Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quinta-feira, 20 de março de 2008
Não adianta sou torcedor....eheheheheh
A atuação não foi das melhores, mas valeu o esforço do time de Abel Braga. Dois gols no segundo tempo, com Alex e Adriano, garantiram o resultado para a equipe de Porto Alegre, que agora ganha uma folga na tabela para se concentrar no Gauchão. Copa do Brasil, só em abril.
Correria no primeiro tempo
O Inter sabia que não seria nada fácil. E não foi. O Chapecoense fez frente ao time gaúcho no primeiro tempo. O equilíbrio nasceu de um jogo muito corrido. A bola não parou. Viajou de um lado para o outro, pererecou por todos os cantos. O duelo foi particularmente forte na meia-cancha, recheada por cinco jogadores do Inter e seis do Verdão.
Na prática, houve uma grande chance para cada lado. Com cinco minutos, Andrezinho (o substituto de Magrão, afastado junto com Iarley por problemas estomacais) recebeu livre pela direita, na entrada da área, e chutou por cima. Perdeu gol claro. A resposta efetiva só aconteceu aos 41, em lance parecido, mas pelo meio. Everton César mandou uma bomba, defendida com qualidade por Renan.
Antes de terminar o primeiro tempo, dois incidentes chamaram a atenção. Em um único minuto, o Chapecoense perdeu o centroavante Cadu (que conseguiu quebrar um dedo da mão e machucar o nariz no mesmo lance) e o goleiro Nivaldo. Em um dos últimos lances do período, o zagueiro Téio espalmou a bola dentro da área. Pênalti claro, daqueles que todos no estádio vêem, menos o árbitro. Abel Braga ficou na bronca.
- Pô, ele não viu, mas o pênalti foi escandaloso - reclamou o treinador, enquanto marchava para o vestiário.
Inter mata o jogo
O Inter não ia lá muito bem das pernas no primeiro tempo. Pois conseguiu voltar ainda pior no segundo. Além de continuar com a rotina de errar tudo que era cruzamento, dos espaços mais variados do campo, o time do Abelão perdeu articulação e ficou menos agudo na frente. Chances de gol viraram artigo raro para os vermelhos.
Mas não para os verdes. O Chapecoense só não abriu o placar aos 18 porque Renan fez defesa espantosa em chute de Dalmo. O jogo parecia totalmente sem perspectivas para o Inter até a expulsão de Marcelo Guerreiro, pouco depois da metade do período. E mudou radicalmente a ártir daí. O Colorado ganhou espaço e, de quebra, o jogo. Aos 29, Marcão cruzou da esquerda e Alex, de cabeça, fez 1 a 0.
Na seqüência, Fernandão, em nova atuação apagada, perdeu chance clara. Ele recebeu livre na pequena área, mas foi vencido pelo goleiro Ricardo, com ótima defesa na conclusão do capitão. O gol desperdiçado pelo camisa 9 foi aproveitado por Adriano, e no apagar das luzes. Aos 47, Adriano recebeu pela direita, dentro da área, e bateu em diagonal, para o fundo da rede.
Ficha do jogo
CHAPECOENSE 0 x 2 INTERNACIONAL
Nivaldo (Ricardo)
Augusto
Téio
Marcelo Guerreiro
Tiago
Maurício
Dino
Everton César
Eder (Fábio)
Santos
Cadu
(Dalmo)
T: Luiz Carlos Cruz Renan
Índio
Orozco
Marcão
Wellington Monteiro (Jonas)
Edinho
Andrezinho
Alex (Guto)
Guiñazu
Gil (Adriano)
Fernandão
T: Abel Braga Gols: Alex, aos 29, e Adriano, aos 47 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Augusto, Marcelo Guerreiro, Dino, Maurício (Chapecoense); Índio (Inter)
Cartão vermelho: Marcelo Guerreiro (Chapecoense)
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG)
Auxiliares: Márcio Eustáquio S. Santiago (MG) e Helberth Costa Andrade (MG)
Data: 19/03/2008
Estádio: Índio Condá, em Chapecó (SC)
quarta-feira, 19 de março de 2008
Os estragos causados pelo derrame deplásticos tornaram o consumidor um colaboradorde um desastre ambiental de grandes proporções.
André Trigueiro
Os supermercados, farmácias e boa parte do comércio varejista embalamem saquinhos tudo o que passa pela caixa registradora. Não importa o tamanho do produto que se tenha à mão, aguarde a sua vez porque ele será embalado num saquinho plástico. O pior é que isso já foiincorporado na nossa rotina como algo normal,como se o destino de cada produto comprado fosse mesmo um saco plástico.
Outro dia fui comprar lâminas de barbear numa farmácia e me deparei com uma situação curiosa: a caixinha com as lâminas cabiaperfeitamente na minha pochete. Meu plano era levar para casa desta forma prática. Mas num gesto automático, a funcionária registrou a compra e enfiou rapidamente a mísera caixinhanum saco onde caberiam seguramente outras vinte. Pelas razões que explicarei abaixo,recusei gentilmente a embalagem.
Os estragos causados pelo derrame indiscriminado de plásticos na natureza tornaram oconsumidor um colaborador passivo de um desastreambiental de grandes proporções. Feitosde resinas sintéticas originadas do petróleo,esses sacos não são biodegradáveis e levamséculos para se decompor na natureza.
Usando a linguagem dos cientistas, esses saquinhos são feitos de cadeias moleculares inquebráveis, e é impossível definir com precisãoquanto tempo levam para desaparecerno meio natural. No caso das sacolas de supermercado,a matéria-prima é o plástico filme,produzido a partir de uma resina chamadapolietileno de baixa densidade (PEBD).
No Brasil são produzidas 210 mil toneladas anuais de plástico filme, 9,7% de todo o lixo do país. Abandonados em vazadouros, impedem a passagem da água, retardando a decomposição dos materiais biodegradáveis, e dificultam a compactação dos detritos. Quando seguem pelos rios e chegam ao mar provocam a morte de inúmeros peixes e tartarugas,que os confundem com algas.
Essa realidade que tanto preocupa os ambientalistas no Brasil, já justificou mudanças importantes na legislação - e na cultura - de vários países europeus. Na Alemanha, por exemplo, a plasticomania deu lugar à sacolamania (cada um levando sua própria sacola). Quem não anda com sua sacola a tiracolo para levar as compras é obrigado a pagar uma taxa extra pelo uso de sacos plásticos nos supermercados(o equivalente a R$ 0,60 cada).
Na Europa, a guerra contra os sacos plásticos ganhou força em 1991, quando foi aprovadauma lei que obriga os produtores e distribuidoresde embalagens a aceitar de volta e a reciclarseus produtos após o uso. E o que fizeram osempresários? Repassaram imediatamente oscustos para o consumidor. Além de antiecológico,ficou bem mais caro usar sacos plásticos naAlemanha. Na Irlanda, desde 1997 paga-se umimposto de nove centavos de libra irlandesa porcada saco plástico. A criação da taxa fez multiplicaro número de irlandeses indo às comprascom suas próprias sacolas.
Em toda a Grã-Bretanha, a rede de supermercados CO-OP lançou uma campanha original e ecológica: todas as lojas terão seus produtos embalados em sacos plásticos 100% biodegradáveis. Até dezembro deste ano, pelomenos 2/3 de todos os saquinhos usados narede serão feitos de um material que, segundotestes em laboratório, se decompõe 18 mesesdepois de descartado. Com um detalhe interessante:se por acaso não houver contato coma água, o "plástico degradável" se dissolve assimmesmo, porque serve de alimento paramicroorganismos encontrados na natureza.
Não há desculpas para não estarmos igualmente preocupados com a multiplicação indiscriminada de sacos plásticos. O Brasil tem uma das legislações ambientais mais avançadas do planeta(como em tudo, pouco usada e respeitada),mas ainda não acordou para o problema dodescarte de embalagens em geral, e dos sacosplásticos em particular.
A única iniciativa de regulamentar o que acontece de forma aleatória e caótica foi rechaçadapelo Congresso na legislatura passada.O então deputado Emerson Kapaz foi orelator da comissão criada para elaborar a"Política Nacional de Resíduos Sólidos". Entreoutros objetivos, o projeto apresentavapropostas para a destinação inteligente dosresíduos, a redução do volume de lixo no país,e definia regras para que produtores e comerciantesassumissem responsabilidades emrelação aos resíduos que descartam na natureza,assumindo o ônus pela coleta e processamentodesses resíduos.
O projeto não chegou a ser votado. Mais uma omissão dos nossos parlamentares que não pode ser atribuída ao mero esquecimento: há um lobby poderoso no Congresso para esvaziar propostas que atingem setores da indústria e do comércio. É preciso declarar guerra contra a plasticomania e se rebelar contra a ausência de legislação específica para a gestão dos resíduos sólidos. É necessário pressionar os congressistas para que votem esta matéria. Enviar e-mails aos deputados é uma forma de ajudar.
André Trigueiro é jornalista e pós-graduado em meio ambiente.
IG demite Paulo Henrique Amorim e tira site do ar
O jornalista Paulo Henrique Amorim foi demitido por fax pelo portal IG, no final da tarde desta terça-feira. O site Conversa Afiada foi retirado do ar. Amorim promete colocar novo site no ar ainda hoje.
Redação - Carta Maior
Paulo Henrique Amorim disse também que não poderia gravar entrevista por não ter consultado seu advogado. O jornalista disse que não foi informado do motivo que levou à decisão do IG.
"Paulo Henrique Amorim, que também é repórter da TV Record, é crítico tanto de José Serra quanto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso", lembrou Vi o Mundo, que também informa:
Dentro de duas horas vai entrar no ar um novo site de Paulo Henrique Amorim. O endereço será http://www.paulohenriqueamorim.com.br.
Daniel Santos - Legends Of Cuban Music @ 320
Daniel Santos - Legends Of Cuban Music @ 320
01. Recordando A Cuba
02. Cuidadito Compay Gallo
03. Son De La Loma
04. El Que Siembra Su Maiz
05. Sabor A Mi
06. Suavecito
07. Buey Viejo
08. La Loma De Belen
09. Ay Que Bueno
10. Piruli
11. Masabi
12. Recordando A Cuba (Medley)
Total Size: 78,16MB
http://rapidshare.com/files/99184374/danielsantoscubanlegend6.rar
terça-feira, 18 de março de 2008
Curso de Boas Maneiras em Israel |
Tali Feld Gleiser |
“Uma nação digna de seguir já que ela sempre vai em função de uma prevenção primária, secundária e terciária. Mais do que tudo dando o exemplo desde a criança até o adulto”.
“Efetivamente, a prevenção é integração, é trabalho de todos. Os diferentes atores sociais têm que ter responsabilidade frente ao tema”.
“Deu as idéias para começar a gerar uma participação mais ativa dos cidadãos com as autoridades do meu país”.
Estas são algumas declarações de um grupo de “líderes americanos” [1] que participaram em uma capacitação de segurança cidadã em Israel. Segundo o sítio israelense Infolive TV, são milhares os “líderes latino-americanos” que faz anos vão a Israel para capacitar-se em diversos temas.
Estes meios de (des) informação chamam de líderes a simples desconhecidos. O objetivo de dar esse tipo de capacitação é instruir para aplicar os mesmos métodos que o estado de Israel aplica? Sim, é óbvio. Do contrário, não teriam esta “solidariedade” internacional com sujeitos que vem em Israel algo positivo no tema da segurança. Apesar de dizer que “Israel se encontra na vanguarda: desenvolvimento, inovação tecnológica, educação, segurança e medicina”, o único exemplo que dão é sobre a participação de um grupo num programa de segurança cidadã.
De acordo com a enciclopédia virtual wikipedia, o país tem 7.500.000 habitantes. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que se mede com base em parâmetros: vida longa, educação e nível de vida digno, está no 23º lugar entre todos os países do mundo. Sua densidade de populações é de 324 hab/km2. A Faixa de Gaza tem 360 km2 e uma densidade de população de 3.880 hab/km2.
Cisjordânia tem aproximadamente 3.500.000 habitantes palestinos (incluindo Jerusalém Leste, região anexada por Israel, contrariando a resolução 181 da ONU que adjudicava esta cidade ao estado palestino). Também se encontram 275.000 colonos judeus e 200.000 israelenses judeus em Jerusalém Leste.
Israel não reconhece formalmente a anexação de Cisjordânia e diz que em 2005 efetuou a retirada unilateral da Faixa de Gaza. Todos os dias, o estado sionista nos demonstra que é um regime de ocupação que não tem nenhum plano de retirada real destes territórios que formariam parte de um futuro estado palestino. A ocupação foi declarada pela ONU na resolução 242. Então, quem são os cidadãos em Israel que se vêm beneficiados por estes programas de segurança cidadã? Na quinta-feira passada o ex-motorista de uma escola de estudos bíblicos abriu fogo contra um grupo de estudantes de entre 16 e 26 anos. 8 deles foram assassinados. Até hoje não há nenhum grupo que tenha se adjudicado o atentado, apesar das diferentes versões sobre a responsabilidade de Hamas. Os líderes desta agrupação guardam com relação a este fato. A população palestina se defende como pode, lança mísseis artesanais à ciade de Sderot.
Faz 60 anos que Israel expulsa a população palestina autóctone e expropria suas terras em nome do sionismo. Mais de 60 resoluções da ONU têm sido totalmente desconsideradas e violadas por Israel. Entre janeiro e fevereiro de 2008, o exército israelense assassinou 249 pessoas, 96 delas em 72 horas, a maioria civis, alguns deles crianças. O Tribunal Internacional de Justiça da Haia declarou o muro ilegal e Israel continua sua construção. O estado sionista de Israel atua sempre por cima da Lei e nenhuma sanção lhe é imposta.
Que podem aportar à América Latina esses programas de segurança? O governo colombiano, por ordem do supremo chefe, EUA, translada a guerra interna colombiana e viola território equatoriano para massacrar um acampamento de guerrilheiros colombianos e estudantes mexicanos da Universidade Autônoma de México. Entre eles se encontrava o representante das FARC, Raúl Reyes, contato para o acordo humanitário que essa agrupação insurgente estava totalmente disposta a cumprir, como o demonstra a liberação unilateral de 7 retidos. Colômbia sabe muito bem o que significam esses programas para “líderes latino-americanos” como Carlos Castaño.
[1] http://www.infolive.tv/es/infolive.tv-5889-israelnews-lideres-latinoamericanos-en-israel
Versão em português: Raul Fitipaldi de América Latina Palavra Viva.segunda-feira, 17 de março de 2008
Led Zeppelin - Brutal Artistry - 1974
(The alternate Physical Graffiti)
Créditos:LooLoBlog
CD 1
Headley Grange Studios, Hampshire, U.K., 1974
1. 3:32 The Wanton Song #1
2. :47 The Wanton Song #2
3. 6:04 Take Me Home
4. 6:07 In The Morning #1
5. 19:09 Trampled Underfoot
6. 5:35 In The Morning #2
7. 3:49 Sick Again
8. 1:18 The Rover
9. 3:31 Untitled instrumental
10. 12:36 In My Time Of Dying
Total 62:28
CD 2
1. 62:05 Swan Song
(unreleased Page only instrumental full version)
Total 62:05
CD 3
1. 10:42 Ten Years Gone
2. 4:34 The Wanton Song
3. 5:42 Trampled Underfoot
4. 8:49 Kashmir
5. 4:49 Custard Pie
6. 7:25 In The Light
7. 1:28 Swan Song (full instrumental final mix segment 1)
8. 3:50 Swan Song (full instrumental final mix segment 2)
Total 47:19
As Forças Armadas na América Latina |
Elaine Tavares |
A agressão do governo da Colômbia, através do títere estadunidense Álvaro Uribe, à soberania do Equador, coloca mais uma vez em questão o papel das forças armadas nos países latino-americanos. A que tipo de política se prestam, afinal? Bom, para se ter essa resposta há que voltar no tempo e recorrer à história.
Conforme conta o coronel argentino Horácio Ballester, em artigo no livro “La Integración Militar del Bloque regional de Poder, de Heinz Dieterich, a relação mais visceral com os Estados Unidos começa em 1942, pouco depois do ataque japonês contra Pearl Harbor, durante a segunda guerra, coisa que faz o país do norte entrar no conflito de maneira mais orgânica. Naquele ano acontece no Rio de Janeiro, uma reunião de chanceleres (representantes diplomáticos do Estado) que decidiu enviar para Washington técnicos militares e navais para discutir medidas de defesa do continente. A partir daí surgiu a Junta Interamericana de Defesa, que deveria preparar planos militares de defesa comum, envolvendo todos os países do continente.
Em 1947, tendo já terminado a guerra, foi firmado, também no Rio de Janeiro e sob a batuta dos EUA, o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), que estabelecia ser a agressão de uma nação americana contra outra do continente, um ataque contra todas. No ano seguinte, na Colômbia, em plena vigência de uma revolta popular contra o assassinato de Jorge Gaitán, uma nova reunião de chanceleres aprovou a carta da Organização dos Estados Americanos, que tinha entre seus artigos a criação de um Comitê Consultivo de Defesa, que afinal, nunca funcionou. Quem deu as cartas nesse campo sempre foi a Junta Interamericana de Defesa (JID) e o Colégio Interamericano de Defesa (CID), responsáveis pela formação de oficiais superiores e governantes da América Latina e do Caribe.
A proposta do JID respondia aos interesses do Departamento de Estado e do Pentágono estadunidense e fixava as hipóteses de guerra que surgiriam, os inimigos a combater, a doutrina para fazê-lo, as armas que deveriam utilizar, etc... Então, a América Latina passou a encarar como inimigo, aqueles que eram inimigos dos Estados Unidos. Foi assim que nesta parte da América, naqueles dias, se discriminou alemães, japoneses, russos, cubanos, nicaragüenses, salvadorenhos. Quem ousava desafiar os EUA era inimigo de todos, conforme rezava a assistência recíproca.
Foi aí que surgiu a famigerada Doutrina de Segurança Nacional, cujas práticas estão em vigência até hoje. Esta doutrina estabelecia que o único enfrentamento que havia no mundo era o Leste/Oeste, envolvendo os Estados Unidos e a União Soviética. E o único inimigo a combater era o comunismo. Assim, nas nações latino-americanas, o que norteava as ações do exército era o combate à infiltração marxista e a desordem social que isso provocava. O inimigo, então, deixava de ser externo e passava a ser o próprio povo de cada país. Foi essa idéia estrangeira que provocou toda a sorte de tragédias nesta “nuestra” América a partir dos anos 50, acompanhada de sangrentas ditaduras apoiadas pelos EUA.
No ano de 1951, o Congresso dos EUA aprovou a lei de Segurança Mútua e firmou pactos bilaterais com os países da América Latina para aplicar os Programas de Ajuda Militar. Isso significou, na prática, a presença cotidiana de tropas estadunidenses nos países latino-americanos trabalhando na “educação” e instrução das tropas nacionais. Ainda no final dos anos 50, aparece a Doutrina de Guerra Contra-revolucionária ou anti-subversiva, que tinha como objetivo aprofundar a luta contra os comunistas. Cuba era um terrível mau-exemplo e havia que combater essa “maçã podre” na América Latina. Então, ao longo dos anos 60, milhares de oficiais de praticamente todos os países latino-americanos faziam romaria até o Panamá, para serem adestrados conforme os ditames do Forte Amador. A nefasta Escola das Américas forneceu, assim, os manuais do terror que infestou a América Latina por 30 anos.
Nos manuais, escritos originalmente em espanhol, eram consideradas necessárias as técnicas de execução, tortura e extorsão para combater os “subversivos” internos que quisessem se meter com o comunismo. Com a doutrina de segurança nacional escrita pelos técnicos da guerra estadunidense, praticamente em todos os países da América Latina e do Caribe, as forças armadas foram destituídas de sua missão específica que seria a de combater um inimigo exterior. Ainda segundo o coronel argentino, Horácio Ballester, as forças armadas passaram a ser verdadeiras tropas de ocupação em seus próprios países, transformando-os em Estados terroristas que aniquilavam o inimigo interior, sua própria gente. Diz Ballester: “As forças armadas se colocaram incondicionalmente, consciente sou não, a serviço do establishment internacional e das minorias dominantes locais”. Isso significou que qualquer pessoa que fizesse algo que afetasse os interesses superiores, fosse luta salarial, por moradia ou terra, era logo qualificado como “comunista” e imediatamente perseguido, preso, torturado, desaparecido ou morto.
Naqueles dias um “comunista” comprovado perdia os direitos, não tinha julgamento justo, podia ser seqüestrado, torturado, preso ilegalmente, seus bens eram confiscados e suas casas queimadas. Ou seja, nada muito diferente do que acontece hoje em dia. Apenas o adjetivo mudou. Não são mais comunistas os que se opõe ao poder dos EUA e das elites cortesãs. Agora estão na moda os “terroristas”.
Entendendo a atualidade
Depois deste breve apanhado histórico, fica mais fácil compreender a situação da América Latina hoje e o sujo papel desempenhado por Uribe, na Colômbia. Desde aqueles dias dos anos 40 que os governos colombianos vêm enfrentando o “inimigo interno”, tal qual ordenam as doutrinas e técnicas estadunidenses. Não apenas as FARC, agora chamadas cotidianamente de “terroristas” nos meios massivos de comunicação, são perseguidas. Mas qualquer liderança social, popular, qualquer cidadão que comece a questionar o governo ou o sistema, é perseguido, preso, torturado, eliminado. Isso é recorrente na Colômbia. São os “terroristas”.
Igualmente “terrorista” são considerados os países que não se ajoelham diante da lógica estadunidense. Não é à toa que Bush quer empurrar goela abaixo, junto com o Congresso de seu país, a resolução que torna “terrorista” o governo da Venezuela, chefiado por Hugo Chávez. E é bom que se diga, Chávez segue exportando o petróleo para os EUA e fazendo negócios com empresas gringas. Ou seja, não é tão inimigo assim. Mas, como na política externa o discurso de Chávez é totalmente anti-estadunidense, o governo daquele país não descansará enquanto não colocar a Venezuela no lugar onde deve ficar: subserviente e cortesã, como foi ao longo de décadas.
Por outro lado, não são apenas Chávez, Correa, Morales, Fidel e Ortega que passam a ser considerados inimigos. Também as gentes em luta passam a receber a alcunha de “terroristas”. Tem sido assim em praticamente todos os países da América Latina. As lutas sociais tiveram um recrudescimento na repressão e quem é apanhado, logo é enquadrado nesta categoria. Foi assim com Patrícia Troncoso, a jovem mapuche que precisou ficar mais de 100 dias em greve de fome para ter direito aos benefícios da lei. Está presa como terrorista. São terroristas os que lutam por terra, por moradia, por transporte coletivo, por salário. Bastou algum grupo marginalizado se levantar para ser considerado um perigo nacional. Isso significa que nada mudou. O “inimigo” está dentro dos portões dos países e os exércitos devem baixar sobre eles.
A lei de segurança nacional escrita em Washington segue vigendo. A mesma lei que deu corpo à criminosa Operação Condor, responsável pela destruição da vida de milhares de jovens e lideranças latino-americanas durante as ditaduras, a mesma que torna inimigo do Estado aqueles e aquelas que lutam por um mundo melhor.
Então, antes de acreditar nos Bonners (Globo) e Nascimentos (SBT) da vida que tratam todos os lutadores sociais como inimigos, terroristas, é bom que as gentes conheçam a história e saibam de onde vem a caracterização dos “nossos” inimigos. Eles não são nossos, são adversários do decadente império estadunidense, opressor e criminoso, que ceifa vidas por todo o continente, todos os dias, inclusive as nossas.
domingo, 16 de março de 2008
O gênio Norman McLaren
Assisti ontem, na Usina do Gazômetro, em Porto Alegre, uma pequena amostragem deste gênio. fiquei impressionado com seu trabalho inovador.(turquinho)
Liana Brazil
Já na década de 40, quando experimentava com técnicas de animação, sua criatividade e curiosidade o levaram a explorar a banda de som da película. Desenhando e arranhando o próprio filme, ele criou sons originais e inéditos, similares a sons de sintetizador, instrumento que ainda não existia; Robert Moog só começou a fabricar sintetizadores com sons eletrônicos nos anos 60. E estes sintetizadores, por sua vez, são a inspiração inicial dos circuit benders do Bent Festival e dos membros da Bread Board Band. O conhecimento adiciona uma experiência a outra, ao longo do tempo, modificando o método do artista.
A motivação e iniciativa de Norman McLaren (1914-1987) criaram animações originais, muito diferentes do que se conhecia na época. Vários conceitos criados por ele extrapolavam o campo da animação, tratavam de idéias filosóficas, matemáticas, além de relações entre cor, imagem, ritmo e som que não poderiam ser tão bem explorados em outro tipo de mídia.
Veja abaixo imagens dos experimentos de McLaren; animações com rastro de imagens, arranhões e desenhos na película que resultaram em sons e imagens inovadores.
540K _ requer o flash plugin
McLaren trabalhou durante muitos anos como diretor do departamento de animação do National Film Board of Canada -- lugar que ainda mantém sua tradição no estudo e prática da animação. Ganhou em 1953 o Oscar pelo curta "Vizinhos", que usa fotos de atores reais com a técnica stop motion, desenvolvida por ele. Ele escreveu o premiado roteiro do curta, dirigiu, e também usou sua técnica de "desenhar" na banda de som do filme para criar a trilha sonora. No começo da carreira, ele foi influenciado pelo trabalho do alemão Oskar Fischinger, que nos anos 20 e 30 unia em filmes de animação suas duas paixões: música e artes visuais.
Link:
National Film Board of Canada
McLaren no NFB