quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Rita Ribeiro - Tecnomacumba - 2006

Faixas:
01 Saudação - Abertura (Rita Ribeiro / Jongui)
02 Domingo 23 (Jorge Benjor)
03 Cavaleiro de Aruanda (Tony Osanah)
04 Babá Alapalá (Gilberto Gil)
05 Oração do Tempo (Caetano Veloso)
06 A deusa dos Orixás (Toninho / Romildo)
07 Iansã (Caetano Veloso / Gilberto Gil)
08 Rainha do Mar (Dorival Caymmi)
09 É d´Oxum (Gerônimo / Vevé Calazans)
10 Coisa da Antiga (Wilson Moreira / Nei Lopes)
11 Cocada (Antonio Vieira)
12 Jurema (Rita Ribeiro)
13 Tambor de Crioula (Junior / Oberdan Oliveira)
14 Canto para Oxalá (Rita Ribeiro)

Creditos:Mp3eAvi

Download abaixo;


Cantos e toques das religiões afro-brasileiras temperados por sons tecno. Letras compostas por grandes nomes da MPB.


Em Cuba, Lula encontra Fidel e assina acordos comerciais

Governo brasileiro amplia linha de crédito para importação de alimentos e avança em negociações para validar diplomas de médicos formados em Cuba

Governo brasileiro amplia linha de crédito para importação de alimentos e avança em negociações para validar diplomas de médicos formados em CubaO presidente Lula concluiu na terça-feira (15) uma rápida visita a Cuba, onde a comitiva brasileira assinou acordos comerciais com o país caribenho e discutiu a questão do reconhecimento dos estudantes brasileiros formados na Escola Latino-Americana de Medicina (Elam). O brasileiro teve um breve encontro com o presidente Fidel Castro, afastado do governo por problemas de saúde há um ano e meio. Imagens da reunião entre ambos foram divulgadas pelo governo cubano.cuba_fidel.gif

Lula afirmou que faz parte da “geração apaixonada pela Revolução Cubana” e avaliou que Fidel está muito bem de saúde e pronto para assumir seu papel político em Cuba e na história” . O brasileiro ressaltou que Fidel “tem uma lucidez incrível e uma saúde impecável”.

O encontro entre ambos ocorreu também após o presidente cubano ter criticado duramente a política de incentivo à produção de agrocombustíveis colocada em prática pelo Brasil, com aval dos Estados Unidos. Em 2007, quando Bush veio ao país anunciar a parceria com Lula, Fidel criticou a proposta em artigo divulgado pelo jornal Granma (leia o texto), afirmando que provocaria elevação nos preços dos alimentos, o que de fato ocorreu.

No aspecto comercial, os acordos assinados entre os dois países ficaram aquém do especulado anteriormente – cogitavam-se cifras de US$ 1 bilhão. Destaque para a ampliação da linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de US$ 90 milhões para US$ 100 milhões para a importação de alimentos. Cuba importa cerca de 80% dos alimentos que consome e enfrenta restrições de financiamento de importações tanto de instituições multilaterais internacionais como de bancos privados. O Brasil é o segundo maior parceiro comercial de Cuba na América Latina, com um intercâmbio estimado em US$ 450 milhões anuais. O primeiro é a Venezuela, que possui uma política mais agressiva de parceria comercial e política com a ilha caribenha.

Lula felicitou Cuba pelo recente anúncio de que assinará as convenções internacionais sobre direitos humanos. “Para nós, é importante essa evolução política e queremos contribuir, queremos contribuir, queremos ajudar sem nenhum ingerência do Brasil nos assuntos internos da ilha”, afirmou.


Diplomas de medicina

Durante o encontro, a comitiva brasileira tratou também da questão da validação dos diplomas dos estudantes brasileiros que se formam na Escola Latino-Americana de Medicina (Elam). Segundo a página do Ministério da Saúde (veja aqui), o governo brasileiro assinou um Termo de Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Cultural e Educacional Brasil-Cuba. O acordo prevê que estudantes formados em Cuba ajudem a suprir cerca de mil vagas em comunidades indígenas, quilombolas e no interior do País.

“É um importante avanço nas relações entre o Brasil e Cuba. E uma grande conquista para o Sistema Único de Saúde, que hoje tem entre suas principais prioridades preencher os vazios assistenciais no Brasil”, comemorou o ministro José Gomes Temporão.


Para os diplomas serem validados, as universidades precisarão aderir ao programa do governo federal que, em contrapartidas, dará incentivos financeiros para as instituições de ensino públicas firmarem convênios com a Elam. A nota do Ministério da Saúde diz que os estudantes formados na Elam são vinculados, em sua maioria, a movimentos sociais, integrantes de comunidades indígenas, afrodescenentes e quilombolas. Com a validação dos currículos, poderão exercer a profissão de medicina em suas áreas de origem.


O ministro Fernando Haddad (Educação) já afirmou que três universidades teriam disposição de buscar um entendimento neste sentido: as federais do Ceará e do Acre e a privada Unirio. ''É preciso compatibilizar os currículos da Elam com o das universidades brasileiras. A idéia é que os estudantes façam estudos complementares no Brasil para ter o diploma reconhecido'', disse Haddad, em Havana.

Representantes do governo brasileiro encontraram estudantes da Elam, que manifestaram desejo de trabalharem com assistência à saúde nos rincões brasileiros. Um estudo feito pela Secretaria da Saúde de São Paulo mostrou que justamente nas áreas periféricas da maior cidade brasileira concentram-se as maiores carências de profissionais de medicinas. Em entrevista a O Estado de S. Paulo, no entanto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) se opôs à proposta de validar os diplomas.

Mais convênios

Entre os acordos assinados por Lula e pelo presidente em exercício Raul Castro, está um convênio entre as estatais Petrobras e Cupet para busca de petróleo em águas profundas cubanas no Golfo do México. A empresa brasileira também participará da construção de uma fábrica de lubrificantes em Cuba. Créditos suplementares estão sendo analisados para projetos nos setores de hotelaria, farmácia, biotecnologia, infra-estrutura, indústria açucareira e transporte.

Também foi assinado um acerto de cooperação científica, técnica e tecnológica e convênios para o fortalecimento institucional do controle de qualidade e vigilância sanitária, colaboração entre os ministérios da Saúde e suporte técnico para o sistema de informação em águas subterrâneas. (Com agências internacionais)

O maestro Baremboin


O maestro Baremboin agora é palestino

O maestro Daniel Barenboim, um dos mais importantes maestros do mundo agora é cidadão palestino. A informação é do jornal israelense Haaretz. Beremboim é o primeiro israelita a receber nacionalidade palestina.


"É uma grande honra ter recebido o passaporte", disse Barenboim ao diário israelita Haaretz.


"Aceitei, também porque acredito que os destinos do povo israelita e do povo palestino estão inextricavelmente ligados. Sejamos nós abençoados ou malditos, temos de viver uns com os outros. E eu prefiro a primeira (proposta)".


E concluiu: "O fato de um cidadão israelita poder receber um passaporte palestino mostra que isso é realmente possível."

Barenboim, de 65 anos, fundou, junto com o já falecido intelectual e ativista palestino Edward Said, a West Eastern Divan Orchestra, que todos os anos reúne jovens músicos de Israel e dos territórios palestinos para ensaiar e se apresentar em concertos pelo mundo.

De acordo com a agência Associated Press, o fato de Beremboin aceitar a cidadania palestina causou indignação entre a extrema direita israelense. O deputado Yakov Margi, do partido Shas, quer que a nacionalidade israelense de Beremboin seja anulada.


O deputado entende que é “uma desgraça para o Estado de Israel que um homem como Barenboim tenha a cidadania israelita, e seria adequado que ela fosse revogada". Mas um porta-voz do ministério do Interior de Israel disse à AP que não há base legal para revogar a cidadania de Barenboim.

Leia a tradução do artigo do Haaretz no blogue Solidariedade com a Palestina
Creditos: Bourdoukan

A GUERRA DO FOGO

INFORMAÇÕES DO ARQUIVO
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Tamanho: 347 Mb
Formato: Rmvb
Qualidade: DVDRip

INFORMAÇÕES DO FILME
Ano de Lançamento: 1981
Gênero: Aventura
Duração: 88 min
Classificação etária: 12 anos

Sinopse: Há 80.000 anos atrás erguia-se o alvorecer da Humanidade, o Homem pré-histórico sabia conservar o fogo oferecido pelos acasos da natureza, mas não criá-lo artificialmente. Nesta época cruel, o fogo assegurava a sobrevivência da espécie. As hordes organizavam-se em volta da sua força benfeitora, os que o possuiam, possuiam a vida.

Créditos: CinemaEmCasa

Download aqui


Samsara

Samsara fala da busca pela satisfação. Tashi é um monge budista que, mesmo depois de
passar três anos meditando em uma caverna, não consegue encontrá-la. Ele volta ao mosteiro, recebe honrarias pelo seu feito espiritual, mas começa a ter estranhos sonhos carnais.
Num vale perto dali vive o outro lado da moeda: a bela Pema não renunciou a nenhum dos
prazeres mundanos e, talvez por isto mesmo, se sinta satisfeita. Um dia os dois se encontram,
claro, e se apaixonam. Tashi questiona então seu mestre Apo: “Como posso ter renunciado
ao mundo se não o conheço? Estou neste mosteiro desde os cinco anos de idade!”.
Apo responde: “O que é mais importante, satisfazer mil desejos ou conquistar apenas um?”.
Toda o trajetória de Tashi gira em torno dessa ''busca'' que é acima de tudo, uma busca pela
vida, seu sentido e sua verdade.
Uma saga de reencontro com os desejos primitivos do homem, descendo os degraus
do Nirvana (iluminação) em direção a samsara(ciclo de reencarnações).

Elenco:

Shawn Ku
Chirsty chung
Neelesha Ba Vora
Lhakpa Tsering
Tenzin tashi
Jamayang Jinpa
Sherab Sangey
Kelsang Tashi
Tsepak Tsangpo

Informações:

Gênero: Drama
Diretor: Pan Nalin
Duração: 140 minutos
Ano de Lançamento: 2001
País de Origem: Alemanha/Índia
Idioma do Áudio: Ladakhi
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: Divx
Resolução: 608 x 288
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 1,36 Gb
Legendas: No torrent


Créditos: MakingOff - Mifune

Download via Torrent:

Arquivo anexado Samsara__2001__by_Nalin_Pan__Divx5.2.1PTBR_subs_2CD_.torrent ( 14.44KB )


Bahia, 1798: a revolução dos Jacobinos Negros



Mário Maestri

Em 1794, a maré revolucionária francesa chegara ao ápice, propondo à Europa dos reis que todos os homens tinham igual direito à felicidade, mesmo que para tal o mundo devesse ser colocado de pés para cima.

Na mais rica colônia açucareira francesa, os plantadores tentaram autonomizar-se, e os homens livres de cor exigiram a cidadania prometida em 1789, facilitando a insurreição dos cativos, em agosto de 1791, que fundou o Haiti, em 1804, primeiro território americano livre do escravismo.

Desde 1789, o Estado absolutista lusitano esforçava-se para que as idéias revolucionárias, democráticas e liberais francesas não chegassem à metrópole e às colônias. No Brasil, os raros visitantes estrangeiros eram vigiados e as bagagens dos navios revistadas à procura de livros e papéis subversivos. A vigilância era muito rígida em Salvador, o principal porto do Brasil colonial.

Ex-capital colonial, com sessenta mil habitantes, de ruas estreitas, irregulares e sujas, ladeiras íngremes, igrejas, mosteiros, casas térreas e sobrados, Salvador era a segunda metrópole do império lusitano, após Lisboa. Dois terços de sua população era negra e mestiça; um terço, branca e indígena.

Em 1798, a colônia conhecia dificuldades e a Bahia vivia relativo auge econômico, exportando açúcar, algodão, anil, pipas de aguardente, fumo em rolo e outros produtos. Apesar de sua riqueza comercial, Salvador dependia da produção rural, pois quase nada produzia. As determinações metropolitanas proibiam a produção manufatureira nas colônias luso-brasileiras.

Das principais metrópoles européias, via Portugal, chegava infinidade de mercadorias, consumidas em Salvador, e reexportadas para o interior e para as capitanias vizinhas: azeite, armas, pólvora, tecidos, vestimentas, vinho, implementos domésticos, materiais de construção, etc. O principal produto importando era o trabalhador africano. O comércio baiano era controlado por ricos comerciantes, sobretudo de cativos, em geral portugueses.

Como no resto da colônia, a sociedade baiana era muito estratificada. No vértice da pirâmide social estavam os grandes plantadores e comerciantes; na base, as multidões de cativos. Cada ano, magotes de africanos eram introduzidos em Salvador. A massa escravizada era heterogênea, pois dividida em cativos nascidos no Brasil, de diversas cores e situações profissionais, e africanos de variadas culturas e línguas.

Entre os escravizadores e os escravizados subsistiam os homens livres pobres, com poucas possibilidades de progressão social, mesmo quando de “sangue limpo”. Eles trabalhavam como administradores, caixeiros, feitores, marinheiros, mascates, ingressavam no baixo clero, ocupavam cargos civis e militares inferiores, disputavam com os cativos ganhadores e de aluguel algumas atividades artesanais. As colocações de prestígio eram semi-privilégios dos portugueses natos.

Em Salvador, os homens livres de cor empregavam-se como artífices, no pequeno comércio, como soldados e suboficiais nas tropas de primeira linha, por soldo miserável. Para subsistirem, os soldados tinham comumente uma segunda atividade. Eram deprimentes suas sortes. Além das escassas possibilidades de inserção econômica, eram estigmatizados pela cor da pele, que barrava o acesso aos cargos posições civis, religiosos e administrativos intermediários.

Em fins do século 18, o Brasil era a grande fonte de recursos das classes dominantes portuguesas. O monopólio comercial e taxas variadas abocanhavam parte das rendas e encareciam o custo de vida no Brasil. A população pobre de Salvador passava literalmente fome e cativos esmolando comida.

Entre os maiores da terra, fortalecia-se a consciência do caráter parasitário do regime colonial, sentimento reforçado pela independência dos EUA e pelas idéias liberais e revolucionárias francesas. Havia dez anos, fora desbaratada conspiração pela independência das Minas Gerais.

Em 1798, Salvador conheceria a única revolta colonial e imperial do Brasil que, com articulações que transpassaram a sociedade colonial de cima a baixo, propôs uma reorganização democrática para a região à margem da ordem escravista.

Mário Maestri, 59, professor do Curso e Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Passo Fundo (UPF), no RS.

E-mail: maestri@via-rs.netEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email

Eladio Reinon - Afro Cuban Jazz Suite n°1

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Eladio Reinon - Afro Cuban Jazz Suite n°1 @ 320


01. Cachao
02. Ecuación
03. Devoción
04. Nocturno en Batanga
05. Copla nº 4
06. El Son de Cecilio
07. Final ¿Ar ni Fröken Pehrson
08. The Big B
09. Jose's Güaracha

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O Caso Alzheimer - (De Zaak Alzheimer)




Vincke e Verstuyft são dois dos melhores detetives da policia da Antuérpia. Quando se confrontam com o desaparecimento de um oficial de alto escalão e a morte de duas prostitutas, as pistas os levam ao quase aposentado assassino Ângelo Ledda. Desde quando Ledda começou a mostrar sintomas do mal de Alzheimer, ficou cada vez mais difícil para ele cumprir seus contratos. Quando tem que assassinar uma garota de programa de 12 anos, ele recusa e transforma-se em alvo. Enquanto Vincke e Vertuyft o perseguem e contam os corpos, Ledda tem que fugir de seus empregadores.

Gênero: Ação / Policial
Diretor: Erik Van Looy
Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento: 2003
País de Origem: Bélgica / Holanda
Idioma do Áudio: Holandês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0374345/


Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: XviD MPEG-4
Vídeo Bitrate: 1414 Kbps
Áudio Codec: AC3
Áudio Bitrate: 382
Resolução: 720 x 304
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 1,35 Mb
Legendas: Em anexo
Créditos: makingOff - mfcorrea

Crítica:
Uma pequena crítica de Sileide de Aquino Santos:

Verdadeiro filme de ação, contando com excelentes atores em cenas vibrantes e bem feitas,advindo de um roteiro perfeito, enquadrando a parte técnica como uma tônica dentro do filme. Tudo muito bem feito, contando com a criatividade de um produtor capaz e inteligente. As referências a outros gradiosos filmes entraram de frente na história. A citação ao mal de alzheimer ( doença que consome uma grande parte de pessoas idosas), foi de um brilhantismo a toda prova. Muito bom esse thriller policial, digno de ser indicado ao Oscar.


Senha: www.warez-bb.org




E a África disse não

Surpresa: numa conferência em Lisboa, o continente excluído rechaça os acordos de "livre" comércio oferecidos pela Europa. Atitude pode sinalizar nova postura africana, que repele "ajustes estruturais" e políticas da humilhação perpétua

Ignacio Ramonet

Para grande prejuízo da arrogante Europa, o inimaginável aconteceu: num arroubo de orgulho e revolta, a África - que alguns acreditavam submetida, porque empobrecida, disse não. Não à camisa-de-força dos “Acordos de Parceria Economia” (APE). Não ao liberalismo selvagem das trocas comerciais. Não a esses últimos elementos do pacto colonial.

Ocorreu em Lisboa, em dezembro último, durante a 2a Conferência de Cúpula União Européia-África,o objetivo principal era forçar os países africanos a assinar novos tratados comerciais (os famosos APE) antes de 31 de dezembro de 2007, em aplicação da Convenção de Cotonu (junho de 2000), que prevê o fim dos acordos de Lomé (1975). Segundo estes, as mercadorias provenientes das ex-colônias da África (e do Caribe e do Pacífico) entram na União Européia quase sem impostos alfandegários - com exceção de produtos sensíveis para os produtores europeus, como açúcar, carne e banana. A Organização Mundial do Comércio (OMC) exigiu o desmantelamento dessas relações preferenciais, ou então sua substituição – único meio, segundo a OMC, de preservar a diferença de tratamento em favor dos países africanos – por acordos comerciais fundados na reciprocidade [1]. Foi essa segunda opção que a União Européia preferiu: o livre-câmbio integral camuflado sob a denominação “Acordos de Parceria Econômica”.

Em outras palavras, o que os 27 países da União Européia exigem dos países da África (e dos do Caribe e do Pacífico [2]) é que aceitem deixar entrar em seus mercados as exportações (mercadorias e serviços) da União Européia, sem taxas alfandegárias.

O presidente do Senegal, Abdulaye Wade, denunciou a coerção e se recusou a assinar. Saiu batendo a porta. O presidente da África do Sul, Thabo M’Beki, o apoiou de imediato. No rebuliço, a Namíbia também tomou a corajosa decisão de não assinar nada, uma vez que um aumento das taxas alfandegárias da União Européia sobre sua carne bovina marcaria o fim de suas exportações.

Até mesmo o presidente francês Nicolas Sarkozy, que pronunciara palavras muito infelizes em Dacar em julho de 2007 [3], trouxe seu apoio aos países mais refratários a esses acordos leoninos: “Sou a favor da globalização, a favor da liberdade”, declarou, “mas não sou a favor da espoliação de países que, aliás, já não têm nada” [4].

Ampla onda de inquietação popular estimula governos a resistir

Essa revolta contra os APE – que suscitam, ao sul do Saara, uma imensa onda de inquietação popular e uma intensa mobilização dos movimentos sociais e das organizações sindicais – deu certo. A Conferência de Lisboa terminou com uma constatação de fracasso. José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia, foi obrigado a ceder e a aceitar a reivindicação dos países africanos de prosseguir o debate. Ele se comprometeu a retomar as negociações em fevereiro de 2008.

Essa importante vitória da África é um sinal suplementar do momento favorável que o continente atravessa. Nos últimos anos, os conflitos mais sanguinários terminaram (só permanecem Darfur, a Somália e o leste do Congo) e os avanços democráticos se consolidaram. As economias continuam a prosperar e são pilotadas – apesar das desigualdades sociais permanentes – por uma nova geração de jovens dirigentes.

Enfim, mais um trunfo: a presença da China, que está a ponto de suplantar a União Européia na condição de maior investidor do continente africano; e que poderá se tornar, já em 2010, seu primeiro cliente, na frente dos Estados Unidos. Já vai longe o tempo em que a Europa podia impor desastrosos programas de ajuste estrutural. A África agora os repele. E isso é muito bom.



[1] Alternatives économiques, Paris, dezembro 2007.

[2] Os países do Caribe aceitaram, em 16 de dezembro de 2007, assinar um acordo econômico com a União Européia.

[3] Em seu discurso na Universidade de Dacar, em 26 de julho de 2007, Sarkozy declarou: “O drama da África é que o homem africano não entrou suficientemente na história”.

[4] Le Monde, 15 de dezembro de 2007.

Encontro com a guerrilha curda

Um repórter do Diplô visita, na fronteira da Turquia com o Iraque, um acampamento do PKK – um dos grupos que luta por um país independente para os curdos. Conhecidos há 5 mil anos, mas dispersos desde a I Guerra entre quatro países, eles são 30 milhões – o maior povo sem pátria do planeta

Olivier Piot

Um alpendre de madeira escondido pelas redes de camuflagem. Fuzis Kalachnikov pendurados ao acaso. Sob esse dossel improvisado, uma mesa acaba de ser posta. Carnes, verduras, frutas e chá. Uma recepção bem-vinda depois das dez horas de estrada que acabamos de enfrentar desde Erbil, a capital da região administrada pelo governo curdo do Iraque. Um dia inteiro de viagem, sob o calor do verão escaldante. Um labirinto de pistas caóticas para chegar a esta zona árida e montanhosa situada no extremo norte do país, ao longo das fronteiras turca e iraniana. No caminho, bem depois de Rewandiz, houve um ponto em que desapareceram as barreiras de soldados do governo curdo iraquiano. Entramos, então, na zona - tampão de 350 quilômetros de extensão, sobre a linha da fronteira com a Turquia. Os uniformes diferentes indicavam que o controle cabia, agora, às forças armadas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Este refúgio estratégico dos combatentes da resistência curda (peshmergas) não é de hoje. Desde 1984, quando os separatistas do PKK deflagraram a luta armada contra o Estado turco, militantes passaram a ser enviados para a área como força de reserva. Os acampamentos foram instalados nas montanhas e os dirigentes do partido, muitos dos quais formados entre os palestinos do sul do Líbano, ajudaram a organizar essas bases de retaguarda. Mas a guerrilha se desenrolava então principalmente do outro lado da fronteira, nas regiões curdas do sudeste da Turquia. Durante os anos 80 e 90, só os militantes mais expostos se retiravam para o Iraque. Pois a zona tinha outra vocação: formar militar e politicamente os quadros destinados a voltar à Turquia para pleitear, pelas armas, a independência do Curdistão anatólio.

A situação mudou em 1993, com a morte do presidente turco Turgut Ozal, favorável à legalização do PKK. Desmoronou, então, a esperança de uma solução negociada com o governo de Ancara. Um ano depois, os deputados eleitos pela chapa do primeiro partido pró-curdo, o Partido do Trabalho do Povo (HEP), tiveram sua imunidade parlamentar retirada. Em fevereiro de 1999, o presidente do PKK, Abdullah Ocalan, foi detido e aprisionado na ilha turca de Imrali [1]. Desde o primeiro mês de sua prisão, ele lançou um apelo pelo fim da luta armada. Seu objetivo: privilegiar a “transformação democrática” da Turquia, negociando a solução da “questão curda” com as autoridades de Ancara.

Os militantes do PKK foram chamados a se reunir, com suas armas, nas montanhas iraquianas. Em 2002, o partido mudou de nome para Congresso pela Liberdade e Democracia no Curdistão (Kadek). As referências ao marxismo-leninismo e à luta de classes foram abandonadas [2]. Sinal dessa evolução legalista, o Partido da Turquia Democrática (DTP), pró-curdo, criado em 2005, que se recusava a qualificar o PKK como “organização terrorista”, conquistou, em julho de 2007, vinte cadeiras no parlamento de Ancara. Em contrapartida, cerca 3.500 peshmergas do PKK foram afastados da ação imediata e são mantidos na reserva nas bases de retaguarda do norte do Iraque. Em solo turco, 2 mil combatentes permanecem na clandestinidade.

Até 2007, sinais de trégua. Então, as eleições acendem o patriotismo do exército turco

Agosto de 2007. Em meio à dezena de combatentes da resistência que nos recebem nos montes Zagros, um homem se destaca. Cinqüentão, rosto macilento, cabelos castanhos claros, ele exibe a atitude marcial de um militante de primeira hora, mas não se apresenta. “O que você acha da Argélia? Dos independentistas da Córsega? De Che Guevara?” Uma chuva de perguntas. Meu interlocutor confessa ter passado 25 anos nas prisões turcas. Ali, leu muito. Libertado junto com outros no início desta década, logo se uniu à resistência. Falamos de Balzac, de Lenin e, é claro, de Ocalan, “o presidente dos curdos”. De repente, ele se levanta. Um carro vem em nossa direção. Cinco homens armados descem. Um deles é mais velho. Trata-se de Murat Karayilan, presidente do Congresso do Povo do Curdistão (KCK), a instância colegiada dirigente do partido.

Sua presença aqui é perigosa. Ninguém ignora. Mas como os bombardeios iranianos são freqüentes [3], o alto dirigente tem de se deslocar sempre que possível. Nossas baterias de telefone são retiradas, o computador é momentaneamente confiscado. A entrevista ocorre num cômodo bem arrumado. Tapete no chão, janelas obstruídas. Nas paredes, retratos de mártires do partido e, é claro, de Ocalan. Quando Karayilan se prepara para responder as minhas perguntas, a ele se junta meu interlocutor de há pouco, especialista em literatura francesa e marxismo. Chamemo-lo Bozan, pois ele não diz seu nome. Tendo se apresentado inicialmente como um militante de base do PKK, agora revela ser o vice-presidente do KCK.

Uma tempestade que se armará sobre a zona que os homens do PKK controlam: acordo entre Ancara e Bagdá para erradicação das “forças terroristas” [4] da guerrilha; elevação de tom no discurso belicoso das autoridades turcas; voto do parlamento de Ancara autorizando a intervenção do exército no norte do Iraque. No mês de agosto, as cartas já haviam sido lançadas. “Desde fevereiro, os turcos têm deslocado milhares de soldados para a fronteira, e a queda-de-braço para as eleições legislativas na Turquia [julho de 2007] levou o exército a fazer a propaganda nacionalista”, explica Karayilan. “Fomos informados das tratativas entre Ancara, Bagdá e Washington. Espero simplesmente que o AKP [Partido da Justiça e do Desenvolvimento, no poder em Ancara] do primeiro-ministro turco Erdogan saiba aproveitar a chance que nossos novos deputados lhe oferecem para encontrar uma solução democrática e negociada para o problema curdo.”

Qual seria o objeto dessa negociação? O PKK ainda se apega à sua antiga reivindicação de um único Estado para as populações curdas da Turquia, do Iraque, do Irã e da Síria? “É um objetivo que permanece em nosso programa, mas é longínquo”, responde o dirigente. “Na realidade, e os turcos sabem disso, estamos dispostos a negociar uma autonomia regional semelhante à da Catalunha, no contexto das fronteiras da Turquia. É uma mão estendida.”

Os militantes são jovens. Vêem da Turquia, Iraque, Irã e Síria...

O Curdistão iraquiano, onde estão refugiados os combatentes do PKK, é administrado pelo Partido Democrático (PDK) e pela União Patriótica (UPK), duas organizações que assinaram um acordo em 2002. A região dispõe de uma grande autonomia dentro do Iraque e os dois partidos são aliados dos Estados Unidos. Karayilan conhece todos esses parâmetros do cenário regional. A começar pelas escolhas políticas dos “irmãos” curdos iraquianos. “O governo de Erbil já participou de duas guerras - sanduíche contra nós, com os turcos, nos anos 1990. Espero que não cometa o mesmo erro. Mas o passado nos ensinou a contar somente com nós mesmos”, comenta. “Ocorre que a questão curda é um ponto central do processo democrático da região. No Iraque, os norte-americanos fizeram a escolha certa ao apoiar, desde 1991, a vontade de autonomia dos curdos. Se quiserem avançar, sobretudo na democratização da sociedade turca, serão obrigados a olhar para além do Iraque.” Fitando o dirigente do KCK, acredito perceber uma dúvida em seus olhos. E se, no fundo, ninguém precisasse do PKK?

Visita a um acampamento de mulheres

Durante vários dias, visitamos “postos” de peshmergas na montanha. Como o acampamento de mulheres, membros da Yjastar (seção feminina do exército de libertação), que representa 40% das forças combatentes. A mais de 2 mil metros de altitude, camuflada entre as árvores e os rochedos, sua base está ao pé do maciço que assinala a fronteira turca. As militantes são jovens; muitas vêm da Turquia, mas outras nasceram no Iraque, no Irã ou na Síria. Oriunda de uma aldeia ao sul de Esmirna, na Turquia, Aské, 21 anos, luta desde os catorze. “Meus pais eram muito engajados no partido”, confidencia. “Abracei a causa já no colégio. Com a convicção de que a libertação do povo curdo passa também por uma luta contra as relações feudais impostas às mulheres.”

Para produzir alimento, todas as combatentes desta zona cultivam a horta comunitária. Uma nascente jorra a dois passos. Uma vez por semana, o serviço logístico – cuja estrutura permanecerá “confidencial” – lhes fornece arroz, carne, cigarros, pilhas etc. E também jornais e as declarações do presidente Ocalan, transmitidas por escrito por intermédio de seu advogado, uma das raríssimas pessoas autorizadas a vê-lo em sua ilha-prisão. Para o noticiário recente, um pequeno aparelho de rádio permite que o grupo fique conectado ao mundo exterior, graças à BBC. Regularmente, as guerrilheiras debatem temas políticos e sociais. “É a maneira de continuarmos a nos instruir mutuamente”, declara a chefe de seção, 35 anos, a decana do acampamento.

A seu lado está Horin, vinda de Alepo, na Síria, para participar da guerrilha: “Também no território sírio a pressão sobre a população curda é muito forte. Por isso, quando a seção local do PKK me propôs que viesse me formar aqui, aceitei imediatamente”. Seu desejo: voltar à Síria para “conduzir a luta política”. E se o PKK conseguir negociar uma autonomia na Turquia? “Será bom, como no Iraque. Mas a luta deverá continuar até que obtenhamos o grande Curdistão, tal como nos foi prometido pelos Aliados em 1920.” [5]

Milhares de aldeias destruídas, centenas de milhares de pessoas deslocadas à força

Regresso ao acampamento-base, onde passamos a noite. Ao pé dos rochedos, cujas formas imponentes se delineiam por trás da tenda principal, os militantes olham, fascinados, para a tela de uma improvável televisão. A alguns metros, o disco esbranquiçado de uma parabólica esclarece o enigma: Os Visitantes 2, em versão turca! Os rostos dos guerrilheiros se vislumbram à luz bruxuleante das imagens que desfilam, freqüentemente interrompidas pelos “soluços” de uma transmissão aleatória. Perto das mesas de madeira usadas para as refeições, um retrato em preto-e-branco: o rosto imortalizado de um dos fundadores do PKK.

Cinco horas da manhã. O grupo já está reunido diante do chefe. Dez pessoas devem ir buscar lenha. Uma escalada exaustiva de uma hora numa encosta íngreme. Tudo para alimentar diariamente o fogo do chá tradicional. Café-da-manhã. O chefe junta-se a nós. É um rapaz com cerca de trinta anos, de cara fechada, dura, e uma perna que arrasta atrás de si ao se deslocar. “Fui ferido num confronto com o exército turco”, confidencia de imediato. Nascido em Dyarbakir, a capital histórica do “Curdistão norte”, Ahmed se juntou ao PKK aos catorze anos de idade. “Na minha região, a repressão turca foi muito dura: milhares de aldeias destruídas, centenas de milhares de pessoas transferidas à força. Foi nos anos 1990. Estou aqui há dois anos. É uma escolha que exige caráter firme e muitos sacrifícios. Os foguetes turcos, os mísseis iranianos, todos os dias a morte passa perto. Mas se não lutarmos pelo povo curdo, quem lutará?”

Em setembro-outubro, a situação ficou mais tensa no Curdistão. Vários choques confrontaram o exército turco e combatentes do PKK. Volto a pensar nas palavras de Karayilan: “Há anos interrompemos as incursões na Turquia e nossa guerrilha local se limita a responder às provocações dos soldados turcos. Mas se amanhã a Turquia escolher a guerra aberta, saberemos reagir. E todo o povo curdo se erguerá ao nosso lado”.



[1] Michel Verrier, “En Turquie, procès au peuple kurde”, Le Monde Diplomatique, junho de 1999.

[2] Michel Verrier, “Paisagens antes da guerra”, Le Monde Diplomatique Brasil, outubro de 2002.

[3] Combatentes curdos iranianos também estão refugiados nesta zona.

[4] O PKK está inscrito desde 1997 na lista das “organizações terroristas” estabelecida pelos Estados Unidos. Classificação que a União Européia, por sua vez, passou a adotar em 2002.

[5] Com a vitória ao final da Primeira Guerra Mundial, os Aliados previram a criação de um Estado curdo por ocasião do tratado de Sèvres (1920). Três anos depois, o tratado de Lausanne (1923) dividiu a região do Curdistão entre quatro Estados: Turquia, Irã, Iraque e Síria.