Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
UM VIOLINISTA NO TELHADO - 1971
Créditos: Fórum - Stirner
Um Violinista no Telhado
(Fiddler on the Roof, 1971)
Gênero: Drama/Musical
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Sholom Aleichem (livro), Joseph Stein (peça e roteiro)
Produção: Estados Unidos (1971)
Duração: 181 minutos
Fotógrafo: Oswald Morris
Produtor: Norman Jewison e Patrick Palmer
Compositor: Jerry Bock
Áudio: Inglês
RMVB Legendado
Cor
Elenco:
Paul Michael Glaser
Topol
Norma Crane
Leonard Frey
Molly Picon
Paul Mann
Rosalind Harris
Michele Marsh Hodel
Neva Small
Sinopse:
Tevye (Topol) é um pobre leiteiro que mora em uma aldeia na Ucrânia, junto com sua mulher e filhas. O filme mostra a imigração forçada dos judeus para o Ocidente devido à intimidação, através dos pogroms e da política anti-semita da Rússia czarista. O musical, também, mostra as riquezas da cultura judaica em todos os aspectos quotidianos.
Como em todas as culturas, o choque entre o novo e o velho está presente fortemente e, nos mostra que a evolução dos costumes, sempre é acompanhada de conflitos que não poupam nada nem ninguém. Em suma, um filme belíssimo por inteiro, que deixa lições importantes, principalmente sobre a estupidez humana, que ainda continua infinita.
Conquistou três Oscar: Fotografia, Trilha Sonora Adaptada e Som, foi indicado a outras cinco categorias, incluindo Melhor Filme e Diretor.
Uma vez vi um documentário sobre os elefantes do circo, em que explicavam como faziam os domadores para conseguir que tão majestosos animais deixaram de lado sua dignidade paquidérmica e fizessem bobagens para um punhado de humanos idiotas em troca de aplausos e amendoim.
O domador explicava com muito orgulho que o segredo estava em quebrar o espírito do animal. Depois de fazer isto, um elefante, esquecendo que era um elefante e tudo o que isso implica, faria o que fosse com amendoim ou sem ele.
O espírito, descobri minutos mais tarde, se quebra a pauladas, a força de fome, torturas, humilhações de todo tipo até que o elefante se dá conta de que ser um palhaço é mais seguro que continuar sendo o que é.
Algumas vezes acontece que o elefante não consegue se conter. Algo lhe faz click em sua cabecinha e se torna mais elefante que nunca. É então quando pega o domador com sua tromba e o lança com toda a raiva acumulada em sua memória elefântica por anos de torturas e humilhações.
Tempo depois de ter visto os elefantes do circo tive a oportunidade de ir a um circo pior porque é maior, os domadores más cruéis e os elefantes são pessoas.
Me refiro ao circo da ‘’civilização’’ entendendo que esta só é civilizada se vier de Mayami ou Nova Iorque.
A coisa funciona desta maneira: Nos apresentam um modelo ideal de civilização, nos dizem que precisamos pertencer a ela e nos põe um amendoim frente aos olhos. Em troca só temos que deixar que nos quebrem o espírito, que nos amputem os instintos, mas, tranqüilos, que o amendoim é grande e encandeia como um diamante.
Devemos desumanizar-nos para ser civilizados.
Tudo começa durante a gravidez: Uma mãe mayamera deve aprender desde cedo a enterrar o instinto mais poderoso de todos. As mães mayameras freqüentam cursos pré-natais onde lhes ensinam, entre outras coisas, a parir deitadas em uma cama, conectadas a mil cabos, a mil máquinas que fazem uns barulhinhos que lhes lembram que parir não é coisa fácil, que sem doutor nem maquininhas não há forma de fazê-lo, que não são animais, senão mulheres civilizadas e graças aos céus que estão no primeiro mundo para que possam parir em paz.
Também aprendem no cursinho que o leite materno não é mau, mas é inconveniente porque te amarra ao bebê dia e noite, porque você perde sua individualidade, porque você não pode trabalhar se está amamentando, porque tem fórmulas para lactantes que superam o leite materno, isso, graças aos céus e, já sabem, à civilização. Assim que enfermeiras que vestem alegres cores, ensinam as mães a secar seu leite, vendando, de maneira muito moderna, as tetas carregadas de alimento. Dói, mas vale a pena…
Assim chega um humaninho ao mundo, buscando a teta e encontrando uma tetinha de látex, buscando o calor de sua mamãe e encontrando um travesseirinho a pilha, que não só o esquenta senão que também lhe reproduz o ‘’ som uterino’’ de acordo com o que diz a caixa.
O humaninho tem uma mamãe moderna e civilizada que o adora. Ela se promete a se mesma que fará tudo o que estiver em suas mãos para que a seu rebento não lhe falte nada durante os próximos dezoito anos. Sim, ouviu bem, na aula de parto lhe relembraram algo que ela sabia por experiência própria: Os filhos vão embora do ninho ao terminar o segundo grau e você pode voltar a ser feliz com seu parceiro, isso se antes não se divorciaram civilizadamente.
Para dar-lhe tudo o que necessita o bebê, a mãe lhe tira o único que realmente precisava e o inscreve na creche de 8 a.m a 6 p.m. Assim fica o pequeno em um berço comunitário olhando pro teto, enquanto “mommy’’ trabalha para comprar-lhe um carrinho lindo, roupinhas para desmaio, e, claro, depositar desde já em uma poupança universitária porque “baby’’ será médico.
Baby tem avós que moram longe, graças a Deus. Toda pessoa civilizada sabe que os velhos incomodam com suas dorzinhas e suas manias. Por tanto, temos um bebê numa creche de infância e uns avós em outra, quando seria muito mais sadio, mais feliz e mais econômico ter todos em casa. Os avós não se sentiriam como bagaços inúteis e o bebê teria uns braços amorosos onde passar o dia.
Mas temos um bebê civilizado, independente, que não tem apego a sua mãe e ao sair do segundo grau irá embora de sua casa, e chegará o dia que, sem muito problema, executará sua maior vingança: enfiar seus pais desvalidos em uma casa de saúde.
A família humana, a ancestral, a verdadeira, não tem cabida no mundo civilizado, não é produtivo ter pessoas que parem de trabalhar para cuidar uma gripe de um filho, o cuidar do avô com tosse, não é produtivo deixar de pagar creches cheinhas de funcionários que por sua vez pagam outras creches cheinhas de funcionários que por sua vez…
Se suportamos esta dolorosíssima amputação do instinto maternal, os seguintes instintos poderão ser extirpados sem anestesia. Ao desbaratar os vínculos mais fortes entre os seres humanos, nos quebram o espírito como fazem com os elefantes.
Mas por que chegamos a fazer essas idiotices?
Pelo amendoim.
Um amendoim de quatro quartos, cozinha minimalista, e sacada com alguma vista. Amendoim 4X4 com DVD e porta copos, amendoim em classe turista com orelhas de rato, um amendoim cheio de logotipos que mostrem que não é um amendoim qualquer embora qualquer um possa tê-lo. Um amendoim privado bilíngüe com atividades extracurriculares, um amendoim com campo de golfe solo para sócios seletos…Em fim o cobiçado amendoim do sucesso.
Como os pobres elefantes do circo, perdemos a nossa essência, funcionamos por impulsos externos aos quais somos vulneráveis e suscetíveis a sermos manipulados. Mas, como os elefantes, podemos fazer clique e jogar para longe o domador com a tromba e cagar-nos no sistema, no sucesso, no amendoim e, desde o melhor de nossa humanidade, fazer uma revolução.
Tanta miséria por um amendoimzinho…
Versão em português: Tali Feld Gleiser de América Latina Palavra Viva.
Se Vida significasse...
Se vida significasse alegria,
Não haveria fome
Não haveria guerra
Não haveria traições
Não haveria mortes
Não haveria qualquer espécie de dor
Não haveria solidão
Porém se vida significasse dor,
Não haveria sexo
Não haveria fartura
Não haveria amor a um filho
Amor a um amigo
Amor a um parente
Deleite ao comer
Deleite ao relacionar-se
Não haveria união
E se a vida significa união de alegria e dor
A vida significa família!
Carlos Costa
Art Taylor-Donald Byrd-Jackie McLean - Taylor's Wailers (1957)
Art Taylor - Donald Byrd - Jackie McLean - Taylor's Wailers (1957)
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Personnel:
Donald Byrd (trumpet)
John Coltrane (tenor sax)
Jackie McLean (alto sax)
Charlie Rouse (tenor sax)
Ray Bryant (piano)
Red Garland (piano)
Wendell Marshall (bass)
Paul Chambers (bass)
Art Taylor (drums)
Tracks:
1. Batland 9:53
2. C.T.A. 4:44
3. Exhibit A 6:15
4. Cubano Chant 6:36
5. Off Minor 5:38
6. Well, You Needn't 7:55
Mega-projeto de infra-estrutura, IIRSA busca integrar continente sul-americano de modo a facilitar exportações
Igor Ojeda (correspondente em La Paz, Bolívia) e
Luís Brasilino (da Redação)
Do centro da América do Sul, para os oceanos. Do Pacífico, para o Atlântico. Do Atlântico, para o Pacífico. Não importa a direção e o sentido. O destino será quase sempre o mesmo: o mercado externo.
Essa é a lógica da Iniciativa para a Integração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), mega-projeto que, como o nome revela, tem como objetivo a conexão rodoviária, fluvial, marítima, energética e de comunicação do continente.
A IIRSA foi criada em agosto de 2000, em Brasília, por 12 países sul-americanos (só a Guiana Francesa não aderiu), quando, em um encontro que tinha o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como anfitrião, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apresentou o projeto. Todos os governantes aceitaram a sugestão.
Extração
“A IIRSA obedece ao modelo de liberalização dos mercados, privatização e extração de recursos. O objetivo é o de acelerar a exportação de matérias-primas”, opina a mexicana Paulina Novo, coordenadora do Projeto Biceca (Construindo Consciência Cívica Informada para a Incidência e a Conservação na Amazônia Andina, na sigla em inglês), que realiza amplos estudos sobre a IIRSA.
Ela lembra que, além dos inúmeros impactos que os mega-projetos podem causar no meio ambiente e nas comunidades camponesas e indígenas (quase nunca consultadas ou ouvidas de modo inadequado), o projeto, além de manter a dependência da América do Sul em relação às nações ricas, pode aprofundar as assimetrias internas e regionais, pois abrirá as portas para os produtos brasileiros nos demais países do continente. O Brasil, por sinal, figura como o grande impulsionador regional da iniciativa.
Privatização
A IIRSA prevê 507 grandes obras em 20 anos, com um investimento total estimado em 70 bilhões de dólares. Destes, segundo Paulina, 21,2 bilhões de dólares já estão sendo executados, em 145 projetos.
Para o sociólogo Luis Fernando Novoa, da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais, a iniciativa representa o estágio final das reformas neoliberais levadas a cabo desde os anos 1990. “Os setores econômicos que sobrevivem aos processos de reestruturação são absolutamente dependentes dos mercados internacionais como supridores, intermediários ou distribuidores. Ao invés do tripé desenvolvimentista dos anos 1960/1970 (Estado, capital nacional e capital estrangeiro), o que se prefigura em projetos como esse é um organismo público-privado que operacionaliza e naturaliza a lógica do capital financeiro e dos setores privatistas, em nome da competitividade, da produtividade e do crescimento”, avalia.
Segurança jurídica
Para ele, a IIRSA deve ser encarada não como um projeto em si mesmo, e sim como “uma metodologia de repasse de recursos naturais, mercados potenciais e soberania a investidores privados, em escala continental, com respaldo político e segurança jurídica”.
Na página na internet da IIRSA (www.iirsa.org), pode-se ler que a iniciativa tem “como objetivo promover o desenvolvimento da infra-estrutura com base em uma visão regional, procurando a integração física dos países da América do Sul e a conquista de um padrão de desenvolvimento territorial eqüitativo e sustentável”.
Para Magnólia Said, presidente do Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar), não é bem assim. De acordo com ela, o projeto não foi pensado como proposta de aproximação entre países e suas populações, mas como incorporação e adaptação de territórios, de modo que estes possam trazer benefícios de interesse ao capital.
Endividamento
“Nenhum dos projetos de infra-estrutura definidos para as áreas de maior incidência de recursos estratégicos têm em vista favorecer as populações pobres, ribeirinhas, indígenas, quilombolas e camponesas”, analisa Magnólia, que lembra que um plano coordenado e financiado pelo BID não pode resultar em quebra de estrutura de dominação.
De acordo com dados de Paula Novo, do Biceca, os governos financiarão 62,3% dos projetos da IIRSA. A iniciativa privada bancará 20,9%, enquanto o restante virá de instituições financeiras, como o BID, a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Brasil.
Ou seja, há ainda o risco da dívida externa dos países sul-americanos crescerem. “A dívida não é apenas uma questão financeira, mas, principalmente, um instrumento político, pois garante a implementação do interesse das instituições financeiras multilaterais e das grandes corporações, translatinas e transnacionais”, alerta Elisângela Soldatelli Paim, coordenadora de projetos do Núcleo Amigos da Terra Brasil (leia reportagem completa na edição 258 do jornal Brasil de Fato).
Um voto democrático de desconfiança
Amira Hass
Mas, além do fato de que a modéstia das exigências salariais são resultado direto da política de bloqueio econômico pela potência ocupante – Israel –, a greve é desafio considerável à estabilidade e ao poder do governo do primeiro ministro Salam Fayyad e comprova evidente desgaste de credibilidade.
O setor público sempre foi tradicional base de apoio da Autoridade Palestina. Muitos dos servidores públicos na Cisjordânia apóiam o Fatah e o representam nos sindicatos.
Enquanto a ravina que separa os governos de Ramállah e de Gaza fez aumentar o prestígio da Autoridade Palestina nos países ocidentais, a disputa entre os servidores públicos e o governo de Ramállah reduz a capacidade da Autoridade Palestina para cumprir acordos firmados com países e entidades apoiadores, especialmente o Banco Mundial.
Dentre outros, estes acordos obrigam a reduzir o item “salários” no orçamento (mediante demissões e cortes nos salários) e a cobrar impostos, a serem pagos às prefeituras, pelo consumo de eletricidade e água. Em outras palavras, a luta dos servidores públicos contra o governo de Salam Fayyad – servidores dos quais depende a legitimidade do mesmo governo – pode também ameaçar a avaliação do governo, aos olhos dos representantes da economia global.
Os funcionários públicos palestinos fazem três principais reivindicações: que os salários sejam reajustados pelo custo de vida; aumento real no item “despesas de viagem” dos salários (sem reajuste desde 1999, apesar de os preços de passagens terem duplicado e triplicado em função dos bloqueios das estradas e do aumento do preço do combustível); e fim da exigência, recentemente implantada, de apresentação de um ‘certificado de honestidade’ que confirme “pagamento de todas as dívidas”.
O governo decidiu condicionar a prestação dos serviços públicos, a partir deste mês, a apresentação deste certificado, obrigatório em todas as prefeituras e empresas fornecedoras de eletricidade e água. A exigência afeta todos os serviços básicos, como emissão de carteiras de identidade, passaportes, licenças para dirigir e autorização para comerciar (exclui a licença para viajar, fornecida pela administração pública israelense).
O governo também planeja descontar o pagamento de dívidas diretamente dos salários dos funcionários públicos. Não surpreende que os representantes sindicais já falem do renascimento de métodos adotados pela ocupação israelense, que condicionava a emissão de alvarás para trafegar e construir, ao pagamento de vários tipos de dívidas. Mas a oposição dos servidores públicos ao governo não tem só causas simbólicas. Os sindicatos acusam o governo de implantar regras ilegais, pois pressupõem que o cidadão palestino seja culpado até que prove que é inocente.
Segundo dados do Banco Mundial, os residentes e conselhos locais palestinos começaram a acumular dívidas a partir de 2002, por não pagarem as contas de água e eletricidade. Em 2007, estas dívidas já estão estimadas em cerca de 512 milhões de dólares. Israel, principal fornecedor de eletricidade e água, abate estes pagamentos diretamente do montante de taxas e impostos cobrados dos palestinos, nas fronteiras e portos, antes de transferir o saldo para o Tesouro da Autoridade Palestina. Este fato justifica, na opinião de Fayyad, que o governo exija dos funcionários públicos o pagamento das contas devidas.
Os porta-vozes do governo, inclusive o próprio Fayyad, têm falado repetidamente contra uma “cultura de não pagar contas”, retratando os palestinos como devedores contumazes. Com isto, faz aumentar a animosidade contra seu governo. O governo da Autoridade Palestina também não paga o que deve aos funcionários, a instituições e a empresas privadas, e pede que se considere “a situação econômica”. As regras agora impostas ignoram os muitos anos de crise econômica, ao longo dos quais os palestinos perderam fontes tradicionais de renda e de poupança.
Muitas das forças políticas da OLP (Organização de Libertação da Palestina), inclusive o movimento Fatah, já manifestaram apoio ao movimento dos trabalhadores da administração pública palestina, e oposição ao ‘certificado de honestidade’. Nos últimos dias, a ação coletiva contra o governo começou a dar frutos: as autoridades começam a falar em alterar as novas regras, de modo a que não estigmatizem todos os palestinos como ‘devedores contumazes’.
A greve do funcionalismo público palestino – e toda a discussão pública e interna que a acompanham – é uma fascinante lição de o quanto os palestinos ainda sabem usar o seu poder coletivo; de como se opõem a uma política econômica liberal de ocupação e colonização. Assim, estão impondo hoje um voto democrático de desconfiança contra o governo e a classe dirigente.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
XUL SOLAR
HOMENAGEM AO PIONEIRISMO SURREALISTA DE XUL SOLAR
Pioneiro na arte surrealista e antecessor de Paul Klee, amigo do escritor José Luis Borges, Alejandro Xul Solar, é o artista homenageado pela I Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Suas obras estão expostas no Espaço Cultural Aplub,
Xul Solar, nasceu
Segundo depoimento de seus conterrâneos, falava e escrevia seis idiomas vivos, além do latim, do grego e do sânscrito. Este conhecimento lingüístico levou-o a criar duas línguas, o "neocrilo", fundada em raízes provenientes do latim, com expressões locais, latino-americanas, e "panlengua", que pode ser vista como uma das muitas construções similares ao "esperanto".
Xul Solar integrou, nos anos 20, o grupo denominado Martin Fierro, que instaurou o modernismo na Argentina e do qual faziam parte, entre outros, Olivério Girondo, Macedônio Fernandez e Jorge Luiz Borges. Este, ao apresentar mostra de Xul Solar, em 1949, afirmou ser ele "um dos acontecimentos singulares de nossa época", afirmando, em outra oportunidade, que nunca conheceu um homem de "tão rica, heterogênea, imprevisível e incessante imaginação".
O artista argentino produziu algumas centenas de desenhos, aquarelas (seu meio de expressão preferido) e pinturas, geralmente de pequeno porte, as quais, juntas, formam uma espécie de escritura plástica. Arte semiótica. Além da figura humana, estilizada geometricamente, mas sem perder sua dimensão mágica, das arquiteturas e bandeiras, proliferam em suas obras signos e símbolos, muitos deles esotéricos e arcaizantes, tais como estrelas, flechas, hieróglifos, números, letras, etc. Signos e símbolos que ocupam um espaço mental e imaginário, isto é, não-realista. Em suas proposições, Xul Solar antecipa-se ao Surrealismo, assim como tangencia o Maneirismo e o Dada. Sua pintura não exige uma interpretação literal de seu sentido, podendo ser apreciada independente das questões místicas e esotéricas que a fundam.
(Jornalista Joyce Larronda - Reg. Prof.: 5349-RS/BR)