segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O perfil de um agricultor agroecológico

Os ensinamentos de Amauri contra latifúndios, agrotóxicos e o lançamento de seu terceiro livro


Os olhos azuis miram a vegetação. Ora tímidos, ora vagos se tornam serenos ao início calmo da fala. O personagem é Amauri Adolfo da Silva, poeta, homeopata, produtor rural, ou como faz questão: um agricultor agroecológico. Os vislumbres de Amauri viraram livro, o último: O Trem – Um sonho de luz e ternura que conta a saga de uma locomotiva que só trilha uma direção: o Norte. Caminho sem volta, metáfora do panorama do campo brasileiro nos últimos trinta anos, fruto da modernização agrícola. “O crescimento da ciência sem consciência", diz.

Sob a luz mansa de uma sexta-feira, fábula e realidade se fundem no clima ameno propiciado pela hospitalidade de Amauri. Os sete hectares de terra, em Espera Feliz, Zona da Mata Mineira, apontam a inspiração: o sol nasce no decote das montanhas, o cheiro do café moído no moinho girado pelas mãos hábeis e da broa de farinha de biju inebriam os sentidos e compõem o quadro com a flora variada: “Ipê tabaco, Cedro, Uvalha, Capoeira branca, Ingá, Cabiúna, Jacarandá, Angico” - e flores, muitas flores

Redemoinho foi o primeiro livro de Amauri, teve edição independente e traz poemas. Pedaços de Poesia, que espera ser editado, é o que o nome promete. Já O TREM, Amauri pensa lançá-lo em uma das estações da desativada Estrada de Ferro Leopoldina-Cataguazes, a mais antiga ferrovia do Estado de Minas Gerais.

Cachinho de Luz e Olhos de Ternura são as duas personagens principais da obra. Luz e ternura são características que retirou das filhas, mas não significa que sejam elas. Na ficção, as meninas descobrem uma locomotiva que faz o caminho contrário. Partem rumo ao Sul, em busca de um baú de saberes, e encontram contadores de histórias, artesãos, benzedeiras, folia de reis, festa do padroeiro e muitas mulheres chamadas de Maria, como ainda é comum no interior mineiro.

O corpo franzino e o rosto miúdo já têm 41 anos. Reclama do pouco tempo e do excesso de compromissos que o afastam da propriedade. É militante engajado em lutas do campesinato da região há 25 anos. Participou das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), envolveu-se com a Teologia da Libertação, da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) local e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STRs) no município, além da intensa luta contra os agrotóxicos.

Volta e meia dispensa o chinelo e as botas para caminhar descalço pela propriedade. Acompanhado da esposa Vera, conversa com animais e plantas. Maneja a propriedade com técnicas peculiares: homeopatia, florais e reick, maneira de trabalho que chama de agroecologia. “É uma forma de respeito a todos os tipos de vida. Gosto de dizer que trabalho em mutirão com todos os seres que existem na propriedade, em sistema de solidariedade. Esse é um caminho de vida, contra um outro de morte, que é esse do latifúndio. Os valores são outros, não dá para você pensar só no dinheiro”.

O papo se prolonga e, aos poucos, a história surge e com ela a de vários outros agricultores da região. Amauri lembra que a monocultura e o latifúndio cresceram ali à época de seu pai, década 70, quando trouxeram a substituição do modo de produção tradicional pelo o que ele chama de “pacote tecnológico” - uso de fertilizantes químicos, máquinas e melhoramentos genéticos - que, mesmo contrariado, foi obrigado a adotar, pois o crédito rural estava vinculado ao uso: “Falavam para a gente que aquilo era remédio. Trabalhávamos sem nenhuma proteção”. Em conseqüência, aos 12 anos sofreu com uma intoxicação.

Há quatro anos não faz adubação química, orgânica ou mesmo pulverização na lavoura e diz conseguir produção de café semelhante à dos vizinhos, produtores convencionais. “As pessoas sempre me perguntam: quanto você está produzindo? Acho que a pergunta deveria ser mudada para: quanto custa produzir? Quanto, por exemplo, gasto com saúde? Tem gente que passa vida inteira tentando ganhar dinheiro e esquece da saúde. E quando consegue juntar uma boa quantia de dinheiro, é obrigado a gastar tudo com hospital”, ensina

Desenvolvimento local
A manhã passa rápido após o café. Amaury tem um encontro cujo tema é desenvolvimento local. Numa pequena casa próxima a entrada da cidade está a escolinha sindical. Os presentes: representantes de entidades locais – Pastoral da Juventude, Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais, Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata Mineira, Sindicatos dos Trabalhadores Rurais - e alguns agricultores.

As cadeiras formam um círculo e a discussão tem início. Sentado, segurando uma pequena corrente presa a um cristal que balança, Amauri mais escuta do que fala. Quando intervem, não levanta a voz. Quem está distante precisa esticar o pescoço: “Não tem como haver desenvolvimento se não houver envolvimento das pessoas...”.

Na primeira quinzena de agosto, Amauri recebeu em seu sítio, Espaço Saber Cuidar, cerca de 20 estudantes, de nove estados, que participavam do 28º Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Biológicas (ENEB). Na ocasião, falou sobre agroecologia. A experiência não é única e o contato, cada vez mais freqüente com a academia traz a região gente desejosa de conhecer o saber local dos agricultores. Amauri também palestrou para mais de 500 estudantes no principal auditório da Universidade Federal de Viçosa (UFV), durante o 48º Congresso Nacional dos Estudantes da Agronomia (CONEA), realizado em agosto de 2005.

Caminhando pelas trilhas e atento aos pequenos detalhes, no final da tarde coloca música para as plantas. Planeja montar um sistema de som que chegue a sua área de cultivo. “Música clássica” é o repertório para as plantas. Qualquer música? “Beethoven não. Dele elas não gostam”.

O que os vizinhos pensam? “Muitos deles acham que sou louco, mas digo: loucura não é usar veneno, não é maltratar os animais, a mulher, deixar os filhos o dia todo em frente à TV assistindo cenas de violência? Muitas vezes, de tanto ver, nos acostumamos com o absurdo e o tomamos como normal”, finaliza, antes de seguir para uma cidade vizinha onde falará sobre homeopatia para outros agricultores.

Leornado Dupin é jornalista.

A nova tentação da eugenia

As afirmações racistas dos cientistas James Watson e Charles Murray deveriam disparar um sinal de alerta. Em sociedades hierarquizadas, é cômodo enxergar na suposta "fraqueza" do oprimido a causa da desigualdade. No Brasil, isso sempre foi o primeiro passo para ampliar a discriminação e exclusão

Alexandre Machado Rosa - Diplo-Br

O geneticista norte-americano James Watson, considerado pai da biologia molecular e quem desvendou a dupla hélice do DNA, afirmou recentemente, sem bases científicas, o mito racista de que os povos da África são menos inteligentes em comparação aos do hemisfério Norte. Sua declaração foi recebida com duras críticas pela maioria da intelectualidade internacional, o que o obrigou a escrever um artigo de retratação. Entretanto, suas desculpas tiveram caráter apenas formal, pois no mesmo artigo ele afirma: “Eu sempre defendi que nós devemos basear nossa visão do mundo no nosso conhecimento, nos fatos, e não naquilo que gostaríamos que fosse”.

Dias depois, Charles Murray, cientista político norte-americano e autor do livro The Bell Curve (A Curva do Sino, Free Press, 1994), saiu na defesa das idéias de Watson. No seu livro, afirma que testes de QI (quoficiente de inteligência) apontavam que há diferenças entre raças, com brancos saindo-se em média melhor do que negros. Além de ressaltar a precariedade do testes de QI, que tentam quantificar a subjetividade da inteligência, não podemos considerar as teses de Watson e Murray como novas. Esta insistente defesa de diferenças entre a raça humana, tem reaparecido com certa rotina, tanto no debate científico quando na política

Durante a campanha eleitoral deste ano na Suíça, a UDC (União Democrática do Centro, partido da direita nacionalista), utilizou em campanha um cartaz que representa uma ovelha negra sendo expulsa por ovelhas brancas. Transmitiu deliberadamente uma mensagem racista, num país que sempre reivindicou a defesa dos direitos humanos.

No Brasil, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, reavivou velhas feridas históricas, ao declarar que é favorável ao aborto como forma de controle da violência e que as mulheres grávidas das favelas são “fabricas de marginais”. Por lançar declarações polêmicas e se referir às teses do livro Freakonomics, que segue a velha fórmula da antropologia criminal de Cesare Lombroso (1835-1909), Cabral pisou em terreno perigoso e colocou em risco seu histórico democrático. De quebra, fez coro com as declarações e ações racistas pelo mundo.

Da crença nas habilidades "raciais" à tentativa de tornar o Brasil europeu

A tentativa de explicar e classificar as diferenças entre culturas e povos foi uma tendência marcante do cientificismo e do positivismo no século 19. Primo de Charles Darwin e descobridor das impressões digitais humanas, o antropologista Francis Galton (1822 – 1911) cunhou o termo ideologia eugênica, em seu livro intitulado Inquires into human faculty, de 1883. Lecionou na universidade de Londres, realizou muitos estudos em conjunto com seu primo sobre antropologia, QI humano, doenças físicas e mentais possivelmente herdadas.

Como descreve de forma brilhante Nancy Leys Stepan, em The Hour of Eugenics, a ação dos eugenistas na América Latina parte da aplicação e difusão dos conceitos de Galton afirmava que as habilidades naturais dos homens são derivadas por herança. O raciocínio eugênico argumenta que para obter "boas" raças de cachorro ou cavalos basta realizar uma seleção permanente de espécimes que possuem, por exemplo, um peculiar poder para correr. As características serão mantidas por gerações. Portanto, se mulheres de boa raça se casarem com homens de boa raça, poderemos obter boas raças em gerações seqüenciais. (Stepan, 1991)

No Brasil a eugenia teve grande importância no pensamento hegemônico que fundou as bases do Estado moderno no final do século 19 e durante a primeira metade do século 20. Em certa medida, o movimento higienista e sanitarista, que teve Osvaldo Cruz (1872-1917) como um de seus principais defensores, foi incorporado oficialmente ao Estado em 1903. Nomeado pelo presidente Rodrigues Alves para a direção do serviço de saúde pública do Rio de Janeiro, seu pensamento e ordens deram suporte para o surgimento, em 1917, do pensamento eugênico no Brasil, por meio do médico Renato Kehl.

O higienismo de Osvaldo Cruz foi ideologicamente incorporado pela eugenia de Kehl, incorpando e consolidando as teses racistas na superestrutura do Estado brasileiro, reforçando a brutal exclusão econômica promovida contra a população negra, mestiça e indígena em favor de um clareamento do fenótipo brasileiro e a conseqüente aproximação do ideal republicano europeu.

Como se a favela, "criadouro de pobres e de vícios" fosse a causa de nossos males sociais

A visão criminalizante usada por Sérgio Cabral para defender a legalização do aborto como forma de prevenir a criminalidade e a violência, promove uma confusão dentro do debate sobre o próprio aborto, que deve ser tratado no campo da saúde pública e como problema da sociedade brasileira.

Outro personagem brasileiro que acaba fazendo eco numa proporção menor, é o médico Drauzio Varella. No dia 14.04.2007, publicou, na Folha de S.Paulo um artigo intitulado Tal qual avestruzes, no qual resgata uma resolução da World Scientific Academies, de 1993, que afirma: “A humanidade se aproxima de uma crise. Durante o tempo de duração da vida de nossos filhos, nosso objetivo deve ser o de atingir crescimento populacional igual a zero”.

Em um dos artigos, intitulado Os filhos deste solo, ele aponta uma visão determinista, condena a pobreza à não reprodução e evoca conceitos elaborados por Malthus, como a teoria da taxa de reposição - quando afirma que Para manter constante a população de um país, cada casal deveria ter dois filhos. Um para substituir a mãe quando ela morrer, e outro para substituir o pai. É a chamada "taxa de reposição".

O paradigma malthusiano [1] apresentou um bode expiatório - o crescimento ilimitado da população - para explicar a fome, as guerras e os vícios. Varella segue a mesma receita. Usa os gráficos de crescimento populacional brasileiro que apontam uma taxa média de filhos por família de 6,3 em 1950, contra 2,3 em 2000 (IBGE, 2000). Ele questiona a média e os dados dizendo: “No Brasil, há 40 anos, cada família tinha, em média, seis filhos. Hoje, as estatísticas mostram que estamos muito próximos do equilíbrio populacional, com pouco mais de dois filhos por mulher. Mas as estatísticas refletem a média, e as médias podem ser traiçoeiras...”.

Em seu livro Cidade Febril, Sidney Chalhoub resume a visão da elite no auge do higienismo no Brasil "(...)os pobres passaram a representar perigo de contágio no sentido literal mesmo. Os intelectuais médicos grassavam nesta época como miasmas na putrefação, ou como economistas em tempo de inflação: analisavam a “realidade”, faziam seus diagnósticos, prescreviam a cura, e estavam sempre inabalavelmente convencidos de que os hábitos de moradia dos pobres eram nocivos à sociedade, e isto porque as habitações coletivas seriam focos de irradiação de epidemias, além de, naturalmente, terrenos férteis para a propagação de vícios de todos os tipos(...)".

Incorporados à administração estatal, os preconceito perduram até os dias de hoje

Quando se trata de formular políticas públicas de saúde, a favela é onde, supostamente, há um descontrole demográfico, apesar de as estatísticas oficiais negarem. “A Favela Jardim Edith, em São Paulo, é cheia de crianças. Construídas quase na rua, as casas de madeira e papelão ocupam toda a calçada de uma das avenidas mais movimentadas da cidade.” [2]

Inspirados pelos ideais da medicina social, como aponta Michel Foucalt, e o papel da intelecualidade na formação da superestrura do Estado, como sugere Gramsci, os médicos foram incorporados à administração estatal e auxiliaram na legitimação científica e moral das ações. Como intelectuais e detentores dos conhecimentos das ciências naturais, não poderiam ser contestados em plena era da razão e da ciência. O que se seguiu foram ações que modificaram profundamente, além da paisagem urbana, também as relações do Estado com a população da nova sociedade em formação.

No Brasil, as desigualdades sociais e o racismo possuem um ponto de partida semelhante. Isso possibilita uma investigação a partir da construção dos pressupostos eugenistas e higienistas que colocaram os negros e seus descententes em uma escala de inferioridade social. Para conduzir tal processo, o papel do pensamento biologizado difundido pelos intelectuais, principalmente os médicos, é sentido até os dias atuais.



[1] Thomas Malthus trabalhou sob as “leis” da inevitabilidade biológica de uma superpopulação humana e afirma que a economia do século 19 não daria conta de prover os meios necessários para alimentar todos.

[2] Ver em http://drauziovarella.ig.com.br

A voz distante

Nos poemas aqui traduzidos, inéditos no Brasil, Yves Bonnefoy fala de um eterno renascer, contra os desígnios da morte e do esquecimento.

Pablo Simpson

Gostaria de iniciar esta contribuição com a tradução de dois poemas de Yves Bonnefoy. De seu último livro de poemas, publicado em 2001, Les planches courbes (As pranchas curvas). São os dois que iniciam a parte intitulada “A voz distante” (La voix lointaine), publicados previamente em francês e em italiano, com uma litografia original e ilustrações de Farhad Ostovani. Inéditos no Brasil, não fazem parte da edição de sua obra poética, traduzida em 1998, por Mário Laranjeira.

Antes, uma observação: Yves Bonnefoy publicou, em 2000, um ensaio sobre o que chamou de “tentação do esquecimento” em dois poemas sem título de As flores do mal, de Baudelaire. Poemas que Baudelaire dedicou à sua mãe numa carta que lhe enviou: “Você não notou que havia nas Flores do mal dois poemas que lhe diziam respeito, ou pelo menos alusivos aos detalhes íntimos de nossa vida antiga?”. Baudelaire, nesse momento, evocaria o pai e a criada Mariette. Em As pranchas curvas, não só a imagem paterna surge pela primeira vez na poesia de Yves Bonnefoy, como é possível notar a presença dessa “servante”. Surge qual fosse uma criança nos 11 poemas de “A voz distante”, cantando, dançando. O poeta vai chamá-la mesmo de Parca, retomando Hölderlin e Valéry (An die Parzen; La Jeune parque). Parca, divindade que decide o destino dos homens, presidindo-lhes o nascimento. Para dizer de um eterno renascer, também na poesia, contra os desígnios da morte e do esquecimento.

Yves Bonnefoy nasceu em 1923, em Tours. Publicou Du mouvement et de l’immobilité de douve (1953), L’arrière-pays (1972, narrativa), dentre outros livros de poemas e narrativas. É tradutor de Shakespeare, Yeats, Leopardi, e autor de estudos consagrados a Rimbaud, Mallarmé e Giacometti. Recentemente, foi publicado, na França, um livro que dedicou a Paul Celan, Ce qui alarma Paul Celan (Galilée, 2007). Suas narrativas, assim como sua obra crítica, permanecem inéditas no Brasil.

La voix lointaine

I

Je l’écoutais puis j’ai craint de ne plus
L’entendre, qui me parle ou qui se parle.
Voix lointaine, un enfant qui joue sur la route,
Mais la nuit est tombée, quelqu’un appelle

Là où la lampe brille, où la porte grince
En s’ouvrant davantage; et ce rayon
Recolore le sable où dansait une ombre,
Rentre, chuchote-t-on, rentre, il est tard.

(Rentre, a-t-on chuchoté, et je n’ai su
Qui appelait ainsi, du fond des âges,
Quelle marâtre, sans mémoire ni visage,
Quel mal souffert avant même de naître.)

II

Ou bien je l’entendais dans une autre salle.
je ne savais rien d’elle sinon l’enfance.
Des années ont passé, c’est presque une vie
Qu’aura duré ce chant, mon bien unique.

Elle chantait, si c’est chanter, mais non,
C’était plutôt entre voix et langage
Une façon de laisser la parole
Errer, comme à l’avant incertain de soi,

Et parfois ce n’étaient pas même des mots,
Rien que le son dont des mots veulent naître,
Le son d’autant d’ombre que de lumière,
Ni déjà la musique ni plus le bruit.

A voz distante

I

Escutava-a, depois temi não mais
Ouvi-la, que me fala ou que se fala.
Voz longe, uma criança que na estrada
Brinca. E a noite cai, alguém me chama.

Lá onde brilha a lâmpada, rangendo
A porta ao mais abrir-se; e esse raio
Recolorindo a areia onde dançava
A sombra, entra, cochicha-se, é tarde.

(Entra, se cochichou, e eu não soube
Quem chamava assim, das eras fundas,
Que madrasta, sem memória ou rosto,
Que mal sofrido, mesmo antes de nascer.)

II

Ou então a escutava noutra sala.
Eu conhecia dela só a infância.
E os anos se passaram, uma vida
Quase durou seu canto, meu bem único.

Ela cantava, se é cantar, mas não,
Era bem mais entre voz e linguagem
Um jeito de deixar com que a palavra
Errasse incerta adiante de si mesma,

Mas, às vezes, não eram nem palavras,
Nada, apenas o som de que elas querem
Nascer, tanto de sombra que de luz,
Nem já a música, nem mais o ruído.

Venezuelanos vetam reforma; Chávez reconhece resultado


Os venezuelanos rejeitaram o histórico projeto de reforma constitucional proposto pelo presidente Hugo Chávez. O resultado do referendo foi reconhecido na madrugada desta segunda-feira (3) pelo chefe de Estado da Venezuela. ''Não é nenhuma derrota. É outro 'por enquanto''', manifestou Chávez, no Palácio presidencial de Miraflores, minutos depois da divulgação dos resultados oficiais.



''Parabenizo os meus adversários por esta vitória'', disse o presidente venezuelano, que propôs as mudanças à Carta Magna de 1999 para ''dar mais poder ao povo'', enquanto a oposição temia que o país caminhasse rumo ao socialismo. ''Por enquanto, não conseguimos'', manifestou Chávez, antes de acrescentar que cumpre seu compromisso de respeitar as instituições.

Segundo o primeiro boletim oficial divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mais da metade dos venezuelanos votaram contra a reforma constitucional. O CNE assinalou que 50,7% dos eleitores ficaram contra o primeiro bloco de artigos submetidos à consulta, enquanto 49,29% optaram pelo ''sim''.

Além disso, 51,05% rejeitaram o segundo bloco de artigos, enquanto 48,94% o aprovaram. A abstenção no referendo foi de 44,9%. Os resultados foram divulgados após a apuração de mais de 90% dos votos, em uma longa noite na qual foi crescendo a tensão e as críticas da oposição pela falta de anúncios sobre a votação.

Aproximadamente 16 milhões de venezuelanos foram convocados neste domingo às urnas para decidir se aprovavam ou rejeitavam o projeto do presidente venezuelano. A jornada eleitoral transcorreu com normalidade e em paz, com exceção de alguns incidentes isolados.

Os centros eleitorais foram fechados oficialmente às 16 horas locais (18 horas de Brasília), mas alguns permaneceram abertos porque os eleitores ainda aguardavam para votar. O primeiro boletim do CNE foi divulgado aproximadamente oito horas depois.

Leia também: o que propunha a reforma de Chávez

domingo, 2 de dezembro de 2007

Lavoura Arcaica,
de Luiz Fernando Carvalho



Título Original: Lavoura Arcaica
Gênero: Drama
Origem/Ano: BRA/2001
Direção: Luiz Fernando Carvalho
Roteiro: Luiz Fernando Carvalho e Raduan Nassar

Formato: rmvb
Áudio: Português
Duração: 163 min
Tamanho: 565 MB
Partes: 6
Servidor: 4shared

Créditos:RapaduraAzucarada - Zé Qualquer

Elenco:

Selton Mello... André
Raul Cortez...Pai
Juliana Carneiro da Cunha...Mãe
Simone Spoladore... Ana
Leonardo Medeiros...Pedro
Caio Blat...Lula

Premiações:

- Ganhou 2 prêmios no Grande Prêmio BR de Cinema, nas categorias de Melhor Atriz (Juliana Carneiro da Cunha) e Melhor Fotografia. Foi ainda indicado nas seguintes categorias:: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator (Raul Cortez e Selton Mello), Melhor Ator Coadjuvante (Leonardo Medeiros), Melhor Atriz Coadjuvante (Simone Spoladore), Melhor Roteiro, Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte, Melhor Montagem, Melhor Som e Melhor Edição de Som.
- Ganhou o prêmio de Melhor Contribuição Artística, no Festival de Montreal.
- Ganhou 4 prêmios no Festival de Brasília, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Ator (Selton Mello), Melhor Atriz Coadjuvante (Juliana Carneiro da Cunha) e Melhor Ator Coadjuvante (Leonardo Medeiros).
- Ganhou o Prêmio do Público, na Mostra de Cinema de São Paulo.
- Ganhou 4 prêmios no Festival de Cartagena, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora.
- Ganhou 4 prêmios no Festival de Havana, nas seguintes categorias: Prêmio Especial do Júri, Melhor Ator (Selton Mello), Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora.

Sinopse:
André é um filho desgarrado, que saiu de casa devido à severa lei paterna e o sufocamento da ternura materna. Pedro, seu irmão mais velho, traz ele de volta ao lar a pedido da mãe. André aceita retornar, mas irá irromper os alicerces da família ao se apaixonar por sua bela irmã Ana.

Crítica:

http://www.contracampo.com.br/planogeral/aboaarte.htm




Links:

Arrowhttp://tinyurl.com/2uqzqj (parte 1)
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Arrowhttp://tinyurl.com/38lmle (parte 6)
John Lee Hooker - This Is Hip Vol.7


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Sebastião Rodrigues Maia, mais conhecido como Tim Maia, (Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1942 — Niterói, 15 de março de 1998) foi um cantor brasileiro.

Começou a compor melodias ainda criança e já surpreendia a numerosa família de 19 irmãos. Se destacou pelo pioneirismo em trazer para a MPB o estilo soul de cantar. Com a voz grave e carregada, tornou-se um dos grandes nomes da música brasileira, conquistando grande vendagem e consagrando sucessos, lembrados até hoje, e que influenciaram o sobrinho, o cantor Ed Motta.

Créditos: SomBarato



01 - A Festa Do Santo Reis
02 - Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)
03 - Salve Nossa Senhora
04 - Um Dia Eu Chego Lá
05 - Não Vou Ficar
06 - Broken Heart
07 - Você
08 - Preciso Aprender A Ser Só
09 - I Don't Know What To Do With Myself
10 - É Por Você Que Vivo
11 - Meu País
12 - I Don't Care

Painéis fotográficos montados nas areias de Copacabana revelam as  causas e conseqüências do desmatamento da Amazônia para o clima global

Painéis fotográficos montados nas areias de Copacabana revelam as causas e conseqüências do desmatamento da Amazônia para o clima global

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São Paulo, Brasil — Projeto em discussão na Câmara prevê alterações que podem promover a substituição de florestas por cana, dendê e eucalipto.

O deputado Homero Pereira (PR-MT), presidente licenciado da Federação de Agricultura do Mato Grosso (Famato-MT), divulgou na quarta-feira (dia 28) sua proposta de alterações no Código Florestal brasileiro. Pereira é o relator do PL 6424/2005, que atualmente está tramitando na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. O projeto, que já havia sido aprovado pelo Senado e se encontrava em discussão na Comissão de Meio Ambiente da Câmara, tinha como objetivo inicial permitir a substituição de extensas áreas de florestas na Amazônia Legal por espécies exóticas, como cana, dendê e eucalipto.

A proposta do deputado Homero permite que os proprietários que destruíram sua Reserva Legal fiquem desobrigados de recuperar o dano ambiental causado dentro da região em que ele ocorreu, permitindo que a chamada “compensação” possa ser feita em qualquer região do país. Para o Greenpeace, compensar uma área desmatada em São Paulo na Amazônia é consolidar um programa que pode ser chamado de “Floresta Zero”, criando áreas inteiras livres de floresta.

“O deputado Homero Pereira, como bom defensor dos interesses ruralistas, conseguiu piorar o que já estava muito ruim”, disse Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace. “Ele não só manteve alterações profundamente negativas para as florestas brasileiras, como adicionou novidades que certamente o colocarão como principal candidato ao prêmio motosserra de ouro 2007”.

Pereira propõe ainda uma anistia a todas as multas de proprietários rurais que não tenham cumprido com as exigências do Código Florestal, como manter a averbação da Reserva Legal no registro de imóveis, em troca do cadastro das propriedades.

“Seria o mesmo que propor ao dono das Casas Bahia, Samuel Klein, que ele perdoasse os carnês em atraso em troca do cadastro de seus clientes”, disse Leitão. “O Greenpeace vai patrocinar um encontro do deputado Homero Pereira com o sr. Klein para que o parlamentar tenha a oportunidade de sugerir que sua proposta possa ser aplicada em todo o território nacional”.

Pereira também reforça a intenção da bancada ruralista de reduzir a Reserva Legal – fundamental para a manutenção da biodiversidade – de 80% para 50% na Amazônia, além de permitir a soma das áreas de preservação permanente (APP) e da Reserva Legal. Em alguns casos, isso significa, na prática, uma redução da Reserva Legal de até menos de 50%.

“A bancada ruralista é capaz de tudo: até mesmo de inventar uma conta de somar cuja resultado é negativo”, acrescentou Leitão. Para o Greenpeace, as mudanças propostas pelo deputado Homero Pereira denunciam que o setor adora posar de bom moço para fugir das cobranças dos consumidores brasileiros e europeus por boas práticas produtivas, mas mantém, na prática, os mesmos vícios predatórios.

Confira aqui os defeitos, ponto a ponto, da proposta de alteração do Código Florestal, de acordo com a avaliação de entidades ambientalistas como ISA, Greenpeace, CTA e Rede Cerrado.

Mercenários no Irak...

Não se pode escrever a historia da Guerra do Irak, sem falar das companhias militares privadas. Uma das grandes diferenças desta guerra para as demais anteriores.

O número de contratos de segurança atualmente no Irak está na conta de aproximadamente 20mil, com um salário de 1mil dolares diários e não se encontram subjugados à legislação Irakiana. isso significa que podem operar no país debaixo da impunidade.


Documentário em espanhol e o original encontra-se em KanalAlternativo


www.Tu.tv