensino médio, leu três só nas aulas de literatura inglesa. Por outro lado, raramente nos deparamos com o impacto que as políticas israelenses têm sobre os palestinos.

É pela “segurança do povo judeu” que tem se racionalizado que o estado israelense se apodere das terras palestinas, isso tanto no passado em Israel como mais recentemente nos Territórios Ocupados, onde, todo dia, as crianças palestinas enfrentam um dos 500 postos de controle ou outras restrições aos deslocamentos para ir à escola. Enquanto isso, o programa israelense de colonização dos Territórios Ocupados avança implacavelmente, trazendo mais colonos judeus que devem ser “protegidos” dos palestinos que não aceitam o roubo de suas terras e lavouras.

Raramente se questiona a primazia da segurança judaica sobre os direitos dos palestinos à propriedade, à educação, à saúde, à oportunidade de ganhar a vida, e também à segurança.

Infelizmente, lembrar o Holocausto Nazista, algo que moralmente todos nós devemos fazer, parece estar relacionado com a amnésia que se impõe aos palestinos, e inclusive se usa isso como instrumento para reforçá-la. Israel está envolvido numa áurea de propriedade ética que torna indecoroso, e até “anti-semita”, que se questione a negação dos direitos palestinos.

Amira Hass, uma jornalista israelense, comentou recentemente: “Transformar o Holocausto em ferramenta política ajuda, sobretudo, Israel em sua luta contra os palestinos. Quando o Holocausto está num lado da balança, junto ao merecido sentimento de culpa do Ocidente, a expulsão do povo palestino de sua terra em 1948 se minimiza e se esfuma”.

Isso demonstra que a memória não é uma mera capacidade sem uso. Melhor, é uma expressão de poder de quem pode lembrar diante daquele que é obrigado a esquecer.

Contudo a memória pode ser uma chave para o futuro, um modelo a seguir para chegar a uma solução ou evitar um resultado. Meu pai era palestino de Jerusalém e se criou nesta cidade antes da criação do Estado de Israel e da expulsão dos palestinos, quando muçulmanos, cristãos e judeus viviam em paz e respeito mútuo. Lembrar deste passado nos traz uma visão para uma alternativa de futuro na qual haja igualdade e tolerância no lugar da dominação de um grupo étnico-religioso sobre os demais.

Assim, aos palestinos se pede não só que esqueçam do seu passado, mas que esqueçam também do seu futuro, e eles jamais vão fazer isso.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Jean Luc Ponty, concerto

“Os verdadeiros piratas são as grandes gravadoras”


O coordenador de políticas digitais do Ministério da Cultura, Cláudio Prado, fala sobre desafios dos novos paradigmas trazidos pelos avanços tecnológicos.

O coordenador de políticas digitais do Ministério da Cultura, Cláudio Prado, é uma figura singular. No currículo, uma bagagem musical invejável: já foi produtor de bandas como Mutantes e Novos Baianos e dos festivais de Glastonbury, maior festival de rock do Reino Unido, e de Águas Claras, conhecido como o "Woodstock brasileiro". Quase sempre trajando roupas coloridas, define-se como hippie, reclama da burocracia que, em grande parte, serve à corrupção, e define seu papel dentro do Ministério como de agente da “contracultura”. Ele conta, sem esconder uma pitada de orgulho quixotesco, que faz parte do único governo que possui uma área para tratar exclusivamente dos avanços tecnológicos sob o prisma cultural. Entre as prioridades, acompanhar o avanço dos debates sobre o tema no Brasil e no mundo e avaliar o impacto do amplo espectro digital nas inúmeras esferas que ele atinge.

Um amplo universo também conhecido como ciberespaço, que abrange temas como direito autoral, patentes, distribuição, software livre, entre outros diferentes elementos, todos pressionados a se adaptarem aos novos paradigmas impostos neste começo de século. “Tudo pede novos modelos de negócio, essa é uma discussão trazida pela convergência das tecnologias, mas que também traz a necessidade de unificar as agendas dos diferentes temas tocados pelo digital, que até então caminhavam isoladamente”, defende. Os obstáculos são vários, começam, segundo ele, nas próprias contradições da legislação brasileira. “Há um paradoxo na Constituição que opõe o direito do autor sobre sua produção intelectual e acesso ao conhecimento”.

Pouco antes de embarcar para Brasília, onde participaria do 1º Fórum de TVs públicas, realizado entre 8 e 11 de maio, Cláudio Prado recebeu em seu apartamento em São Paulo, esta reportagem para uma entrevista exclusiva. Entre ligações e preparativos para a viagem, falou cerca de uma hora sobre diversos assuntos – sobrou bordoada até para o músico Lobão, que desistiu dos processos que movia contra a gravadora Sony/BMG. Mas, apesar do tom ácido, mostrou-se um otimista visionário declarado: “A internet precipita uma revolução ética, ela foi criada por pessoas que não pensaram no próprio bolso, e sim no avanço da humanidade. Neste cenário, os verdadeiros piratas são as grandes gravadoras”. Leia, a seguir, trechos da entrevista.

Carta Maior - Há uma previsão de que o digital acabará com a música, tal qual a conhecemos hoje, você acredita nisso?
Cláudio Prado - O digital nos colocou em uma grande encruzilhada, dizem que ele traz prejuízos, que viabiliza a pirataria, eu discordo frontalmente. Quem afirma isso tem interesse que o modelo analógico continue. O digital sugere novos modelos de negócio. Não faz sentido transportar e distribuir CD em caminhão, quando isso poderia ser feito por meio de um clic. Seria o mesmo que impedir a criação do motor a vapor, porque danaria a vida do construtor de mastros e velas, alegando-se ser pirataria. A história não quer saber dos dramas que o avanço na tecnologia de navegação trouxe aos empresários que detinham modelos antigos, ela diz: dane-se! Se o mundo digital acabará com a música, no formato que a conhecemos hoje, fazer o quê? O problema é que as pessoas estão presas a velhas formas de ganhar dinheiro, isso vale, sobretudo, para os intermediários. O digital elimina os intermediários que não agregam valor. Não faz mais sentido, por exemplo, gravadoras no velho formato que conhecemos. Precisamos de novas intermediações que tornem as minorias possíveis. Em vez de apenas cinco gravadoras, monopolizando o mercado, podemos ter 500 mil selos com uma distribuição de música muito maior.

CM - Você vê algum sinal de mudança de postura por parte da grande indústria fonográfica?
CP - Há uma catástrofe, que eles, obviamente, estão percebendo, mas eu não creio que possuam capacidade de olhar para um novo paradigma. Novas gravadoras que estão surgindo são mais interessantes. Veja o Lobão, por exemplo, que voltou a assinar com a Sony/BMG e anda dizendo que as gravadoras mudaram de mentalidade. Não me parece honesto o que está fazendo agora em relação ao discurso que manteve durante anos, em minha opinião, ele adapta seu discurso às necessidades, está querendo ganhar dinheiro pelo sistema velho, somente isso.

CM - Em relação ao movimento de software livre, você acredita na possibilidade de uma articulação de atores ligados ao Governo Federal para estratégias conjuntas?
CP - Se não for uma ação centralizadora eu acho ótimo, porque o software livre é justamente o fruto de uma ação sem poder central, e um dos pilares de sustentação do novo paradigma do século 21. Isso graças a um maluco, Richard Stallman, que propôs uma coisa que ninguém acreditou, e que, em si, já é o resultado de uma revolução ética, a internet foi pensada para todo mundo e não para enriquecer ninguém. Mas claro que as articulações são necessárias, e mudanças também.

CM - Você esteve presente no 8º Fórum Internacional de Software Livre [Fisl 8.0] (leia aqui), que avanços você destacaria? Houve algum desdobramento importante no âmbito do MinC, por exemplo?
CP - O Fórum de Porto Alegre é interessante, aborda questões relevantes, mas acho que o mundo do software livre corre um sério perigo de tornar-se uma coisa fundamentalista, fechada em si mesmo, olhando para o próprio umbigo, deixando de enxergar seu papel no mundo. Por exemplo, houve, neste evento, uma redução enorme nas discussões culturais e políticas, que são questões fundamentais. O software livre está sujeito a ficar restrito a um grupo de especialistas e, como tal, virar mais um ramo da ciência descontextualizado, que não tem consciência daquilo que está fazendo, quando é justamente a ferramenta necessária para que as pessoas tenham autonomia, liberdade, para inventar, produzir, trabalhar, partilhar novos caminhos e percepções, na direção de mudanças necessárias para o desenvolvimento do planeta.

CM - Com a prevalência do posicionamento do Ministério das Comunicações em relação à digitalização dos meios de comunicação, ainda há espaço para os argumentos do MinC, mais alinhados com a sociedade civil, serem contemplados?
CP - Existe espaço total, o Fórum de TVs Públicas é uma amostra disso. Aliás, ele nasce de lacunas que surgiram no processo de criação da TV digital brasileira que omitiu varias questões em seus debates. Sou um dos representantes do MinC no comitê gestor da TV digital, lá discutimos exaustivamente que modelo de televisão queremos. Afinal, o que é uma TV pública digital? Ela não é uma conseqüência direta e natural da TV analógica, assim como o computador não foi conseqüência da máquina de escrever. Não podemos olhar para TV que existe no ar hoje como se ela fosse continuar a mesma, isso seria retrógrado, seria pensar de uma maneira absolutamente burra. No caso da TV pública, é preciso olhar para as possibilidades de interatividade de comunicação e de regulação da canalização de uma forma totalmente nova, usando as possibilidades que a tecnologia traz para aumentar e democratizar o acesso à informação estabelecendo um novo paradigma nas comunicações e no acesso. É necessário aproximar a televisão e a internet, buscando uma simbiose entre elas. Não há mais razão tecnológica para separar uma coisa da outra. A TV pública precisa ser conjugada com a internet.

CM - Foi criado um grupo pela ONU para trabalhar a questão da regulação da internet. Em que nível encontra-se essa discussão?
CP - Hoje os governos correm para tentar a regulação da internet, invertendo o processo de uma maneira interessante. Antes as coisas existiam, eram reguladas e tornavam-se públicas, agora é o contrário. Mas não vão conseguir, não há como regular a internet. Na realidade, a regulação que precisa haver é a que garanta a liberdade, a autonomia e a neutralidade da rede em relação a governos e corporações. E por trás disso, sou a favor de uma política pública de banda larga, defendida, aliás, pelo MinC, que dê condições de acesso a todos. Outro ponto relevante é o seguinte: não é mais possível discutir o digital localmente, trata-se de uma questão transnacional, só será possível pensar a internet mundialmente, mas acho difícil que isso aconteça no âmbito da ONU, que, obviamente, não tem poderes para isso. É preciso criar uma instância com poderes efetivos, infelizmente isso ainda não me parece próximo.

CM - Qual sua opinião sobre o recente convênio entre a Fapesp e a Microsoft para desenvolvimento de TI (saiba mais)?
CP - Um convênio que prevê a obrigatoriedade de patente é uma burrada, retroage em relação àquilo que de mais precioso existe hoje, que é a possibilidade de democratizar acesso à informação. A Fapesp, em tese, deveria priorizar a democratização do conhecimento e não privilegiar aspectos privados de alguma empresa. Não sou contra ganhar dinheiro, mas há outros modelos de negócios que transcendem a idéia da patente, dos modelos fechados, e que partem de novos paradigmas. Temos que nos livrar dos velhos padrões, o século 20 foi um equívoco que deu em um beco sem saída. O século 21 é uma nova história, é o contrário do anterior, que apontava para o fim da vida e do planeta, que nos levou a um mundo que produz três vezes a quantidade de alimentos necessária para alimentar a todos e, no entanto, metade da população passa fome enquanto a outra é obesa. Hoje, a corrupção nos governos e nas corporações é uma constante, podemos praticamente definir o século 20 como um período de engano e mentira que não olhou para nada que não fosse dinheiro. Só poderia dar nisto: em ladrão, pirataria. Na minha concepção, no mundo da música, por exemplo, os piratas são as gravadoras, elas que é que ganham muito dinheiro. Não podemos ficar enroscados nessa idéia de que só a patente oferece garantias ao autor. No caso da medicina e no conhecimento tradicional indígena, sei que há patentes engavetadas de remédios que curam, porque outros que não curam ainda não foram pagos, isso é criminoso.

(*)Carlos Minuano é cooperador do 100Canais - jornalismo cultural independente
Copiado de: Cartamaior

Curtas!!!

E o Grêmio perde jogando fora...até quando??

Mais uma vez o time do grêmio decepciona seu torcedor ao perder fora de casa para o Defensor do Uruguai por 2x0, na noite de ontem.
A equipe gremista não se achou em campo, com falhas defensivas e ataque inoperante que teve apenas uma conclusão a gol em toda a partida. O Defensor, por sua vez, acabou fazendo dois gols de cabeça, demonstrando a incapacidade da zaga do grêmio nas bolas aéreas e as deficiências do goleiro nas saídas de bola.
Na próxima semana, o jogo será em Porto Alegre onde a equipe gaúcha espera reverter o resultado, o que não deve ser muito difícil, pois o Grêmio vem, este ano, se notabilizando por aplicar placares honrosos quando joga em casa.

Enquanto isso o Figueirense...

Numa atuação quase perfeita taticamente a equipe de Florianópolis bateu o Botafogo do Rio em seu estádio, por 2x0, facilitando sua vida quando for ao Rio para o segundo jjogo. este ano o Figueirense veio dispostao a fazer uma bela campanha no Brasileirão e começou bem na Copa do Brasil, onde até agora está invicto, com sete vitórias e dois empates.Quem sabe este ano a copa volta a Santa Catarina, porque não?

E o Internacional?

O colorado de Porto Alegre, segue sua "via crucis", com outro treinador com poucas convicções.
Alexandre Gallo chegou dizndo que era adepto do sistema 4 x 4 x 2, mas acabou mudando de idéia logo, logo. Agora vai colocar Edinho de terceiro goleiro, coisa que Murici e Abel Braga já tinha feito e que não deu certo na época. Talvez ele faça isso por entender que a zaga colorada não oferece segurança alguma, pois até hoje, com a saída de Fabiano Eller não estreou um zagueiro de, no mínimo, com as mesmas condições de Fabiano, é o que a torcida aguarda até agora.
Caso o Inter não vença seus dois próximos jogos, Gallo não segura a onda e deverá sair. Aguardemos.

O Bagé segue fazendo uma campanha razoável na segundona

O Gremio Esportivo Bagé, ontem, em São Leopoldo, bateu a equipe da casa, o Aimoré, por 3xo, demonstando uma ascensão na tabela, ocupando já a zona de classificação em terceiro lugar, junto ao Sapucaiense, mas na frente pelo saldo de gols.
Depois de um começo um tanto quanto moroso, com dois empates e uma derrota, a equipe de Bagé reagiu e com duas vitórias sobe na tabela. Será o ano da subida para a Primeira Divisão?

quarta-feira, 16 de maio de 2007

I-Doser 4.5 + Todas as Doses

Tá afim de ficar doidão sem comprometer sua saúde???

É o que o I-Doser promete. I-Doser sincroniza suas ondas cerebrais para atingir um humor ou experiência específicos, definidos pela dose que você estiver tomando (na verdade, escutando). Ele é capaz disso através do uso de batidas estereofônicas que mudam os padrões das ondas cerebrais, fazendo você se sentir de um certo modo. É capaz de emular qualquer tipo de estado imaginável.

Só o Hand Of God custa US$ 200,00.

Estilo: Loucura
Fabricante: I-Dozer
Tamanho: 16.5 Mb
Formato: Rar
Idioma: Inglês
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domingo, 13 de maio de 2007

Reflexões do comandante-em-chefe


O capitalismo transforma em mercadoria tudo aquilo que está ao seu alcance. Os alimentos são convertidos em energéticos para viabilizar a irracionalidade de uma civilização que, para sustentar os privilégios de poucos, provoca um brutal ataque ao meio ambiente.

Atilio Borón, um prestigioso pensador de esquerda que até há pouco tempo chefiou o Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), escreveu um artigo para o VI Encontro Hemisférico de Luta contra os TLC e pela Integração dos Povos, recém concluído em Havana, que amavelmente me enviou acompanhado de uma carta.

A essência do que escreveu e que eu sintetizei a partir de parágrafos e frases textuais de seu próprio artigo foi o seguinte:

Sociedades pré-capitalistas já conheciam o petróleo que aflorava nos reservatórios superficiais e o utilizavam para fins não comerciais, como a impermeabilização dos cascos de madeira dos navios, ou como produtos têxteis ou para a iluminação mediante tochas. Daí o seu nome primitivo: "óleo de pedra".

No final do século XIX - depois das descobertas de grandes jazidas na Pennsylvania, nos Estados Unidos, e dos desenvolvimentos tecnológicos estimulados pela generalização do motor de combustão interna- o petróleo transformou-se no paradigma energético do século XX.

A energia é considerada como mais uma mercadoria. Tal como o advertiu Marx, isto não acontece devido à perversidade ou à insensibilidade deste ou daquele capitalista individual, senão que é o resultado da lógica do processo de acumulação, que conduz à incessante "mercantilização" de todos os componentes materiais e simbólicos, da vida social. O processo de mercantilização continuou nos humanos e, ao mesmo tempo, estendeu-se à natureza. A terra e os seus produtos, os rios e as montanhas, as florestas e as matas foram alvo de seu incontrolável saque. Os alimentos, evidentemente, não escaparam desta infernal dinâmica. O capitalismo transforma em mercadoria tudo aquilo que está ao seu alcance.

Os alimentos são convertidos em energéticos para viabilizar a irracionalidade de uma civilização que, para sustentar a riqueza e os privilégios de alguns poucos, provoca um brutal ataque ao meio ambiente e às condições ecológicas que possibilitaram o surgimento de vida na Terra.

A transformação dos alimentos em energéticos é um ato monstruoso.


O capitalismo está pronto para praticar uma maciça eutanásia dos pobres, especialmente dos pobres do Sul, pois é lá onde se encontram as maiores reservas da biomassa do planeta requeridas para a fabricação dos biocombustíveis. Por mais que os discursos oficiais garantam que não se trata de optar entre alimentos e combustíveis, a realidade demonstra que é essa e não outra a alternativa: ou a terra se dedica à produção de alimentos ou à fabricação de biocombustíveis.

Os principais ensinamentos que podem tirar-se dos dados fornecidos pela FAO sobre o tema da superfície agrícola e o consumo de fertilizantes são os seguintes:

- A superfície agrícola per capita no capitalismo desenvolvido é quase o dobro da que existe na periferia subdesenvolvida: 1,36 hectares por pessoa no Norte contra 0,67 no Sul, o que se explica pelo simples fato de que a periferia subdesenvolvida tem aproximadamente 80 por cento da população mundial.

- O Brasil tem uma superfície agrícola per capita que ultrapassa levemente à dos países desenvolvidos. É evidente que este país deverá dedicar ingentes extensões de sua enorme superfície para poder cumprir com as exigências do novo paradigma energético.

- A China e a Índia têm 0,44 e 0,18 hectares per capita, respectivamente.

- As pequenas nações caribenhas, tradicionalmente dedicadas à monocultura da cana-de-açúcar, mostram eloqüentemente os seus efeitos erosivos, exemplificados: no extraordinário consumo por hectare de fertilizantes requeridos para sustentar a produção. Se nos países da periferia a cifra média é de 109 quilogramas de fertilizantes por hectare (contra 84 nos capitalistas desenvolvidos), em Barbados é de 187,5, em Dominica, 600, em Guadalupe, 1,016, em Santa Lúcia, 1,325 e em Martinica, 1,609. Quem fala em fertilizantes fala em consumo intensivo de petróleo, de maneira que a tão falada vantagem dos agroenergéticos para reduzirem o consumo de hidrocarbonetos parece ser mais ilusória do que real.

Toda a superfície agrícola da União Européia apenas alcançaria para cobrir 30 por cento das necessidades atuais - não as futuras, previsivelmente maiores - de combustíveis. Nos Estados Unidos para satisfazer a demanda atual de combustíveis fósseis seria preciso destinar para a produção de agroenergéticos 121 por cento de toda a superfície agrícola desse país.

Como resultado disso, a oferta de agrocombustíveis terá que proceder do Sul, da periferia pobre e neocolonial do capitalismo. As matemáticas não mentem: nem os Estados Unidos nem a União Européia têm terras disponíveis para manter, ao mesmo tempo, um aumento da produção de alimentos e uma expansão na produção de agroenergéticos.

O desmatamento do planeta poderia alargar (ainda que fosse apenas por um tempo) a superfície apta para o cultivo. Mas, isso seria apenas durante algumas poucas décadas, quando muito. Essas terras depois sofreriam de desertificação e a situação ficaria ainda pior do que antes, incrementando ainda mais o dilema que opõe a produção de alimentos à produção de etanol ou biodiesel.

A luta contra a fome - e existem aproximadamente 2 bilhões de pessoas que sofrem de fome no mundo- seria prejudicada seriamente pela expansão da superfície semeada para a produção de agroenergéticos. Os países onde a fome é um flagelo universal sofrerão a rápida reconversão da agricultura visando o fornecimento da insaciável demanda de energéticos que reclama uma civilização baseada no seu uso irracional. O resultado não pode ser outro que o encarecimento dos alimentos e, portanto, o agravamento da situação social dos países do Sul.

Aliás, a população mundial cresce em 76 milhões de pessoas anualmente e como é evidente, demandarão alimentos, que serão cada vez mais caros e não poderão comprar.

Lester Brown, em The Globalist Perspective, vaticinava há menos de um ano que os automóveis absorveriam a maior parte do incremento na produção mundial de grãos no 2006. Dos 20 milhões de toneladas somadas às existentes em 2005, 14 milhões foram destinadas à produção de combustíveis, e apenas 6 milhões de toneladas para satisfazer às necessidades dos famintos. Este autor garante que o apetite mundial pelo combustível para os automóveis é insaciável. Prepara-se, concluía Brown, um cenário no qual necessariamente deverá produzir-se um choque frontal entre os 800 milhões de prósperos proprietários de autos e os consumidores de alimentos.

O demolidor impacto do encarecimento dos alimentos, que acontecerá irremediavelmente na medida em que a terra possa ser utilizada para produzi-los ou para produzir carburante, foi demonstrado na obra de C. Ford Runge e Benjamin Senauer, dois destacados acadêmicos da Universidade de Minnesota, em um artigo publicado na edição em língua inglesa da revista Foreign Affairs, cujo título fala por si só: "O modo em que os biocombustíveis poderiam matar por inanição aos pobres". Os autores afirmam que nos Estados Unidos o crescimento da indústria do agrocombustível provocou incrementos não apenas nos preços do milho, as sementes oleaginosas e outros grãos, mas também nos preços de culturas e produtos que não têm nenhuma relação. O uso da terra para cultivar milho que alimente as fauces do etanol está reduzindo a área destinada à outras culturas. Os processadores de alimentos que utilizam culturas como a ervilha e o milho tenro foram obrigados a pagar preços mais altos para manter os fornecimentos seguros, custo que afinal de contas passará aos consumidores. O aumento dos preços dos alimentos também está atingindo às indústrias ganadeiras e avícolas. Os custos mais altos provocaram a queda espetacular das receitas, especialmente nos setores avícola e de suíno. Se as receitas continuassem diminuindo, a produção também diminuirá e aumentarão os preços do frango, o peru, o porco, o leite e os ovos. Eles advertem que os efeitos mais devastadores da elevação do preço dos alimentos atingirão especialmente os países do Terceiro Mundo.

Um estudo do Escritório Belga de Assuntos Científicos demonstra que o biodiesel provoca mais problemas na saúde e no meio ambiente porque cria uma poluição mais pulverizada e libera mais contaminantes que destroem a camada de ozônio.

No que se refere ao argumento da suposta benignidade dos agrocombustíveis, Victor Bronstein, professor da Universidade de Buenos Aires demonstrou que:

- Não é verdade que os biocombustíveis sejam uma fonte de energia renovável e constante, dado que o fator essencial para o crescimento das plantas não é a luz solar senão a disponibilidade de água e as condições apropriadas do solo. Se não fosse assim, poderia produzir-se milho ou cana-de-açúcar no deserto de Saara. Os efeitos da produção a grande escala dos biocombustíveis serão devastadores.

- É falso que não contaminam. Apesar de que o etanol produz menos emissões de carbono, o processo de sua obtenção contamina a superfície e a água com nitratos, herbicidas, pesticidas e resíduos, e o ar, com aldeídos e álcoois que são cancerígenos. A idéia de um combustível "verde e limpo" é uma falácia.

A proposta dos agrocombustíveis é inviável e, além disso, inaceitável ética e politicamente. Mas, não basta com rejeitá-la. Estamos convocados a implementar uma nova revolução energética, mas ao serviço dos povos e não dos monopólios e do imperialismo. Esse é, talvez, o desafio mais importante da hora atual, conclui Atílio Borón.

Como podem apreciar, a síntese ocupou espaço. Faz falta espaço e tempo. Praticamente um livro. Afirma-se que a obra excelsa que tornou famoso ao escritor Gabriel García Márquez, Cem Anos de Solidão, exigiu dele cinqüenta laudas por cada lauda enviada à tipografia. Quanto tempo precisaria minha pobre caneta para refutar aos defensores da idéia sinistra por interesse material, por ignorância, por indiferença ou às vezes pelas três coisas ao mesmo tempo, e divulgar os sólidos e honestos argumentos dos que lutam pela vida da espécie?

Há opiniões e pontos de vista muito importantes que foram colocados na reunião de Havana. Teremos que falar dos que trouxeram a imagem real do corte manual da cana num documentário que parece refletir o inferno de Dante. Em número crescente, opiniões são colocadas todos os dias por toda a mídia em todo o mundo, desde instituições como Nações Unidas até as sociedades nacionais de cientistas. Vejo simplesmente que se intensifica o debate. O fato de que se discuta sobre o tema é já um importante avanço.


Fidel Castro Ruz é comandante-em-chefe de Cuba

Fonte:Carta Maior

Inter x Bota como há muito não se via


Após muito tempo, time carioca vive momento melhor que o Colorado



Até poucos anos, ao se pensar num confronto entre Internacional e Botafogo, em Porto Alegre, seria natural apontar o time gaúcho como franco favorito. Afinal, nas últimas temporadas, o Colorado se firmou como uma das principais potências do futebol brasileiro, ao brigar sempre na ponta de cima da tabela. Enquanto isso, o Glorioso, que caiu para a Série B em 2002 e voltou à elite em 2004, tem oscilado entre a luta contra o rebaixamento e as posições intermediárias da classificação.

As duas equipes medem forças na primeira rodada do Brasileirão, domingo, às 16h (horário de Brasília), no estádio Beira-Rio. A partida terá transmissão ao vivo da Rede Globo para o Rio de Janeiro e do Premiere Esportes para todo o Brasil. O internauta pode acompanhar o duelo em tempo real com vídeos exclusivos dos principais lances no GLOBOESPORTE.COM.

Muita coisa mudou neste primeiro semestre de 2007. O atual campeão mundial derrapou feio no Campeonato Gaúcho e foi eliminado ainda na primeira fase. Na Libertadores, a decepção foi idêntica e decretou o fim da era Abel Braga. Alexandre Gallo assumiu o comando de uma equipe muito desfigurada em relação àquela que fez bonito em 2006 .


No Botafogo, a perda do título carioca para o Flamengo não diminuiu a boa reputação do time que está na semifinal da Copa do Brasil e, para muitos especialistas, vem jogando o futebol mais vistoso do país.

Trio de respeito


O Inter, que costuma pressionar muito os adversários quando joga em casa, tem no trio ofensivo a sua maior qualidade. Após o treino desta sexta-feira, Gallo confirmou a escalação de Fernandão, Iarley e Alexandre Pato no ataque.

– Já vínhamos jogando com Iarley e Fernandão. O Pato é jogador muito técnico. Sempre se espera um lance genial dele. Ele não trabalhou entre os titulares antes porque não participou da intertemporada em Bento Gonçalves. Só por isso – afirma Gallo.

Na defesa, duas novidades. Renan assume a vaga de titular no lugar de Clemer. E o novato Sidnei, 17 anos, ganha uma oportunidade na equipe titular. Prata da casa, ele forma a dupla de zaga com o veterano Índio.

Preços dos ingressos para sócios

Setores Preços
Arquibancada inferior R$ 12,00
Arquibancada superior e social R$ 20,00
Social superior R$ 25,00
Cadeira R$ 30,00

Preços dos ingressos para não-sócios

Setores Preços
Arquibancada inferior R$ 25,00
Arquibancada superior R$ 40,00
Cadeira R$ 60,00

Ausências importantes

No time carioca, a ausência do trio Dodô, Zé Roberto e Lucio Flavio é o principal problema. O atacante ganhou folga no fim de semana para acompanhar o nascimento do seu segundo filho. André Lima joga em seu lugar.

- Falei com o Cuca, ele entendeu e mandou dar um recadinho para o meu filho. Estou jogando todos os jogos, tenho 33 anos, às vezes tem que dar uma poupadinha. Mas o André se saiu bem todas as vezes que entrou em campo. É bom que o substituto esteja jogando bem - diz Dodô.

Zé Roberto, com um problema no pé esquerdo, e Lucio Flavio, com uma contratura muscular, ficam de fora. Luciano Almeida, com uma lesão no pé, também não entra em campo. E os desfalques podem não parar por aí, já que o técnico Cuca pensa em poupar alguns jogadores visando ao jogo da próxima quarta-feira, contra o Figueirense, em Florianópolis, pelas semifinais da Copa do Brasil.

INTERNACIONAL BOTAFOGO
Renan
Ceará
Sidnei
Índio
Rubens Cardoso
Edinho
Wellington Monteiro
Vargas
Fernandão
Alexandre Pato
Iarley
T: Alexandre Gallo
Júlio César
Joílson
Alex
Juninho
Vágner
Leandro Guerreiro
Túlio
Diguinho
Adriano Felício
Jorge Henrique
André Lima
T: Cuca
Estádio: Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)
Data: 13/05/2007
Horário: 16h (de Brasília)
Árbitro: Paulo César Oliveira (SP)
Auxiliares: Edmílson Corona e Marinaldo Silvério (SP)
Transmissão: Rede Globo e Prèmiere Esportes
Tempo Real: GLOBOESPORTE.COM