Neste ano, FSM será descentralizado
As manifestações ocorrem na mesma data em que as elites promovem em Davos, na Suíça, o Fórum Econômico Mundial. "Com isso, no dia 26, o velho mundo, representado pelos produtores de violência, exploração, exclusão, pobreza, fome e aquecimento global do Fórum Econômico Mundial será confrontado por um outro mundo possível, defendido pelas organizações da sociedade civil componentes do Fórum Social Mundial", diz a convocatória do FSM.
Um ato político-teatral, inspirado na peça Rei Lear, de William Shakespeare, é um dos eventos que ocorrem em São Paulo. A partir das 12 horas, artistas, ativistas e movimentos sociais se concentram em três locais diferentes do Centro e, duas horas depois, se reúnem em frente à Prefeitura. Às 15 horas, todos se dirigem para a Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal, para o ato político de encerramento das atividades.
Já em Belém (PA), sede do Fórum Social Mundial 2009, dois atos políticos estão confirmados. O primeiro será contra a criminalização de rádios comunitárias e pela democratização dos meios de comunicação, enquanto o segundo protestará contra a construção de uma hidrelétrica em Belo Monte. Acontecerá ainda uma palestra sobre instrumentos disponíveis à contestação social, além de debates sobre a presença da mulher no FSM e sobre socialismo no século 21.
O Dia de Mobilização e Ação Global terá grandes manifestações em Curitiba, especialmente na Boca Maldita, onde ocorre o principal ato, a partir das 9 horas. Às vésperas de abrigar, em abril, a próxima edição do Fórum Social do Mercosul, a capital paranaense destacará a luta pela integração latino-americana, pela paz e contra a política imperialista dos Estados Unidos.
"A luta pela ação global deve valorizar a integração regional, não só no sentido econômico como também em termos culturais e sociais. Este é o nosso princípio", declarou ao Vermelho Joel Benin, membro da coordenação do Fórum Social do Mercosul.
Descentralização
De canto a canto do planeta, as atividades carregam consigo os princípios do Fórum Social Mundial, desenvolvendo as estratégias e articulações frente ao sistema neoliberal. Especificamente neste ano, o fórum não manterá a tradição de ter uma ou mais cidades como sedes.
A programação foi totalmente descentralizada, mas está de acordo com o pensamento de que o FSM não é um evento. "É um processo que está vivo nos fóruns locais, nacionais, regionais e temáticos, nas muitas lutas plurais, campanhas, alternativas para um outro mundo que são desenvolvidas em todo o planeta."
Foi uma decisão dos organizadores que o próximo FSM só se realize em 2009, em Belém, dois anos após o Fórum na africana Nairóbi (Quênia). Por isso, abriu-se espaço para que uma ampla mobilização global fosse realizada neste 2008.
Entre as principais pautas de discussão estão as novas ameaças de criminalização do protesto, as lutas contra as bases militares e a militarização, a insustentabilidade do modelo neoliberal e suas implicações para as regiões mais pobres, além da necessidade de construir modelos alternativos de consumo.
O dia 26 de janeiro foi escolhido como forma de manter o confronto - assim como os do FSM em anos anteriores - com o Fórum Econômico Mundial de Davos. A data comum com a reunião das potências neoliberais nos Alpes suíços é para aprofundar a teoria e a prática da dominação do mundo pelo capital.
Princípios
O FSM "é um espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de idéias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações eficazes, de entidades e movimentos da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo", diz a Carta de Princípios do FSM.
Essas entidades, de acordo com o texto, "estão empenhadas na construção de uma sociedade planetária orientada a uma relação fecunda entre os seres humanos e destes com a Terra". Assim, este sábado será cheio de debates, eventos culturais, intervenções artísticas, marchas, protestos, ações diretas e encontros.
Os movimentos sociais de cada lugar chamam a todos os prejudicados pelas políticas excludentes para dar visibilidade à sua luta. Mas cada rede, movimento, organização foi que decidiu como organizar suas próprias ações - e os temas e formato delas.
Camponeses, povos indígenas, mulheres, jovens, sindicatos, artistas, professores, médicos, migrantes, ambientalistas, portadores de necessidade se uniram - se não fisicamente - nas bandeiras que carregam. O Fórum Social Mundial se tornou o principal espaço no qual todos esses movimentos se encontram e constroem alianças.
Fonte:Vermelho