Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Por elaine tavares – jornalista no OLA
Desprovidos de suas terras os mapuches se espalharam pelas cidades, mas nunca perderam a referência de seu lugar e já no início do século XX iniciaram movimentos para a retomada do território original. Com a presidência de Salvador Allende, nos anos 70, essa luta se intensificou e boa parte das terras originárias foram recuperadas. Ainda assim, com a ditadura de Pinochet, a luta arrefeceu e o movimento teve de seguir a passos lentos.
Essa retomada mapuche ainda não acabou. Não existem mais os espanhóis nem os “criollos” independentistas. O inimigo agora são as transnacionais e a elite chilena que insistem em não reconhecer o território, usando dos mesmos velhos métodos de usurpação das terras e criminalização da luta da comunidade. A fase atual do conflito começou no início dos anos noventa quando uma empresa espanhola alagou milhares de hectares de terra com a construção de uma represa, obra que foi repudiada pelos mapuche. Não bastasse isso, madeireiras começaram um trabalho de destruição sistemática das florestas, além da plantação de pinus, o que provoca ainda mais destruição.
É neste contexto que em dezembro de 2001, os mapuches, em mais um episódio da luta pelo território, entram na Empresa Florestal Mininco (um dos maiores grupos empresariais do Chile) e ateiam fogo a ela, num desesperado protesto contra a destruição que esta vinha causando ao meio ambiente, além de estar nas terras mapuches. Nesse episódio, Patrícia Troncoso, uma estudante de teologia e líder comunitária, é presa – junto com outros membros do povo mapuche - e mais tarde condenada a 10 anos de prisão. Só que a lei na qual o “crime” de Patrícia foi enquadrado é a famosa lei anti-terrorista criada ainda no tempo do ditador Augusto Pinochet.
Cumprida já a metade da pena, Patrícia requereu sua liberdade, conforme a lei ordinária. Mas, o fato de ter sido julgada como terrorista a impede que use desta prerrogativa. Além disso, foi afastada para outro cárcere, longe de suas comunidade, para impedir que acontecessem manifestações, recorrentes desde a sua prisão. Indignada com esse tratamento e exigindo que o Estado reveja a lei na qual foi enquadrada, Patrícia iniciou uma greve de fome no dia 12 de outubro de 2007, a qual sustentou até o dia 29 de janeiro de 2008, perfazendo 110 dias, depois que, finalmente, o governo chileno aceitou suas reivindicações. A jovem mapuche deixava claro que só sairia da greve de fome se fosse outorgado o benefício de ir para um Centro de Educação e Trabalho e o direito de liberdade nos finais de semana para ela e mais dois ativistas do seu povo, Jaime Marileo e Juan Millalen.
A semana passada, quando os mais de 100 dias de greve de fome já colocavam a vida de Patrícia em risco, houve uma mobilização mundial por parte de lideranças, intelectuais e populações, para que o governo de Bachelet se sensibilizasse. Foi só aí que o governo decidiu designar uma pessoa para tratar de assuntos indígenas e, entre eles, o de Patrícia. O escolhido foi Rodrigo Egaña Baraona que terá por missão estabelecer o diálogo com o povo mapuche.
Agora, Patrícia vai iniciar um período de recuperação e promete logo estar forte para visitar sua gente. Foi um longo e doloroso processo de luta que precisou ir até as últimas conseqüências, mas a vontade férrea desta mulher que redescobriu suas raízes na luta, foi maior. Na queda de braço com outra mulher, a presidente chilena, venceu a originária. Mas, a grande batalha ainda não teve fim. As terras mapuches seguem invadidas, os campos seguem sendo minados por eucaliptos, a vida se esvai com a fumaça das fábricas de celulose e sob a roda do capital. Muito há por fazer, por isso ninguém duvide que esse povo seguirá sua luta. Como bem diz a própria Patrícia num vídeo gravado desde a cadeia: “Não é possível que essa gente que lutou pela democracia no Chile agora venha colocar preço em nossa vida, colocar preço na terra, em favor de uns poucos”. A luta mapuche está longe de acabar.
Veja o vídeo com o depoimento de Patrícia no endereço:
http://www.youtube.com/v/Fy6_ZQgC2AY&rel=1"
Nunca mais?
A conivência europeia com Israel no genocídio palestino
por Omar Barghouti [*]
Cartoon de Latuff. A União Europeia, o maior parceiro comercial de Israel em todo o mundo, está a observar como Israel endurece o seu bárbaro sítio em torno de Gaza, punindo colectivamente 1,5 milhão de civis palestinos, condenando-os à devastação e à morte iminente de centenas de pacientes necessitados de diálise ou que sofrem do coração, bebés nascidos prematuramente e todos os outros que dependem da energia eléctrica para a sua sobrevivência.
Ao congelar os fornecimentos de combustível e energia eléctrica a Gaza, Israel, o poder ocupante, está essencialmente a garantir que a água "limpa" – só de nome, pois a água de Gaza é a mais poluída em toda a região, após décadas de roubo e abuso israelense – não será bombeada e distribuída a lares e instituições, que hospitais não poderão funcionar adequadamente, conduzindo à morte eventual de muitos, particularmente os mais vulneráveis, fábricas que ainda estejam a trabalhar apesar do sítio serão agora forçadas a encerrar, empurrando a já extremamente elevada taxa de desemprego para níveis ainda mais altos, o tratamento de esgotos terá de ser interrompido, poluindo mais uma vez o precioso e escasso abastecimento de água de Gaza, instituições académicas e escolas não poderão efectuar o seu trabalho habitual, e as vidas de todos os civis serão severamente afectadas, se não irreversivelmente prejudicadas. E a Europa está apática a observar.
O académico Richard Falk, de Princeton, considerou o sítio de Israel um "prelúdio para o genocídio", mesmo antes deste crime mais recente do corte geral dos abastecimentos de energia. Agora, os crimes de Israel em Gaza podem ser precisamente classificados como actos de genocídio, embora lento. De acordo com o Artigo II da Convenção das Nações Unidas sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, de 1948, o termo é definido como:
"Qualquer dos seguintes actos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tais como:
(a) Matar membros do grupo;
(b) Provocar sérios danos corporais ou mentais a membros do grupo;
(c) Infligir deliberadamente ao grupo condições de vida calculadas para provocar a sua destruição física no todo ou em parte".
Claramente, o sítio hermético de Gaza por Israel, destinado a matar, provocar sérios danos corporais e mentais, e deliberadamente infligir condições de vida calculadas para provocar a parcial e gradual destruição física, qualifica-se como um acto de genocídio, se não genocídio total. E a UE está suspeitosamente silenciosa.
Mas por que acusar a Europa, em particular, de conivência neste crime quando quase toda a comunidade internacional não está a levantar um dedo, e o obsequioso secretário-geral da ONU, que ultrapassou todos os seus antecessores na obediência ao governo dos EUA, está pateticamente a fazer meras declarações verbais? Além disso, por que não o próprio governo dos EUA, o mais generoso patrocinador de Israel que está directamente implicado no actual sítio, especialmente depois de o presidente George Bush, na sua visita recente, ter dado um sinal verdade nada subtil ao primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, para arrasar Gaza? Por que não culpar os tranquilos irmãos árabes, particularmente o Egipto – o único país que pode romper imediatamente o sítio com a reabertura do cruzamento Rafah e fornecimento através do mesmo do combustível, energia eléctrica necessários e do abastecimento de emergência? E finalmente, por que não culpar a Autoridade Palestina baseada no Ramallah, cujo líder subserviente e sem visão jactou-se abertamente numa conferência de imprensa do seu "acordo total" com Bush sobre todas as matérias substantivas?
Após Israel, os EUS são sem dúvida a parte mais culpada no crime actual. Sob a influência de uma ideologia fundamentalista, militarista, neo-conservadora que apossou-se do seu leme e de um omnipotente lobby sionista que não tem paralelo na sua influência, os EUA estão numa categoria por si mesmo. Não é preciso dizer que a AP, a ONU, bem como governos árabes e do mundo que mantêm negócios como de costume com Israel deveriam todos ser considerados responsáveis por aquiescência, seja directa ou indirectamente, com os crimes de Israel contra a humanidade em Gaza. Também é verdade que cada um dos mencionados acima arca com a responsabilidade legal e moral de intervir e aplicar a pressão que venha a ser necessária para travar o crime antes de milhares de pessoas perecerem. Mas a UE detém uma posição única em tudo isto. Ela está não apenas silenciosa e apática; na maior parte dos países europeus Israel e instituições israelenses actualmente são bem vindas e procuradas com entusiasmo sem precedentes, generosidade e deferência em todos os campos – económico, cultural, académico, atlético, etc. Exemplo: Israel foi convidado como hóspede de honra de uma grande feira de livros em Turim, Itália. Filme financiados pelo governo israelense são exibidos em festivais de cinema por todo o continente. Produtos israelenses, desde abacates e laranjas a sistemas de segurança de alta tecnologia, estão a inundar mercados europeus como nunca antes. Instituições académicas israelenses estão a desfrutar um acordo de associação especial, muito lucrativo, com órgãos relevantes na UE. Grupos de dança israelenses, bandas de cantores e orquestras são convidados a tours e festivais europeus como se Israel fosse não só um membro normal como também o mais favorecido do assim chamado mundo "civilizado". O outrora desbotado abraço da Europa a Israel tornou-se um intenso, aberto e enigmático caso de amor.
Se a Europa pensa que pode assim arrepender-se do seu Holocausto contra a sua própria população judia, ela está de facto a facilitar vergonhosamente e conscientemente a validação de actos de genocídio recentes contra o povo da Palestina. Mas os palestinos, parece, não contam muito, pois somos encarados não só por Israel como também pelos seus velhos patrocinadores "brancos" e aliados como humanos inferiores, ou relativos. O continente que inventou o moderno genocídio e foi responsável nos últimos dois séculos por massacrar mais seres humanos, sobretudo "humanos relativos", do que todos os outros continentes juntos está a acobertar crimes que recordam em qualidade, embora certamente não em quantidade, os seus próprios odiosos crimes contra a humanidade.
Em nenhum outro assunto internacional, talvez, pode o establishment europeu ser acusado de ser tão desinteressado e indiferente para com a sua própria opinião pública. Enquanto apelos pelo boicote a Israel como um Estado apartheid estão vagarosa mas firmemente a difundir-se entre organizações e sindicatos da sociedade civil europeia, esboçando paralelos perturbadores com o boicote ao apartheid da África do Sul, os governos europeus estão a considerar difícil distinguir-se da posição abertamente cúmplice dos EUA. Mesmo os clichés europeus de condenação e "exprimindo profunda preocupação" tornaram-se mais raros do que nunca nos dias de hoje. Além disso, a cruel e desafiadora violação de Israel das próprias leis de direitos humanos da Europa são ignoradas sempre que alguém questiona se Israel deveria continuar a beneficiar do seu magnânimo acordo de associação com a UE apesar da sua ocupação militar, colonização e horrendo récord de abuso dos direitos humanos contra as suas vítimas palestinas. Se isto não é cumplicidade, então o que é?
Moralidade posta de parte, afundar Gaza num mar de escuridão, pobreza , morte e desespero não pode augurar nada de bom para a Europa. Ao apoiar activamente um ambiente conducente à ascensão do fanatismo e da violência desesperada próximo às suas fronteiras, a Europa está loucamente a convidar a devastação para a sua entrada. Ao invés de prestar atenção – ou pelo menos considerar seriamente – apelos ao boicote, desinvestimento e sanções contra o Israel do apartheid, adoptado por virtualmente todo o espectro da sociedade civil palestina, pode em breve ter de ajustar contas com forças impossíveis de conter de violência irracional e indiscriminada e o caos resultante.
Parece que as elites europeias estão actualmente determinadas a nunca se oper a Israel, não importa que crimes cometa. É como se o clamado – e cada vez mais hipócritas – slogan sustentado por sobreviventes judeus do genocídio europeu, "Never again!" ("Nunca mais!") , fosse agora endossado pelas elites europeias com uma diferença: o acréscimo de duas letras, 's' e 't', no fim — "Never against" ("Nunca contra").
21/Janeiro/2008
[*] Analista político palestino, independente, membro fundador da Campanha Palestina pelo Boicote Académico e Cultural de Israel.
O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/barghouti01212008.html
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
Vale a pena repetir...
A "EPIDEMIA" DE FEBRE AMARELA
Fim de dezembro de 2007. Surge o primeiro caso suspeito de febre amarela deste verão. Rapidamente, o assunto domina o noticiário. A mídia, por conta própria, decreta: a febre amarela voltou. O auge foi conclamar a população a se vacinar
A primeira vez que se cogitou vacinar toda a população foi no final de 1999 e início de 2000. Em Goiás, na Chapada dos Veadeiros, ocorria um grande surto de febre amarela. Ao mesmo tempo, havia alta infestação do mosquito Aedes aegypti em boa parte das cidades brasileiras. O aedes, além de transmitir o vírus da dengue, é o transmissor do vírus da febre amarela urbana.
Após intenso debate com especialistas das nossas principais instituições de pesquisa, o governo optou, como agora, não vacinar os moradores de áreas sem risco. A vacina é eficaz e segura. Porém, ela pode produzir efeitos colaterais, alguns graves; em raros casos, óbitos. No Brasil, há quatro mortes associadas à vacina a partir de 2000. Há fortes indícios de que já exista mais uma. Ocorreu quinta-feira, dia 31 de janeiro, em São Paulo: uma mulher que não precisava se vacinar – ela não pretendia viajar para região de risco – e, ainda, tinha contra-indicações. De
Ambas são doenças infecciosas, causadas pelo mesmo vírus. A última epidemia de febre amarela urbana aconteceu no Acre em 1942. Já a febre amarela silvestre não voltou por uma simples razão: ela nunca foi embora. É de 1692 o primeiro relato da doença no Brasil; foi um surto na Bahia. “Nem irá nos abandonar”, antecipa Castilho. “A menos que se exterminem todos os macacos, o Haemagogus e o Sabethes. Algo totalmente irreal. Afinal, são seres silvestres e fazem parte da natureza.”
1) Vacinação de quem realmente precisa vacinar-se. “Incluem-se, aqui, as crianças que residam ou viajam para as áreas de risco”, alerta o pediatra
Brasil só tem a forma silvestre
Doença infecciosa aguda, de curta duração (no máximo, 10 dias), gravidade variável, causada pelo vírus da febre amarela. Continua a ser importante problema de saúde pública nas Américas e África tropical. Tem dois tipos de transmissão: a silvestre e a urbana. No Brasil, a que existe é a febre amarela silvestre, restrita principalmente às áreas de matas e florestas.
Dos animais para o ser humano
Começando pelo tipo silvestre. O Haemagogus prefere o macaco. Aí, o mosquito, caso esteja infectado, transmite o vírus ao primata, que então se infecta. Assim, um passa o vírus para o outro, sucessivamente. É um ciclo mosquito-macaco-mosquito.
* Em azul, a área indene, isto é, sem risco de febre amarela. Além de não haver circulação do vírus, não tem contigüidade com áreas onde ele circula.
Como você pode se infectar
O vírus da febre amarela não se "pega" como o vírus da gripe, por exemplo. A transmissão não é ser humano a ser humano. É preciso um agente intermediário. No caso, os mosquitos transmissores do vírus da febre amarela, principalmente o Haemagogus, o mais freqüente: "O Haemagogus só nos pica quando entramos de bicão no pedaço dele, e ele não tem outro alimento mais apetitoso por perto", fala sério Ramos-Filho. "Aí, o ser humano acidentalmente se infecta, caso não esteja imune." Portanto, tem risco de se infectar quem:
* Reside nas zonas verde, vermelha e amarela do mapa da SVS/MS e não tomou a vacina.
*Viaja para essas mesmas zonas, em qualquer época do ano e não se vacinou.
Nem todas as pessoas infectadas pelo vírus da febre amarela têm sintomas. Nas que apresentam, eles geralmente aparecem três a seis dias após a pessoa ser picada: febre, calafrios, vômitos; dores de cabeça, nas costas e musculares; fadiga e fraqueza. Essa fase pode ser seguida por ligeira melhora, que dura, em média, 24 horas. Porém, nos casos graves, a febre alta e demais sinais e sintomas reaparecem acompanhados de hemorragia de gengiva, nariz, estômago, intestino e pele (manchas vermelhas no corpo). Icterícia (pele e olhos ficam amarelados) e aumento de proteínas na urina freqüentemente ocorrem nos casos graves. Nos estágios mais avançados, a pessoa pode ter hipotensão, necrose do rim, arritmia cardíaca. Também entrar em coma.
“Não há tratamento específico para a febre amarela”, adverte Euclides Castilho. “Os tratamentos são apenas para os sintomas.”
Entre as pessoas infectadas pelo vírus da febre amarela e que têm sintomas, cerca de 50% morrem. No Brasil, dos 349 casos confirmados de
Vacina, a única prevenção eficaz
Só há uma forma segura de prevenir a febre amarela: vacina. É fabricada com vírus vivo da doença, atenuado, em oito países: Brasil, França, Estados Unidos, Inglaterra, Índia, Rússia, Colômbia e Senegal. São oitos laboratórios, todos pré-qualificados pela OMS. Apenas três produzem para o mercado global, entre eles: Instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz – o maior produtor mundial; e o Instituto Pasteur, na França. A vacina é a mesma. De
Descubra quem deve se vacinar e por quê
Deve ser vacinado quem:
* Ainda não se vacinou e reside em: todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste; todos os municípios do Maranhão e Minas Gerais; municípios do sul do Piauí, oeste e sul da Bahia, norte do Espírito Santo, noroeste de São Paulo e oeste de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Atenção às contra-indicações
Como qualquer vacina composta de vírus vivos (mesmo que atenuados) e cultivados em embriões de ovos de galinha, a da febre amarela tem contra-indicações:
* Bebês com menos de seis meses; há risco de encefalite (inflamação do cérebro).
* Pessoas alérgicas, especialmente a ovo; têm risco de reação grave.
* Pessoas com baixa imunidade devido a doenças ou ao tratamento delas. Por exemplo, câncer, transplante de órgãos ou lupus, que exigem remédios imunossupressores, como corticosteróides em altas doses.
* Gestante ou mulher que pretende engravidar; há risco teórico de o vírus da vacina atravessar a placenta e causar encefalite no feto.
Como toda vacina fabricada com vírus vivos atenuados, a da febre amarela tem efeitos colaterais. Os mais comuns: dor no local da injeção – é imediata; febre baixa, dor de cabeça e mal-estar – três a oito dias após a vacinação. Atingem 5% a 15% dos vacinados. “As reações mais comuns, portanto, são leves, em sua intensidade”, enfatiza Celso Granato.
* Asma, urticária e até choque anafilático em pessoas alérgicas a ovo ou outro componente utilizado na preparação da vacina. Ocorre menos de 1 caso por um milhão de vacinados.
1 óbito para cada 1 milhão de vacinados
O risco de óbito é uma possibilidade remota. Não é exclusividade da vacina contra a febre amarela. Também não é um problema da vacina brasileira. Aconteceu igualmente com a fabricada nos Estados Unidos.
A vacina contra a febre amarela protege você por dez anos. Portanto, só a cada dez anos você tem que se revacinar.
Todos podem ajudar. Faça a sua parte!
Portanto, esta é a realidade hoje:
1) Se você mora ou vai viajar para região de risco de febre amarela, vacine-se se ainda não o fez.
Há 25 anos atua como jornalista especializada em saúde. Já ganhou 22 prêmios por reportagens nessa área. Entre eles, o Esso de Informação Científica e
Sakamoto
Emprestar para produzir a juros baixos é função do Banco do Brasil (aliás, eles deveriam baixar os juros ainda mais, forçando o restante do mercado de crédito e facilitar o acesso a crédito dos pequenos produtores, mas isso é outra história). É por essa razão que ele é público, para fomentar o desenvolvimento. O problema não é emprestar e sim não devolver o empréstimo ou devolvê-lo muito tempo depois. Considerando o fato do banco ser estatal, o calote é em cima de todos nós.
Problemas acontecem, quebras de safra, catástrofes, enfim. Porém, essas desgraças não somam R$ 140 bi – conseqüência de péssimas gestões, financiamentos fantasmas, entre outras causas menos naturais.
Sobra óleo de peroba na dispensa dos grandes produtores rurais. Durante o período de bonança, fazem gastos pessoais e investimentos empresariais além de suas possibilidades. Quando vem uma fase difícil – a queda do preço da soja no mercado internacional, por exemplo - eles pedem para dividir os prejuízos.
É um capitalismo de brincadeira. Eles são capitalistas selvagens quando superexploram trabalhadores, retalham terra pública, roubam os recursos naturais. Mas tornam-se bastante "socialistas" quando nuvens negras se aproximam no horizonte. Não querem nem ouvir dizer de participação mínima do Estado.
Afinal de contas, no discurso, critica-se o Estado e sua ingerência. Na prática, mama-se nas tetas públicas quando as coisas não saem como o planejado. O lucro é depositado. O prejuízo repartido.
Mas os grandes produtores brasileiros têm bons exemplos. O mercado dos Estados Unidos, lar do neoliberalismo e do discurso do Estado mínimo, recebeu a notícia de que o governo iria fazer uma injeção de dezenas de bilhões de dólares nos últimos dias para frear o pânico de uma recessão. Jogam o jogo, perdem e chamam a mamãe para dar um jeito. Lá como aqui, a mãe é o resto da população que não tem fazenda, indústria ou ações. Na hora de cobrir rombos, o Estado é útil.
Não estou esquecendo que endividados estão todos os produtores rurais e não só os latifundiários. Mas os grandes (em menor número, com dívidas gigantes) juntam-se aos pequenos (em maior número, mas com dívidas pequenas) para engrossar o caldo, dizer que o problema é de todo um setor (ou seja, dividir os ônus) e aumentar a pressão. Quando essa ação termina, tudo volta ao normal. Com os grandes bem de vida e os pequenos lutando pela sobrevivência.
Deixo uma sugestão: que tal vetar renegociação de empréstimos com propriedades que desmataram além do limite permitido por lei? Vamos começar pelos 36 municípios sob embargo do governo. Que fique claro a esses proprietários rurais: paguem a dívida ou sejam acionados pelo calote. Garanto que teria muita gente perdendo terra e tomando vergonha na cara.
enviada por Sakamoto
Ao contrário de algumas expectativas mais pessimistas, o Dia de Ação Global do Fórum Social Mundial (FSM) do sábado, dia 26 de janeiro de 2008, alcançou uma ótima cobertura na grande mídia corporativa brasileira. Em artigo publicado no site do Sindicato na véspera do evento, este repórter escrevia: “Quanto à repercussão na mídia, certamente o Dia de Ação Global irá enfrentar terríveis dificuldades nos meios de comunicação corporativos, sempre hostis às atividades centralizadas do FSM, seja em Porto Alegre, em Mumbai ou lá no Quênia”.
E agora, a surpresa: nada menos, nada mais que três milhões e 210 mil citações aparecem na Internet quando se busca o FSM 2008. E esse dado é apenas para as páginas em português. Lá se encontram as matérias da Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo, Jornal do Brasil, jornal Extra (RJ), Diário do Pará, O Liberal, Correio Braziliense, Folha de Pernambuco, agências Estado, JB, Agência Brasil, portal Último Segundo, e texto do Jornal Nacional da TV Globo, até curiosidades como matéria em português do jornal russo Pravda, de Moscou.
Mas, afinal: o que terá acontecido nas redações de jornalões, rádios e televisões? O que se sabe, após alguns contatos: a realização dos fóruns, o dos ricos e poderosos em Davos, e o dos que lutam por mudanças – o FSM – está vinculada entre leitores, ouvintes e telespectadores. Então, falar em Davos na mídia é lembrar do Fórum Social Mundial, criado em Porto Alegre, em 2001, como um contraponto popular ao restrito evento lá na Suíça. Não foram uma ou duas, mas várias pessoas nas ruas e outros locais públicos que perguntavam aos jornalistas daqui de Porto Alegre: “Já começou o Fórum de Davos. E o Fórum Social Mundial 2008, onde será? E quando?”.
Vamos tentar explicar: quando o FSM no Quênia terminou, no final de janeiro de 2007, ficou decidido pelo comitê internacional do evento que em 2008 haveria um dia mundial de ação e mobilização, marcado para o dia 26 de janeiro, mesmo dia de encerramento do Fórum Econômico lá em Davos.
Um grande jornal, o Estadão paulista, chegou a publicar um editorial no ano passado sobre o Fórum do Quênia prevendo a 'agonia' do FSM. A exemplo de outros meios de comunicação, o vetusto jornalão de São Paulo só destacou o que chamou de aspectos 'folclóricos' do evento na África Oriental. E concluía: “Os participantes não se revelaram capazes sequer de se entender sobre o próximo encontro. Em 2008. O evento simplesmente não será realizado”.
Certamente, faltou maior mobilização dos dirigentes do FSM para destacar nos meios de comunicação corporativos – e através deles a todos os interessados – a realização do Dia de Ação Global. Daí derivou o desconhecimento, fora dos círculos de militantes mais mobilizados, do evento deste ano de 2008.
Os jornais de Porto Alegre e o FSM 2008
Enquanto a maioria dos meios de comunicação corporativos dos outros Estados pautou suas matérias sobre o FSM 2008 com uma certa neutralidade ideológica, como que para satisfazer a curiosidade de seu público leitor sobre o evento, a imprensa do Rio Grande do Sul apresentou um comportamento diferenciado. O tradicional Correio do Povo editou uma matéria de apresentação, longa e ilustrada com gráfico do mundo, na sexta-feira, véspera do evento. Nas edições de sábado, 26, e de domingo, 27 de janeiro, o FSM 2008 também ganhou destaque.
A manifestação coordenada pela CUT-RS, abrindo uma tribuna popular para reivindicar a volta do FSM a Porto Alegre no ano de 2010, mereceu inclusive um texto com uma foto colorida na capa da edição de domingo. O jornal O Sul apresentou várias pequenas menções nas colunas de alguns jornalistas locais e poucas notícias curtas. Já o Jornal do Comércio ignorou o evento.
E coube ao jornal Zero Hora o tom menor e mesquinho, bizarro até, com uma notícia na edição 15.491 de sábado, 26 de janeiro, com o título insólito: “Brigada Militar suspeita de invasões em dia de protesto do Fórum Social”. O jornalão da RBS é conhecido por suas posições de repúdio total aos movimentos sociais. Nesta linha editorial, parece que vale tudo, inclusive 'fabricar' esta notícia absolutamente inverídica e baseada em fontes mais do que comprometidas.
Leiam só este trecho: “a Brigada Militar monitora os passos do MST no Estado, em razão de suspeitas de preparação de invasões a propriedades, plantações e laboratórios de multinacionais como Monsanto, Syngenta e Aracruz Celulose. (...) Conforme nota publicada ontem no site da revista Veja, as invasões não estão confirmadas, mas foram detectadas pelo serviço de inteligência de uma das empresas”, diz Zero Hora.
Nada dessas invasões previstas por ZH aconteceu. O evento pacífico, com uma centena de militantes de organizações sindicais, estudantis e políticas, saiu do Palácio Piratini, abriu a tribuna popular na Esquina Popular e seguiu até o Largo Glênio Peres, em frente à Prefeitura de Porto Alegre, despertando a curiosidade dos populares. Durante a passeata, o jornalista alemão Gerhard Dilger comentou com o jornalista gaúcho José Weis, da Comissão de Ética do Sindicato do RS: “Acho que o FSM só voltará a Porto Alegre quando o PT assumir de novo a Prefeitura”.
É possível. Mas um fato concreto: a capital de todos os gaúchos recebeu, a partir do FSM 2001, um destaque internacional. E agora é lembrada, no mundo todo, como o berço do Fórum Social Mundial. No imaginário popular, o FSM, para o bem ou para o mal, está vinculado ao fórum de Davos. E para onde quer que se viaje, basta mencionar Porto Alegre para ouvir a pergunta curiosa dos estrangeiros: “E o Fórum Social, como vai?”.
(*) Renato Gianuca, membro da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Cronicamente Inviável
Trata-se de um fábula moral, feita com a serena contemplação dos sábios e a urgente impertinência das crianças, sobre o absurdo da vida brasileira, que engendrou uma sociedade estruturalmente injusta e incompetente. Sérgio Bianchi não precisa do álibi, de que se serviram os moralistas do passado, de deslocar o território da fábula para um país exótico e irreal, dando-lhe no entanto suficientes contornos próximos para cada um reconhecer a si e aos seus. As coisas são ditas sem peias, numa linguagem crua e levemente irônica.
Gênero: Drama
Diretor: Sergio Bianchi
Duração: 102 minutos
Ano de Lançamento: 2000
País de Origem: Brasil
Idioma do Áudio: Português
IMDB: http://imdb.com/title/tt0212897/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: XviD
Vídeo Bitrate: 830 Kbps
Áudio Codec: MP3
Áudio Bitrate: 114
Resolução: 480x368
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 700 Mb
Legendas: No torrent
- Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil, na categoria de Melhor Filme.
- Ganhou o 3º Prêmio HBO de Cinema.
- Algumas semanas antes de estrear nos cinemas brasileiros, Cronicamente Inviável foi exibido no canal de TV a cabo HBO.
- Apesar de ter sido lançado em pouquíssimas salas no Rio de Janeiro e em São Paulo, Cronicamente Inviável foi um grande sucesso dentro do circuito de arte, tendo levado aos cinemas mais de 30 mil pessoas.
Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.
Cronicamente_Invi_vel.torrent ( 28.07KB ) Downloads: 378
Os candidatos à casa branca e a política internacional : a Palestina | | | |
Luiz Eça | |
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Os pré-candidatos à Casa Branca do partido Democrata, e até alguns republicanos, não têm poupado críticas à política internacional de George Bush. Mas a verdade é que, particularmente no Oriente Médio, hoje o principal “front” externo dos Estados Unidos, o novo presidente, seja quem for, continuará atrás dos objetivos atuais: o controle e a exploração do petróleo da região – a defesa incondicional de Israel –, a guerra sem tréguas contra os movimentos islâmicos, terroristas ou não, e a destruição de qualquer potência emergente fora de sua área de influência.
Analisando o que cada um diz, vemos que as críticas são de forma, não de conteúdo. O que pode mudar é a troca das pressões militares, do uso da força e das violações do direito internacional pela diplomacia, a pressão econômica e a promoção da imagem dos Estados Unidos.
Em vez da violência, marca dos tempos de Bush, teríamos o respeito às normas da boa convivência entre as nações. Em termos, porém. Sempre que os objetivos americanos forem seriamente ameaçados, Gengis Khan entrará em ação. E aí, bolas para o direito internacional.
Começamos hoje a publicar uma série de artigos, analisando as posições dos principais candidatos à sucessão de Bush em matéria de política externa. O primeiro foca a Palestina. Nas semanas seguintes, os temas serão o Iraque, o Irã e, por fim, a América Latina, onde o presidente Chávez e seus aliados Morales, Kirchner e Correa deverão seguir dando trabalho à diplomacia yankee.
Palestina: quem é mais pró-Israel?
O Haaretz, um dos principais jornais israelenses, criou um ranking dos candidatos à Casa Branca, classificados com notas de 0 a 10 de acordo com a intensidade do seu apoio aos interesses de Israel. Todos os principais presidenciáveis foram aprovados com nota acima de 5, mas o Haaretz considerou Rudy Giuliani “o melhor para Israel”, atribuindo-lhe um 8,37. Pesaram nesta escolha frases como “Israel é o único amigo absolutamente confiável dos Estados Unidos” e fatos como a expulsão de Arafat de um concerto no Lincoln Center.
Giuliani desistiu de sua candidatura, mas Hilary, com 7,62 pontos e o segundo lugar no ranking, o substitui à altura nas preferências de Telavive. Ela própria diz por quê: “Minha posição por mais de 20 anos tem sido fazer de tudo para apoiar Israel”. Recorda-se que, já em 1995, procurou convencer o então presidente Clinton a vetar uma resolução da ONU condenando violências de Israel contra os árabes. Falando ao Senado, em outubro de 2000, exigiu que o governo americano cortasse toda a ajuda aos palestinos caso eles declarassem unilateralmente sua independência – com o que, aliás, não estariam fazendo mais do que obedecer à ONU.
Mais recentemente, ela protestou quando a Corte Internacional de Justiça condenou o muro de Sharon por usurpar territórios palestinos. E a invasão do Líbano, que causou a morte de 1.200 civis, contou com seu entusiástico apoio, que se estendeu à oposição do governo Bush ao cessar fogo da ONU, para dar tempo a que os invasores matassem mais soldados do Hisbolá.
Como Giuliani, Hillary também tem frases encomiásticas muito do agrado dos políticos judaicos: “Israel é um farol, indicando o que a democracia pode e deve significar”.
Não é de se admirar que, ao se candidatar ao Senado, tenha recebido financiamentos dos lobbies israelenses que excederam largamente as doações aos demais candidatos (dado da Comissão Eleitoral Federal dos EUA).
Também considerado confiável, John McCain é o terceiro no ranking do Haaretz, com nota 7,12. Para ele, “não pode haver paz admissível entre Israel e o palestinos até que estes reconheçam Israel, repudiem o uso de violência, reconheçam acordos anteriores e reformem suas instituições”. Curiosamente, MCain não exige reciprocidade de Israel, que pode continuar com sua política de “matança seletiva” de adversários do Hamas e sua rejeição a uma Palestina independente, com as fronteiras de antes de o exército israelense ocupar o país.
Para deixar claro até onde vai seu comprometimento com a causa israelense, McCain disse: “A América precisa fornecer a Israel todos os equipamentos militares e a tecnologia que o país requer para se defender, acima e além do que estamos fornecendo agora”. É dose, considerando a péssima situação financeira dos Estados Unidos, hoje.
Mit Romney, o quarto colocado, com 6,5, também tem se derramado em protestos de amizade ao governo de Telavive. Em 2006, ele deixou a AIPAC, principal lobby pró-Israel dos Estados Unidos, encantada quando, como governador de Massachussets, negou proteção policial ao ex-presidente do Irã, Khatami. Foi excesso de sabujice ou de ignorância. Khatami, um moderado, visitava os Estados Unidos buscando um diálogo pela paz entre os dois países.
O ex-pastor batista, Huckabee, vem logo depois. Lotado de preconceitos anti-islâmicos, ele se mostra mais sionista e radical do que os próprios fundamentalistas judaicos ao propor que o futuro estado palestino não se localize na Cisjordânia (que ele considera parte de Israel), mas em um país árabe. É demais para o pessoal do Haaretz! Eles sabem que idéias assim podem lhes ser simpáticas, mas trariam problemas explosivos. Daí, o quarto lugar e o 6 de Huckabee.
Barack Obama passa raspando neste exame, em último lugar, com meros 5. Mereceria classificação melhor, levando-se em conta seus últimos pronunciamentos.
Em visita a Israel, ele rotulou o então primeiro-ministro Sharon de “absolutamente importante e construtivo” para o processo de paz. Invasão do Líbano, bombardeios de Gaza e total assistência militar a Israel têm seu apoio. Além disso, co-patrocinou o Ato Anti-Terrorismo Palestino de 2006, que conclama a comunidade internacional a evitar contatos e financiamentos para o governo do Hamas, “até que ele reconheça Israel, renuncie à violência e desarme-se”. Enquanto isso, faz vistas grossas aos “assassinatos seletivos” de palestinos, à sistemática recusa dos governos de Israel de reconhecer o Estado palestino nos limites definidos pela ONU e ao bloqueio da faixa de Gaza, um ato de violência sem precedentes contra a população árabe.
Apesar de um apoio tão amplo, os israelenses não esquecem que, até eleger-se senador, Obama foi ativo nos movimentos em favor do povo palestino. De lá para cá, vem pendendo sempre para o lado de Israel. É verdade que, ainda no ano passado, ele deu uma “escorregada”.
Ao proclamar que o direito de retorno dos palestinos não poderia ameaçar a integridade do Estado judeu, afirmou que “Israel tem de reconhecer que o Estado palestino precisa ser coeso e capaz de funcionar”. Ora, um Estado palestino emasculado por colônias judaicas espalhadas pelo país, como quer o governo israelense, jamais será “coeso e capaz de funcionar”.
Por essa e por outras, os demais candidatos são mais bem pontuados.
Eleito, McCain deve continuar a linha de Bush de apoio total ao governo de Telavive. Por ser “o mais liberal dos conservadores”, talvez ele faça algumas pressões pontuais para suavizar abusos. Tendo uma longa e estreita associação aos lobbies judaicos americanos e uma atuação pró-Israel sem senões, Hilary não será diferente. Ganhando Romney, o mais “georgista” dos candidatos”, ou Huckabee, o cruzado anti-islâmico, nada deverá mudar.
Mas e Obama?
Será que sua declaração a favor de um “Estado palestino coeso e capaz” ainda vale?
O voto judaico é importantíssimo, talvez essencial nas prévias do Estado de Nova Iorque. Parece que Obama tem isso bem presente, pois, no decorrer da campanha, seu comprometimento com as teses israelense é cada vez maior.
Luiz Eça é jornalista. |
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1. In The Fast Lane
2. Tender Memories
3. Spring Episode
4. Pastoral Harmony
5. The Story Teller
6. The Amazon Forest
7. After The Storm
8. A Journey's End
8. Chopin Prelude
No.20 (with violin Improvisation)
O disse-que-disse da TV Globo
O ano de 2008 ainda não conta dois meses e já vemos o aparato informativo redobrar seus esforços para intensficar uma ofensiva que tem dois alvos claros: a sua própria credibilidade e o governo Lula.
A imprensa brasileira, tal como o diabo, pode ser melhor apreciada nos detalhes. Em pequenas trucagens, direcionamento de coberturas e editorialização de textos que não disfarçam seus propósitos, a marcha batida continua. O ano de 2008 ainda não conta dois meses e já vemos o aparato informativo redobrar seus esforços para intensificar uma ofensiva que tem dois alvos claros: a sua própria credibilidade e o governo Lula. Se há paradoxo, ele é secundário para uma mídia opera na lógica dos fins que justificam os meios.
A cobertura dada pela TV Globo ao depoimento do publicitário Marcos Valério, acusado de ser o principal operador daquilo que a imprensa chama de "o esquema do mensalão", merece um breve registro sobre o tipo de jornalismo praticado pela emissora da família Marinho.
Estamos diante de um noticiário que, objetivando reforçar axiomas, abre espaço para temas repisados, subtraindo qualquer coisa que contrarie a coerência interna das premissas construídas para "explicar" crises políticas recentes. É o reforço necessário para reiterar o dogma da "infalibilidade global".
Trata-se de um jogo de espelho que, confundindo o leitor/telespectador, busca colonizar o seu imaginário através de representações simplificadoras. É o que chamamos de persuasão pelo reducionismo. Um procedimento que tem marcado a prática narrativa do campo informativo de tal forma que, aos profissionais mais jovens, já afeitos à ideologia do jornalismo de mercado, soa com "operação técnica" admissível.
Em seu clássico Ideologia e técnica da notícia, Nilson Lage chama a atenção para dois aspectos constitutivos básicos que não devem ser esquecidos quando se busca uma definição correta da produção noticiosa: a) "uma organização relativamente estável, ou componente lógico"; e, b) "elementos escolhidos, segundo critérios de valor essencialmente cambiáveis, que se organizam na notícia - o componente ideológico".
O telejornalismo global ilustra bem como se dá a seleção de elementos e como eles conformam proposições seqüenciadas pelos interesses políticos do veículo. Mostra, com clareza cristalina, a que estão sujeitos os que já foram condenados pelo tribunal midiático, sem qualquer direito a apelação em colunas ou editoriais.
Interrogado pela Justiça Federal, em Belo Horizonte, Marcos Valério disse, como registra a Folha de S.Paulo (2/2), que "que nunca conversou sobre empréstimos com o ex-presidente do PT, José Genoíno, nem tratou do tema com Dirceu, cuja trajetória política disse respeitar e admirar". Não está em questão a credibilidade ou não do depoente, mas o objeto do fato noticiado.
Preferindo omitir esse trecho do depoimento, o Jornal Nacional de sexta-feira (1/2), informa que "segundo Marcos Valério, o ex-secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, disse a ele que o ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, sabia dos empréstimos ao PT". Mas, tal como destaca o ex-ministro em seu blog, a edição se esqueceu de um dado crucial: Sílvio Pereira nega que tenha dito qualquer coisa.
O "disse-que-disse" e a supressão de algo favorável a um desafeto político não constam das boas regras de cobertura jornalística. Corroboram mais ainda a tese que aponta para a crescente partidarização da imprensa, com destaque para a emissora hegemônica e monopolista.
É sempre bom destacar que o contexto da notícia se dá em lugar, espaço e tempo definidos. Relatos que prescindem de exigência de demonstração têm sentido no campo religioso. Quando se trata de jornalismo, é procedimento ideológico tosco. E de eficácia duvidosa. Temos um longo ano pela frente. A militância das redações não precisa de manuais.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil e Observatório da Imprensa.