quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Defensor da Reforma Agrária sofre atentado no sul do estado




No último sábado, dia 03/11, Bento Xavier (conhecido por Bentinho), morador de Airituba (Palmital), município de São José do Calçado, sofreu um atentado provocado pelo fazendeiro Walfrido Pereira Neto. Ele realizou disparos com arma de fogo contra Bentinho, que, felizmente, não foi atingido pelos disparos.

Bentinho é um grande apoiador do MST na região sul do estado e já trabalhou como agrônomo, por muitos anos, em diversos assentamentos do movimento. Sua família é de pequenos agricultores e sempre contribuiu com a luta dos Sem Terra na região, inclusive cedendo espaço de suas terras para abrigar acampamentos do movimento.

Como uma das áreas do fazendeiro em questão foi desapropriada no ano de 2004 para a criação do assentamento Florestan Fernandes, que fica localizado no município de Guaçuí, porém muito próximo do município de São José do Calçado, criou-se uma perseguição contra Bentinho por parte do fazendeiro, que o considera como um dos responsáveis pela articulação dos trabalhadores Sem Terra na região.

Desde esse período, ocorreram diversas formas de perseguição a Bentinho, que culminou no atentado do fim de semana. Vale ressaltar que o fazendeiro utiliza parte das terras da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que fica nas proximidades do assentamento Florestan Fernandes. Essa área está sendo reivindicada pelo Movimento Sem Terra do ES para a criação de mais um assentamento, onde poderiam ser assentadas cerca de 80 famílias. Esse fato também contribuiu para que se intensificasse a perseguição do fazendeiro contra Bentinho.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra entende que tal acontecimento é mais uma prova de que a violência gerada no campo advém da concentração da propriedade da terra. A solução para esse conflito é justamente a desapropriação da área da Cemig que vem sendo utilizada pelo fazendeiro, a fim de que se crie um novo assentamento. Nesse sentido, solicitamos que haja agilidade do processo de negociação para a desapropriação da área entre a Cemig, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e o MST.

Fonte: MST

Curdos e o aliado improvável



Mateus Alves - CorreioDaCidadania

O norte do Iraque, região de população majoritariamente curda e parte do virtual Curdistão, esteve sob relativa paz durante grande parte da guerra iniciada com a ocupação do país pela coalizão liderada pelo exército norte-americano em 2003.

Em dias recentes, porém, a região, fronteiriça com a Turquia, transformou-se em mais um hot spot iraquiano, assimilando a turbulência - e um pouco da violência - que toma conta do resto do país. Tropas turcas, aliado tradicional dos EUA, aglomeram-se na divisa entre os dois países para frear a ameaça do PKK - o partido nacionalista curdo, considerado ilegal e "terrorista" tanto pela nação otomana quanto pelos norte-americanos -, que ameaça transbordar a seus solos.

Os embates entre turcos e separatistas curdos datam de 1984, ano em que o PKK iniciou as suas atividades. Entre 14 e 19 milhões de curdos vivem na Turquia atualmente - muitos descontentes com as políticas de Ancara em relação à etnia, freqüentemente relegada à margem da sociedade no país. As regiões curdas estão entre as mais pobres de um país também majoritariamente pobre - e, além do alto desemprego, a população ainda sofre com a crueldade das intempéries no desértico leste turco, onde tanto invernos como verões são rigorosos.

Do outro lado da fronteira, o Curdistão iraquiano conta com um governo autônomo, responsável pela manutenção da segurança na região. O que incomoda Ancara, no entanto, é a conivência das autoridades locais com a presença de 3 mil militantes armados do PKK no norte do Iraque - e a possibilidade de avançarem as atividades guerrilheiras no lado turco.

Ancara já concentrou entre 100 e 140 mil homens de seu exército na região, e oficiais dizem que uma ação mais profunda no norte iraquiano pode ser realizada "a qualquer momento". Embora apenas a possibilidade de uma agressão já não agrade aos norte-americanos, por tratar-se de um golpe fatal à custosa estabilidade do Curdistão iraquiano, o fator mais preocupante é a possibilidade de os turcos contarem com um improvável aliado no combate ao PKK: o Irã.

Os aiatolás vêem com bons olhos o combate ao PKK, uma vez que a nação persa também possui uma grande população de etnia curda - cerca de 4 milhões. Em tempos recentes, denúncias de que os Estados Unidos têm fomentado movimentos separatistas como maneira de desestabilizar o governo iraniano estão se provando verídicas, e a Teerã pouco interessa o fortalecimento de um nacionalismo curdo interno.

Embora a situação dos curdos no Irã seja de relativa estabilidade após o reconhecimento de um "Curdistão iraniano" pelo ex-presidente Mohammed Khatami em 1997 - apesar de certo abalo em 1999, quando manifestantes pró-PKK sofreram imensa repressão ao exigirem liberdade para o líder curdo Abdullah Ocelan, pertencente ao partido nacionalista -, a invasão do Iraque pelas tropas da coalizão trouxe novos ânimos e anseios de autonomia que reverberaram não só no país, mas também nas comunidades curdas de seus países vizinhos.

Uma breve experiência de autonomia foi conquistada pelos curdos iranianos no início do século quando, com o apoio da União Soviética, nacionalistas criaram um Estado independente no noroeste iraniano, sob a liderança de Qazi Mohammad. A República de Mahabad durou, no entanto, pouco tempo, sendo reprimida pelo governo do Irã - que, na época, contava com o apoio de norte-americanos preocupados com o avanço das regiões sob a influência no Oriente Médio.

A independência na região de Mahabad não atingiu um ano de existência, sofrendo também com o declínio do suporte soviético. Para Teerã, no entanto, o ocorrido assemelha-se ao que poderá acontecer na Turquia caso ações mais drásticas não sejam tomadas, sendo a causa da necessariedade de um apoio às decisões turcas sobre o Curdistão - quaisquer sejam elas. Para os aiatolás, evitar o renascimento de um nacionalismo curdo no Irã é essencial e vital à integridade da Revolução Islâmica.

A união de forças entre os dois países, algo previamente inusitado, parece estar próxima. Caso se concretize, será um choque para os Estados Unidos e um reforço aos equívocos das políticas da Casa Branca para o Oriente Médio, responsáveis primárias pelo caos que aumenta a cada instante na região e que iria muito além dos piores pesadelos de Condoleezza Rice e George W. Bush caso o Irã se firme como força essencial à definição do futuro do Iraque.

Mateus Alves é jornalista.

Kagemusha - A Sombra do Samurai
(Kagemusha)


Ficha Técnica:
Título Original: Kagemusha
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 159 minutos
Ano de Lançamento (Japão): 1980
Estúdio: Toho
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Masato Ide e Akira Kurosawa
Produção: Akira Kurosawa
Música: Shinichirô Ikebe
Fotografia: Takao Saitô e Masaharu Ueda
Desenho de Produção: Yoshirô Muraki
Direção de Arte: Yoshirô Muraki
Figurino: Seiichiro Momosawa
RMVB Legendado
Cor



Elenco:
Tatsuya Nakadai (Shingen Takeda / Kagemusha)
Tsutomu Yamazaki (Nobukado Takeda)
Kenichi Hagiwara (Katsuyori Takeda)
Jinpachi Nezu (Sohachiro Tsuchiya)
Shuji Otaki (Masakage Yamagata)
Daisuke Ryu (Nobunaga Oda)
Masayuki Yui (Ieyasu Tokugawa)
Kaori Momoi (Otsuyanokata)
Mitsuko Baisho (Oyunokata)
Hideo Murota (Nobufusa Baba)
Takayuki Shiho (Masatoyo Naito)
Koji Shimizu (Katsusuke Atobe)
Noburo Shimizu (Masatane Hara)
Sen Yamamoto (Nobushige Oyamada)
Shuhei Sugimori (Masanobu Kosaka)
Copiado de:RapaduraAzucarada - Stirner



Sinopse:
Shingen, um poderoso senhor do Japão feudal, tornou-se tão lendário
como o lema que tremula em suas bandeiras: "Rápido como o vento,
silencioso como a floresta, poderoso como o fogo, imutável como as
montanhas". Ferido gravemente em batalha, Shingen ordena que seja
localizado um sósia para substituí-lo e que sua morte seja mantida em
segredo, para que seus inimigos não ataquem seu feudo. O Kagemusha
(a sombra do samurai) é um ladrão que precisa se transformar em
grande líder e comandar 25.000 samurais. Um drama épico do Japão
feudal do séc. XVI, Kagemusha venceu o prêmio principal do Festival
Cinematográfico de Cannes de 1980, e foi um marco na carreira de
Akira Kurosawa.

Links Rapidshare em nove partes divididos em dois discos:
Disco 1
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Disco 2
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quarta-feira, 7 de novembro de 2007



Instituída em 1997, a Fundação Quinteto Violado - FQV reúne a experiência do grupo que lhe dá nome, com o objetivo de explorar, promover e incentivar, sob todas as formas, o desenvolvimento da cultura do Nordeste do Brasil. A ligação do Quinteto com o trabalho deste compositor paraibano já tem longa data. Gerando Vandré, compositor de muita força poética e com emoção inimitável em sua interpretação, já teve suas canções interpretadas pelo Quinteto em 1980, quando o grupo montou um espetáculo homônimo, que terminou sem registro em disco.

extraia o sumo - download Quinteto Violado canta Vandré[1997]

1
Na terra como no céu
(Geraldo Vandré)
2
Cantiga brava
(Geraldo Vandré)
3
Fica mal com Deus
(Geraldo Vandré)
4
República brasileira
(Geraldo Vandré)
5
Hora de lutar
(Geraldo Vandré)
6
A canção primeira
(Geraldo Vandré)
7
Disparada
(Théo Barros - Geraldo Vandré)
8
O plantador
(Hilton Acioli - Geraldo Vandré)
9
Ventania [De como um homem perdeu]
(Hilton Acioli - Geraldo Vandré)
10
Vem, vem
(Geraldo Vandré)
11
Prá não dizer que não falei das flores [Caminhando]
(Geraldo Vandré)
12
Canção da despedida
(Geraldo Azevedo - Geraldo Vandré)

*contribuição de Aranha

Copiado de:SomBarato

Para “Veja”, vale tudo contra a democracia na Venezuela

Nessa linha, “Época” foi atrás e fraudou até foto

Jornal HoraDoPovo


Há algum tempo, a “Veja”, sempre na vanguarda de tudo o que não presta, falsificou uma foto de João Pedro Stédile, líder do MST, manipulando-a por computador para apresentá-lo com feições sinistras e algo diabólicas. Pois a “Época”, da Globo, resolveu imitar a sua congênere. Foi exatamente o que fez com a imagem do presidente venezuelano Hugo Chávez, na capa da semana passada.

Verdade seja dita, nesse terreno – o da falta de escrúpulos, da canalhice, em suma, do fascismo editorial – a “Veja” continua sem competidores. Haja vista a matéria de capa desta semana, cujo assunto - de surpresa nós não vamos morrer - é o presidente Hugo Chávez.

POPULAÇÃO

Quem revelou a falsificação na capa de “Época” foi nada menos que o diretor de arte da revista, Marcos Marques (v. suas declarações em nossa primeira página). Não estava fazendo uma denúncia. Pelo contrário, estava expondo a competência do departamento que dirige. O incrível é que o diretor de arte e seus comandados parecem achar absolutamente normal esse procedimento. Parecem achar que a profissão é uma licença para fazer qualquer coisa que o patrão mandar, inclusive, ludibriar os leitores.

Chávez não falsificou nenhum retrato – e nenhuma história – da família Marinho. No entanto, os Marinho acham que podem chamar Chávez de ditador, falsificando a foto e os fatos...

Quanto à matéria, é de uma estupidez garrafal. Quem pode acreditar que Chávez está reaparelhando as forças armadas da Venezuela para atacar o Brasil, e não para se defender dos americanos? É preciso uma mente asinina para crer em tamanha estultice. Mesmo assim, não é qualquer asno que consegue achar que o Brasil, 9 vezes maior - e com uma população que é 7 vezes a do país vizinho – está ameaçado pela Venezuela.

Quanto à “Veja”, é outra coisa. Nesta semana, em 11 páginas de xingamentos, a prova de que Chávez é um ditador se resume a 7 artigos da Constituição – entre os 350 que a compõem. Os artigos são os seguintes:

1) O artigo 11, que dá poderes ao presidente para estabelecer regiões militares especais em qualquer parte do país.

“Veja” sabe perfeitamente que este é um dispositivo que existe em qualquer Constituição – inclusive na dos EUA e na do Brasil.

2) O artigo 16, que estabelece o Poder Popular baseado nas comunidades locais.

“Veja” quer passar a idéia de que trata-se de um poder paralelo ao do Estado, quando é apenas uma forma, que não se sobrepõe ao poder federal, estadual ou municipal, de complementar e democratizar o poder político em comunidades localizadas.

3) O artigo 115, que define que, por utilidade pública ou interesse social, poderão ser desapropriados determinados bens.

O Civita, americano que o é, não deve ter lido o artigo 5º da nossa Constituição, incisos XXIII e XXIV. O Estado brasileiro tem o mesmo poder e o nosso texto constitucional tem quase a mesma redação do venezuelano. Mas o Civita & matilha querem ter o monopólio da expropriação dos bens de outros...

4) O artigo 153, que propõe que a Venezuela envide esforços para construir na América um projeto supranacional.

Desde que o presidente Sarney fundou o Mercosul, o Brasil está envidando esforços exatamente no mesmo sentido, o que foi retomado pelo presidente Lula, inclusive com a CASA (Comunidade Sul-americana de Nações). Mas o Civita prefere a Alca, ou seja, em vez de um projeto supranacional, um de submissão nacional.

5) O artigo 230, que acaba com as restrições a que o povo possa reeleger o presidente.

Até Eisenhower, apesar de republicano, era a favor desse direito democrático. Disse ele que “o povo americano deve eleger quem ele quiser, quantas vezes quiser”. As restrições à reeleição consistem em limitações à democracia, cuja essência é a vontade do povo, não o impedimento à vontade do povo.

6) O artigo 318, que estabelece que a política monetária deverá ser estabelecida em conjunto pelo Executivo e o Banco Central.

O presidente Chávez é um homem moderado. O Brasil é mais radical: constitucionalmente, é o Executivo que estabelece a política monetária. O BC é um mero aplicador. Até o Meirelles sabe disso, pois vive citando o conteúdo desse dispositivo.

7) O artigo 337, que estabelece que o presidente poderá decretar estados de exceção no país.

Pois é, aqui também (artigo 21 da nossa Constituição).

Muito interessante, também, são os conceitos emitidos sobre democracia, pela “Veja”. Por exemplo: “Hugo Chávez foi escolhido em eleições democráticas em 1998. O partido nazista teve um terço dos votos em 1933. Á frente de sua milícia, Mussolini impôs sua nomeação como primeiro-ministro. Para todos eles, isso foi a etapa inicial da ditadura”.

Logo, a democracia é a etapa inicial da ditadura e não há outro jeito de evitar as ditaduras, senão acabando com a democracia. Não é brincadeira, leitor. O problema de Chávez não é que ele seja um ditador, o problema é que ele é um democrata, logo, segundo a “Veja”, é inevitável que ele seja um ditador. Por isso, ela coloca no mesmo saco as eleições democráticas da Venezuela e as eleições de 1933 na Alemanha, realizadas depois da proibição do Partido Social-Democrata e do Partido Comunista e da prisão em massa dos dirigentes e militantes de ambos os partidos. Da mesma forma, a “marcha sobre Roma”, de Mussolini, cujo objetivo era passar por cima das instituições - inclusive, e sobretudo, das eleições – virou exemplo de democracia. Mas, realmente, essa é a democracia do Civita, isto é, o fascismo.

DIAS

O resto é um besteirol de mesmo teor:

a) Chávez “arrancou do parlamento a autorização para governar sem o parlamento”. Parece até que as medidas provisórias e as ordens executivas dos EUA são alguma novidade.

b) A “milícia” da Constituição da Venezuela não são de Chávez; são a reserva do exército, isto é, todos os reservistas, organizados e comandados pelo exército.

c) Chávez não fez expurgo algum do Judiciário. Apenas, como qualquer presidente, inclusive o nosso, cumpre a ele nomear juízes de determinadas instâncias.

d) O que “Veja” chama de “lavagem cerebral” da juventude é que a educação deixou de ser privilégio dos brancos e ricos, e o ensino passou a ter algo a ver com a realidade do país.

Por último, não há perseguição aos opositores, que continuam proprietários da maioria dos órgãos de comunicação do país. A oposição é que tentou dar um golpe, rasgar a constituição, fechar o Congresso e o Judiciário, no que foi efusivamente saudada pela “Veja”. Mas a esbórnia durou apenas dois dias.


FALAH ALWAN: IRAQUE É UMA QUESTÃO INTERNACIONAL


Em entrevista ao Pravda em português, Falah Alwan, presidente da Federação de Conselhos de Trabalhadores e Sindicatos do Iraque, declarou que a questão do Iraque é internacional e, por isso, a sua resolução deverá passar pela comunidade internacional e as suas associações e instituições.

Alwan revela que Saddam Hussein tinha perdido o poder anos antes da invasão e os americanos sabiam disso: "A qualquer altura, um governo revolucionário socialista poderia ter surgido e não teria sido difícil derrubar Saddam nos últimos tempos do seu regime, era uma questão de quando, não se".

* * *

No tempo em que Saddam Hussein era todo poderoso no Iraque, Falah Alwan já trabalhava nos bastidores secretamente, organizando comissões de trabalhadores e tentando angariar fundos para compensar as famílias em caso de acidentes - no Iraque de Saddam Hussein, os sindicatos eram proibidos.

Eleito em 2005 pela segunda vez presidente da Federação de Conselhos de Trabalhadores e Sindicatos do Iraque, Falah Alwan continua a lutar contra os velhos decretos de Saddam, utilizados por um governo fantoche que continua a praticar muitos dos abusos do antigo regime, continua a dificultar a formação de sindicatos e que não é mais do que o braço político das várias facções armadas no país, cuja autoridade está restrita à Zona Verde em Bagdad.

Em Lisboa, a convite do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, Falah Alwan falou ao PRAVDA.Ru.

Qual é a situação atual do movimento sindical no Iraque?

As autoridades continuam a evocar os decretos de Saddam Hussein, que esmagou tentativas de formar sindicatos de trabalhadores, por isso continua a ser uma luta constante que precisa do apoio dos movimentos internacionais. Começamos com o Sindicato dos Desempregados e tivemos 13 manifestações com a lema “Emprego ou Segurança Social”, movimento que obrigou as autoridades a instalarem um fundo de desemprego, embora elas se referem a isso como extensão do sistema que já existia e nunca admitiriam que fosse uma vitória nossa. Continuamos na Federação de Conselhos de Trabalhadores e Sindicatos do Iraque a trabalhar ativamente na construção de Comissões de Trabalhadores para coordenar as suas atividades com Conselhos de Trabalhadores.

E como se pode descrever a vida diária do cidadão no Iraque de hoje?

Além da violência, o desemprego aumentou em flecha. As pequenas fábricas do tempo de Saddam Hussein, que empregavam principalmente mulheres na área de têxteis, desapareceram, e as grandes indústrias que empregavam milhares de homens também, levando a uma situação em que as autoridades admitem uma taxa de desemprego de 30 até 35 por cento, mas a cifra real seria de 50% ou mais.

O custo das necessidades básicas subiu muito. O custo de combustível, num país que produz tanto, aumentou e em grandes áreas nem há electricidade, por isso as firmas paralisaram. Isso é o resultado da ocupação, que não serve para nada. E para dar um exemplo do dia a dia, por exemplo, no centro de Bagdad, uma viagem de táxi do centro da cidade até o aeroporto, uma viagem de meia hora, custa 60 dólares americanos, por ser tão perigoso, e o caminho se chama “caminho da morte”. Há assassinatos, há raptos, há ataques com bombas todos os dias.

E o que faz o governo e as tropas de ocupação para reduzir a violência e criminalidade?

O governo não está interessado no desenvolvimento de segurança porque, se houver segurança, muitas facções no governo perderiam a sua posição. Elas não são mais do que o braço político das facções armadas, que por sua vez são as facções armadas das formações políticas no governo.

Estas facções no governo falam com as facções armadas e discutem como reterem o poder e as suas posições, como manter o equilíbrio de poder. E quanto aos americanos, ficam nas suas bases, porque sabem que não conseguem manter a paz. A violência é um resultado direto da ocupação. E está ficando pior.

A sociedade iraquiana está dividida como nunca antes, está dividida entre seitas, religiões, línguas, grupos étnicos que pela primeira vez assumem importância. Dentro de Bagdad há uma muralha entre as várias secções da sociedade, como uma Muralha de Berlim dentro de Bagdad.

E esta situação não existia no Iraque de Saddam Hussein?

Esta divisão não existia mas também Saddam Hussein tinha perdido o poder antes da invasão, uns anos antes e os americanos sabiam disso. A qualquer altura, um governo revolucionário socialista poderia ter surgido e não teria sido difícil derrubar Saddam nos últimos tempos do seu regime, era uma questão de quando, não se. Talvez para neutralizar a ocorrência deste tipo de governo no Iraque, e as ondas de choque que teria tido na região, eles invadiram. Lembremos que 70% dos iraquianos vivem nas cidades, muitos são operários.

Relativamente aos sindicatos e movimentos operários internacionais, têm recebido apoio?

Sim, recentemente quando o Ministro de Petróleo decretou que os organizadores de uma greve neste setor deveriam ser presos, houve uma onda de indignação de movimentos nos Estados Unidos, Reino Unido e outros países, que fizeram com que o Ministro recuasse. Isso foi em julho de 2007. O governo em si nada faz para nos ajudar porque nos trata como ilegais e impede os operários de se organizarem, utilizando medidas draconianas do tempo de Saddam. Mas o governo representa a si próprio e na Zona Verde.

No discurso do governo, seus inimigos são terroristas ou os restos do regime de Saddam, quando de fato cada facção no Governo tem sua milícia. Pode dizer-se que este governo depende em grande parte da milícia controlada pelo Iran, mas mesmo dentro das milícias há muitas divisões e mini-facções.

Os britânicos recentemente saíram da Basra e disseram que “o trabalho estava feito”. Comentários?

Vou dar-lhe um exemplo. Quando em Basra uns militantes estabeleceram um ponto de controle e queriam espancar uma mulher que não usava o véu, esses soldados britânicos disseram que não tinha nada a ver com eles, pois eram costumes locais e não defenderam a mulher. Que o trabalho está feito em Basra? Bem, eu diria que a cidade de Basra e aquela região está sob a influência do Iran, seus agentes e gangues criminosas. Quem manda aí são grupos armados de milícias e o Reino Unido não fez nada para impedi-los de se impor na cidade.

E o caminho para a frente?

Está no interesse dos operários e trabalhadores terminarem a ocupação o quanto antes. Isso interessa a muitos setores. Há que mudar o equilíbrio de poder político, de estabelecer um poder político secular e não Islamistas políticos, que é o governo de hoje maioritariamente. Temos de impor um modelo diferente, de progresso social e temos aqui o potencial para os classes de operários organizar a sociedade iraquiana em base secular, polarizando à volta dos interesses dos trabalhadores, criando uma sociedade justa e de benefícios a todos.

Queríamos expandir o movimento secular dos trabalhadores e, para isso, precisamos de criar laços internacionais. Por esta razão estou aqui hoje. A invasão é uma questão internacional e, daí, tem de ser a comunidade internacional a resolver a questão do Iraque. É altura para o resto da comunidade internacional intervir. A nossa questão é como criar uma coordenação internacional para continuar a apelar pelo apoio de organismos e instituições que zelem pelos direitos dos operários, que já alcançaram as suas metas nos seus países. Nós estamos no início e precisamos de apoio.

Precisamos de apoio para estabelecer um modelo humanitário, um movimento internacionalista e um movimento secular que constitui uma alternativa viável, primeiro no Iraque. É altura para uma Nova Esquerda intervir.

Entrevista realizada por Timothy Bancroft-Hinchey, Diretor e Chefe de Redação do PRAVDA.Ru (versão portuguesa). Iniciativa do colaborador Luís de Carvalho, agradecimentos ao SPGL. É possível contactar Falah Alwan directamente em falahalwan@yahoo.com (inglês e/ou árabe). Sites: www.equality.org e www.uuiraq.org

Se porventura quiserem contactar Falah Alwan e não souberem inglês ou árabe, podem enviar a sua mensagem à PRAVDA.Ru (pravdaru@hotmail.com). O Pravda (http://port.pravda.ru/) fará a tradução e servirá de ligação entre as partes.

Copiado de:FazendoMedia

VIA CAMPESINA QUESTIONA TV GLOBO

No último domingo, uma milícia armada invadiu um acampamento sem-terra e executou a tiros o militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e membro da Via Campesina, Valmir Mota de Oliveira. Diante do ocorrido, a Via Campesina divulgou a nota abaixo, em que questiona a versão da TV Globo:

NOTA PÚBLICA

Após reocupação nenhum refém foi mantido no local, ao contrário do que a Rede Globo informou.

Domingo (21), por volta das 13h30, o acampamento da Via Campesina, no campo de experimentos transgênicos da Syngenta, em Santa Tereza do Oeste (PR), foi atacado por uma milícia armada. No massacre o militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e membro da Via Campesina, Valmir Mota de Oliveira (conhecido como Keno), foi executado à queima roupa com dois tiros no peito. Os trabalhadores Gentil Couto Viera, Jonas Gomes de Queiroz, Domingos Barretos, Izabel Nascimento de Souza e Hudson Cardin foram gravemente feridos.

Diante dos acontecimentos a Via Campesina faz os seguintes esclarecimentos:

1. A reocupação da área da Syngenta aconteceu às 6h de domingo (21), por cerca 150 agricultores. Na ação os trabalhadores rurais soltaram fogos de artifício. No momento havia quatro seguranças na área. Uma das armas dos seguranças foi disparada e feriu um trabalhador, que foi hospitalizado. Os agricultores desarmaram os seguranças, que em seguida abandonaram o local. As armas foram apreendidas para serem entregues para a polícia.

2. Por volta da 13h30, um ônibus parou em frente ao portão de entrada e uma milícia armada com aproximadamente 40 pistoleiros fortemente armados desceu metralhando as pessoas que se encontravam no acampamento. Eles arrombaram o portão, executaram o militante Keno com dois tiros no peito, balearam outros cinco agricultores e espancaram Isabel do Nascimento de Souza, que continua hospitalizada em estado grave.

3. A milícia atacou o acampamento para assassinar as lideranças e recuperar as armas ilegais da empresa NF Segurança, que foram apreendidas pelos trabalhadores. Os dirigentes do MST Celso Barbosa e Célia Aparecida Lourenço chegaram a ser perseguidos pelos pistoleiros, mas conseguiram escapar durante o ataque.

4. A Syngenta utilizava serviços de uma milícia armada, que agia através da empresa de fachada NF Segurança, em conjunto com a Sociedade Rural da Região Oeste (SRO) e o Movimento dos Produtores Rurais (MPR), ligado ao agronegócio.

5. A denúncia da atuação de milícias armadas na região Oeste do Paraná foi reforçada durante uma audiência pública, na última quinta-feira (18), para a coordenação da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal dos Deputados (CDHM), em Curitiba (PR). Os dirigentes do MST, inclusive Keno, já vinham sendo ameaçados há mais de seis meses, pelas milícias que estavam a serviço do consórcio SRO/MPR/Syngenta. Um inquérito havia sido aberto para apurar as denúncias contra a Syngenta e a NF Segurança.

6. A Rede Globo vem sustentando em suas reportagens que a Via Campesina teria mantido reféns durante a reocupação. A versão da Rede Globo e de outros veículos da grande imprensa têm como objetivo criminalizar os movimentos sociais e retirar de foco o ataque realizado pela milícia da Syngenta, que executou um trabalhador e deixou outros feridos. A Via Campesina esclarece que não houve, em nenhuma hipótese, reféns durante a ocupação.

7. A Via Campesina exige punição dos responsáveis pelos crimes – principalmente os mandantes –, a desarticulação da milícia armada na região e o fechamento imediato da empresa de segurança NF. Além da garantia de segurança e proteção das vidas dos dirigentes Celso e Célia, e de todos os trabalhadores da Via Campesina, na região.

8. Os camponeses seguem na luta para que a área de experimentos ilegais de transgênicos da Syngenta seja transformada em Centro de Agroecologia e de reprodução de sementes crioulas para a agricultura familiar e a Reforma Agrária.

Histórico
O campo de experimento da Syngenta havia sido ocupado pelos camponeses em março de 2006 para denunciar o cultivo ilegal de sementes transgênicas de soja e milho. A ocupação tornou os crimes da transnacional conhecidos em todo o mundo. Após 16 meses de resistência, no dia 18 de julho deste ano, as 70 famílias desocuparam a área, se deslocando para um local provisório no assentamento Olga Benário, também em Santa Tereza do Oeste (PR).

VIA CAMPESINA

O golpista é presidente, já o eleito...

Bourdoukan

Não tem jeito mesmo. Não há remédio que consiga curar a esquizofrenia midiática.O general Pervez Musharraf que governa o Paquistão na base do prendo e arrebento é denominado pela mídia pilantra de PRESIDENTE; já o presidente Hugo Chávez, eleito e reeleito com mais de 60 por cento dos votos é denominado de DITADOR...

Abaixo, algumas manifestações midiáticas criadas em cloacas e cujo odor não merece comentário:

BBC: Líderes de oposição foram presos no Paquistão depois que o PRESIDENTE do país, Pervez Musharraf, declarou estado de exceção no sábado.

Folha de S. Paulo: O governo paquistanês afirmou neste domingo que a data das eleições legislativas previstas para janeiro pode ser "modificada", após o estado de emergência instaurado ontem pelo PRESIDENTE do país, general Pervez Musharraf.

O Estado de S. Paulo: O PRESIDENTE do Paquistão, Pervez Musharraf, declarou estado de emergência neste sábado.

Como se vê e de acordo com a teoria do delinqüente Bush, tanto o povo paquistanês quanto o venezuelano não sabem votar. Os paquistaneses por não quererem Musharraf e os venezuelanos por eleger Chávez. Razão pela qual, ainda de acordo com a teoria bushista, o general Musharraf está correto ao dar um golpe de Estado e assumir o poder sobre milhares de cadáveres. Tão correto que já ganhou dos Estados Unidos mais de 11 bilhões de dólares.

Já o povo venezuelano, ao eleger democraticamente o presidente Chávez, mostrou-se despreparado, daí a necessidade de depor o eleito a qualquer preço.
Maurice Ravel - Bolero

Postagem dedicada a todos aqueles que amam música e deixam que os outros também amem pacificamente!
Créditos: Michel Rhapisody-Lagrimapsicodélica


Bolero (Boléro, no título original francês) é uma música para balé na tonalidade de dó maior composta entre Julho e Outubro de 1928 por Maurice Ravel. É uma das mais célebres obras musicais de todos os tempos e a mais famosa peça de Ravel.

O Bolero tem um ritmo invariável e uma melodia uniforme e repetitiva. Deste modo, a única sensação de mudança é dada pelos efeitos de orquestração e dinâmica, com um crescendo progressivo e uma curta modulação em mi maior.

Forma uma obra singular, que Ravel considerava como um simples estudo de orquestração. A sua imensa popularidade tende a secundarizar a amplitude da sua originalidade e os verdadeiros objectivos do seu autor, que passavam por um exercício de composição privilegiando a dinâmica em que se pretendia uma redefinição e reinvenção dos movimentos de dança. O próprio Ravel ficou surpreendido com a divulgação e popularidade da obra, muito devido às variações que numerosos maestros, incluindo Willem Mengelberg e Arturo Toscanini, introduziram nas suas interpretações.

A origem do Bolero provém de um pedido da dançarina Ida Rubinstein, que encomendou a Ravel a criação de um balé a caráter espanhol. Ravel pensou poder arranjar alguns extratos de Iberia, um conjunto de peças para piano de Isaac Albéniz, mas ele não pôde obter os direitos de fazer como desejava, pois Albéniz havia dado os direitos de arranjo a seu pupilo Ferdinand Enrique Arbos.

Em vez disso, Ravel compôs uma nova obra.

O segredo desta obra está nessa partitura ali em cima. Repetidos cento e sessenta e nove vezes pela caixa, estes dois compassos em ostinato dão ao Bolero de Ravel o ritmo uniforme e invariável.

A estreia deu-se em Paris, na Ópera Garnier, em 22 de Novembro de 1928 sob direcção de Walther Straram, com coreografia de Bronislava Nijinska e cenários de Alexandre Benois. Uma das dançarinas foi Ida Rubinstein, e a peça causou escândalo devido à sensualidade da coreografia.

O Bolero é tocado diariamente na Praia do Jacaré em Cabedelo-PB durante o pôr-do-sol.

1928 - Bolero

Fraude no Detran e prisões atingem governo Yeda Crusius

Ação da Polícia Federal contra quadrilha especializada em fraudes no Departamento Estadual de Trânsito provocou a prisão de 12 pessoas. Entre elas, o diretor-presidente do órgão, Flavio Vaz Netto, o ex-diretor, Carlos Ubiratan dos Santos, o diretor da Companhia de Energia Elétrica, Antonio Maciel, e um dos coordenadores da campanha de Yeda, Lair Ferst.

PORTO ALEGRE - Uma ação da Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal, a Receita Federal e o Tribunal de Contas da União, prendeu 12 pessoas no Rio Grande do Sul e expôs um esquema de fraude no setor do trânsito, envolvendo figuras importantes do governo estadual, entre elas, um dos coordenadores da campanha de Yeda Crusius (PSDB) na campanha eleitoral de 2006.

Na Operação Rodin, desencadeada pela Polícia Federal na madrugada desta terça-feira, foram presos, entre outros, o diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito do RS (Detran), Flavio Vaz Netto, o ex-diretor-presidente do órgão e atual diretor financeiro do Trensurb, Carlos Ubiratan dos Santos (ambos integrantes do Diretório Estadual do PP), o empresário Lair Antonio Ferst (integrante do Diretório Estadual do PSDB e um dos coordenadores da campanha de Yeda Crusius), e o ex-diretor-geral da Assembléia Legislativa, Antonio Dorneu Maciel, integrante da executiva estadual do PP e atual diretor da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).

O objetivo da ação foi desarticular uma quadrilha especializada em fraudes em contratos públicos realizados pelo Detran. Segundo estimativas da Polícia Federal, a ação dessa quadrilha causou prejuízos de cerca de R$ 40 milhões aos cofres públicos, desde 2002. O Detran teria contratado, sem licitação, a Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia (Fatec), da Universidade Federal de Santa Maria, para fazer avaliação teórica e prática nos exames de habilitação de motoristas de automóveis, usando a estrutura física e os servidores da universidade.

Desde o início da madrugada, policiais federais e servidores da Receita cumpriram 12 mandados de prisão temporária e 43 mandados de busca e apreensão nos municípios de Porto Alegre, Canoas e Santa Maria. As prisões têm desdobramentos políticos que atingem em cheio partidos como o PP, o PSDB e o PMDB no Estado. O Detran, desde o governo de Germano Rigotto (PMDB), vem sendo dirigido por políticos indicados pelo Partido Progressista (PP).

Ligação com escândalo dos selos
As suspeitas sobre irregularidade no Detran são antigas. Em abril deste ano, durante entrevista coletiva em que falou sobre sua demissão do governo, o ex-secretário da Segurança, Enio Bacci (PDT), citou denúncias que teria encaminhado a governadora Yeda Crusius envolvendo o Detran. Bacci falou sobre a existência de contratos lesivos ao Estado no Detran e na própria segurança da Secretaria de Segurança. Na época, Yeda rechaçou as acusações.

As prisões efetuadas nesta terça também respingam em um outro escândalo político recente no RS. O ex-diretor-geral da Assembléia Legislativa, Dorneu Maciel, foi citado por Ubirajara Macalão, pivô do escândalo do desvio dos selos na Assembléia gaúcha, como envolvido no esquema (conforme entrevista publicada no jornal Zero Hora, no dia 16 de julho deste ano). Macalão disse, então, que Maciel o teria orientado em 1996, a providenciar a compra de selos para todos os deputados que fizessem a demanda. Na época, Maciel negou as acusações. Como diretor-geral da Assembléia, Maciel era peça-chave no funcionamento e na articulação política da Casa.

Guerra na disputa pelo Detran
No início deste ano, o site de notícias Vide Versus, de Porto Alegre, publicou a seguinte nota, falando sobre uma guerra na disputa pelo controle do Detran no Estado. A nota afirmava:

“Há uma verdadeira guerra na disputa pela direção superior do Detran do Rio Grande do Sul. O chefe da Casa Civil do governo de Yeda Crusius (PSDB), deputado estadual Luiz Fernando Zachia (PMDB), deseja indicar um companheiro seu para o cargo. O PP entrou na guerra e quer colocar no lugar o procurador de Estado Flávio Vaz Neto. O PDT também está lançando olhar gordo para a direção do Detran, alegando que pegou só lugares "descarnados" da administração estadual, ou seja, sem direito a nomeações. Corre a informação de que a escolha de nome para a direção do órgão passa por uma empresa de Santa Maria, de trabalhista que presta serviços ao Detran”.

A ponta do iceberg
Em entrevista à rádio Gaúcha, Ênio Bacci disse que as prisões realizadas pela Polícia Federal são apenas a ponta do iceberg de irregularidades no Detran. Bacci reafirmou que alertou a governadora Yeda Crusius sobre os problemas no órgão, antes de ser demitido. Yeda rebateu secamente as declarações de Bacci, dizendo: “Ele não pode inverter a verdade. Ele sabe porque foi demitido”. A governadora não explicou o que significa a expressão “inverter a verdade”, no caso das irregularidades no Detran.

Bacci também afirmou que o chefe da Casa Civil do governo do Estado, Luiz Fernando Záchia, teria apoiado a nomeação de Hermínio Gomes Junior, do PMDB, para a Diretoria Administrativa e Financeira do Detran. Hermínio Gomes, Flavio Vaz Netto (Detran) e Antônio Dorneu Maciel (CEEE) foram afastados de seus cargos no governo hoje por determinação judicial.

Também em entrevista à rádio Gaúcha, Záchia negou que tenha respaldado a indicação de Hermínio Gomes para o Detran. Segundo o chefe da Casa Civil, as nomeações foram partidárias, resultantes de indicações de partidos da base aliada de Yeda (prática, aliás, que a atual governadora prometeu que não existiria no “novo jeito de governar”). “Se nós pegarmos as três funções de gestão no Detran, uma é indicação do PP, outra é de uma indicação do PMDB, e outra é uma indicação do PSDB. Todas de pessoas com tradição, de pessoas com reputação, com experiência na área”, explicou didaticamente Záchia. Ele lembrou ainda que Hermínio Gomes Júnior foi diretor do Detran durante o governo de Germano Rigotto (PMDB) e que tem “experiência técnica na área de transportes”.

“Peça-chave na campanha de Yeda”
Até hoje, alguns episódios envolvendo a demissão do ex-secretário da Segurança, Ênio Bacci, são guardados a sete chaves no Palácio Piratini. Ao dizer que Bacci estaria “invertendo a verdade”, a governadora Yeda Crusius enviou um recado ao pedetista, dizendo que “ele sabe porque foi demitido”. A julgar pela evolução dos acontecimentos envolvendo o Detran, Yeda poderá ser obrigada a falar mais do que disse até agora. Bacci bateu forte na governadora hoje. Ele enfatizou que Lair Ferst foi “peça-chave” na campanha eleitoral de Yeda. Ainda segundo Bacci, não basta uma sindicância interna para acompanhar o caso, como anunciou a governadora. “Temos que chamar o Tribunal de Contas e o Ministério Público”, defendeu.

Casado com a ex-Miss Brasil (1986), Deise Nunes, Ferst chegou a ser cotado para ocupar um cargo no primeiro escalão do governo Yeda. No dia 21 de outubro de 2006, a colunista política de Zero Hora, Rosane Oliveira, apontou-o, junto com Sandra Terra, como um dos nomes fortes para ocupar um futuro secretariado de Yeda.

Fraude no Detran aumentou preço de carteiras
O delegado do Núcleo de Combate a Crimes Financeiros, Gustavo Schneider, disse, durante coletiva de imprensa, que o núcleo que elaborou o esquema de fraudes no Detran tinha “bom trânsito junto a círculos decisórios”. As investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal, em conjunto com Polícia Federal, Receita e Tribunal de Contas da União, descobriram que a população do RS passou a pagar mais pelos exames teóricos e práticos para a habilitação de motoristas.

O esquema funcionava através da subcontratação, pelo Detran, de empresas terceirizadas (via Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia, da UFSM), que passaram a fazer os exames. O MP e a PF não revelaram os nomes das empresas, dizendo apenas que duas são de Santa Maria. Ainda segundo Gustavo Schneider, essas empresas subcontratadas ilegalmente recebiam um valor mensal fixo e mais uma parcela variável, de acordo com o número de habilitações concedidas. A fundação universitária, segundo o delegado, distribuía o lucro para as empresas, utilizando inclusive malas para entregar o dinheiro, além de empréstimos de pessoas físicas para jurídicas.

PT pede investigações e cogita CPI
O líder da bancada do PT na Assembléia, Raul Pont, defendeu o acompanhamento pela mesa diretora da Assembléia Legislativa do escândalo envolvendo a cúpula do Detran. Pont justificou o pedido argumentando que um dos acusados – Antônio Dorneu Maciel – já ocupou o cargo de diretor geral da Casa e foi apontado por Ubirajara Macalão, como responsável por contratos sob suspeição. “É fundamental que a mesa diretora discuta o tema e adote medidas para acompanhar de perto as investigações. Afinal, os envolvidos nos escândalos ocupam cargos importantes na administração pública por indicação de partidos políticos”, disse o petista.

Outro deputado petista, Fabiano Pereira, anunciou que solicitará à bancada do PT que estude a possibilidade de pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as administrações de estatais no RS. Além de irregularidades no Detran, o petista quer esclarecimentos sobre denúncias envolvendo as direções da Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (Corag) e Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs).