quinta-feira, 20 de março de 2008

Os lucros do massacre contra o Iraque


por jpereira

De empresas do setor bélico às de alimento, de empresas de construção civil às de confecção de uniformes, cada uma abocanha sua parte dos mais de um trilhão de dólares já gastos
De empresas do setor bélico às de alimento, de empresas de construção civil às de confecção de uniformes, cada uma abocanha sua parte dos mais de um trilhão de dólares já gastos



Memélia Moreira,
Especial para o Brasil de Fato de Orlando (EUA)


Antes de você acabar de ler esse parágrafo, os Estados Unidos terão gasto mais de 2 mil dólares para matar indiscriminadamente crianças, mulheres, e homens em Bagdá, Basra ou outra cidade qualquer do Iraque.

Não, isso não é uma piada.

A guerra custa US$ 2.053 por segundo, ou 275 milhões de dólares por dia. E, passados cinco anos de ocupação, matou 700 mil iraquianos, perdeu 4 mil estadunidenses e produziu 4 milhões de refugiados.

Todas as previsões de gastos se transformaram em peça de ficção.

Em 2003, quando os Estados Unidos deslocaram seus soldados e contrataram mercenários para ocupar o Iraque, os economistas do governo de George W. Bush calcularam que os custos não ultrapassariam 50 bilhões de dólares. Ainda naquele ano as cifras caíram por terra.

Dois meses depois de instalados no Iraque, analistas militares começaram a perceber que esta não seria uma das muitas guerras "de baixa intensidade", bem ao gosto dos Estados Unidos, e que seria necessário ficar mais tempo para controlar a resistência iraquiana. Então, refizeram os cálculos e, pela nova previsão, os mesmos analistas concluíram que, se a guerra se estendesse até 2010, seu custo total seria de um trilhão de dólares. Faltam dois anos para se chegar a 2010 e já foram gastos mais de um trilhão. Isso significa que nenhum dos cálculos feitos até agora pode chegar perto do valor total a ser gasto. Nem mesmo a pesquisa apresentada pelos professores Joseph Stiglitz, da Universidade de Columbia e Prêmio Nobel de Economia em 2001, e da professora Linda Bilmes, da Universidade de Harvard, se sustentou por muitos dias. Eles previram um gasto de um a dois trilhões de dólares mas, esta semana, as cifras já ultrapassaram um trilhão. E o presidente Bush (e seu candidato John McCaine) nem de longe acena com a possibilidade de retirada das tropas (leia reportagem: Anistia Internacional define situação no Iraque como "Carnificina e Desesperança).

Sem os custos indiretos

E as cifras não incluem os custos indiretos da guerra (tratamento médico para aqueles que voltam inválidos física ou psicologicamente, pagamento de pensão às viúvas e aposentadorias por invalidez para os veteranos). E estamos nos referindo apenas à guerra do Iraque. A do Afeganistão gasta bem menos e, talvez por isso, seja menos acompanhada de perto pelas organizações não-governamentais que divulgam informações sobre as guerras, entre elas, a Priorities Projects.

Essa organização, combate a guerra na linguagem que os estadunidenses mais entendem: a língua do bolso. Na sua página da internet, caso um texano queira saber quanto do seu imposto está sendo gasto para matar, basta clicar no mapa e a resposta é imediata. Sem qualquer discurso pacifista, eles apenas calculam quanto daquele imposto poderia ir para o serviço médico e para a segurança e educação.


Quem lucra

Mas a guerra não gera apenas mortos e inválidos para sempre. Há também aqueles que estalam a língua de prazer ao ouvir a explosão de bombas. Há quem lucre com esta guerra. Por isso, este mês, um seleto grupo vai comemorar o 5º aniversário da ocupação estadunidense no Iraque. Para eles, essa guerra, a primeira guerra "privatizada" da história da humanidade, transformou-se num "negócio da China". A cada dólar gasto, a cada gole de refrigerante, a cada bota furada, ou uma colherada num prato de cereais, empresários de diferentes pontos do planeta estão engordando suas contas bancárias.

Um dado curioso a respeito das empresas e corporações que trabalham no Iraque é que quase todas elas respondem a processos em diferentes tribunais dos Estados Unidos, ora por evasão de divisas, ora por sonegação fiscal, superfaturamento e até mesmo por desrespeito aos direitos humanos, como é o caso das duas empresas de segurança (responsáveis pelos mercenários).

Uma dessas empresas processadas já foi condenada. Exatamente aquela que é responsável pela fabricação de tanques, veículos militares e armamentos, a Custler Battles. Muitos dos carros de combate vendidos não funcionaram e a Custler foi condenada a pagar multa de 10 milhões de dólares. E também na área de equipamentos pesados, a Boeing e a Lockheed são as duas empresas de engenharia aeronáutica que mais faturam com as guerras do Iraque e Afeganistão.

Quem encabeça a lista das empresas que lucram com a guerra é nada menos que a Halliburton. O nome parece não dizer muito, mas é uma das maiores corporações estadunidenses e, entre seus sócios e ex-dirigentes, uma figura que sempre age nas sombras até na política. Trata-se do vice-presidente Dick Cheney. Qualquer estadunidense diz, sem pestanejar, que Cheney é "mais bem preparado que Bush" mas, mesmo assim, ele preferiu ser vice. E, quando compôs a chapa com George W. Bush, em 2000, Dick Cheney se desligou formalmente da direção da corporação. Apesar disso, continua ativo e garantindo espaço para a Halliburton não apenas no fornecimento de material para a guerra, como também na reconstrução do Iraque e do Afeganistão.

E o que faz a Halliburton? Se alguém pensou na palavra petróleo, acertou. Ela é uma das maiores empresas do mundo em serviços para campos petrolíferos e, também, uma das maiores empreiteiras do planeta. A receita da Halliburton passou de um para 16 bilhões de dólares nesses cinco anos de guerra.

Além disso, a Halliburton figura entre os principais suspeitos no roubo das informações da Petrobrás, no dia 14 de fevereiro no Brasil. Sim, a Halliburton está na lista dos interessados no mega-poço de Tupi, descoberto pela Petrobrás.

Para quem tinha alguma dúvida sobre o real motivo da guerra, a lista daqueles que lucram com o holocausto do povo iraquiano é a prova de que a ocupação tem como principal objetivo o controle dos poços de petróleo. Além da Halliburton, outros nomes do setor petrolífero também estão engordando suas contas. Muitos deles, nossos velhos conhecidos, tais como a Texaco, Shell, British Petroleum e Exxon Mobil.


Em segundo lugar

A seguir, vêm as chamadas "empresas de segurança" que são, na verdade, as empresas que fornecem mercenários (eles são contratados a preços que variam de 10 a 15 mil dólares por mês). As duas maiores empresas desse setor que atuam no Iraque são a CACI e a Titan. Em 2005, agentes da CIA declararam ao jornal The Washington Post que 50% dos 40 milhões de dólares do seu orçamento se destinavam a essas empresas.

Chamados de empreiteiros, os "funcionários" dessas empresas são os principais responsáveis pelo que se chama de "trabalho sujo", ou seja, torturas contra os presos de Abu Ghraib e da base de Guantânamo. As duas estão sendo processadas pela organização Center of Constitutional Rights por tortura e abuso de prisioneiros de guerra.


Construção civil

No ramo da construção civil, quem se destaca é a empresa californiana Bechtel. De uma só vez, ela foi presenteada com um contrato de 2,4 milhões de dólares para coordenar a reconstrução da infraestrutura do Iraque. Logo no primeiro trabalho, o primeiro fracasso: a Betchel não concluiu a tempo a construção de um hospital infantil em Bassorá. Para piorar, o orçamento para a construção envergonharia até a Construtora Gautama, pois saltou de 70 para 90 milhões de dólares. É verdade, esse foi o custo de um hospital infantil em Bassorá.


O setor da alimentação

Para não ficar só na indústria pesada, a guerra distribui seus ganhos também para outros setores como, por exemplo, o da alimentação. E aí vem a Halliburton de novo. É, essa corporação é dona dos famosos "flocos de milho" Kellog´s, que alimenta dez entre dez soldados americanos. E como misturar cereal com leite? Ora, para isso tem a Nestlé, uma das maiores empresas do mundo no ramo de laticínios e a preferida do governo estadunidense em todas as guerras, desde a Coréia.

Quase inexpressiva no cenário internacional, a empresa Kentucky Fried Chicken (fabricante e distribuidora de frango frito nos EUA) abastece os soldados e mercenários com suas caixinhas de asa, ante-coxa, coxa e peito de frango fritos.

A escolha da Kentucky, segundo especialistas, tem objetivos psicológicos, pois suas caixinhas são conhecidas e os soldados, ao recebê-las, "se sentem em casa".

E para beber? Bom, aí vem mais uma curiosidade do povo americano. Maniqueístas por excelência, até para beber eles se dividem entre direita e menos direita. Os menos direita, que aqui são chamados de "esquerda" tomam Coca-Cola. Os de direita, que até hoje acreditam que o prato preferido de comunistas são as criancinhas, só bebem Pepsi-Cola. Então, para manter a tradição republicana, os soldados que estão no Iraque são abastecidos pela Pepsi-Cola.


Os lucros do Brasil

Mas os lucros dessas guerras não se concentram apenas nas grandes potências. O Brasil também "conquistou" sua fatia nesse consórcio. Os soldados que hoje matam no Iraque usam uniformes fabricados por cerca de dez confecções mineiras das cidades de Divinópolis e Formiga. Entre essas empresas, encontra-se a Marluvas, cujo gerente, Fernando Malta, ao mesmo tempo em que se desculpa por colaborar com as atrocidades que estão sendo cometidas, diz que não perderia "essa oportunidade de gerar lucro para Minas e para a empresa".

E os coturnos são feitos também em Minas, além de São Paulo e Paraná. A empresa Arroyo, de Franca (SP), por exemplo exporta coturnos especiais para serem usados no deserto.


É dando que se recebe

Talvez por coincidência, todas as empresas estadunidenses envolvidas na guerra e reconstrução do Iraque, foram também os maiores doadores para a campanha de George W. Bush em 2004. Driblando as leis, juntas, elas doaram cerca de 500 mil dólares para a campanha, o que se constitui na maior soma de dinheiro já recebida por qualquer outro nome da política estadunidense nos últimos 15 anos.

Entre consulta aos documentos e escrita, esta repórter levou 3 horas e 45 minutos para escrever este texto. Durante esse tempo, o povo americano gastou aproximadamente 200 mil dólares para matar crianças, mulheres e homens no Iraque.

Tirania Militar na Birmania

O consumo supérfluo





Rogério Grassetto Teixeira da Cunha

Um dos dois pilares da crise ambiental atual é o consumismo desenfreado. O outro é a quantidade de gente por aqui (não estou com isto querendo justificar ou sugerir medidas extremistas, apenas constato um fato: o excesso de gente somado ao consumismo são as causas principais da crise ambiental que presenciamos). Atualmente, criam-se falsas necessidades, tudo para estimular o consumo, este deus supremo da sociedade atual. Repare o leitor, por exemplo, que já há muito tempo criou-se a obrigação de beber sucos com canudinho. Por que isto? Se pensarmos bem, não há razão, é só uma falsa necessidade criada, que já virou hábito cultural. Se em nossa casa tomamos direto no copo, por que precisamos então do bendito canudinho em público? Se for por questão de higiene, ele não resolve nada, pois, se o estabelecimento não produz os sucos de maneira higiênica ou se não lava direito os copos, não é o canudo que irá resolver o problema. Para piorar, em alguns locais os canudos vêm agora embalados um a um. É um absurdo completo. Já ouvi falar também de guardanapos de papel individualmente acondicionados, mas felizmente ainda não tive o desprazer de ser apresentado a eles. Infelizmente, porém, já me deparei com pequenos pedaços de fio dental para uso único, embalados em envelopinhos tipo "band-aid". Cúmulo dos cúmulos.

Uma idéia simples e efetiva (portanto boa) no sentido de resolver este problema (e chamar a atenção para o consumismo sem causa) é a campanha, proposta pelo prefeito londrino Ken Livingstone em fevereiro, para que a população consuma água "torneiral" em vez de água mineral. Na verdade, a idéia não é nova e diversos prefeitos já lançaram campanhas similares (entre eles os de Nova Iorque, Veneza e Chicago). A idéia seria boa para o bolso e para o meio ambiente.

Mas o que a pobre e inocente água mineral fez de errado? Pensem comigo. O problema começa na extração. Em alguns locais do Brasil, por exemplo, há denúncias de sobre-exploração das reservas, o que pode acarretar problemas futuros. O processo de extração consome ainda alguma energia e demanda recursos, instalação de fábricas etc.

No entanto, o pior está na embalagem e no transporte. Para engarrafarmos a água, consumimos uma quantidade enorme de plástico (ou vidro em alguns poucos casos), substâncias que não se degradam rapidamente na natureza. Mesmo imaginando um percentual alto de reciclagem, haverá sempre uma quantidade considerável de produção de PET virgem. E, de qualquer jeito, tanto a produção quanto a reciclagem são processos industriais, que consomem energia e recursos naturais. No caso da produção pura e simples, pior ainda. Considerando que dados oficiais apontam que apenas cerca de 1% do lixo da cidade de São Paulo é reciclado, podemos concluir que, pelo menos no Brasil, a maior parte das garrafas escapa à reciclagem e/ou descarte adequado e irão enfeitar rios e lagos boiando alegremente ou entupir lixões e aterros sanitários.

Tem mais. Depois de engarrafada, a água precisa ser transportada. Aqui, novamente consumimos energia, com os caminhões e, em alguns casos, até navios. Isto porque em diversas partes do mundo tornou-se chique consumir água importada. Melhor ainda se vier de um país tradicional (como a famosa Perrier francesa) ou de algum local aparentemente exótico (imagine o impacto marqueteiro de uma água das rochas das ilhas Seychelles ou "a pureza da água de degelo das geleiras da Patagônia").

Para termos uma idéia do custo, as matérias reproduzidas pelos jornais brasileiros sobre a campanha em Londres citam um estudo segundo o qual se emite o equivalente a 0,3 gramas de CO2 para a produção de um copo de água "torneiral" de Londres, enquanto que, se a água fosse mineral das marcas Volvic ou Evian, o valor seria a bagatela de 185 gramas do gás, 616 vezes mais.

O interessante disto tudo é que consumir água mineral tornou-se mania, lá e cá. Consome-se a toda hora e sem necessidade. Em cidades dotadas de um eficiente tratamento de água (coisa que infelizmente não ocorre em todo o Brasil), a mania é não só inútil, como perdulária em termos de recursos pessoais e, principalmente, do planeta.

Eu, mesmo sem saber destas contas, já havia reduzido muito meu consumo de água mineral, levando garrafinhas do tipo "squeeze" para diversos locais, ou reutilizando garrafinhas PET já usadas. Agora vou reduzir ainda mais. De preferência a quase zero.

Podemos ver a mania do consumo de água mineral em pessoas comprando garrafinhas para levar ao trabalho, para consumir nas academias, para servir visitas em suas casas. Neste campo, também vemos ainda outra necessidade criada: os garrafões de 20 litros, sempre com a indefectível pilha de copinhos descartáveis do lado. E por aí vai.

Gostei da idéia do prefeito não porque ache que ela vai resolver todos os problemas. O impacto geral certamente é pequeno (porém, se a ajuda não é muita, ela certamente colabora em não aumentar ainda mais a crise). Seu maior valor está em tornar evidentes os efeitos ambientais deletérios do consumismo sem causa e, espero, em fazer-nos refletir, um pouco que seja, sobre as conseqüências de nossos atos e da estrutura social insana que criamos para viver. Proponho até que se lance uma nova música de axé como marketing da campanha:

"Bebeu água? Não!

Tá com sede? Tô!

Olha, olha, olha, olha a água torneiral

Água torneiral

Água torneiral

Água torneiral

Do Candeal

Pro ambiente ficar legal"

Rogério Grassetto Teixeira da Cunha, biólogo, é doutor em Comportamento Animal pela Universidade de Saint Andrews. E-mail: rogcunha@hotmail.comEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email

Hiroshima - Urban World Music (1996)

http://www.artistdirect.com/Images/Sources/AMGCOVERS/music/cover200/drd500/d573/d57330ru6t1.jpg




Faixas:
1 Unspoken Love (6:00)
2 Passion & Pain (4:55)
3 Let Me Be Your Baby (4:26)
4 Heiwa (Peace) (4:03)
5 Through My Eyes (5:23)
6 Ripples in Our Waterfall (4:31)
7 Timekeeper (4:37)
8 Love How You Love Me (4:57)
9 Urban World (4:48)
10 None of Us Are Free (5:00)
11 Koto Blues (4:52)
12 Hipnotic (4:51)
13 Walking With Angels (2:50)



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Fernando Lugo, a novidade paraguaia





Gilberto Maringoni

O Paraguai vai voltar com força às manchetes nas próximas semanas. Os assuntos não serão os sacoleiros de Ciudad del Este ou a enxurrada de produtos vendidos por boa parte dos camelôs de todo o Brasil. É algo muito mais sério. Dia 20 de abril acontecem as mais disputadas eleições paraguaias em várias décadas. Há muitas novidades em jogo.

A primeira é que, pela primeira vez em 65 anos, o velho Partido Colorado pode ser afastado do poder. A segunda é a possibilidade de esta longa hegemonia ser quebrada por uma amplíssima coalizão de centro-esquerda, que abriga de comunistas ao tradicional Partido Liberal Radical Autêntico, agremiação formada por setores nacionalistas. Na cabeça de tudo, o ex-bispo Fernando Lugo, um adepto da Teologia da Libertação. O religioso apresenta uma vantagem de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado na disputa, o ex-general Lino Oviedo, um dissidente colorado, seguido da ex-ministra da Educação Blanca Ovelar, a candidata do partido governista.

Os programas de todos os candidatos propõem algum tipo de revisão ao Tratado de Itaipu, firmado em abril de 1973 entre as ditaduras de Emílio Garrastazu Médici, do Brasil, e de Alfredo Stroessner, que governou o Paraguai com mão de ferro entre 1954 e 1989. Através do documento, ficou acertada a construção da maior usina hidrelétrica do mundo, até então, na fronteira dos dois países. Com validade de 50 anos, o acordo baliza a repartição da energia por ela gerada. Metade fica com o Brasil e metade com o Paraguai. Como o país utiliza apenas 12% do total produzido, pelos termos do documento, é obrigado a vender a eletricidade sobrante ao Brasil, a preços que oscilam de U$S 22 a U$ 44 o KwH. A média de preços da energia hidrelétrica no mercado brasileiro passa dos U$S 80 o KwH.

Soberania hidrelétrica

A construção de Itaipu, entre 1974 e 1981, consumiu cerca de US$ 16 bilhões em valores da época, pagos em sua maior parte pelo Brasil, e representou um marco decisivo no desenvolvimento dos dois países. A usina é responsável por 19% do PIB paraguaio, com ingressos para os cofres públicos locais de cerca de US$ 1,5 bilhão ao ano.

A revisão pretendida pode dobrar o montante arrecadado. A medida tornou-se quase um fator de unidade nacional, sendo chamada de "recuperação da soberania hidrelétrica".

Nenhum candidato em campanha defende o tratado tal como está, sob pena de perder votos. O mais radical é o ex-bispo Fernando Lugo. O engenheiro elétrico Ricardo Canese, um dos coordenadores de sua campanha, diz objetivamente o que pretendem, em um livro recém lançado: "Para chegar a uma eqüidade em Itaipu e transformar este ente binacional no principal instrumento de desenvolvimento do Paraguai (...) se requer: 1. Poder vender livremente nossos excedentes elétricos; 2. Receber um preço de mercado pela exportação de tal excedente (que é da ordem de US$ 3 bilhões ao ano)".

A meta de Canese é real. A Argentina, outro vizinho paraguaio, enfrenta uma estrutural crise energética, após anos de falta de investimento das empresas privatizadas nos governos de Carlos Menem (1989-1999). A Casa Rosada buscou, em vão, comprar, a preços de mercado, energia de Itaipu. O Tratado impede tal negociação.

Os interesses de brasileiros também serão afetados pela proposta de reforma agrária de Lugo. A maior parte das grandes propriedades é de brasileiros, que foram para o outro lado da fronteira entre os anos 1970 e 1980. Tomadas pelas culturas de soja – e agora de cana -, essas terras voltam-se para a agricultura de exportação.

Fraude

A maior ameaça à vitória do ex-bispo é a possível fraude patrocinada pelos colorados. Praticamente tudo no país é controlado por este partido de direita, fundado em 1887, que historicamente defende os interesses da classe dominante. Dominando o Executivo nacional, o Legislativo e o Judiciário, a influência da agremiação espalha-se por todas as localidades paraguaias. É voz corrente que ninguém consegue emprego, matrículas em escolas públicas, atendimento em postos de saúde ou prestar queixas em delegacias policiais se não apresentar sua ficha de filiação no partido. Os integrantes das forças armadas também devem se filiar para ascender na carreira. Dos seis milhões de paraguaios, quase um terço formalmente é membro da agremiação. É uma máquina poderosíssima, para ninguém botar defeito.

O governo brasileiro quer a vitória de qualquer candidato, menos de Fernando Lugo. Um dos partidos governistas, o PT, não tem posição a respeito. Há petistas que preferem Lino Oviedo, há outros sem posição e uma minoria quer o ex-membro da Igreja Católica.

Um possível governo Lugo não será revolucionário. Mas representará a chegada de setores populares ao comando de um dos países mais pobres do continente.

Gilberto Maringoni é jornalista.

Marcelo Maia - Cafundó Vol. 2 (2005)




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Não adianta sou torcedor....eheheheheh

Inter elimina o Chapecoense


Faltam oito jogos para o Internacional retornar à Taça Libertadores. Nesta quarta-feira, o Colorado fez 2 a 0 no Chapecoense no estádio Índio Condá e garantiu vaga nas oitavas-de-final da Copa do Brasil, sem necessidade do jogo de volta. O time catarinense está eliminado. Aos gaúchos, resta esperar por Paraná ou Vitória para brigar por vaga nas quartas.

A atuação não foi das melhores, mas valeu o esforço do time de Abel Braga. Dois gols no segundo tempo, com Alex e Adriano, garantiram o resultado para a equipe de Porto Alegre, que agora ganha uma folga na tabela para se concentrar no Gauchão. Copa do Brasil, só em abril.


Correria no primeiro tempo

O Inter sabia que não seria nada fácil. E não foi. O Chapecoense fez frente ao time gaúcho no primeiro tempo. O equilíbrio nasceu de um jogo muito corrido. A bola não parou. Viajou de um lado para o outro, pererecou por todos os cantos. O duelo foi particularmente forte na meia-cancha, recheada por cinco jogadores do Inter e seis do Verdão.

Na prática, houve uma grande chance para cada lado. Com cinco minutos, Andrezinho (o substituto de Magrão, afastado junto com Iarley por problemas estomacais) recebeu livre pela direita, na entrada da área, e chutou por cima. Perdeu gol claro. A resposta efetiva só aconteceu aos 41, em lance parecido, mas pelo meio. Everton César mandou uma bomba, defendida com qualidade por Renan.

Antes de terminar o primeiro tempo, dois incidentes chamaram a atenção. Em um único minuto, o Chapecoense perdeu o centroavante Cadu (que conseguiu quebrar um dedo da mão e machucar o nariz no mesmo lance) e o goleiro Nivaldo. Em um dos últimos lances do período, o zagueiro Téio espalmou a bola dentro da área. Pênalti claro, daqueles que todos no estádio vêem, menos o árbitro. Abel Braga ficou na bronca.

- Pô, ele não viu, mas o pênalti foi escandaloso - reclamou o treinador, enquanto marchava para o vestiário.

Inter mata o jogo

O Inter não ia lá muito bem das pernas no primeiro tempo. Pois conseguiu voltar ainda pior no segundo. Além de continuar com a rotina de errar tudo que era cruzamento, dos espaços mais variados do campo, o time do Abelão perdeu articulação e ficou menos agudo na frente. Chances de gol viraram artigo raro para os vermelhos.

Mas não para os verdes. O Chapecoense só não abriu o placar aos 18 porque Renan fez defesa espantosa em chute de Dalmo. O jogo parecia totalmente sem perspectivas para o Inter até a expulsão de Marcelo Guerreiro, pouco depois da metade do período. E mudou radicalmente a ártir daí. O Colorado ganhou espaço e, de quebra, o jogo. Aos 29, Marcão cruzou da esquerda e Alex, de cabeça, fez 1 a 0.

Na seqüência, Fernandão, em nova atuação apagada, perdeu chance clara. Ele recebeu livre na pequena área, mas foi vencido pelo goleiro Ricardo, com ótima defesa na conclusão do capitão. O gol desperdiçado pelo camisa 9 foi aproveitado por Adriano, e no apagar das luzes. Aos 47, Adriano recebeu pela direita, dentro da área, e bateu em diagonal, para o fundo da rede.

Ficha do jogo

CHAPECOENSE 0 x 2 INTERNACIONAL
Nivaldo (Ricardo)
Augusto
Téio
Marcelo Guerreiro
Tiago
Maurício
Dino
Everton César
Eder (Fábio)
Santos
Cadu
(Dalmo)
T: Luiz Carlos Cruz Renan
Índio
Orozco
Marcão
Wellington Monteiro (Jonas)
Edinho
Andrezinho
Alex (Guto)
Guiñazu
Gil (Adriano)
Fernandão
T: Abel Braga Gols: Alex, aos 29, e Adriano, aos 47 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Augusto, Marcelo Guerreiro, Dino, Maurício (Chapecoense); Índio (Inter)
Cartão vermelho: Marcelo Guerreiro (Chapecoense)
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG)
Auxiliares: Márcio Eustáquio S. Santiago (MG) e Helberth Costa Andrade (MG)
Data: 19/03/2008
Estádio: Índio Condá, em Chapecó (SC)

quarta-feira, 19 de março de 2008

Begone Dull Care-Norman McLaren (1949) - Joni 2 k-po®

A farra perigosa dos sacos plásticos

Os estragos causados pelo derrame deplásticos tornaram o consumidor um colaboradorde um desastre ambiental de grandes proporções.

André Trigueiro

Os supermercados, farmácias e boa parte do comércio varejista embalamem saquinhos tudo o que passa pela caixa registradora. Não importa o tamanho do produto que se tenha à mão, aguarde a sua vez porque ele será embalado num saquinho plástico. O pior é que isso já foiincorporado na nossa rotina como algo normal,como se o destino de cada produto comprado fosse mesmo um saco plástico.

Outro dia fui comprar lâminas de barbear numa farmácia e me deparei com uma situação curiosa: a caixinha com as lâminas cabiaperfeitamente na minha pochete. Meu plano era levar para casa desta forma prática. Mas num gesto automático, a funcionária registrou a compra e enfiou rapidamente a mísera caixinhanum saco onde caberiam seguramente outras vinte. Pelas razões que explicarei abaixo,recusei gentilmente a embalagem.

Os estragos causados pelo derrame indiscriminado de plásticos na natureza tornaram oconsumidor um colaborador passivo de um desastreambiental de grandes proporções. Feitosde resinas sintéticas originadas do petróleo,esses sacos não são biodegradáveis e levamséculos para se decompor na natureza.

Usando a linguagem dos cientistas, esses saquinhos são feitos de cadeias moleculares inquebráveis, e é impossível definir com precisãoquanto tempo levam para desaparecerno meio natural. No caso das sacolas de supermercado,a matéria-prima é o plástico filme,produzido a partir de uma resina chamadapolietileno de baixa densidade (PEBD).

No Brasil são produzidas 210 mil toneladas anuais de plástico filme, 9,7% de todo o lixo do país. Abandonados em vazadouros, impedem a passagem da água, retardando a decomposição dos materiais biodegradáveis, e dificultam a compactação dos detritos. Quando seguem pelos rios e chegam ao mar provocam a morte de inúmeros peixes e tartarugas,que os confundem com algas.

Essa realidade que tanto preocupa os ambientalistas no Brasil, já justificou mudanças importantes na legislação - e na cultura - de vários países europeus. Na Alemanha, por exemplo, a plasticomania deu lugar à sacolamania (cada um levando sua própria sacola). Quem não anda com sua sacola a tiracolo para levar as compras é obrigado a pagar uma taxa extra pelo uso de sacos plásticos nos supermercados(o equivalente a R$ 0,60 cada).

Na Europa, a guerra contra os sacos plásticos ganhou força em 1991, quando foi aprovadauma lei que obriga os produtores e distribuidoresde embalagens a aceitar de volta e a reciclarseus produtos após o uso. E o que fizeram osempresários? Repassaram imediatamente oscustos para o consumidor. Além de antiecológico,ficou bem mais caro usar sacos plásticos naAlemanha. Na Irlanda, desde 1997 paga-se umimposto de nove centavos de libra irlandesa porcada saco plástico. A criação da taxa fez multiplicaro número de irlandeses indo às comprascom suas próprias sacolas.

Em toda a Grã-Bretanha, a rede de supermercados CO-OP lançou uma campanha original e ecológica: todas as lojas terão seus produtos embalados em sacos plásticos 100% biodegradáveis. Até dezembro deste ano, pelomenos 2/3 de todos os saquinhos usados narede serão feitos de um material que, segundotestes em laboratório, se decompõe 18 mesesdepois de descartado. Com um detalhe interessante:se por acaso não houver contato coma água, o "plástico degradável" se dissolve assimmesmo, porque serve de alimento paramicroorganismos encontrados na natureza.

Não há desculpas para não estarmos igualmente preocupados com a multiplicação indiscriminada de sacos plásticos. O Brasil tem uma das legislações ambientais mais avançadas do planeta(como em tudo, pouco usada e respeitada),mas ainda não acordou para o problema dodescarte de embalagens em geral, e dos sacosplásticos em particular.

A única iniciativa de regulamentar o que acontece de forma aleatória e caótica foi rechaçadapelo Congresso na legislatura passada.O então deputado Emerson Kapaz foi orelator da comissão criada para elaborar a"Política Nacional de Resíduos Sólidos". Entreoutros objetivos, o projeto apresentavapropostas para a destinação inteligente dosresíduos, a redução do volume de lixo no país,e definia regras para que produtores e comerciantesassumissem responsabilidades emrelação aos resíduos que descartam na natureza,assumindo o ônus pela coleta e processamentodesses resíduos.

O projeto não chegou a ser votado. Mais uma omissão dos nossos parlamentares que não pode ser atribuída ao mero esquecimento: há um lobby poderoso no Congresso para esvaziar propostas que atingem setores da indústria e do comércio. É preciso declarar guerra contra a plasticomania e se rebelar contra a ausência de legislação específica para a gestão dos resíduos sólidos. É necessário pressionar os congressistas para que votem esta matéria. Enviar e-mails aos deputados é uma forma de ajudar.

André Trigueiro é jornalista e pós-graduado em meio ambiente.


IG demite Paulo Henrique Amorim e tira site do ar

O jornalista Paulo Henrique Amorim foi demitido por fax pelo portal IG, no final da tarde desta terça-feira. O site Conversa Afiada foi retirado do ar. Amorim promete colocar novo site no ar ainda hoje.

O jornalista Paulo Henrique Amorim confirmou por telefone, há alguns minutos, que foi demitido pelo portal IG por fax, informa Luiz Carlos Azenha, do site Vi o Mundo. Amorim relatou a Azenha que foi informado, por volta das 17 horas, por fax, que o portal não renovaria o contrato, que vence no dia 31 de dezembro deste ano. No fax, o IG menciona uma cláusula no contrato que daria ao portal o direito de tirar o site do ar dentro do prazo de 60 dias que antece o fim do contrato.

Paulo Henrique Amorim disse também que não poderia gravar entrevista por não ter consultado seu advogado. O jornalista disse que não foi informado do motivo que levou à decisão do IG.

"Paulo Henrique Amorim, que também é repórter da TV Record, é crítico tanto de José Serra quanto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso", lembrou Vi o Mundo, que também informa:

Dentro de duas horas vai entrar no ar um novo site de Paulo Henrique Amorim. O endereço será http://www.paulohenriqueamorim.com.br.