sábado, 22 de março de 2008

Dizzy Gillespie y Machito - Afro Cuban Jazz Moods - 1975



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1. Oro, Incienso y Mirra 15:42
2. Calidoscopico 5:06
3. Pensativo 5:21
4. Exuberante 5:52

Total : 32:12

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Machito - Performer (Vocal)
Jorge Dalto - Piano (Electric)
Dizzy Gillespie - Trumpet
Barry Morrow - Trombone
Mario Bauzá - Clarinet - Sax (Alto)
Julio Collazo - African Drums
Donald Corrado - French Horn
Manny Duran - Trumpet - Flugelhorn
Frank Grillo - Leader - Maracas - Claves - Bongos
Mario Grillo - Cowbell
Jack Jeffers - Trombone
Lewis Kahn - Trombone
Jose Madera - Clarinet - Sax (Tenor)
Chico O'Farrill - Trumpet - Arranger
Victor Paz - Trumpet - Flugelhorn
Mario Rivera - Flute (Alto) - Sax (Tenor)
Mickey Roker - Drums
Mauricio Smith - Flute - Piccolo - Sax (Alto)
Brooks Tillotson - French Horn
Dana McCurdy - Synthesizer
Carlos Castillo - Bass (Electric)
Leslie Yahonikan - Clarinet (Bass) - Sax (Baritone)
Raul Gonzalez - Trumpet - Flugelhorn

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créditos:LooLoBLog



A reforma sindical se faz, mansinha...


Elaine Tavares - jornalista

A indigência do movimento sindical brasileiro é coisa de dar dó. Depois de ter sido protagonista de momentos históricos importantes como a participação na derrocada da ditadura militar no final dos anos 70, hoje, sob a batuta do ex-líder sindical Luis Inácio, o que se vê é a completa capitulação dos trabalhadores a uma razão de estado. Por isso não surpreendeu o fato de o Projeto de Lei 1990/2007 ter sido aprovado pelo Congresso Nacional sem que se ouvisse qualquer protesto por parte das principais lideranças sindicais.

O projeto, que é o resultado de uma Medida Provisória apresentada pelo executivo - depois de ter sido discutida com trabalhadores e empresários, todos juntos, sentados na mesma mesa, no consenso habermasiano – define, delimita e estabelece regras para a existência das Centrais Sindicais. Ou seja, décadas depois de Getúlio Vargas ter colocado sua mão paternal sobre os trabalhadores, criando os sindicatos atrelados ao Estado, vivemos um novo momento de atrelamento ao Estado-pai, desta vez proposto por um homem que já foi uma das mais importantes figuras da vida sindical brasileira que sempre se considerou oposta ao modelo getulista.

Isso não seria espantoso a considerar o rumo que Luis Inácio deu ao seu governo desde o primeiro mandato, quando realizou uma contra-reforma da Previdência que tira direitos dos trabalhadores e apresentou aos velhos do Brasil a “incrível” possibilidade da aposentadoria privada através dos Fundos de Pensão, cuidadosamente comandados por outros ex-militantes da luta sindical. O que causa assombramento é ver o movimento sindical, na sua esmagadora maioria, aceitando todo esse processo, e o que é pior, lutando por ele.

O primeiro elemento a considerar é o fato de os trabalhadores terem aceitado discutir suas formas de organização com governo e empresários. Ora, alguém aí já ouviu dizer de entidades empresarias sentando com os trabalhadores para decidir como vão promover arrocho salarial ou as estratégias que adotarão para coibir greves e mobilizações? Pois no Brasil de Luis Inácio isso foi proposto aos trabalhadores. Sentar com os empresários para discutir como os trabalhadores podem se organizar. Isso foi feito no Fórum Nacional do Trabalho, uma verdadeira excrescência do ponto de vista da autonomia e da emancipação dos trabalhadores.

Essa conversa maluca entre patrões, trabalhadores e governo, no melhor estilo da conciliação de classe, foi gestando um monstro que levou o nome de Reforma Sindical. Mas, como sempre acontece, existem pessoas ou pequenos grupos que conseguem, de alguma forma, perceber que o rei está nu. E, estes, abriram a boca. Muitos foram os debates, seminários e protestos que esta minúscula parcela de trabalhadores que acredita na capacidade de eles próprios decidirem sobre suas formas de organização, conseguiram realizar. Essa gritaria, ainda que de uma minoria, fez com que o governo mudasse suas táticas. A tal “reforma” não apareceu na sua inteireza, ela vai se fazendo aos poucos, com pedaços de lei sendo aprovados aqui e ali, mudando totalmente a configuração da organização laboral no Brasil. Essa colcha de retalhos, que vai se conformando devagar, torna muito mais difícil a luta e, por conta disso, os trabalhadores vão perdendo cada dia mais a sua autonomia.

Já em novembro do ano passado a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que legalizava as Centrais Sindicais. E o que significa isso? Que agora, as Centrais terão a prerrogativa de atuar juridicamente contra medidas que julguem desfavoráveis aos trabalhadores. São, portanto, entidades jurídicas, com CGC, registradas etc... Oficiais! A pergunta que fica é a seguinte: e desde quando os trabalhadores organizados precisam de autorização, dentro da ordem, para discordar de qualquer medida que venha contra seus interesses? Isso é surreal. As centrais entenderam que é no marco da justiça burguesa que a as lutas trabalhistas vão se decidir. Patético! Basta ver o processo acelerado de criminalização dos movimentos sociais que vivemos em toda a América Latina e principalmente no Brasil.

Mas, se não bastasse isso, os senadores decidiram apimentar ainda mais a questão e colocaram algumas emendas à lei, que acabaram aprovadas no último dia 11 de março, também sem nenhum protesto dos trabalhadores. Ao contrário. Contaram com o apoio de todas as legalizadas centrais, inclusive a CUT, principal defensora desta idéia.

Pois agora, as Centrais Sindicais, numa decisão tomada em conjunto com empresários, já tem as suas regras para existir. Assim, para serem reconhecidas por patrões e governos devem apresentar os seguintes requisitos: ter mais de 100 sindicatos filiados, com presença nas cinco regiões do país, ter 5% do total de trabalhadores sindicalizados no país, ter a presença de sindicatos em ao menos cinco setores de atividade econômica e filiação em, no mínimo, três regiões do país, com mais de 20 sindicatos em cada uma. Também segue valendo o imposto sindical que descontará 3,3% dos salários de todos os trabalhadores, sindicalizados ou não.

Também ficou decidido como esta verba que as Centrais vão arrecadar vai ser distribuída: 10% vai para a Central na qual o sindicato é filiado, 60% vai para o sindicato, 15% para a Federação, 5% para a Confederação e 10% para a conta salário-desemprego, um programa do Ministério do Trabalho. Ou seja, além de ter que obrigatoriamente contribuir para a Central e tudo o mais, o trabalhador ainda vai ele mesmo financiar o seu seguro desemprego. Nada poderia ser mais perfeito.

Pasmem, a lei ainda garante aos trabalhadores o direito de participar dos fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite, nos quais estejam em discussão os interesses da classe. Isso significa que agora sim. Os trabalhadores vão poder sentar com os empregadores e decidir como serem melhor explorados. É, sem dúvida, a perfeição da ordem. Autorizados, inclusive juridicamente, os trabalhadores, desde que cumpram as determinações do governo e dos patrões poderão, organizadamente, protestar. Tudo no maior diálogo, respeitoso e legal.

As pergunta que me assombram são simples: alguém aí acredita no Papai Noel? Quando, na história de lutas dos trabalhadores foi necessário estar enquadrado na ordem para reivindicar? Quem precisa de legalização para fazer a luta pelos seus interesses? Porque o movimento sindical aceita o anti-político imposto sindical? Como pode aceitar regras impostas por patrões e governo sobre como conduzir sua luta?

Por isso falo em indigência. Nunca estivemos tão mal em termos de lideranças sindicais. Nunca houve tanto vazio, nem quando líderes populares, urbanos e camponeses caiam como moscas sob as botas da ditadura. Nunca houve tanta capitulação, assim, em tempos de “democracia”. O fato é que o governo de Luis Inácio vem conseguindo conquistas para o modo de vida neoliberal, bem maiores do que qualquer outro governante de direita logrou alcançar. Luis Inácio engorda os banqueiros, triplica a dívida interna, apóia o agronegócio, libera os transgênicos, fomenta os Fundos de Pensão, incentiva o uso de empréstimos bancários endividando os trabalhadores e, agora, consegue seu feito mais monumental. Coloca, com pompa e circunstância, o cabresto firme na boca das entidades sindicais. E sob o aplauso da maioria dos trabalhadores. Há que se tirar o chapéu para um governo desses!

Agora é esperar para ver a proliferação das Centrais Sindicais, louquinhas para criar seus fundos, suas máquinas burocráticas e os vampiros da classe trabalhadora. O dinheiro vai entrar tranqüilo pelo imposto sindical, não há que conquistar ninguém pelo debate, pela discussão, pela política. Resta saber se os trabalhadores vão permanecer amarrados às viseiras ou se, num rasgo de claridão, vão perceber o engodo de tudo isso.

A classe trabalhadora não precisa de permissão, regras, autorizações para lutar por seus direitos e para buscar os seus sonhos. A classe trabalhadora, unida, pode construir o mundo novo, inventando novas ordens e novas maneiras de organizar o mundo. A classe trabalhadora não precisa de tutela. Ela é autônoma, soberana e livre. E haverá de chegar o dia em que isso será óbvio demais...

A Barbárie continua...


Gaza continua sem água
Gaza continua sem energia elétrica
O frio é implacável
Hospitais contam os mortos por falta de medicamentos
Escolas são fechadas
Casas são demolidas
Oliveiras milenares são arrancadas
Os bloqueios continuam


Que terrível é ser palestino

Blog do bourdoukan

O MUNDO AO SEU ALCANCE


Crusius retribui apoio financeiro e reprime camponesas




A governadora do Rio Grande do Sul, a tucana Yeda Crusius, está aprontando. Querem um exemplo? A Brigada Militar a ela subordinada como Governadora, portanto a autoridade máxima do Estado, reprimiu com extrema violência, bem ao estilo anos de chumbo, 900 camponesas que ocuparam a Fazenda Tarumã, em Rosário do Sul, de propriedade da empresa Store Senso, que com as suas papeleiras está provocando danos irreversíveis à ecologia da região. Cinqüenta camponesas resultaram feridas por balas de borracha e estilhaço de bombas.



Esta é a resposta tucana ao movimento social, na mesma linha de José Serra em São Paulo e outros do gênero.



No caso do Rio Grande do Sul há uma lógica tucana para o procedimento violento da tropa de choque subordinada a Crusius. A Governadora foi eleita com a ajuda de três principais empresas de celuose em atuação no Rio Grande do Sul, a própria Stora Senso Brasil Ltda., a Aracruz Celulose S.A e a Votorantin Papel e Celulose Ltda. No total, segundo consta nos arquivos implacáveis da Justiça Eleitoral, as referidas empresas doaram mais de meio milhão de reais.



Mão na roda de Crusius


Agora sob os mais variados pretextos, para disfarçar, a governadora retribuiu pelos serviços prestados e deu o sinal verde para a truculência. Por estas e muitas outras, toda vez que algum tucano ou demo, que não fica atrás, ocupa o microfone para demonizar o movimento social, há uma lógica de classe e de grana.



Afinal, o custo de uma eleição é cara, talvez não tão cara do que uma eleição nos Estados Unidos, como demonstram os números, mas mesmo assim, se o empresariado não comparecer, candidatos com o perfil de um Serra, de uma Crusius e mesmo o do governador de Alagoas, Theotônio Vilela Filho, e Aécio Neves, não estariam ocupando o reocupando o cargo.



Esta é a realidade política nacional, cujo Congresso conservador também teve o comparecimento de empresas como as mencionadas.



Político do PT dá guinada de 180 graus


Aqui no Estado do Rio de Janeiro, a Assembléia Legislativa, com ajuda do rolo compressor do governo Sergio Cabral, aprovou o ingresso em terras fluminenses da poluidora Aracruz. E, pasmem, pouco antes, a legislação fluminense impedia a entrada de empresas com estas características. O projeto aprovado era do então deputado Carlos Minc, do PT, atual secretário do Meio Ambiente, que deu uma guinada de 180 graus na matéria. Ou seja, jogou no lixo o seu projeto anterior para participar do rolo compressor em favor da queda do que dispunha a Constituição.



É o caso de se perguntar: o que terá acontecido a este deputado que até virar secretário primava pela defesa do meio ambiente e depois que assumiu mudou da água para o vinho? Sofreu alguma ameaça de morte ou...



A mídia conservadora não faz este tipo de cobranças porque não intere$$a entrar ne$tes detalhe$. Prefere criminalizar presidentes sul-americanos como Hugo Chávez, Evo Morales ou Rafael Correa, bem como acionar os colunistas de sempre para manipularem a informação e iludirem leitores incautos que muitas vezes desconhecem o tipo de interesse que determinadas mídias acobertam. Ali Kamel, Merval Pereira. Arnaldo Jabor, Miriam Leitão e ouros menos votados que o digam.



Cabe agora aos eleitores que deram um crédito de confiança a Carlos Minc cobrarem do secretário a mudança de posição da água para o vinho.



Violência só gera violência


Claro que é lamentável o ataque indiscriminado contra civis, como aconteceu numa escola em Jerusalém, como é tão ou mais lamentável o método de terrorismo de Estado com realiza o Exército de Israel na Faixa de Gaza ao atacar indiscriminadamente redutos civis. A questão é que os meios de comunicação de um modo geral dão muito maior dimensão quando se trata de ações individuais, como no caso da escola, do que de um Estado, como em Gaza.



Claro, todos estes fatos remetem para uma questão: a paz na região, com a presença do esquema truculento israelense-estadunidense, fica praticamente impossível, pois violência gera violência e assim sucessivamente. Bush e Rice na prática estimulam a linguagem da truculência, linguagem esta que só favorece os grupos que se locupletam com a guerra. E este setor está sempre com Bush e não abre.



Hoje eles estão querendo que a truculência finque pé na América do Sul, haja vista o bombardeio e posterior invasão do território equatoriano por forças colombianas, bem como criar um clima de tensão permanente que resulte na divisão. Tipo da estratégia que cheira a morte e a petróleo.

Ilustração: Táia Rocha


> Mário Augusto Jakobskind é jornalista e escritor. Foi colaborador dos jornais alternativos Pasquim e Versus, repórter da Folha de S. Paulo (1975 a 1981) e correspondente da Rádio Centenária de Montevideo, além de editor de Internacional da Tribuna da Imprensa (1989 a 2004) e editor em português da revista cubana Prisma (1988 a 1989). Atualmente é correspondente do semanário uruguaio Brecha e membro do conselho editorial do Brasil de Fato. É autor, entre outros, dos livros América Que Não Está na Mídia (Adia, 2006), Dossiê Tim Lopes - Fantástico/Ibope (Europa, 2004), A Hora do Terceiro Mundo (Achiamê, 1982), América Latina - Histórias de Dominação e Libertação (Papirus, 1985) e Cuba - apesar do bloqueio, um repórter carioca em Cuba (Ato Editorial, 1986).

Derrotada ação extorsiva da ExxonMobil contra a PDVSA

“Decidi que a ordem judicial” de congelar fundos ditada em 24 de janeiro contra a empresa Petróleos de Venezuela, PDVSA, a pedido da ExxonMobil “deve ser revogada”, determinou na terça-feira o juiz Paul Walker, do Alto Tribunal da Inglaterra e Gales, instância à qual havia recorrido a multinacional norte-americana para não respeitar a decisão do governo de Hugo Chávez de retomar para o Estado o controle do petróleo do país. A sentença tem efeito imediato.

Foi uma vitória definitiva sobre a tentativa de fazer valer leis supranacionais em questões internas do país. Em Caracas, o ministro de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez, disse, depois de conhecer a notícia, que a decisão do tribunal londrino “põe ponto final à abusiva estratégia do ataque financeiro por via legal da ExxonMobil contra PDVSA, e dá razão ao Estado venezuelano na defesa do direito soberano sobre o uso de seus recursos naturais”.

A decisão do juiz Walker “põe em seu lugar a ExxonMobil”, acrescentou o ministro. “O nosso país inteiro está comemorando que a decisão é 100 por cento a favor dos interesses da nação, ou seja, que derrotamos a ExxonMobil, representante dos mais vis interesses imperialistas”, declarou.

O ministro Ramírez explicou que a origem do litígio do Estado contra a ExxonMobil remontava aos anos noventa. Naquele período, assinalou, se desenvolveu no país uma política de entrega da indústria petroleira, “uma política através da qual se privatizou boa parte das atividades que correspondiam a nossa indústria Petróleos de Venezuela”.

Junto com essa privatização à margem da Constituição, assinalou, começou um desmonte do que era o regime fiscal petroleiro do Estado venezuelano pela via da diminuição das entradas petroleiras, através dos impostos e das regalias. “Esta política se conheceu em seu momento como a Apertura Petroleira. A partir de 1999, o governo do presidente Chávez iniciou uma política de recuperação da plena soberania petroleira, recuperação do uso do nosso principal recurso”.

Desde 1999, o governo venezuelano desenvolveu ações para recuperar uma parte substancial da renda petroleira (a diferença entre o custo de extração e o de venda do petróleo), tanto no terreno fiscal, a partir de cobrar maiores regalias e impostos às empresas, como no relacionado diretamente sobre a propriedade das jazidas.

NACIONALIZAÇÃO DO ORINOCO

Neste último aspecto, em 27 de fevereiro de 2007 o governo emitiu um decreto de nacionalização do petróleo da faixa do Orinoco, um dos maiores reservatórios do mundo, que tinha sido entregue pelos anteriores governos às transnacionais. No contexto deste decreto de nacionalização começou o processo para migrar ao esquema de empresas mistas de todos os projetos vigentes no Orinoco, garantindo a maioria das ações para a PDVSA.

O governo venezuelano fechou acordos com mais de dez petroleiras transnacionais, entre elas: Total, da França; Statoil, da Noruega; Emi, da Itália; British Petroleum, do Reino Unido. Com as que já operavam na faixa e não aceitaram o acordo de participação mista, o governo obteve acordos para liquidar sua participação. Só duas companhias, ambas norte-americanas, não aceitaram nenhum tipo de acerto para reduzir sua participação ou para encerrá-la, e decidiram acudir à arbitragem internacional: Conoco Phillips e ExxonMobil.

Essa possibilidade não foi aceita em nenhum momento por Caracas. A PDVSA ofereceu pagar 750 milhões de dólares, que é o valor dos ativos que a empresa estadunidense tem na faixa do Orinoco. A Exxon entrou com a ação por um valor que não tinha nada a ver com a realidade e o tribunal de Londres encerrou a questão a favor da Venezuela.


Gerry Mulligan - Mulligan and Getz and Desmond (1957)

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Gerry Mulligan - Mulligan and Getz and Desmond (1957)
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Faixas:
1. Ballad (5:46)
2. This Cant Be Love (8:490
3. Let's Fall In Love (6:30)
4. That Old Feeling (6:00)
5. Too Close For Comfort (7:00)
6. Anything Goes (3:40)
7. Scrapple From The Apple (8:11)
8. I Didn't Know What Time It Was (9:05)

Personagens:
Gerry Mulligan (baritone saxaphone)
Stan Getz (tenor saxaphone)
Lou Lery (piano)
Ray Brown (bass)
Stan Lerey (drums)

Disco dois:
9. Body And Soul (9:41)
10. Standstill (3:29)
11. Wintersong (6:59)
12. Line For Lyons (3:07)

Personagens:
Gerry Mulligan (baritone saxaphone)
Paul Desmond (alt saxaphone)
Joe Benjamin (bass)
Dare Bailey (drums)

Downloads abaixo:

Part 1
Part 2


sexta-feira, 21 de março de 2008

A GLOBO JÁ ESTÁ EM CAMPANHA, EM ESFORÇO MELHOR ORGANIZADO QUE O DE 2006

Luiz Carlos Azenha

SÃO PAULO - Governo e oposição já estão em franca campanha para as eleições municipais de 2008. O governo faz o PAC e os Territórios da Cidadania, que são obras importantes de infraestrutura mas podem, óbviamente, render dividendos eleitorais. A oposição está desarticulada no Congresso, mas tem aliados importantes no STF e na mídia.

O partido mais forte de oposição é o Partido das Organizações Globo. Só não percebe que está em campanha eleitoral quem não presta atenção. A campanha vai do Jornal Nacional à rádio CBN, passando pelo jornal O Globo e o portal da Globo.com. Não existem reuniões de campanha. Não é preciso. Os senadores, deputados e vereadores do partido pensam igual. Alguns são escalados para tentar agendar o noticiário do dia, através do Bom Dia Brasil. Outros trabalham junto à elite, em programas da Globonews. Há os que ataquem em novelas e no entretenimento. É uma bancada de famosos.

Sinceramente, não sei qual é a eficácia desse martelar contínuo. O time é formado não só por aqueles que recebem salários diretamente, mas também pelos contratados para prestar serviço. São os especialistas, que recebem um espaço extraordinário em concessões públicas de rádio e de televisão para dar suas opiniões "neutras". Esse tempo não é contado no oferecido a integrantes do governo ou da oposição. É tempo de comentários supostamente jornalísticos. É propaganda eleitoral disfarçada.

Em 2006 o Jornal Nacional dava um minuto para o Alckmin, um minuto para a Heloísa Helena, um minuto para o Cristovam Buarque, um minuto para o Lula, dois minutos para a capa de Veja e cinco minutos para escândalos federais. Não existiam escândalos estaduais, nem municipais.

Já está no ar, nas Organizações Globo, uma reprise de 2006, agora melhor organizada.

De lá para cá a linha editorial dos veículos foi consolidada, a ponto de os correspondentes internacionais receberem o que pode ser definido como "material de propaganda", para que aprendam o que pensa a direção da empresa. Ainda que alguns correspondentes usem os livros para calçar a porta de casa, o importante é que repitam, no ar, o conteúdo.

Há três objetivos: um, de curto prazo, meramente eleitoral. Nessa estratégia se encaixam participações como as do doutor Rosenfield na rádio CBN. Ele é apresentado como doutor em ética e professor universitário. O ouvinte desavisado acha que é uma simples autoridade intelectual supostamente imparcial. Essas "autoridades" serão usadas crescentemente para não desgastar a credibilidade dos jornalistas da casa, munição importante para as vésperas da eleição.

Os ataques vão se concentrar naquilo que os aliados do governo poderão usar na campanha, especialmente no PAC. As CPIs dos cartões corporativos e das ONG são mantidas em banho-maria. É delas que surgirão os escândalos para alimentar o noticiário dos próximos meses. Se 2006 serve de exemplo, esses e outros escândalos vão atingir o ápice em agosto ou setembro. Se começarem a surgir muito cedo, haverá tempo de refutar as informações superficiais, distorcidas, manipuladas ou tiradas de contexto - especialmente através da internet.

O segundo objetivo é mais longínqüo: as eleições de 2010. Os jornalistas assalariados e os comentaristas alugados vão mirar em qualquer candidato em potencial ligado ao governo - de Ciro Gomes a Dilma Roussef. É um trabalho de longo prazo. Feito com paciência, diligência e organização.

O terceiro objetivo tem caráter mais ideológico: derrubar iniciativas consideradas prejudiciais aos interesses políticos ou econômicos das Organizações Globo, das grandes corporações e da política externa dos Estados Unidos, que na verdade se confundem. Direitos das corporações serão defendidos como se fossem direitos humanos. Direitos trabalhistas serão atacados como atraso. Por exemplo, ligando as leis ao entulho da ditadura Vargas. E os direitos das minorias serão vendidos como violação de direitos alheios, isto é, da elite branca como definida pelo ex-governador Cláudio Lembo.

E assim serão combatidas a redução da jornada de trabalho, os aumentos do salário mínimo acima da inflação, os programas sociais, a reforma agrária, o reconhecimento de direitos dos quilombolas e dos indígenas que ameacem o agronegócio, o estatuto da Igualdade Racial, a expansão do Mercosul e qualquer iniciativa que represente aproximação entre o Brasil, a Bolívia, o Equador e a Venezuela.

O combate ao governos destes três últimos países tem a ver com a ameaça da consolidação de um caminho que põe em xeque a soberania dos Estados Unidos sobre a América Latina, que é um fato afirmado, confirmado e reafirmado através da contínua intervenção política, econômica e militar no México, na Guatemala, na Nicarágua, em El Salvador, na Costa Rica, em Cuba, em Granada, no Panamá, em Porto Rico, na República Dominicana, no Haiti, na Colômbia, na Venezuela, no Chile, no Brasil, na Argentina, na Bolívia e no Paraguai. Esqueci alguma intervenção? A Globo esqueceu.

O CEDOC da Globo parece ter sido vítima de um apagão digital. O CEDOC da Globo só se lembra dos seqüestros praticados pelas FARC. O CEDOC da Globo se esqueceu da derrubada de um avião cubano com 57 passageiros a bordo em 1976 e do fato de que os autores do atentado viveram ou vivem livres, leves e soltos nos Estados Unidos. Nessa parte do arquivo deu tilt. Se o CEDOC se lembrar disso vai ser preciso explicar aos telespectadores da Globo que governos americanos deram cobertura a terroristas. Já imaginaram?

Eu escolhi reproduzir o áudio da rádio CBN, que está na Rádio Viomundo, para dar um exemplo do que ouvem milhões de paulistanos em seus automóveis, presos no engarrafamento, que é sempre causado "por excesso de veículos", no jargão da emissora. Os congestionamentos-monstro de São Paulo nunca são causados por falta de planejamento ou pela inércia dos poderes públicos. Admitir isso seria, de alguma forma, prejudicar o projeto político aliado, que hoje controla a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual.

Notem como o jornalista-locutor, no áudio que reproduzo, se sente à vontade para sugerir que, infelizmente, é impossível mudar de técnico - ou seja, é impossível derrubar um presidente da República eleito pela maioria.

Sugiro a vocês que escrevam aí embaixo uma lista de senadores, deputados e vereadores da bancada das Organizações Globo. Vou criar uma seção neste site para que fiquem registradas as declarações da bancada da Globo nesta campanha eleitoral. Peço a contribuição de todos. Não pode haver erro: o objetivo é o de reproduzir literalmente o que escrevem e dizem no rádio e na TV os integrantes deste verdadeiro partido político, de alcance e penetração nacionais.

Gravem da TV, do rádio, recortem dos jornais. Vamos fazer a partir de agora um grande banco de dados com os comentários "apartidários" do Partido das Organizações Globo, para a diversão de futuras gerações. Quem sabe saia disso um livro, o primeiro produzido no Brasil a partir da ação colaborativa de internautas. Poderemos chamá-lo de Pérolas do Jardim Botânico.

Alípio Freire contesta Gaspari no artigo "A Ditadura Reencarnada"


O jornalista Élio Gaspari publicou há poucos dias um artigo que gerou muita indignação entre os veteranos militantes de esquerda que lutaram contra a ditadura militar no Brasil. O jornalista Alípio Freire é um deles. Neste artigo, ele desanca o texto de Gaspari --que tentava qualificar como terroristas os militantes de 68-- e diz que "as mandracarias do jornalista que se propõe expert sobre a ditadura, a respeito da qual já publicou alguns livros que, com esse artigo publicado na Folha, tornam-se, na melhor das hipóteses, fontes absolutamente suspeitas". Veja abaixo a íntegra do artigo de Alípio Freire, publicado no jornal Brasil de Fato.



A Ditadura Reencarnada

por Alipio Freire (*)

O que leva alguém a escrever e publicar, a partir de uma série de mentiras,
um artigo com o título Em 2008 remunera-se o terrorista de 1968, nos dias da
visita da senhorita Condoleezza Rice ao Brasil, poucos depois da invasão e
bombardeio do território equatoriano pelas forças do narco-presidente Álvaro
Uribe, para assassinar militantes das Farc?

O que se pretende ao retomar a expressão "terrorista" no título e corpo de
um texto, repetida ad nauseam, quando todos sabem dos esforços de Miss
Condie para tentar nos convencer de que invasões de fronteiras e desrespeito
a soberanias nacionais devem ser considerados "legítima defesa" desde que se
trate de perseguir o que o governo a que serve considere unilateralmente
como "terroristas"?

Essas perguntas, pelo menos por enquanto, ficarão sem resposta.

Observado o contexto em que a Folha de S. Paulo publicou o artigo do
jornalista Élio Gaspari, vamos ao texto.

O pretexto do artigo é a defesa de supostos direitos do senhor Orlando
Lovecchio Filho, que perdeu uma perna há cerca de 40 anos, em conseqüência
de bomba colocada no Consulado dos EUA em São Paulo.

Primeiro, o senhor Gaspari omite que houve um processo movido pelo senhor
Lovecchio contra o arquiteto Sérgio Ferro, único sobrevivente do comando que
colocou a bomba. Nesse processo, os advogados do senhor Lovecchio anexaram
dois laudos médicos: o primeiro, dá conta de que, quando a vítima deu
entrada no hospital imediatamente após ser ferido pela explosão, a cura do
ferimento seria possível. No entanto, a Delegacia de Ordem Política e Social
(Deops) retirou o senhor Lovecchio do hospital, levando-o para sua sede na
Praça General Osório, para interrogatório, somente depois do que foi levado
outra vez para o hospital. O segundo laudo (feito depois dessa volta)
declara que, nesse intervalo de tempo, sua perna havia gangrenado, tornando
a amputação a única saída possível. O arquiteto Sérgio Ferro ganhou o
processo em duas instâncias.

Depois, revela ignorância e/ou má fé o cronista, ao classificar a bomba
contra o Consulado enquanto ação "terrorista". Os arquitetos Sérgio Ferro e
Rodrigo Lefèvre (falecido em 1984) foram julgados em 1971 pela Auditoria da
2ª Circuscrição Militar de São Paulo. Acusados pela ação contra o Consulado.
Esta foi classificada pelo tribunal militar como "propaganda armada". Ou
seja, o jornalista Gaspari investindo-se da mesma presunção do governo do
senhor George W. Bush, define unilateralmente o que seja "terrorismo" a
partir do que se sente autorizado a atacar o que bem entenda.

Mas, não param aí as mandracarias do jornalista que se propõe expert sobre a
ditadura, a respeito da qual já publicou alguns livros que, com esse artigo
publicado na Folha, tornam-se, na melhor das hipóteses, fontes absolutamente
suspeitas.

De acordo com o cronista, a ação teria sido da autoria da Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR), planejada por Diógenes Carvalho de Oliveira que,
juntamente com os dois arquitetos e a então produtora cultural Dulce Maia,
teriam sido seus executores.

Aqui, incorre o arrogante expert em pelo menos três outras inverdades: a
ação foi uma decisão da Ação Libertadora Nacional (ALN) e nem Diógenes ou
Dulce (militantes da VPR) tiveram qualquer tipo de participação.

A partir desse conjunto de mentiras sucedem-se os ataques pessoais,
sobretudo contra Diógenes de Oliveira. A certa altura, lemos: "Durante o tempo em que esteve preso, ele [Diógenes] foi torturado pelos militares (...). Por isso, foi uma vítima da ditadura, com direito a ser indenizado pelo que sofreu. Daí a atribuir suas malfeitorias a uma luta pela democracia iria uma enorme distância. O que ele queria era outra ditadura".

Mais uma vez, investindo-se da postura imperial do senhor W. Bush, o
cronista que, segundo consta, foi o enfant gâté (criança mimada) dos
generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva, se coloca acima de
qualquer lei (sim, pois existe uma Lei de Anistia), e decide dar aulas sobre
o que deve ser considerado "malfeitoria" e "democracia".

De repente, além de outros interesses mais ou menos escusos que possa ter
para se expor com mentiras tão rudimentares, o cronista volta a uma das suas
mais velhas teclas: as indenizações recebidas pelos perseguidos durante a
ditadura.

Desta vez, tenta cunhar uma graciosa expressão: "Bolsa Ditadura".

Desrespeito e indignidade parecem não ter limites.

Sobre as indenizações

A respeito das indenizações, qualquer pessoa minimamente informada sabe que
todo Estado é responsável pela integridade de seus cidadãos sob sua custódia
e que, não cumprindo esse seu dever, pode e deve ser processado. Do mesmo
modo, todos sabem que é dever das Forças Armadas, além de defender o
território nacional de agressões estrangeiras, garantir a Constituição que
rege o Estado.


Em 1964, setores hegemônicos das Forças Armadas, aliados ao grande capital
internacional, à mais alta cúpula da Igreja, à chamada "direita ideológica"
e com o apoio do governo dos Estados Unidos (democracia pela qual parece
pugnar o cronista que aqui glosamos) rasgou a Constituição brasileira, depôs
seu presidente constitucionalmente eleito e implantou a tortura e o
assassinato de adversários enquanto política de Governo e de Estado.


Explicado o óbvio, repetirei aqui, para encerrar, apenas um trecho de uma
das minhas falas perante a Comissão de Anistia, quando do julgamento do meu
processo, em outubro de 2004:


Se o Congresso Nacional houvesse aprovado a nossa proposta de Anistia Ampla,
Geral e Irrestrrita, que incluía a apuração das responsabilidades pelos
crimes cometidos e punição de seus autores e mandantes nos termos da lei,
certamente teríamos como desdobramento o confisco dos bens dos que
enriqueceram ilicitamente naquele período à custas da violência e do herário
público. Em todos os sentidos, e também por saber que nossas indenizações
seriam pagas por esses confiscos justos e legítimos, nos sentiríamos
certamente muito mais realizados em nossos objetivos.


No entanto, foram exatamente os que pensam como o senhor Gaspari, que
preferiram que esse tipo de solução não se concretizasse.

Nota: As informações aqui utilizadas foram dadas diretamente com Sérgio Ferro e Dulce Maia. Infelizmente, não pudemos ouvir Diógenes Carvalho de Oliveira. Os três, bem como o já falecido Rodrigo Lefèvre, foram meus companheiros de prisão, e tenho profundo orgulho de privar da amizade de todos eles.

(*) Alipio Freire é jornalista, escritor e membro do Conselho Editorial do
Brasil de Fato, onde este artigo foi originalmente publicado.

Créditos: Vermelho


Uribe dirige a Colômbia tal qual um latifúndio


Todos os sábados, ele percorre o país afora para ouvir a população humilde. Por ser um contramestre eficiente (a sua primeira profissão), ele soluciona os seus problemas mais imediatos: a estrada que precisa ser asfaltada, o esgoto por ser consertado, o centro de saúde por ser construído. As câmeras filmam, evidentemente. Messiânico e populista, Álvaro Uribe dirige o seu país da mesma forma que ele administrava o seu latifúndio, e o método está agradando. Para a imensa maioria dos seus compatriotas, ele é "o melhor presidente que a Colômbia já teve".


Marie Delcas: Le Monde Diplomatique



Em Quito e em Caracas, o tom dos comentários é diferente: o fiel aliado de George W. Bush é considerado nas capitais equatoriana e venezuelana como "um pião do império", "um perigo para a região", e até mesmo "um mafioso" e "um aliado dos paramilitares". A França, por sua vez, tem dificuldades para compreender a intransigência do presidente colombiano frente aos guerrilheiros que, há mais de seis anos, mantêm Ingrid Betancourt como refém.


Álvaro Uribe foge da imprensa estrangeira, passa horas falando no microfone das rádios de bairro. Junto aos seus eleitores, ele forjou para si uma imagem de homem de ação que não recua diante dos riscos e assume as suas responsabilidades. Mas ele atraiu contra a sua pessoa a cólera de um continente que não está para brincadeiras em matéria de soberania territorial, ao mandar bombardear, em 1º de março, um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), situado em território equatoriano. Ao mandar eliminar Raúl Reyes, o número dois na hierarquia das Farc e seu principal negociador, ele também assumiu o risco de atrair a ira dos mediadores que estavam tentando obter a liberação dos reféns. "Eu optei por dar a prioridade à eficácia militar", confessou o chefe do Estado durante uma reunião informal com a imprensa.


"Os riscos foram bem calculados", comemoram hoje os seus partidários. Os "uribistas" estão firmemente convencidos de que o seu presidente triunfou em todos os planos. Raúl Reyes está morto e a crise diplomática está encerrada; as autoridades de Quito e Caracas, por sua vez, acabaram ficando numa situação complicada, pois passaram a ser suspeitas de cumplicidade com uma organização terrorista. A imprensa colombiana vem repercutindo este "triunfo" do presidente. Ninguém ouviu o discurso do presidente Nicolas Sarkozy no qual este lembrou que "a democracia tem por obrigação combater o terrorismo dentro do respeito das regras da democracia".


Israel do continente


Para justificar uma incursão além das suas fronteiras, o presidente Uribe alegou a "legítima defesa" e as necessidades da luta contra o terrorismo. O argumento teve lá o seu peso, evitando que a Colômbia fosse alvo de uma condenação por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA). "Mas é o apoio de Washington que se revelou decisivo", reconhece um diplomata colombiano. Este último teme que a frase do presidente Hugo Chávez: "A Colômbia tornou-se o Israel da América Latina", tenha sensibilizado a muitos na região.


"Álvaro Uribe nunca poderia ter bombardeado o Equador sem o sinal verde dos Estados Unidos", lembra o analista Pedro Medellín. Os americanos são suspeitos de jogarem a carta do enfrentamento regional para desestabilizar Hugo Chávez, a sua grande ojeriza. Desde a implantação do Plano Colômbia, em 2000, Bogotá recebeu mais de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 8,7 bilhões) no quadro da ajuda militar americana.


"Uribe é um líder. Ele nos devolveu a confiança. Desde que ele está no comando, tudo anda melhor", resume Hector Barragan, um caminhoneiro que se diz "furibista" - adepto da "fúria uribista". Durante os seis anos em que ele esteve no poder, o presidente nunca caiu abaixo do limite das 65% de opiniões favoráveis. A sua cota era de 80% às vésperas da crise diplomática. "E agora, ele deve estar na casa dos 110%", ironiza o analista Leon Valencia. Com efeito, a união sagrada exerceu-se em favor do presidente.
Milícias e narcotráfico

As críticas, os reveses e os escândalos não conseguem deixar marcas na sua atuação. Este "efeito Teflon" a toda prova deixa perplexos os institutos de pesquisas e desolados os anti-uribistas - eles existem. Até mesmo o escândalo conhecido como da "para-política" poupou Álvaro Uribe até o momento. Mais de 40 parlamentares da maioria presidencial foram indiciados por terem desenvolvido atividades em parceria com as milícias de extrema-direita, culpadas de inúmeros crimes atrozes. Destes ex-parlamentares, 22 estão encarcerados.


O senador Mario Uribe que, além de primo, é um mentor do chefe do Estado, poderia em breve se juntar a eles. "Ninguém é responsável pelos atos dos seus familiares", lembram não sem razão os "uribistas". Por sua vez, José Obulio Gaviria, um dos mais influentes entre os conselheiros presidenciais - e considerado como o ideólogo do regime - era primo de Pablo Escobar, o grande líder do cartel de Medellín, morto em 1993. Ninguém é responsável pelos atos dos seus familiares.


As Farc continuam exercendo uma influência decisiva em relação à popularidade presidencial. Os "furibistas" e os "anti-uribistas" estão de acordo neste ponto. Escaldados pelo interminável e estéril processo de paz conduzido pelo presidente Andrés Pastrana (no poder de 1998 a 2002), os colombianos elegeram em 2002 um presidente de pulso forte para acabar de uma vez por todas com a guerrilha.


"Pulso de ferro e grande coração", dizia o primeiro slogan de campanha de Álvaro Uribe, que foi reeleito triunfalmente quatro anos mais tarde. Neste meio tempo, a "segurança democrática" mostrou a que veio: uma paz precária voltou a ser instaurada nas regiões rurais, os eixos rodoviários tiveram a sua segurança reforçada, o número de homicídios e de seqüestros diminuiu. É verdade que as estatísticas oficiais sempre devem ser consideradas com cautela. Mas, em política, a confiança importa mais do que os números. O chefe do Estado permanece convencido de que "o conflito armado não é a conseqüência da pobreza, mas sim a sua causa". Toda reflexão a respeito dos privilégios e dos deveres dos cidadãos ricos desapareceu do discurso político. A política social foi relegada para um segundo plano. Foi dada prioridade para a proteção dos investimentos privados e para o orçamento militar.


Contudo, Álvaro Uribe também encarna um estilo de governo. Nem coquetéis, nem iate para este presidente que soube forjar para si uma imagem de homem pio, austero e trabalhador. O chefe do Estado se deixa raramente fotografar quando está de folga. Durante uma das suas inúmeras visitas oficiais em Washington, ele foi surpreendido almoçando numa lanchonete "fast food".


Carreira política


Álvaro Uribe é originário de Medellín, que é o berço da indústria nacional e também o dos traficantes de cocaína. Durante os anos 1970, ele seguiu nesta cidade brilhantes estudos de direito. Uma jovem promessa do Partido Liberal, ele deslancha a sua carreira política numa época em que os comprometimentos entre a máfia e as elites locais eram moeda corrente. Em 1980, o seu pai, um criador de gado, é assassinado pelas Farc - o presidente se defende até hoje de estar em busca de vingança. Pouco depois, o traficante Pablo Escobar publica no jornal local um anúncio no qual ele lhe manifesta as suas condolências. "Eu nunca fui amigo de Pablo Escobar, mesmo quando isso virou moda", assegurou no ano passado o chefe do Estado. Na época, Virginia Vallejo, que foi a amante do mafioso, acabava de ter as suas memórias publicadas, nas quais ela relata as relações cordiais que cultivavam os dois homens.


Depois de exercer um mandato no Senado, Álvaro Uribe é eleito, em 1995, governador do seu departamento, Antioquia. A sua gestão revela-se eficiente, o que lhe vale a admiração dos seus eleitores, mas os seus métodos visando a reforçar a segurança pública provocam a indignação dos defensores dos direitos humanos. Com efeito, o governador Uribe promove com entusiasmo a implantação de cooperativas privadas de segurança, que acabam de ser legalizadas. Declaradas posteriormente inconstitucionais, as "Convivir" contribuíram para a explosão do paramilitarismo na Antioquia. Um diplomata colombiano que ocupava na época um cargo em Washington conta que "ninguém na capital americana queria receber o governador da Antioquia, excessivamente vinculado aos paramilitares". Os tempos mudaram.


Atualmente, os principais chefes paramilitares se dedicam às suas atividades do interior da prisão. Oficialmente, eles desmobilizaram as suas tropas. Trinta mil homens entregaram as armas. Contudo, em várias regiões do país, milícias armadas a serviço dos narcotraficantes se reconstituíram. No quadro da aplicação da lei Justiça e Paz, os chefes paramilitares que confessam os seus crimes não passarão mais de oito anos atrás das grades.


Os mal intencionados colocam em perspectiva este generoso perdão oferecido aos criminosos paramilitares e a virulência com a qual o presidente combate a guerrilha. "Os primeiros aceitaram o princípio de um cessar-fogo, eles entregaram as armas e confessaram seus crimes. Os guerrilheiros, por sua vez, prosseguem suas atividades criminosas. Tão logo eles aceitarão um cessar-fogo, nós lhes abriremos as portas da negociação", lembra o alto-comissário para a paz, Luis Carlos Restrepo.


"Álvaro Uribe não governa, ele seduz e evita cuidadosamente empreender toda reforma estrutural que poderia comprometer o seu capital político", avalia o professor Pedro Medellín. A indispensável reforma em profundidade do sistema fiscal foi postergada por um tempo indeterminado. "O presidente poupa muito particularmente os grandes grupos econômicos vinculados aos meios de comunicação", sublinha Pedro Medellín.


"As pessoas se esquecem com freqüência de que o presidente Álvaro Uribe foi beneficiado por uma conjuntura econômica particularmente favorável. A opinião pública atribuiu o crescimento ao sucesso da política de segurança do governo. Mas a América Latina como um todo conheceu um crescimento positivo", acrescenta o economista Mauricio Perez.


O país continua sendo o maior produtor mundial de cocaína. Mas a questão da contribuição da economia da droga para a taxa de crescimento é outra que vem sendo deixada de lado há muito tempo.


Norman McLaren - Neighbours (1952)