quarta-feira, 24 de outubro de 2007



Direito ao silêncio

Frei Betto * Adital


Há demasiados ruídos à nossa volta. O coração sobressalta, os nervos afloram, a mente atordoa-se. É o televisor ligado quase o tempo todo, o fluxo incessante de imagens sugando-nos num carrossel de flashes. O rádio em monólogo inclemente, a música rítmica desprovida de melodia, o som alojado nos orifícios auditivos, o telefone trinando supostas urgências, o celular a invadir todos os espaços, suas musiquetas de chamada destoando em teatros, cinemas, templos, cerimônias e eventos, seus usuários nele dependurados pelas orelhas, publicitando em voz alta conversas privadas. De todos os lados sobem ruídos: da construção civil vizinha, do latido dos cães, dos carros na rua e das aeronaves que cortam o espaço, das motos estridentes, do anunciante desaforado em seu carro de som, do apito fabril disciplinando horários. Tantos ruídos causam tamanho prejuízo à saúde humana que o Exército usamericano criou, em sua sanha assassina, um arsenal de "projéteis sonoros", capazes de produzir som de 140 decibéis. Bastam 45 para impedir o sono. O rumor do tráfego na esquina de uma avenida central atinge 70 decibéis. Aos 85 produz-se uma lesão auditiva. Elevado para 120, o som provoca dor aguda nos ouvidos. Imagine-se, pois, o que significa essa tecnologia de tortura a 140 decibéis! Nosso silêncio não é quebrado apenas por ruídos auditivos. Agridem-nos também os visuais. Assim como o silêncio da zona rural ou de uma igreja nos impregna de paz, levei um choque ao visitar, anos atrás, Praga antes da queda do Muro de Berlim. Não havia outdoors. A cidade não se escondia atrás de anúncios. A poluição visual era zero, permitindo contemplar a beleza barroca da terra de Kafka. Nas cidades brasileiras, subjugadas pelo império do mercado, somos vorazmente engolidos pela proliferação de propagandas, exceto a capital paulista, agora em fase de despoluição visual por iniciativa da prefeitura. Sem silêncio, ficamos vulneráveis, expostos à voracidade do mercado, a subjetividade esgarçada, a epiderme eriçada em potencial violência. Contra esse estado de coisas, o professor Stuart Sim, da Universidade de Sunderland, na Inglaterra, acaba de lançar Manifesto pelo silêncio, contra a poluição do ruído. O autor enfatiza que a cacofonia de sons que nos envolve ameaça a saúde, provoca agressividade, hipertensão, estresse, problemas cardíacos. Todos os grandes bens infinitos da humanidade - arte, literatura, música, filosofia, tradições religiosas - exigiram, como matéria-prima, o silêncio. Sem ele perdemos a nossa capacidade de raciocinar, ouvir a voz interior, aprofundar a vida espiritual, amar além do jogo erótico meramente epidérmico. Quando um casal de noivos me procura, interessado em preparar-se para o matrimônio, costumo indagar se os dois são capazes de ficar juntos uma hora, em silêncio, sem que um se sinta incomodado. Caso contrário, duvido que estejam em condições de uma saudável vida a dois, pois o respeito ao silêncio do outro é um dos atributos da confiança amorosa. Assisti ao filme O grande silêncio, do diretor alemão P. Gröning, que nos convida a penetrar a vida de uma comunidade cartuxa nos Alpes franceses. Nenhuma palavra no decorrer de três horas de filme, exceto o canto gregoriano das liturgias monásticas e o bater do sino. Um convite à mais desafiadora viagem: ao mais profundo de si mesmo. Quem ousa, sabe que lá se desdobra um Outro que, por sua vez, espelha nossa verdadeira identidade. Viagem que tem como veículo privilegiado a meditação. Na fase inicial, é tão árduo quanto escalar montanha para quem não esta acostumado ao alpinismo. Porém, em certo momento, é como se u’a mão invisível nos elevasse, tornando a subida suave e agradável. Só então se descobre que, no imponderável do Mistério, não se sobe, se desce, mergulha-se em si mesmo para vir à tona, do outro lado de nosso ser, naquele Outro silenciosamente presente em nossas vidas e na tecitura do Universo. Aqui a palavra se cala e o silêncio se faz epifania. [Autor, em parceria com Leonardo Boff, de "Mística e Espiritualidade" (Garamond), entre outros livros].
* Frei dominicano. Escritor.

Equador avança contra os lucros das petroleiras

por jpereira

Medida anunciada pelo presidente Rafael Correa decreta que o Estado ficará com 99% dos lucros extras; hoje, recebe 50%

Medida anunciada pelo presidente Rafael Correa decreta que o Estado ficará com 99% dos lucros extras; hoje, recebe 50%


Claudia Jardim,

de Caracas (Venezuela)


Enquanto os principais países consumidores de petróleo e gás acirram a disputa para garantir o abastecimento de seu mercado, alguns governos da América Latina se impõem regras do jogo na contramão dos interesses das transnacionais e das grandes potências.


Dessa vez, foi o Equador. “Em nome da soberania nacional” – s eguindo os exemplos de Venezuela e Bolívia –, o presidente Rafael Correa determinou que o Estado deverá arrecadar 99% do lucro excedente obtido com a produção do petróleo. Antes, o percentual era dividido igualmente: 50% para o Estado; 50% para a empresa.


¡°O petróleo é de todos. Jamais voltaremos a perder nossa propriedade”, anunciou Correa, ao apresentar o decreto que estabelece um maior controle do Estado sobre os recursos petrolíferos. "O governo da Revolução Cidadã considera que é insuficiente que o Estado equatoriano receba 50% dos lucros extraordinários”, avaliou.


A proposta de assumir um maior controle dos recursos naturais faz parte de uma antiga reivindicação dos movimentos sociais equatorianos que foi capitalizada por Correa durante sua campanha eleitoral em 2006. O decreto atinge empresas como Petrobras (Brasil), Repsol-YPF (Espanha), Perenco (França), Andes Petroleum (China) e City Oriente (EUA).


Originalmente, os contratos estabeleciam um preço médio de 25 dólares por barril para um período de 20 anos, ficando o Estado excluído dos lucros extras pelo aumento da cotização do petróleo cru no mercado. Em 2006, os contratos foram modificados, dividindo em partes iguais os beneficios adicionais.


De acordo com o procurador da República do Equador, Xavier Garaicoa, as transnacionais não cumpriram com o pagamento de 50% dos lucros extras. Entre as empresas que atuam com irregularidades, está a estadunidense City Oriente. Apenas em 2006, a transnacional deixou de pagar ao Estado equatoriano cerca de 30 milhões de dólares, segundo informou Garaicoa ao canal de televisão Ecuavisa.


Com a nova medida, as transnacionais ficarão apenas com 1% dos excedentes. O governo equatoriano ainda não esclareceu qual será o preço estabelecido nos novos contratos. Até o fechamento desta edição o preço do petróleo OPEP estava estimado em 76 dólares por barril.


Nacionalismo petroleiro

A medida de Correa foi interpretada por alguns setores como um passo “radical” de parte do presidente equatoriano. A s companhias transnacionais que atuam no país foram convocadas a uma reunião para renegociar seus contratos e não compareceram. Alegaram que precisavam de mais tempo para consultar as matrizes.


Para o especialista em petróleo Carlos Mendonza, a medida equatoriana obedece a uma tendência mundial de parte dos Estados produtores de petróleo que não só tendem a assumir o controle dos recursos, como também a participar dos lucros, antes destinados exclusivamente às transnacionais. “Os países têm o direito de tirar vantagem de um recurso que lhes pertence e que, além disso, vai acabar. Trata-se de uma reivindicação nacionalista petroleiro”, avalia Mendoza.


O decreto firmado por Correa também tende a fortalecer a economia do país. Cerca de 35% dos dólares que entram no país vêm da venda do petróleo. C om a medida, cerca de 840 milhões de dólares anuais deverão ingressar diretamente para os cofres públicos.


O ministro equatoriano de Minas e Petróleo, Galo Chiriboga, explicou que os acordos devem mudar de figura jurídica. A partir de agora deixariam de ser um convênio de participação e assumiriam um caráter de prestação de serviços. Ou seja, o novo contrato proposto pelo governo equatoriano reforça que o Estado é o dono do petróleo. (Leia a cobertura completa na edição 242 do jornal Brasil de Fato)

O crime imperdoável

da dignidade


História de racismo na civilização ocidental


Eduardo Galeano


A democracia haitiana vem sendo duramente castigada. Recém-nascida nos dias de festa de 1991, foi assassinada por um golpe de Estado comandado pelo general Raoul Cedrás. Três anos mais tarde, ressuscitou. Após ter posto e deposto tantos ditadores militares, os Estados Unidos tiraram e recolocaram o presidente Jean-Bertrand Aristide, o primeiro governante eleito por voto popular em toda a história do país, que teve a insensata pretensão de querer um país menos injusto.

Para eliminar qualquer vestígio da participação estadunidense na ditadura sanguinária do general Cedrás, os marines retornaram ao seu país levando 160 mil páginas dos arquivos secretos. Aristide voltou acorrentado. Deram-lhe permissão para governar, mas lhe negaram o poder. Seu sucessor, René Préval, obteve quase 90% dos votos nas últimas eleições presidenciais, mas qualquer chefe de quarta categoria do Fundo Monetário Internacional ou do Banco Mundial tem mais poder no país do que o próprio presidente.

O veto pode mais que o voto. Veto às reformas: toda vez que Préval, ou algum dos seus ministros, pede empréstimos internacionais para dar pão aos famintos, palavras aos analfabetos ou terra aos lavradores, fica sem resposta. Ou, na melhor das hipóteses, obtém uma resposta em forma de ordem: "Recita a lição". No momento em que o governo haitiano se nega a entender que precisa se desfazer dos poucos serviços públicos que ainda restam – últimos míseros refúgios para um dos povos mais abandonados do mundo –, os professores o reprovam no exame.

"INCAPAZ DE SE GOVERNAR" – No ano passado, quatro deputados alemães visitaram o Haiti. Sentiram um profundo mal-estar, ficaram muito chocados ao ver tanta miséria. O embaixador da Alemanha em Porto Príncipe explicou a eles qual é o problema: "Tem gente demais neste país", disse. "A mulher haitiana sempre está a fim, e o homem haitiano sempre pode." E riu. Os deputados ficaram calados. Naquela mesma noite, um deles, Winfried Wolf, deu uma verificada nos números. E constatou que o Haiti, juntamente com El Salvador, é o país mais populoso das Américas..., tão populoso quanto a Alemanha: têm quase a mesma quantidade de habitantes por quilômetro quadrado.

Durante os dias em que esteve no Haiti, o deputado Wolf não se impressionou apenas com a miséria. Ficou também maravilhado com a beleza das pinturas populares. E chegou à conclusão de que o Haiti é superpovoado... de artistas.

Os Estados Unidos invadiram o país em 1915 e o governaram até 1934. Retiraram-se quando conseguiram realizar dois objetivos: resgatar as dívidas do City Bank e abolir o artigo constitucional que proibia a venda de plantações a estrangeiros. Na época, Robert Lansing, secretário de Estado, justificou a longa e feroz ocupação militar explicando que a raça negra é incapaz de governar a si mesma. Tem "uma tendência à vida selvagem e uma incapacidade física de civilizar-se".

"ESCRAVOS POR NATUREZA" – O Haiti tinha foi a pérola da Coroa francesa, a sua colônia mais rica: uma grande plantação de cana-de-açúcar, com mão-de-obra escrava. Na obra "O Espírito das leis", Montesquieu explicou, sem papas na língua: "O açúcar sairia muito caro, se na sua produção não trabalhassem os escravos. Escravos que são negros da cabeça aos pés e têm o nariz tão achatado que é quase impossível sentir pena deles. Resulta impensável que Deus, que é tão sábio, tenha posto uma alma, e sobretudo uma alma boa, em um corpo completamente negro".

Em troca, Deus havia colocado um chicote na mão do capataz. Os negros eram escravos e vadios por natureza, e a natureza, cúmplice da ordem social, era obra de Deus: o escravo devia servir ao patrão, e o patrão devia castigar o escravo, que não demonstrava o mínimo entusiasmo em cumprir o desígnio divino.

Karl Von Linneo, contemporâneo de Montesquieu, fez um retrato do negro com precisão científica: "Vagabundo, preguiçoso, negligente, indolente e de costumes devassos". Mais generosamente, outro contemporâneo, David Hume, comprovou que o negro "pode desenvolver certas habilidades humanas, como o papagaio que pronuncia algumas palavras".

LIBERDADE E SOLIDÃO – Em 1803, os negros do Haiti deram uma grande surra nas tropas de Napoleão Bonaparte, e a Europa jamais perdoou essa humilhação infligida à raça branca. O Haiti foi o primeiro país livre das Américas. Os Estados Unidos conquistaram a independência antes, mas meio milhão de escravos continuavam a trabalhar nas suas plantações de algodão e tabaco. Jefferson, que era proprietário de escravos, dizia que todos os homens são iguais, mas dizia também que os negros foram, são e serão inferiores.

A bandeira dos libertados foi hasteada sobre as ruínas. A terra haitiana fora devastada pela monocultura da cana-de-açúcar e pela guerra contra a França. Um terço da população tinha morrido em combate. Então teve início o bloqueio. A nação recém-nascida foi condenada à solidão.

Nem Simón Bolívar teve a coragem de assinar o reconhecimento diplomático. Graças ao apoio do Haiti, Bolívar pudera recomeçar a luta pela independência americana, depois que a Espanha já o tinha derrotado. O Haiti enviou sete navios, muitas armas e soldados, com a única condição de que Bolívar libertasse os escravos – uma idéia que não tinha passado pela cabeça do Libertador. Bolívar assumiu o compromisso, porém, após a vitória, quando já governava a Grã Colômbia, virou as costas para quem o tinha salvo. E, quando convocou as nações americanas ao Panamá, não convidou o Haiti.

Os Estados Unidos reconheceram o Haiti só sessenta anos depois, enquanto Etienne Serres, um gênio francês em anatomia, descobria que os negros são primitivos por causa da pouca distância que separa o seu umbigo do pênis. Na época, o Haiti já padecia nas mãos de sanguinárias ditaduras militares, que destinavam os famélicos recursos do país ao pagamento da dívida francesa: a Europa tinha obrigado o Haiti a pagar uma gigantesca indenização à França, como forma de pedir perdão pelo delito da dignidade.

A história da prepotência contra o Haiti, que nos dias de hoje assume dimensões de tragédia, é também uma história do racismo na civilização ocidental.
Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio, é autor de várias obras sobre a América Latina. As veias abertas da América Latina é a mais conhecida e divulgada.
_____http://ospiti.peacelink.it/zumbi/news/semfro/sf246p29.html


terça-feira, 23 de outubro de 2007

Carta do Chefe Seattle

Carta do Chefe Seattle
"O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra.Há uma ligação em tudo."
Este documento - dos mais belos e profundos pronunciamentos já feitos a respeito da defesa do meio ambiente - vem sendo intensamente divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas). É uma carta escrita, em 1854, pelo chefe Seatle ao presidente dos EUA, Franklin Pierce, quando este propôs comprar grande parte das terras de sua tribo, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra "reserva". Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, com é possível comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrada para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das arvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do potro, e o homem - todos pertencem a mesma família. Portanto quando o Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Essa terra é sagrada para nós.Essa água brilhante que escorre nos riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se que ela é sagrada e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida de meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos e saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto. Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.Não há lugar quieto na cidade do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o deabrochar das flores na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez porque eu sou um selvagem e não compreenda. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o canto solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio verão limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.O ar é precioso para o homem vermelho pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Como um homem agonizante há vários dias, o homem branco é insensível ao mau cheiro. Mas se verdermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro aspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados. Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais dessa terra como irmãos.Sou um selvagem e não compreendo outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planîcie, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos. O que é os homens sem os animais? Se todos os animais se fossem, os homens morreriam de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontecerá com o homem. Há uma ligação em tudo. Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.Isto sabemos: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisa estão ligadas como o sangue que une a família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos. Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídos por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.
Che: Homem e Exemplo (final)



Pietro Lora Alarcón

Ingressamos, nesta fase final das nossas anotações sobre a contribuição de Ernesto CHE Guevara, a alguns aspectos de seu pensamento sobre as formas de luta e as vias para a revolução. Com relação a tais pontos, CHE não somente argumenta sobre as possibilidades cubanas de triunfo e construção do programa socialista, mas também sobre as perspectivas de uma mudança no cenário da América Latina na sua plenitude e, ainda, de uma mutação na correlação de forças internacional contra os Estados que promovem o colonialismo, em tempos de Guerra Fria.

A real dimensão do humanismo revolucionário do CHE somente pode ser explicada a partir da ação em favor da libertação dos povos. CHE entendia que os aliados naturais do processo revolucionário não eram necessariamente os governos, nem sequer, como ele mesmo expressou várias vezes, aqueles que se apresentavam como amigos e, no entanto, eram presas fáceis das tentações dos Estados mais poderosos, senão os povos. Assim, a luta popular em outros países não somente da América Latina, mas da África e da Ásia, assim como a resposta solidária que fosse dada desde o interior dos países centrais, seria de fundamental importância para o sucesso da Revolução Cubana e de todo e qualquer processo que empreendesse o caminho ao socialismo.

Duas questões importantes devem ser levadas em conta nesta ação libertadora: a primeira, a ação militar propriamente dita, que implica no Che a preparação que obtém com o General Bayo, sua leitura sobre os fundamentos de tática e estratégia de Clausewitz e, obviamente, sua experiência na guerra de guerrilhas; a segunda, a vocação internacionalista, a qual nunca abandonou e que foi o resultado, não somente da compreensão de que a Revolução Cubana somente teria possibilidades de sucesso sobre a base da solidariedade internacional, das contínuas convocações ao conjunto dos povos à luta antiimperialista, senão, essencialmente, da sua vivência, a que o colocou em contato com a realidade desesperada e sem esperanças dos homens e mulheres da América.

Como acertadamente lembra Roberto Massari em sua Che Guevara: grandeza y riesgo de la utopia”, a preparação militar do Che começa na Guatemala em 1954, quando se alista nas brigadas juvenis, e prossegue no México sob as ordens do General Bayo. O General, veterano da Guerra Civil Espanhola, tinha a virtude de complementar conhecimentos militares próprios das práticas de um exército regular com os conhecimentos da guerra de todo o povo e das históricas guerras de trincheiras no cenário americano. CHE lembra especialmente dos seus ensinamentos por ocasião da vitória em Las Villas. Quando, após sua morte física, publica-se a obra Táctica y Estratégia de la Revolución Latinoamericana, é possível observar a influência de Bayo aliada às formulações sobre a guerra e a política oriundas de Clausewitz.

Tema de obrigatória abordagem é sua percepção sobre a questão moral e seu entrelaçamento com a questão militar. As forças revolucionárias, sustenta, devem crescer moralmente, posto que essa é a base para o cumprimento das tarefas no dia a dia. O agir está ligado à espiritualidade. Essa opinião a levará em conta até o final em solo boliviano. E, a essa questão moral, Che adiciona na prática dois elementos: a tática de guerra de movimentos - por isso, na Bolívia, Che divide seus homens, como ele mesmo coloca no seu Diário, em grupos de vanguarda, centro e retaguarda em permanente mobilidade – e a unidade com os setores do povo – “La guerra de guerrillas no es outra cosa que una expresión de la lucha de masas y no se puede pensar aisladamente de su medio natural, que es el pueblo”.

Há que dizer que a ignorância de alguns lhes permite, sem qualquer pudor, qualificar o CHE como terrorista. Com efeito, demonstrando seu desconhecimento sobre o conceito de terrorismo, sobre a natureza real das ações militares – ecoando sobre o que outros perigosamente dizem –, o acusam sem, minimamente, fazer uma leitura prévia do seu pensamento. É de bom alvitre, quando algo se desconhece, dar-se ao trabalho de ler e, se isto não é possível, então, talvez calar a boca seja a melhor opção.

Na obra La Guerra de Guerrillas, publicada em 1960, CHE expõe seu pensamento com relação ao terrorismo: “El sabotaje no tiene nada que ver con el terrorismo; el terrorismo y el atentado personal son fases absolutamente distintas. Creemos sinceramente que el terrorismo es un arma negativa, que no produce de ninguna manera los efectos deseados, que puede inducir al pueblo a ponerse en contra de un determinado movimiento revolucionario y que comporta una perdida de vidas entre sus ejecutores muy superior a la ventaja obtenida”.

CHE também não é alguém que reconheça apenas um caminho para a transformação social. Novamente, na sua Táctica y Estratégia de la Revolución Latinoamericana, expressa: “(...) Existe, sin embargo, alguna posibilidad de tránsito pacífico (...) pero, en las condiciones actuales de América, cada minuto que pasa se hace más difícil para el empeño pacifista y los últimos acontecimientos vistos en Cuba muestran un ejemplo de cohesión de los gobiernos burgueses con el agresor imperialista, en los aspectos fundamentales del conflicto. Recuérdese nuestra insistencia: tránsito pacífico no es logro de un poder formal en elecciones o mediante movimientos de opinión pública sin combate directo, sino la instauración del poder socialista, con todos sus atributos, sin el uso de la lucha armada”.

Como é possível perceber claramente, CHE não descartava a possibilidade de assumir o poder e iniciar a construção de uma sociedade mais justa atravessando a luta popular sem o poder das armas. Contudo, também é enfático em reconhecer que a agressão imperial contra Cuba e contra as manifestações populares em prol das mudanças democráticas e progressistas impede os caminhos menos dolorosos para o povo, que, indubitavelmente, se vê forçado a implementar recursos e homens para uma defesa diante de um inimigo poderoso.

Pois bem, certamente, muitas questões ainda podem ser ditas sobre a vigência do pensamento de CHE. Nosso propósito não poderia ser esgotar sua ação, vida e obras. Focalizamos, por isso, em três segmentos, os elementos que nos parecem hoje mais determinantes e dos quais podemos extrair lições concretas, não para uma reprodução dogmática, mas para um aprendizado dialético: em primeiro lugar, em tempos de integração, o pensamento do CHE implica reconhecer que a unidade decorre não de pressões econômicas nem políticas, mas de gestos concretos que se dirijam a criar um cenário de paz e de segurança para todos. Falar de integração enquanto as tropas do país destroem, agridem, torturam e enquanto Guantánamo se constitui em terra imune à aplicação da legalidade internacional é a postura mais hipócrita que se pode esperar de um Estado.

Em segundo lugar, o resgate do ser humano, como mola propulsora do trabalho, da sua dignidade como agente de mudanças democráticas; e, finalmente, a idéia de que a paz é uma bandeira vigorosa, e que a vocação popular não é a guerra, mas que esta pode ser uma necessidade política, quando se é injustamente agredido e é preciso a defesa mais intransigente dos direitos do ser humano.

CHE não era um Quixote lutando contra moinhos, mas um ser humano convencido até a alma dos seus sonhos, o que o une a todos os progressistas do mundo, nos quais a dor ou o cansaço não matou a utopia.

É CHE, como diz a canção. (...) depois de tanto tempo e tanta tempestade, seguimos para sempre esse caminho longo, longo, por onde tu vais.....

Pietro Alarcón, advogado, colombiano, é professor da PUC-SP.

Benditas foices que roçaram eucaliptos



Frei Pilato Pereira

Foices não roçam sozinhas, então é preciso dizer benditas mãos que foram erguidas ao céu empunhando bandeiras, ao som de gritos e canções em defesa da terra, da água e de tudo o que Deus criou. Benditos trabalhadores que, no dia 16 de outubro de 2007, deixaram suas casas e, com suas foices, ferramentas de trabalho, foram defender o amanhã, o futuro do planeta e da humanidade - o MST realizou no Rio Grande do Sul dois atos de protestos contra as monoculturas de eucaliptos em Santana do Livramento e na região de Bagé. Parece estranho dizer que alguém foi defender o futuro da humanidade com uma foice nas mãos. Também parece estranho o que se lê no Evangelho quando Jesus de Nazaré disse aos fariseus que queriam ver seus discípulos calados: “Se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19,40).

Tivemos o histórico ato das mulheres no dia 8 de março de 2006. Onde elas arrancaram mudas de eucaliptos como a mãe que arranca o espinho que faz doer a carne do filho indefeso. Aquela ação acordou a sociedade para a questão das monoculturas de plantas exóticas. Mas as multinacionais da celulose, com apoio do governo gaúcho, tentaram calar todas as vozes de denúncia contra essas monoculturas no Rio Grande do Sul. O governo do estado realizou ações fortes e severas para garantir o ambicioso projeto das papeleiras multinacionais. E alguns já pensavam que o fato estava consumado e que não tinha mais volta. Mas quando achavam que a voz profética tinha sido calada, eis que as foices gritaram, roçando caminhos para a vida.

Com medo das foices e dos que não temem a opressão, o governo da Yeda mandou sua polícia com todo seu aparato de guerra para agredir e prender os trabalhadores que lá estavam apenas roçando com suas foices para resgatar a terra aprisionada pela ambição. Junto com a polícia estava também a imprensa de plantão para registrar um fato político de direito constitucional como ato criminoso.

E o chefe da polícia disse na imprensa que agiram contra o crime, prenderam os criminosos que danificaram o patrimônio alheio. Concordamos que este é o papel da polícia. Então, deveriam prender os donos, gerentes, diretores das papeleiras multinacionais que estão danificando o Pampa gaúcho com suas monoculturas de plantas exóticas. Pois crime mesmo é fazer monocultivos de eucaliptos, porque provocam terríveis e irreparáveis danos ambientais e sociais. Por serem desenvolvidos no modelo de monocultura, esses plantios geram poucos empregos e causam a perda da biodiversidade. Os eucaliptos, por exemplo, consomem grande quantidade de água e provocam enorme desequilíbrio ao ambiente natural. A experiência que temos no Brasil, no estado do Espírito Santo, é que a indústria de celulose, além de devastar a mata nativa, também expulsou muitas comunidades de suas terras. E naquele estado já secaram centenas de córregos e nascentes de água. É apenas um pouco das conseqüências destas monoculturas. E quem não vê que isto é crime?

E a polícia deveria prender também a dona Yeda Crusius por sua conivência e cumplicidade com o crime organizado das indústrias de celulose no Rio Grande do Sul. São elas que estão cometendo crime contra o patrimônio do povo gaúcho e não podemos ser cúmplices disso. As futuras gerações poderão herdar uma Pampa mais pobre que esta que nós herdamos de nossos pais. Poderão herdar os campos desertos virados em tocos de eucaliptos, sem cavalos e sem tropas. Uma terra sem vida para germinar a semente, para fazer florir o trigo e produzir o pão. Se é isto que queremos deixar de herança para nossos descendentes, então fiquemos de braços cruzados. Mas, do contrário, se queremos preservar a vida com justiça e paz, então devemos continuar a luta contra as monoculturas e as indústrias de celulose.

E se tentarem calar as vozes que clamam contra os desertos verdes, as foices gritarão. Não é isso que queremos. Desejamos que os ouvidos do entendimento e do diálogo se abram para escutar as diversas opiniões da sociedade e assim construirmos caminhos alternativos para um outro desenvolvimento. Que seja um desenvolvimento economicamente viável, político-socialmente justo e ecologicamente sustentável.

Frei Pilato Pereira é membro da CPT e do Serviço de Justiça, Paz e Ecologia da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.
Danton, Andrzej Wajda




Formato: rmvb
Áudio: Francês
Legendas: Português/BR
Duração: 2:09
Tamanho: 499 MB
Dividido em 06 Partes
Servidor: Rapidshare



http://rapidshare.com/files/64650074/Danton_legendado.part1.rar
http://rapidshare.com/files/64659904/Danton_legendado.part2.rar
http://rapidshare.com/files/64668991/Danton_legendado.part3.rar
http://rapidshare.com/files/64678392/Danton_legendado.part4.rar
http://rapidshare.com/files/64688083/Danton_legendado.part5.rar
http://rapidshare.com/files/64692546/Danton_legendado.part6.rar


» Sinopse: Quatro anos após a Revolução, a situação econômica da França é um desastre. Cada cidadão é um suspeito em potencial. As cabeças rolam com a guilhotina. O povo está com fome e medo. Os mesmos revolucionários, que tinham proclamado a Declaração dos Direitos do Homem, implantam o Reino do Terror. Danton e Robespierre. Enquanto o primeiro tem o apoio do povo, o segundo tem o poder. O embate entre os dois líderes dá inicio a um complexo processo político.


Elenco:

Gérard Depardieu - Danton
Wojciech Pszoniak - Robespierre
Anne Alvaro - Eleonore
Roland Blanche - Lacroix
Patrice Chéreau - Desmoulins
Emmanuelle Debever - Louison
Krzysztof Globisz - Amar
Ronald Guttman - Herman
Copiado de:RapaduraAzucarada


Screen Shots:







Ali na Espanha: a direita também quer censurar livros escolares


Emir Sader

Onda obscurantista acompanha os períodos de retrocessos históricos como sua irmã gemea. Daí a proliferação das literaturas de esoterismo e de auto-ajuda. Como se razão tivesse fracassado, restando o apelo ao “mais além” e às cabalas.

Tempo propício também para a proliferação do obscurantismo. Parece que já qualquer um pode se projetar no cenário dos debates, porque está apoiado na máquina familiar e monopolista da mídia mercantil. “Cualquiera es un ladron, cualquier es un gil” – como diz o tango Cambalache. São ventrílocos do poder e, mais imediatamente, dos donos da empresa em que trabalham, com quem coincidem em tudo, usando suas bocas e penas para que seus chefes falem.

Um desses ventrílocos de turno chegou a escrever – na Folha de S. Paulo, onde tinha coluna, naquela época, enquanto pleiteava um emprego na Globo – que o Gilbero Braga era “o Balzac brasileiro” (sic) e fez um artigo especialmente dedicado a bajular a familia Marinho. Não deu outra: foi contratado. Tentou ser o Francis II, quando este já havia fracassado em tentar usar a imprensa brasileira para chegar a escrever para a da sua pátria de adoção, que nem chegou a rejeitá-lo, porque o desconheceu. Teve que terminar seus dias destilando ódio contra o Brasil, por ter nascido aqui. O seu sucedâneo de terceira geração falhou ainda mais e descarrega o ódio sobre o Rio, enquanto tenta beber no que chama de “reino da grana”, a São Paulo dos Jardins.

São a versão brasileira do mesmo movimento obscurantista que começou lá atrás com Reagan, se disseminou com Thatcher e tem suas expressões nacionais em forças como o neopinochetismo chileno, o neofranquismo espanhol e o neoditatorialismo militar no Brasil.

Ali, na Espanha, tal como aqui, essa direita obscurantista tentar censurar os livros didáticos. A FAES, a fundação do partido de Aznar, o PP, neofranquista, analisou os livros de texto de Educação espanhóis (parece que seus amos do Norte definiram que essa é a pauta agora, então seus ventrílocos desenvolverm a campanha em cada país, de forma parecida como em outras campanha, inclusive na que desestabilizou o Brasil e preparou o golpe militar de 1964).

Um membro da direção do PP acusa a esses livros de “raciocinar sistematicamente com critérios marxistas”, de difundir valores anticapitalistas, antiocidentais, antiamericanos, anti-PP e anticristãos. (Já ouviram ou leram algo muito similar dali, por aqui? Estarão em alguma circular de alguma fundação bushista, mandado para seus ventrílocos locais? Nem originalidade tem cada um.)

Provas de antiamericanismo, ali como aqui, são fajutas: “O consumo de presunto serrano foi durante muitos anos ilegal nos EUA, já que era considerado não saudável, ao se tratar de carne crua simplesmente salgada” (sic). “Em 1989, a ONU promoveu a Convenção sobre os Direitos da Criança, que já é um tratado internacional que foi ratificado por todos os países do planeta, exceto os EUA e a Somália”. Outros exemplos seriam fotos dos presos dos EUA em Guantánamo, que talvez consideram inessencial ou forjadas.

O documento dali se volta contra o que considera “elogio do pensamento progressista”, inaceitável, ali e aqui, para os obscurantistas: “O grande triunfo da juventude chegou no final da década de 1960. Maio de 1968 ficou como uma data simbólica do começo de uma profunda mudança de rumo no modo de entender a vida”. Mais grave ainda como “provas” do “pensamento antiliberal” é a citação em um livro do bispo Pedro Casáldaliga, representante da teologia da libertação e candidato ao Prêmio Nobel da Paz em 1989. Outra “prova”: “Educar em democracia é iniciar nos valores da participação, porque o homem é social e comunitário e não pode ficar reduzido ao âmbito do indivíduo” – já superando todos os limites de descambando para o “totalitarismo”, segundo os obscurantistas dali e daqui.

“Rejeição da liberdade econômica” – que confunde com liberalismo econõmico, com economia de mercado e com neoliberalismo – estaria em frases como: “As conseqüências do consumismo são: aumento da diferença entre os países desenvolvidos e os países do Terceiro Mundo” – verdade inaceitável, ainda mais transmitida para novas gerações. Ou esta: “Enquanto alguns poucos reuniam imensas fortunas, a imensa maioria vivia mal com pequenos salários ou morria de fome no desemprego”.

Igualmente verdades que devem ir para baixo do tapete: “Nosso mundo se desenvolveu gracas às riquezas e a mão-de-obra barata do Terceiro Mundo”. Ou: “A chave para eliminar as diferenças entre o norte e o sul reside na atitude dos países desenvolvidos”. Consideram “doutrina econômica marxista”, uma afirmação como esta, ainda que verdadeira: “Os países desenvolvidos, em boa medida, são desenvolvidos porque historicamente colocaram os países a seu serviço e os mantiveram assim.”

Caso não se censure esses livros, estaremos formando crianças e jovens com uma perigosa percepção real do mundo. Ali e aqui. Xô – diz o obscurantismo, aqui e ali.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A verdade incômoda do profeta Al Gore & a incomodidade da verdade
Alfonso del Val [*]

Recordação de algumas atrocidades do duo Clinton-Gore

Apresenta-se nas salas de cinema do mundo inteiro um produto audiovisual denominado "Uma verdade incômoda". Ele faz parte de uma extensa campanha propagandística, com base na teoria no aquecimento global do planeta, do senhor Al Gore, ex–vice-presidente dos Estados Unidos da América.

Com o seu computador Macintosh e graças à Internet e à informação obtida pela sua privilegiada situação política, Gore conseguiu elaborar um livro com o mesmo título, com publicação próxima em Espanha. Com mais de 700 mil cópias vendidas só na edição inglesa, às quais há que juntar as que foram vendidas em 23 edições em outros tantos idiomas, o livro de Gore, juntamente com o filme e o DVD (um milhão de cópias vendidas só nos Estados Unidos), conseguiu formar um verdadeiro corpo diplomático de carácter mediático que lhe abre as portas dos grandes salões e fóruns mundiais.

Al Gore foi recebido a 6/Fevereiro/2007 em Madrid pelo presidente do governo espanhol no Palácio da Moncloa [e no dia 8 em Lisboa pelo primeiro-ministro português]. Vários ministros e outras personalidades acorreram à sua primeira conferência em Espanha: "O maior problema actual da humanidade e a nossa contribuição para travá-lo". Conferência que se anuncia nos media com o subtítulo: "debate aberto com Al Gore". Esta conferência permitiu a presença daqueles que pagaram 470 € + IVA, quantia que não dava direito a tirar fotografias nem a gravação audiovisual, nem tão pouco a formular qualquer pergunta ao senhor Gore, proibição que também afectou os jornalistas. Apesar da oferta de lugares gratuitos às organizações ecologistas, algumas destas receberam resposta negativa à sua presença se não desembolsassem a quantia mencionada.

Al Gore apresenta-se no filme como um enviado da Natureza, de origem norte-americana, mas que também se dirige aos norte-americanos (o produto há-de vender-se no mundo inteiro). O novo profeta, seguindo a metodologia bíblica das sete pragas do Egipto, anuncia-nos a oitava praga do aquecimento global que arrasaria de novo o planeta. Com um discurso americano para norte-americanos, Gore maneja habilmente a informação que lhe parece oportuna e nesta linha elabora as conclusões sobre o terrível futuro que se nos avizinha e as soluções que já conhecemos.

Assim, os dados que oferece sobre a situação actual do aquecimento global do planeta provém dos "cientistas" em que ele confia e que dizem a verdade, e não dos maus que a escondem por dinheiro. Al Gore de modo algum cita os cientistas (cerca de 2500) que desde 2001 e com mandato da ONU trabalham no Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC na sigla inglesa) que, certamente, oferecem uma informação mais rigorosa e menos catastrofista que a expressa pelo ex–vice-presidente. Al Gore só nos fala do CO 2 (anidrido carbónico ou dióxido de carbono) como o único gás com efeito de estufa, ignorando deliberadamente os outros gases, como o metano, responsáveis por um efeito muito maior ainda que estejam presentes em menor quantidade. Este esquecimento terá algo a ver com a política do presidente Bush de desprestígio da ONU e da recusa de ratificação do Protocolo de Quioto?

O senhor Gore parece que gosta mais do simples CO 2 do que das dioxinas, dos furanos, dos PCB e outras de substâncias complexas, de reciclagem impossível na natureza – ao contrário do CO 2 (que poderia ser convertido em biomassa, se não desflorestassem o planeta) –, sobre os quais existe um acordo absoluto quanto à sua extrema periculosidade. Por esta razão, identificadas as doze substâncias mais letais existentes na atmosfera, nos solos, nos nossos corpos e na maioria dos seres vivos, que hão-de manter-se durante gerações, se assinou em 2001 e se ratificou em 2004 a Convenção de Estocolmo. Mas nos processos de incineração, nos quais se geram a maioria destes compostos, para além do CO 2 em que só se fixa o discurso de Al Gore, continuam e pouco ou nada sabemos da sua evolução, se exceptuarmos a informação dos investigadores médicos, sobre a sua maior presença nos tecidos e órgãos humanos.

O CIE é o responsável pelos campos de internamento dos imigrantes que conseguem chegar vivos à Espanha. No seu filme, podemos ver como vai sofrer a Natureza, a obra de Deus, com maior precisão e crueldade do que os seus próprios habitantes. Ao referir-se aos efeitos das alterações climáticas em África mostra-nos um pobre mapa com o lago Chade sem imagem alguma do sofrimento dos seus habitantes. A única imagem que oferece para nos mostrar a sua angústia e o seu sofrimento que o leva até à morte é a de um urso polar que nada, durante 100 km, à procura de gelo e que morre. Talvez a visita a Espanha lhe pudesse servir para que alguns ministros e outras autoridades lhe sugerissem que mudasse o urso por africanos que, em muito maior número, morrem ao tentar o atravessamento do estreito de Gibraltar à procura de uma vida melhor. Saberá ele, ou os seus assessores audiovisuais, que os africanos não são brancos como o urso?

Sem dúvida, na película, não podemos ver as causas que provocaram a ruína económica e social desse gigantesco continente que contém uma grande parte dos recursos naturais do planeta e que, talvez, por isso se encontre na actual situação de ruína. Simplesmente, ao mostrar-nos o lago de Chade seco (com uma seta que diz Darfur à direita e Níger à esquerda), indica-nos que o ex–vice-presidente não lhe interessa os outros problemas que existem por lá. E, por isso, não nos diz como solucioná-los.

Tão pouco nos diz o senhor Gore qual é a causa verdadeira da situação no mundo sobre o esgotamento dos recursos, a degradação ambiental e a actual desigualdade económica e social. Apesar de que em 1972 já se tenha feito um estudo exaustivo ("Os limites do crescimento", estudo apresentado pelo Clube de Roma, sobre a avaliação da situação humanitária, feito por Donella H. Meadows, Denis L. Meadows, Jorgen Randers et William Berens III), ao qual se seguiram outros estudos que deram ocasião à declaração da Cimeira da Terra (Rio de Janeiro, 1992) sobre a necessidade da conservação dos recursos; o senhor Gore não nos fala nas soluções para a redução do consumo de alguns recursos naturais, energéticos ou outros. Só nos fala de energia e CO 2 . Não se preocupa com o sofrimento actual das pessoas devido à destruição dos seus territórios, às migrações e mortes como consequência da depredação dos recursos, mas só se mostra compungido ao pensar na sua quinta na qual passou a sua idílica infância. Preocupa-o não saber em que condição ficará com o dito aquecimento global. O consumismo é intocável, como alma mater e motor da nossa civilização actual que transforma recursos naturais em resíduos na proporção de 93%. Só 7% dos recursos naturais que utilizamos (minerais energéticos e não energéticos, alimentos, etc) são transformados em bens úteis para o nosso exagerado consumo. Al Gore indica-nos que a solução está na mudança de automóvel por outro sem nos dizer se na fabricação e utilização deste novo automóvel se consome mais ou menos recursos e se a eficiência transformadora (maior aproveitamento dos recursos) será maior ou menor. O mesmo acontece com a energia, mostrando-nos painéis fotovoltaicos (transformam a luz solar em corrente eléctrica) que, hoje por hoje, necessitam no seu processo de projecto, fabricação e montagem, mais energia do que aquela que vão produzir na sua vida útil. Diz-nos o senhor Gore que se exija das empresas eléctricas o fornecimento de energia limpa e verde. A que novas formas de energia se refere o senhor Gore quando nos diz que se pode atingir a emissão zero de CO 2 ? Alcançar este objectivo no uso intensivo da energia num país como os EUA, e no mundo, significa não queimar matéria orgânica (petróleo, gás natural, carvão, biomassa, etc). Só a energia nuclear de fusão, o sonho do reactor reprodutor (ITER), pode fornecer garantidamente as gigantescas procuras actuais, e maiores ainda no futuro, que a nossa civilização exige no consumo-destruição-fabricação-consumo. Só uma fonte inesgotável de energia eléctrica poderia garantir a disponibilidade do hidrogénio para substituir os combustíveis fósseis nos processos de combustão. Coincidências entre Al Gore e Jeremy Rifkin.

QUAL O AUTOMÓVEL DE JESUS CRISTO?

Uma vez mais, Al Gore recorda-nos que é norte-americano e, no fundamental, fala para os norte-americanos. Só se refere ao resto do mundo nas partes menos importantes do seu discurso. Diz-nos que devemos reduzir a dependência do petróleo estrangeiro, não a mobilidade compulsiva. Esquece-se que se deslocam, constantemente, cada vez mais, mais depressa e mais longe materiais, produtos e pessoas. Diz-nos que devemos reduzir a extracção do petróleo do nosso país. A que país se refere? A maioria não tem petróleo. Esta meta de redução da dependência, com a ideia da segurança nacional, traduz-se num verdadeiro dilema pois torna-se necessária a importação do petróleo, tanto para os militaristas (guerras territoriais para controlar o petróleo) como para os falcões do fisco (repercussão das importações no valor do dólar) e para os sectores económicos do neoconservadorismo que apoiam o presidente Bush. Também parece que pretende satisfazer os desejos das prédicas de poderosas seitas evangelistas que falam na necessidade de o homem conservar a Terra que Deus nos deu. Ainda que Al Gore não responda à pergunta chave para estas seitas: Que automóvel conduziria Jesus Cristo nos dias de hoje?

Al Gore, definitivamente, pretende assustar-nos (o medo é o instrumento mais subtil e útil do poder) ao responsabilizar-nos a todos, mas sem mostrar-nos um gráfico ou uma tabela que indique a responsabilidade que corresponderia a cada um de nós (pessoas, grupos económicos e sociais, países). E mais, no fundo, ele tão pouco sabe porque nos acusa. Assim, lamenta-se como alguém que em nome de Deus tenha passado por aqui, ao referir-se aos desastres produzidos pelo furacão Katrina.

Al Gore não exige responsabilidades aos conhecidos causadores da situação actual e futura, cujo enriquecimento material é ainda maior do que o aumento do desastre ambiental que produziram (só a Exxon-Mobil obteve, em 2006, 30,36 mil milhões de dólares de lucros, o maior jamais alcançado por uma empresa na história do capitalismo), mas exige que aceitemos esta situação como o pecado de toda a humanidade e que trabalhemos todos juntos no futuro para nos salvarmos do perigo que está para acontecer.

Tão pouco nos indica quanto CO 2 se emitiu para a atmosfera como consequência da fabricação, ensaios, transporte e utilização do desproporcionado exército do seu país que não representa a humanidade no seu conjunto. Nem o do emitido nas sucessivas guerras para o controlo do petróleo (bombardeamentos, explosões de poços de petróleo e refinarias, roturas de oleodutos e gasodutos).

Para emitir este discurso simples e sustentado já existe o republicano Schwarzenegger, talvez com maior experiência cinematográfica. Mas, no seu estado da Califórnia, supostamente avançado do ponto de vista ambiental, ainda ninguém consegue comprar o tal automóvel capaz de ser conduzido por Jesus Cristo.

Como conclusão, a propaganda de Al Gore não oferece nada de novo e rigoroso (melhor escrito e estudado, ainda que não apresentado com tais parangonas, existe no primeiro relatório do Clube de Roma de 1972; mais rigoroso e aparentemente científico encontra-se na informação fornecida pelo IPCC, órgão da ONU, em 2001). Segue a Bíblia na sua apresentação simplista da análise das causas e da formulação das medidas, recomendando a reza aos que sejam seus crentes. Para cobrar os benefícios do desastre e os que se derivam da sua divulgação, incluído o próprio, existem nomes e apelidos. Para pagar os danos ambientais devemos estar todos juntos e irmanados e ao que nos toca mais concretamente devemos perguntar-lhe como a Deus: "porquê nós e aqui?" Al Gore desaproveita nesta magnífica, talvez irrepetível, ocasião, a oportunidade de nos oferecer o seu currículo pessoal no que respeita aos trabalhos, aos sacrifícios e aos resultados obtidos durante a sua carreira política incluindo o seu período como vice–presidente dos EUA. Talvez assim tivesse ganho as eleições e fosse hoje presidente em vez de andar a vender livros e DVDs, ainda que então talvez não fosse iluminado por Deus para andar a fazer prédicas sobre o desenvolvimento sustentável, algo que, segundo manifesta o próprio, só aconteceu depois de ter perdido as eleições presidenciais. Eis agora o que o novo profeta ecologista manifesta: "vi claramente a missão que me estava destinada".

Vejam, leiam e julguem vós, sobretudo os privilegiados que puderam ouvir e ver o profeta, por 470 € + IVA, se não se assiste a um fenómeno global, ecológico, económico e religioso, que atrai por igual as crianças e os mais crescidos, orientais e ocidentais, plebeus (como eu que só vi o DVD que nos emprestou um amigo) e aristocratas (que lhe pagaram os 200 mil dólares por conferência e têm a possibilidade de vê-lo ao vivo e inclusive falar-lhe). Para terminar, umas últimas perguntas:
– O que terão aprendido, quer o presidente do Governo quer os ministros e outras autoridades, com as suas conferências?
– Pagaram as suas entradas?
– Se sim, fizeram-no com o dinheiro dos nossos impostos?
– Pagaram-lhe pelos seus méritos?
– Ou por outros "méritos" que não conhecemos?
– Ser-lhe-á dado o próximo prémio Príncipe das Astúrias de 2007?
– O senhor Gore alguma vez terá a oportunidade de ler este artigo e outros semelhantes?
– Dir-nos-á, finalmente, qual é o automóvel que Jesus Cristo conduziria hoje? Em Madrid não o podemos averiguar.
1- Pedro Prieto. Editor de Crisis energética. Al Gore en España. ¿El huevo del calentamiento global o la gallina del agotamiento fósil? Disponible en Crisis energética: http://www.crisisenergetica.org/article.php?story=20070205190147543
2- Una verdad antigua. Marcela Çaldumbide. Advogado.
3- Quando Al Gore exercia seu papel de vendedor de drogas ao serviço das multinacionais.
Recordação de algumas atrocidades do duo dinâmico Clinton-Al Gore durante o período em que suportámos do seu mandato
por Alfredo Embid

Os actuais apóstolos de causas humanitárias, como a SIDA e o Aquecimento Global, o duo dinâmico Clinton-Al Gore, têm uma história bastante sinistra. Para começar a opinar sobre as suas actuais cruzadas há que ter senso comum. Há que recordar o que fizeram quando eram dirigentes do estado mais poderosos do planeta: – desde 20 de Janeiro de 1993 até 20 de Janeiro de 2001. Albert Gore, Jr. vice-presidente da administração Clinton e este último como presidente, estiveram implicados e foram responsáveis por diversos crimes e atrocidades, incluindo intervenções em diversos países de todo o mundo, e pelo apoio ao terrorismo e à guerra da Jugoslávia. Além disso são responsáveis pelo bombardeamento com armas radioactivas na guerra da Jugoslávia, na Somália e, provavelmente, também no bombardeamento do Iraque e do Afeganistão.

Os acontecimentos:

IRAQUE, 1993-2001. Durante toda a Administração Clinton-Gore continuou o bombardeamento do Iraque (com a colaboração da França e da Grã-Bretanha). A justificação dos bombardeamentos foram desculpas que mais tarde se revelaram fraudulentas [1] . Por exemplo, em 26 de Junho de 1993 (5 meses depois da tomada de posse de Clinton-Gore), os EUA bombardearam Bagdad com 23 mísseis Tomahawk com a desculpa de uma conspiração para matar Bush. Os Estados Unidos financiaram com milhares de dólares o Acordo Nacional Iraquiano para desestabilizar o regime de Saddam Hussein com atentados terroristas [2] . Além disso, mantiveram o embargo e doaras sanções económicas que custaram a vida a mais de milhão e meio de iraquianos, na sua maioria crianças [3] .

SOMÁLIA, 1993. Bombardeamento com mísseis das forças do general Mohamed Aidid que se opunha à entrada de tropas americanas no seu país. A operação foi apresentada como álibi de ajuda humanitária com amplo envolvimento de meios. Mas na realidade é que por detrás estava "a merda do diabo" que é como os africanos chamam ao petróleo, o "ouro negro" como chamamos nós. Há provas de que se utilizou armamento radioactivo [4] .

JUGOSLÁVIA, 1992-94. Estabeleceu-se um bloqueio marítimo dos EUA e da NATO contra a Jugoslávia: Sérvia e Montenegro. A Jugoslávia estava na agenda.

JUGOSLÁVIA, BÓSNIA, 1993. Estabeleceu-se uma zona de exclusão aérea patrulhada, fomentou-se a guerra civil, abateram-se aviões, bombardearam-se alvos civis. Aumentou-se a tensão sobre os objectivos que explicaremos.

HAITI, 1993-94. Ocupação do Haiti por uma força multinacional encabeçada pelos EUA. Em 19 de Setembro de 1994 apoiaram as forças internas que derrubaram o presidente Aristides que fora eleito legitimamente. Os ocupantes dos EUA prenderam os líderes do exército do Haiti pelos seus crimes. Mas, em vez de os julgar, premiaram-nos com garantias de segurança e milionárias reformas. O padre cristão Aristides, que havia sido derrubado por um golpe militar poucos meses depois de ter sido eleito, em 1991, é reconduzido à chefia do governo depois de ter sido obrigado pelos EUA a prometer que iria portar bem. Isto é, que deixaria de ajudar os pobres e se submeteria a uma agenda política favorável aos ricos e à classe dirigente do país. Desde então, os EUA impedem o castigo dos responsáveis pelas violações dos direitos humanos e negam-se a devolver os documentos oficiais roubados durante a invasão que poderiam estabelecer as suas responsabilidades.

JUGOSLÁVIA, BÓSNIA, 1994-1995. Aqui permito-me estender mais além para tornar compreensível o contexto porque o duo dinâmico é totalmente responsável por ter provocado uma guerra aparentemente incompreensível na Europa. A Jugoslávia negava-se terminantemente a que o Ocidente lhe impusesse o seu modelo e a entrada na NATO. Algo especialmente grave quando era uma região geoestratégica importante para a passagem das vias energéticas da Ásia Central e além disso possuía importantes recursos minerais. A Jugoslávia era além disso um exemplo de convivência interétnica como comprovei pessoalmente em duas viagens em que a cruzei, em 1967. Assim, inicialmente, fiquei profundamente incrédulo como fora possível uma guerra civil. Mas foi um efeito da estratégia do império que se baseou justamente em atiçar as diferenças étnicas, tal como o fez Hitler quando invocou a autodeterminação étnica contra a Checoslováquia e a Polónia como desculpa para invadi-las em 1938-39. A autodeterminação étnica é um princípio que agora se esconde debaixo do tapete dos "direitos humanos" para conseguir o mesmo objectivo: estimular as insularidades e dividir. Assim, os EUA orquestraram a demonização dos sérvios que já havia sido iniciada pela Alemanha nos princípios dos anos 90 [5, 6] .

Desde 1994 os EUA desenvolveram uma operação secreta similar à que fizeram anteriormente e que resultou no escândalo Irão-contra, mas esta ainda permanece oculta [7] .

Os EUA, encobertamente (financiando grupos islâmicos) violaram o embargo do Conselho de Segurança da ONU na venda de armas a qualquer grupo armado no conflito da Jugoslávia. Como resultado formou-se um arrede secreta de venda de armas através da Croácia [8] .

Não se trata de uma teoria da conspiração, os EUA utilizaram os islamitas para armar os muçulmanos da Bósnia, ex-Jugoslávia, segundo um relatório governamental holandês que inclusive provocou a demissão do governo [9] .

Para compreender a participação dos islamitas nas guerras da Jugoslávia e de Bin Laden, financiados pelos EUA, é especialmente interessante o trabalho de Jurgen Elsasser que explica como os combatentes muçulmanos recrutados pela CIA para lutar contra os soviéticos no Afeganistão e que estavam praticamente sem ocupação, foram utilizados sucessivamente na Jugoslávia (e na Chechénia) sempre com o apoio dos EUA. Ao acabar a guerra no Afeganistão, Osama Bin Laden recrutou esses mesmos militantes jihadistas, treinou-os, em parte com o apoio da CIA, e deslocou-os para a Bósnia com soldos de 3000 dólares mensais para servir o exército bósnio. O seu lugar tenente na Bósnia Herzogovina, Al Zawahiri, que ra o braço direito de Bin Laden, foi o chefe de operações nos Balcãs em princípios dos anos 90, viajou para os >EUA com um agente dos US Special Command para recolher dinheiro para uam nova guerra [10] .

CHECHÉNIA, 1995. Os EUA não aparecem como actores nesta primeira guerra mas existem provas de que também participaram ao financiar grupos islâmicos desocupados, desde a guerra do Afeganistão, e os separatistas, tal como fizeram na Jugoslávia e se explica no livro "Comment le Djihad est arrivé en Europe" [11] .

CUBA, 1996. Em 18 de Outubro um avião norte-americano foi encontrado a fumigar algo na província cubana de Matanzas. Seguiu-se uma praga de insectos thrips palmi que nunca antes se haviam encontrado na ilha e que devoraram milho, pepinos e outros alimentos. Este acto de guerra biológica foi denunciado perante a ONU [12] .

ZAIRE (CONGO), 1996-97. Intervenção de tropas marines dos EUA tal como na LIBÉRIA em 1997 e na ALBÂNIA também em 1997.

SUDÃO, 1998. Imposição de um embargo económico e bombardeamento do país. Incluindo um ataque com mais de uma dezena de mísseis Tomawak à única fábrica de medicamentos humanos e veterinários com a desculpa de que fabricavam armas químicas e de terrorismo [13] . Foi algo que nunca se demonstrou e se reconheceu inclusive que se tratava de um erro [14] . A consequência foi uma penúria de 90% dos medicamentos que estavam a produzir. Estes medicamentos eram fabricados e consumidos localmente. Portanto, a consequência do bombardeamento do duo dinâmico foi sobretudo a destruição da autonomia farmacêutica do país relativamente às multinacionais da medicina. Como consequência também, milhares de desgraçados somalis morreram ao não se poderem tratar com medicamentos eficazes para as doenças endémicas. Isto é, assassinatos e despovoamento. Curiosamente, é o mesmo que promove a ortodoxia da SIDA, da qual Clinton se converteu num apóstolo com a colaboração de Al Gore [15] .

ÁFRICA, 1998. Nesse mesmo ano criava-se a Iniciativa Norte-americana de Resposta às Crises Africanas (ACRI). Com a desculpa de realizar "missões humanitárias" desenvolveu-se um amplo programa de treinamento militar em vários países africanos cujo prolongamento consequente é a actual invasão da Somália [16] .

AFEGANISTÃO, 1998. Ataque com mísseis sobre antigos campos de treino da CIA utilizados por grupos fundamentalistas islâmicos aos quais se acusa de ter atacado embaixadas [17] .

IRAQUE, 1998-99. Bombardeamento intenso com mísseis durante quatro dias de ataques aéreos. Só nos primeiros 8 meses de 1999, os EUA e a Grã-Bretanha realizaram 10 mil voos sobre o Iraque, lançando mais de mil bombas e mísseis sobre 400 lugares [18] .

ÁFRICA DO SUL, 1999. Al Gore, que estava ligado à indústria farmacêutica [19] , tenta vender AZT com descontos ao governo sul-africano. Mas este afasta a "ajuda" ao dar-se conta que o AZT é uma mezinha para a SIDA.

JUGOSLÁVIA, 1999. Sob a liderança dos EUA, a NATO bombardeou Kosovo e a Sérvia numa operação denominada "Intervenção Humanitária Anjo da Guarda" de 24 de Março a 10 de Junho de 1999.

Como no caso da Bósnia Herzegovina, apontaram o fundamentalismo islâmico para desestabilizar a região. Por artes mágicas, numa questão de meses, as milícias da UCK qualificadas pelos EUA como terroristas, em Fevereiro de 1998, converteram-se em seus aliados no Kosovo [20] .

A intervenção montou-se uma vez mais (como na Bósnia) a partir da informação falsa e manipulada, fornecida pelos EUA e a NATO, sobre presumíveis massacres cometidos pelos sérvios para demonizá-los. Esta montagem sem provas foi difundida vergonhosamente por todos os meios de desinformação durante meses para preparar a invasão.

Depois os EUA apresentaram umas negociações fraudulentas com umas condições surrealistas que se pode resumir no seguinte: a NATO (isto é, os EUA) apropriar-se-á do Kosovo e terá acesso livre a toda a Jugoslávia e além disso vocês têm que pagar os custos da governação da NATO. Estas exigências, inaceitáveis para qualquer estado, foram, evidentemente, recusadas [21, 22] .

Como consequência veio a operação humanitária "anjo da guarda" durante a qual se lançaram 25 mil toneladas de explosivos, numas 25 mil incursões aéreas. Foram empregues bombas de estilhaçamento assim como munições radioactivas.

O comandante das forças aéreas francesas da NATO, General Joffret, afirmou: "As forças aéreas receberam ordens para destruir a vida na Sérvia" [23] . Segundo as suas declarações nesta missão "humanitária", mulheres, crianças, maiores, passageiros de comboios e de autocarros, transeuntes sobre pontes, foram aniquilados. Perderam a sua vida 2500 pessoas das quais 30% eram crianças. Ficaram feridas mais de 10 mil pessoas dos quais 40% eram crianças. Durante o ataque realizaram-se bombardeamentos maciços de objectivos civis, alojamentos residenciais, pontes, estradas, vias-férreas, refinarias, instalações químicas, estruturas empresariais vitais, estações transmissoras de rádio e de televisão. Muitas instituições sanitárias e educativas, monumentos culturais, igrejas, mosteiros, cemitérios, também foram totalmente arrasadas. Destruíram deliberadamente a estação de televisão (como é habitual fazê-lo, com o último exemplo em Bagdad no Iraque) e inclusive a embaixada da China, em Belgrado, que os EUA (com os seus sofisticados meios de detecção por satélite) "não sabiam" donde estava (o que era evidente num qualquer mapa turístico). Causou-se uma perda maciça de vidas numa catástrofe humanitária, económica e ambiental, cujas trágicas consequências não podem ser limitadas em termos de espaço e de tempo. Nesta agressão dos EUA e da NATO contra República Federal da Jugoslávia, cometeu-se uma grave violação dos princípios fundamentais nas relações internacionais, do Direito Internacional Humanitário. A NATO violou os mandatos do Conselho de Segurança das Nações Unidas assim como a Acta da sua própria fundação [24] . Em Março de 1999, juristas de vários países incluindo dos EUA, apresentaram queixas perante o Tribunal Internacional de Haia, acusando os crimes de guerra cometidos pela NATO, mas o tribunal processou os Sérvios [25] .

Como se fosse pouco, os EUA e a NATO admitiram oficialmente ter lançado no Kosovo mais de 30 mil projécteis com urânio empobrecido, mais de 2500 no resto da Sérvia e 300 em Montenegro. Recordamos que estas armas, além de serem de "urânio empobrecido", são consideradas como "armas de destruição maciça" pela Subcomissão para a Protecção e Promoção dos Direitos Humanos e que violam numerosas convenções internacionais como já se explicou.

O General G. Robertson, na sua carta de 7 de Fevereiro de 2000, confirmou que em todo o território da província de Kosovo e Metohija, em aproximadamente 100 incursões aérea, se utilizaram 31 mil cartuchos de munições contendo urânio (o que é equivalente a 10 toneladas de urânio empobrecido). Nos meses que se seguiram, soldados da NATO que tiveram o privilégio de participar neste genocídio começaram a adoecer e a morrer. Especialmente os que haviam sido colocados estrategicamente em zonas de máxima contaminação como os espanhóis.

Há que recordar que as tropas dos privilegiados que pertencem ao clube nuclear foram posicionadas fora dessa zona. Os mapas mostram a situação das tropas invasoras decidida pela NATO tornando claro que os espanhóis foram enviados para as zonas de máximo risco enquanto os membros do clube nuclear (EUA, Inglaterra e França) se situaram estrategicamente nas de menos risco de contaminação radioactiva.

Além disso, os EUA retiveram, ocultaram e sonegaram informação, obstruindo as investigações sobre os perigos do urânio com o objectivo de evitar responsabilidades morais e materiais. O porta-voz do Pentágono teve o desplante de afirmar que "os projécteis de urânio empobrecido não são danosos do ponto de vista ambiental nem apresentam um impacto significativo sobre a saúde" [27] .

Javier Solana foi ainda mais longe sugerindo que inclusive poderia ser benéfico para a saúde. O programa da UNEP sobre contaminação radioactiva é uma fraude e o relatório da Organização Mundial da Saúde também, já que desde 1957 está submetida à Agência Internacional de Energia Atómica, isto é, ao lobby nuclear [28] . Os meios de comunicação seguiram a voz do dono e censuraram toda a informação a este respeito, especialmente quando se detectou plutónio na Jugoslávia. O plutónio é o elemento radioactivo artificial mais tóxico que se produz. O plutónio não faz parte do urânio fraudulentamente chamado empobrecido, como tão pouco outro elemento radioactivo artificial, o U236, que também se encontrou no Iraque e no Afeganistão [29] . Eram novas provas de que os EUA e a NATO mentem contra a nossa saúde.

O balanço da guerra da Jugoslávia foi de 200 mil mortos e mais de um milhão de refugiados. [30] . É o que se contabiliza, já que as consequências da radioactividade ficam presentes para sempre.

CHECHÉNIA, 1999. Na segunda guerra na Chechénia, tal como na primeira, os EUA aparentemente não intervieram. Mas segundo muitos analistas estavam por detrás estimulando o conflito. Utilizando, como no Afeganistão e na Jugoslávia, as milícias islâmicas. Estas eram armadas por países aliados dos EUA como a Arábia Saudita, a Turquia e a Jordânia. Refugiavam-se no Azerbaijão que também é seu aliado. Além disso, eram descaradamente apoiadas pelas rádios da CIA: Radio Free Europe e Radio Liberty. Inclusive há provas de que o então agente da CIA Bin Laden financiou e apoiou os rebeldes chechenos [31] .

1999. Os EUA negam-se a assinar o Acordo Internacional para a proibição de utilização de minas antipessoais (cuja definição inclui as bombas de estilhaçamento) que entrou em vigor em 1 de Março de 1999. E com razão, já que nesse mesmo ano haviam lançado na Jugoslávia 1100 bombas de estilhaçamento cada uma das quais contém 202 bombas simples. Isto é, despejou 222.200 bombas naquele país [32] .

1999. Os EUA reconhecem que estão a formar um grupo para manipular a opinião pública internacional relativamente à sua política externa [33] .

TIMOR ORIENTAL, 1999. Os EUA apoiam, com ajuda militar, o massacre perpetrado pelo exército indonésio sobre a população que reclama a independência [34] . Certamente, o mesmo que fez com Israel durante a guerra do Líbano.

ÁFRICA DO SUL, 2000. Apesar dos esforços dos EUA, das instituições sanitárias como a OMS e a UNICEF e, até, das multinacionais farmacêuticas, a guerra dos EUA contra a epidemia da SIDA inventada em África, vai mal. As vendas do tóxico AZT recuam, e inclusive a própria hipótese oficial de que a SIDA é causada por um vírus é questionada. Em Janeiro, Al Gore preside a uma reunião excepcional do Conselho de Segurança da ONU sobre o problema da SIDA em África. Mas, na realidade, sobre a ameaça da crescente dúvida acerca da hipótese oficial em África. Em Maio, os EUA ameaçam a África do Sul declarando que a SIDA é uma ameaça para a segurança nacional dos EUA [35] .

COLÔMBIA, 2000. Com o falso argumento da "Guerra às Drogas", os EUA lançam o Plano Colômbia, um programa de ajuda maciça que na sua maior parte é um plano militar. A guerrilha é classificada de narcotraficante, mas o próprio administrador da DEA (Drug Enforcement Agency) num testemunho do ano anterior perante a Câmara do Comité Judicial, Subcomité do Crime, disse que "não havia chegado à conclusão de que as FARC e o ELN fossem entidades que se dedicassem ao tráfico de drogas". Pelo contrário, havia provas de que o exército colombiano sim, é que estava implicado no tráfico de drogas e não só de cocaína, mas também de heroína. O mesmo pode dizer-se do exército mexicano e peruano apoiados pelos EUA [36] .

O Plano Colômbia, apresentado em 1998 pelo presidente Andrés Pastraña como um programa de desenvolvimento económico sem drogas, é na realidade uma cortina para a implantação de forças estado-unidenses no país, como o demonstra o efeito de que depois de 5 anos de combates, a Colômbia continua a ser o primeiro produtor mundial de cocaína [37] . Não se trata de nenhum fracasso. O petróleo colombiano encontra-se sob controlo dos EUA e a dissidência interna também. A hipocrisia da luta contra a droga ficou bem esclarecida anteriormente (para os que tiverem alguma dúvida) mediante a exposição de um facto. Atrás da invasão do Afeganistão, cuja produção de ópio havia sido reduzida em 90%, antes da invasão com a desculpa de combate ao terrorismo, depois da democracia imposta pelos EUA, o país voltou a consagrar-se como o principal produtor mundial de ópio [38] .

1993 – 2001. Durante todo o seu mandato também lutou contra o próprio povo norte-americano. O analista Nat Hentoff afirma que a Administração Clinton-Al Gore "é a que infligiu maiores danos aos nossos direitos e liberdades constitucionais" [39] .

Toda esta galeria de atrocidades não pretende ser exaustiva. O duo dinâmico de cruzadas humanitárias Clinton-Al Gore é responsável pelos seguintes crimes globais:

1 – Ter fomentado, durante a sua permanência no poder do país mais poderoso do mundo uma ordem internacional injusta que assassina silenciosamente por si mesma a grande maioria dos seus semelhantes ao privá-los de água potável e dos alimentos mínimos que necessitam, para benefício de uma leite de que eles fazem parte.

2 – Ocultar que os mais graves problemas da humanidade não são as suas rentáveis e oportunistas cruzadas sobre a SIDA ou sobre o aquecimento global. Estas servem para nos entreter com a criação do medo e impedir que enfrentemos os autênticos problemas que temos: o esgotamento dos recursos petrolíferos, o aumento da contaminação química e radioactiva, o aumento das guerras e das desigualdades entre ricos e pobres, etc, etc. Manipular o problema do aquecimento global, cujas consequências poderemos experimentar dentro de um indefinido número de anos, ocultando as consequências da contaminação radioactiva (que eles próprios contribuíram para o aumento com as suas guerras) cujos efeitos se fazem sentir desde há décadas na forma do aumento de enfermidades da civilização. O aquecimento global apresentado como "a principal ameaça que enfrentamos" oculta e fomenta a deterioração do nosso património genético provocado pela crescente contaminação radioactiva.
Notas:
] 1- Michel Collon. "Attention media" ed. EPO Bélgica. Pág. 284. http://www.michelcollon.info
2- Independent. Londres, 26 Março 1996.
3- Ver nosso relatório detalhado sobre as consequências sanitárias do bloqueo para a população do Iraque no nº 69 da revista. Alfredo Embid "Aumento de cánceres, malformaciones y otras enfermedades en Iraq". E entrevista com o ministro da Saúde Pública iraquiano.
4- Para mais informação sobre a Somália e a guerra actual ver o nº 142 do Boletín Armas contra las guerras. Alfredo Embid "La puerta de las lágrimas de nuevo ensangrentada por la mierda del diablo". Cuya publicación hemos retrasado para recibir a Al Gore.
5- Michel Collon: " Yougoslavie: a nouveau la demonisatión. Pour cacher quoi?." postsciptum enero 2004 "Attention Medias" ediciones EPO Bélgica.
6- Michel Collon "Poker menteur". Ediciones Epo Bélgica do qual também existe uma tradução espanhola da editorial Hiru. Na minha opinião um, livro imprescindível para entender a guerra da Jugoslávia. www.hiru-ed.com
7- Ver a respeito da operação Irão-Contra e das suas actuais repercussões o boletim nº 122.
8- The Guardian, http://www.guardian.co.uk/yugo/article/0,2763
9- The Guardian op.cit.
10- Silvia Cattori entrevista a Jurgen Elsasser: "La CIA reclutó y entrenó a los yihadistas" , Voltaire 28 junio, 2006
] 11- Jurgen Elsasser "Comment le Djihad est arrivé en Europe", prólogo de Jean-Pierre Chevènement. Ediciones Xenia (Suiza).
12- Documento de la Asamblea General de la ONU, A/52/128, 29 abril, 1997.
13- Noam Chomsky "11/09/2001" RBA editores. Barcelona 2001.
14- William Blum. "El estado agresor". La esfera de los libros. Madrid 2006.
15- ver boletín nº 140.
16- ver boletín nº 142.
17- Sobre a criação dos grupos islamicos no Afeganistão ver entre outros nossos editoriais da revista Medicina Holística nº 64, 65 e o boletim nº 89.
18- W. Blum. Op. cit.
19- John Judis "K.Street Gore" The American prospect, julio-agosto 1999. Ver boletim nº 140.
20- Michel Collon "Monopoly" ed Hiru.
] 21- Addict to war. Joel an dreas. www. adictedtowar.com Excelente síntese da historia dos EUA coM algumas objecções sobre o 11S
22- Michel Collon Poker menteur op cit
23- Citado numa carta de Michel Fontanie, Presidente de ASFED FRANCE (Association pour la suvegarde des familles et enfants de disparus), Estrasburgo, 27 Mayo 1999.
24- Facts on consequences of the use of depleted uranium in the nato agresión against the federal republic of yugoslavia in 1999. Catherine Euler. publicado en agosto de 2000 por el Ministerio de Asuntos Exteriores de la República Federal de Yugoslavia.
25- William Blum op. cit.
26- The trojan horses of nuclear war. Conferencia de Hamburgo Octubre 2003. www.uranimweaponsconfeence.de
27- Reuters, 23 de marzo del 2000
28- Ver nº 64 da revista Medicina Holística.
29- Ver trabalhos do UMRC publicados em boletins anteriores.
30- Le livre noir du capitalisme. Le temps des cerises.1998.
] 31- Michel Collon. "Monopoly, la OTAN a la conquista del mundo". Hiru.
32- William Blum. Op. cit.
33- Washington Times 28 Julio 1999.
34- Allan Naim "US complicityin Timor" The observer. Londres 19 septiembre 1999.
35- Ver boletim nº 140 e a secção de artigos gratuitos, apartado SIDA y outros publicados na nossa revista.
36- William Blum. Op. cit.
37- El Plan Colombia. Cocaína, petróleo y mercenarios. Red Voltaire. 14 de febrero de 2005.
38- Ver detaljes no boletim nº 89.
39- Washington Post. 2 enero 1999.

[*] Alfonso del Val. Sociólogo Fundador da revista El Ecologista no ano 1979 e co-autor do "Libro del reciclaje", Ed. Integral, e do "Guía del consumo responsable"

O original encontra-se em http://www.rebelion.org/noticia.php?id=46653

Estes artigos encontram-se em http://resistir.info/ .