domingo, 6 de abril de 2008

Ana Carolina - Dois Quartos: Multishow Ao Vivo (Áudio do DVD 2008)




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Bush no Céu - Relexões de Fidel Castro


Como se morássemos numa casa de loucos. Por Fidel Castro Ruz.

• ATENHO-ME nesta reflexão a notícias recebidas pelas mais diversas vias, das agências de notícias internacionais — sem mencionar especificamente cada uma delas como fontes de origem, mas com fiéis ao texto —, livros, documentos, internet e até perguntas formuladas a fontes informadas.

Vemos ao nosso redor uma grande azáfama, como se morássemos numa casa de loucos. Nossos conhecidos personagens continuam seu agitado andar.

Do Brasil e do Chile, Condoleezza foi rumo a Moscovo para perscrutar o novo presidente. Ela quer saber o que ele pensa. Vai acompanhada do chefe do Pentágono que, com um braço luxado, por causa do trambolhão dado em fevereiro, exclamou: "Com um braço distorcido não serei tão difícil assim como negociador". Uma piada que não deixa de ser tipicamente ianque. Calcule-se seu efeito no orgulhoso ouvido de um russo, cujo povo perdeu tantos milhões de filhos lutando contra as hordas nazistas que reclamavam espaço vital — o que hoje seria denominado petróleo barato, matérias-primas e mercados seguros para os excedentes de mercadorias.

Em Bagdá, são conhecidas as aventuras de McCain e Cheney, um que aspira a ser chefe do governo e outro, ainda sendo vice-chefe, dá decide mais que seu próprio chefe. Foram recebidos com os mais inesperados e violentos presságios. Investiram nisso mais de dois dias, o bastante para inundar o mundo de sinistros prognósticos.

Bush proferia um discurso em Washington, enquanto o ouro e o petróleo aumentavam aceleradamente o preço.

Cheney não se detém. Foi para o Sultanato de Omã — 774 mil barris de petróleo a cada dia em 2005, e 780 mil em 2004. No ano passado Omã revelou seus planos de investir US$10 bilhões nos próximos cinco anos, para elevar sua produção de petróleo para 900 mil barris diários e alcançar a cifra de 70 a 80 milhões de metros cúbicos de gás por dia. É isso que informaram as autoridades do Sultanato em 15 de janeiro de 2007.

Cheney, acompanhado da família, saiu no iate "Kingfish I" do sultão para pescar nos limites das águas de Omã e o Irã. Que temeridade! Os prêmios Nobel deveriam também entregar-se aos super-corajosos que correm o risco de morte ou de mutilação, após um suntuoso almoço de família, com um espinha de peixe na garganta. A ausência do proprietário do luxuoso navio foi a que estragou a festa do herói.

McCain também não se detém. Percorre de helicóptero o território onde os soldados israelenses, procurando os líderes palestinos, matam constantemente, com meios técnicos sofisticados, mulheres, crianças, adolescentes e jovens, em território da Cisjordânia. Nisso o candidato republicano é experto.

Viaja para Jerusalém, e lá promete ser o primeiro a reconhecer aquela cidade, na íntegra, como capital de Israel, o qual os Estados Unidos e a Europa transformaram em potência nuclear sofisticada, cujos projéteis, dirigidos por satélite, podem cair sobre Moscou, a mais de 5 mil quilômetros, em questão de minutos.

Não haverá estado com reservas petrolíferas ou de gás que Cheney deixe de visitar antes de retornar, para informar o presidente de seu país a respeito da felicidade do mundo.

Bush, por sua parte, fala no dia 17 por uma razão, em 18, por outra, e em 19 pelo início da genial guerra. Cuba, como é de supor, não deixa de ser alvo de seus insultos.

No caos criado pelo império, as guerras são companheiras inseparáveis. A do Iraque acaba de completar cinco anos. Analistas calculam o número de pessoas afetadas aos milhões e seu custo total em trilhões de dólares. Perderam-se 4 mil soldados regulares e 30 feridos em cada soldado morto no tipo de guerra travada. Fósforo vivo e bombas de fragmentação são o pão nosso de cada dia. Tudo é permitido, exceto viver.

Cheney e McCain concorrem, um como pai da criatura e o outro como padrasto. Os dois se reúnem com chefes de Estado, exigem compromissos: a produção de petróleo e gás deveria ser aumentada; usar tecnologia ianque, fornecimentos ianques, armas do complexo militar industrial; autorizar bases militares ianques.

De Jerusalém, McCain foi para Londres para falar com Gordon Brown. Antes, ao falar na Jordânia, enganou-se e informou que o Irã, país xiita, treina al-Qaeda, organização sunita. Não se interessa com isso, nem sequer pede desculps pelo erro.

Cheney vai para o Afeganistão. A guerra ianque e da OTAN transformou o país no maior exportador de ópio do mundo. A URSS se desgastou e se afundou numa guerra similar. Bush desferiu o primeiro golpe bélico, e com ele, a OTAN.

É feito todo o necessário para preparar as reuniões em paralelo da luta contra o terrorismo e da OTAN.

Uma coisa é certa: Nos dias 1, 2 e 3 de abril vão se reunir em Bucareste, capital da Romênia, Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, e Jaap de Hoop Scheffer, autoridade máxima da OTAN, com o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, para participar do Fórum Transatlântico de Bucareste. Simultaneamente terá lugar a conferência convocada pelo GMF (German Marschall Fund of the United States), pelo Ministério das Relações Exteriores da Romênia, e Chatham House, que reunirá um grande número de estrategistas e políticos para tratar de temas de interesse vital para a OTAN. Participarão, declarou o presidente do GMF, nove chefes de Estado, 24 primeiros-ministros e ministros, e 40 presidentes de institutos de pesquisa da Europa e da América que constituem a Organização do Atlântico Norte (OTAN), a qual dissolveu a Iugoslávia de Tito e lançou a guerra de Kosovo. Qualquer coincidência com os interesses do imperialismo ianque, todo mundo compreenderá que é puro acaso. A situação dos Bálcãs, a defesa antimíssil, o fornecimento de energia e o controle das armas são temas obrigatórios.

Como Bush precisa cumprir seu papel de protagonista, já elaborou seu programa: irá à cidade de Neptun, do mar Negro, para se reunir com o presidente da Romênia, Traian Basescu, nas vésperas do da conferência. Nas mãos dele estão os destinos da humanidade, que contribui com mais-valia e sangue.

Fidel Castro Ruz

sábado, 5 de abril de 2008

Milho transgênico da Monsanto é banido da Romênia por falta de segurança

A Romênia é o oitavo país da Europa a banir o cultivo de variedades transgênicas, seguindo os passos da França, Hungria, Itália, Áustria, Grécia, Suíça e Polônia

A Romênia é o oitavo país da Europa a banir o cultivo de variedades transgênicas, seguindo os passos da França, Hungria, Itália, Áustria, Grécia, Suíça e Polônia



Correio da Cidadania


O governo romeno anunciou no dia 27 de março que vai banir do país o milho geneticamente modificado MON 810 da Monsanto. A decisão é particularmente importante já que o milho é o único cultivo comercial de transgênicos permitido na Europa. Essa variedade é a mesma que foi aprovada em 2007 para plantio comercial no Brasil pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

A Romênia é o principal produtor de milho da União Européia em total de hectares plantados, com cerca de 3 milhões de hectares cultivados anualmente. Do milho MON 810 foram plantados 300 hectares no país desde 2007, representando apenas 0,01% do total de produção de milho da Romênia.

Com o anúncio do ministro do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Romênia, Attila Korodi, o maior produtor de milho da Europa se tornará livre de transgênicos. A Romênia é o oitavo país da Europa a banir o cultivo de variedades transgênicas, seguindo os passos da França, Hungria, Itália, Áustria, Grécia, Suíça e Polônia.

Preocupações sobre a segurança do milho MON 810 levaram o governo romeno a agir. Estudos científicos mostram que o milho MON 810 provoca danos à fauna, solo e saúde humana. Sua toxina embutida, programada para matar uma de suas pragas, entra no solo e provoca danos a minhocas, borboletas e aranhas. Provas de sua segurança para a saúde humana e animal são inconclusivas.

Um recente estudo do professor Gilles Eric Séralini, especialista do governo alemão em transgênicos da Universidade de Caen, encontrou sinais de toxicidade nos órgãos internos de animais alimentados com milho transgênico.

No final de 2007, o Comissário da União Européia para o Meio Ambiente, Stavros Dimas, usou estudos similares para bloquear o cultivo de outras duas variedades de milho transgênico, parecidos com o MON 810, na União Européia. Ele também fez referências a novos estudos que mostram que a toxina Bt produzida pelo milho transgênico tem efeitos negativos nos ecossistemas aquáticos.

"Enquanto a Europa proíbe o milho MON 810, da Monsanto, o Brasil está pronto para abrir suas terras a essa variedade transgênica suspeita de causar tantos problemas", critica Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace Brasil. "Esse milho foi aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e autorizada pelo Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), que reúne 11 ministros. Deram às costas para o meio ambiente e à saúde dos brasileiros, privilegiando o agronegócio e uma tecnologia que não consegue comprovar sua segurança".


Contaminação genética

A contaminação de plantações convencionais por transgênicos é um problema sério. Em 2007 apenas, houve 39 novos casos de contaminação em 23 países. Apesar disso, não há padrões internacionais para responsabilizar as empresas de biotecnologia pelos danos causados e perdas financeiras.

O relatório Registro de Contaminação Transgênica 2007 (sumário executivo em português), produzido anualmente pelo Greenpeace e pelo Gene Watch UK, já constatou 216 casos de contaminação genética em 57 países diferentes, desde que as plantações geneticamente modificadas começaram a ser feitas comercialmente (em 1996). (Correio da Cidadania)

Escolas não garantem a segurança de suas alunas

Adital

O relatório "Escolas seguras: o direito de cada menina", apresentado pela Anistia Internacional, revelou que os governos estão falhando com as meninas no mais básico: o direito de ir à escola de forma segura. Em todo o mundo, meninas enfrentam perigo no caminho para o colégio, ao chegarem lá e, até mesmo, dentro das salas de aula.

"O fato de que (os governos) não resolvem o problema da violência contra elas nas escolas é inaceitável", disse Widney Brown, diretora geral da Anistia. As escolas são espaços em que o governo tem responsabilidade direta, pois estão sob sua direção. Por isso, a Anistia pede que os Estados deixem de ficar apenas no discurso e partam para ações concretas.

A violência está onipresente nas instituições educativas e no entorno delas, as meninas têm que conviver com ameaças, intimidações e o real perigo de serem agredidas sexualmente. Segundo o documento, as meninas que pertencem a determinados grupos, como minorias étnicas, lésbicas ou portadoras de necessidades especiais, correm mais perigo que as outras.

"Nas escolas, muitas meninas sofrem violência psicológica, perseguição escolar e humilhação. Algumas recebem agressões ou golpes em nome da disciplina. As meninas sofrem ameaças de agressão sexual de outros estudantes, escutam como professores lhes oferecem notas mais altas em troca de favores sexuais, e inclusive são violadas na sala de professores", disse o Informe.

No Haiti, a população foi quase unânime em opinar que a violência nas escolas é um fenômeno generalizado, mas que raramente se tem informação sobre ele. As crianças do país - incluído os meninos - enfrentam castigos corporais, castigos com varas e cabos elétricos; são obrigados a ficar de joelho no sol; não recebem alimentação. As meninas sofrem ainda abusos sexuais e maus tratos psicológicos. Esse problema afeta especialmente as escolas em conflito.

Nos Estados Unidos, 83% das meninas entre 12 e 16 anos sofreram algum tipo de intimidação sexual. Em 2006, em Malawi, 50% das estudantes disseram já terem sido tocadas sem permissão por professores, ou colegas de sala de aula, com alguma intenção.

"As meninas não só sofrem com o efeito da violência em sua saúde física e mental. No âmbito do ensino, a violência pode fazer que abandonem os estudos e percam toda a esperança de escapar da pobreza e da marginalização política", disse o Informe.

Para Brown, a garantia do acesso à educação é a chave para o empoderamento das mulheres. E são elas também que mais sofrem com a as taxas cobradas por escolas públicas - irregulares, pois o direito internacional determina que o ensino primário seja gratuito -, já que os pais tiram-nas da aula antes dos meninos quando falta dinheiro.

A Anistia chama os países a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - um deles determina a redução do número de crianças fora da escola -, mas lembra que para conquistar a igualdade entre os gêneros no âmbito da educação exige um maior compromisso e um esforço imediato.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O USO RACIONAL DOS RESTOS DO ÓLEO DE COZINHA...

VAI COMEÇAR A FESTA





Para tornar as festividades ainda mais vibrantes, a torcida colorada está convocada para pintar o Rio Grande de vermelho nesta sexta-feira. Todos estão convidados para virem ao Beira-Rio a partir das 7h da manhã para prestigiar a Alvorada Colorada. Este será o primeiro evento da grande celebração que o Inter realizará até o Centenário, em 2009.

Durante a festa no Centro de Eventos, marcada para as 20h30min, será divulgado o calendário oficial das festividades dos 100 anos. Os ingressos para o jantar seguem à venda na Central de Atendimento ao Sócio (CAS), das 9h às 12h e das 14h às 18h, tanto para sócios como torcedores em geral ao preço de R$ 100.

Transmissão on line

Mesmo quem não puder vir à festa terá a oportunidade de acompanhar todos os detalhes através da TV Inter, no site colorado. A transmissão on line começa às 20h30seg. Serão sete câmeras, inclusive uma externa instalada em uma grua no pátio do Beira-Rio, espalhadas pelo evento. Os internautas poderão acompanhar entrevistas exclusivas e todas as atrações do jantar de gala.

Dia 4 de abril é aniversário do Inter. Comemore, torcedor colorado. Você merece!

Internacional, 99 anos de glórias e conquistas!


Rompimento na esquerda uruguaia


O Movimento 26 de Março foi embora.


O Movimento 26 de Março (26M) oficializou sua desvinculação da estrutura orgânica e política da Frente Ampla (FA) por considerar que a coalizão abandonou o projeto histórico da esquerda uruguaia.

O fato é avaliado hoje (pelo 31/03/08) pelos jornais nacionais como a primeira quebra da Frente desde sua chegada ao governo em 2005 e como uma redução significativa, em termos de votos e projeção política, até as eleições gerais de outubro de 2009.

Co-fundador da FA em fevereiro de 1971, o 26M celebrou na véspera (29/03) um Encontro Nacional no qual decidiu fortalecer sua já existente Assembléia Popular como uma nova opção eleitoral da esquerda uruguaia.

“O acordo com o FMI, a privatização das empresas públicas, o alargamento da brecha entre ricos e pobres, a instalação de plantas de celulose no Uruguai, por tudo isso vamos embora”, disse no ato Eduardo Rubio, líder do 26M.

Em uma declaração na que expôs as razões da ruptura, o movimento acusou à FA de seguir um rumo que significa “o abandono do projeto histórico da esquerda” e de “deixar no caminho a definição antiimperialista que identificou desde sua origem ao FA”.

Trás cumprimentar “aos milhares de frenteamplistas verdadeiros que olham com dor como se dilapida desde o governo o triunfo popular, o 26M chamo à esquerda uruguaia “a reconstruir desde abaixo (...) o projeto artiguista, antiimperialista e popular que historicamente nos identificou”.

Ao encontro também assistiram dirigentes da Corrente de Esquerda, outro setor da FA que em maio decidirá se vai se separar da Frente.

Versão em português: Raul Fitipaldi de América Latina Palavra Viva.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

E AINDA FALAM MAL DE CUBA...

Cuba estenderá colaboração
médica a 81 países

"CUBA estenderá os serviços de seu pessoal médico a 81 países no decurso deste ano", anunciou o diretor da Unidade Central de Coperação do Ministério da Saúde Pública, Alberto González.


Atualmente, 36.578 médicos e outros trabalhadores da saúde cubanos trabalham em 73 países

González informou que se está trabalhando na preparação dos novos grupos de colaboradores, que viajarão a países como Ilhas Salomão, no oceano Pacífico.

Segundo Cubavisión Internacional, irão a essa região geográfica várias brigadas médicas cubanas, fundamentalmente a Vanuatu, Tuvalu, Nauru, Papua Nova Guiné, Laos e Benin.

"Atualmente, 36.578 médicos cubanos e outros profissionais da saúde trabalham em 73 países", indicou González.

É especialmente significativo o trabalho realizado pelos colaboradores cubanos da saúde no Timor-Leste, donde o primeiro grupo saiu recentemente após cumprir sua missão.

Neste 2008 se completam 45 anos do início da solidariedade médica de Cuba, iniciada na Argélia.

Desde 1961, a Ilha cooperou com 154 países do mundo e 270.743 colaboradores prestaram serviços em seus programas, dos quais, 124.112 profissionais e técnicos da saúde em 103 países.

CHICO BUARQUE CARIOCA - 2007



créditos: F.A.R.R.A - leoni

"Este DVD apresenta o show que trouxe Chico Buarque de volta aos palcos depois de sete anos. Com direção musical e arranjos de Luiz Cláudio Ramos e produção de Vinícius França. O DVD deve mostrar ao público um pouco do que é Chico sob os palcos. Balbucia pouquíssimas palavras, um ou outro "boa noite" e "obrigado" e muitos - muitos mesmo! - gritos incansáveis (e incômodos) de mulheres quase à beira de um ataque de nervos. Presença rara dos palcos, o "menino dos olhos verdes" inicia o show com a simbólica "Voltei a Cantar", de Lamartine Babo, por detrás de um painel que desenha pontos da cidade carioca. Entre uma canção e outra, seu sorriso "tímido" funciona como resposta e até mesmo diálogo com aqueles que o veneram."

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Reforma agrária contra a escravidão

Dalmo Dallari


De acordo com o que está expressamente estabelecido no artigo 184 da Constituição brasileira, o presidente da República tem o direito e o dever de desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. Essa é uma determinação constitucional, não podendo o presidente decidir arbitrariamente se é conveniente ou não aplicar o que manda a Constituição. Havendo constatação suficiente de que um imóvel rural não está cumprindo sua função social a desapropriação por interesse social torna-se uma obrigação do presidente, que ele não pode deixar de cumprir.

Quanto à caracterização do descumprimento da função social, a Constituição dá os critérios, bastando a simples leitura do artigo 186 para que se encontre claramente definida uma das hipóteses que vem ocorrendo no Brasil, amplamente noticiada pela imprensa e já comprovada por setores da administração pública federal.

Segundo o artigo 186, a função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos : "observância das disposições que regulam as relações de trabalho".

Assim, pois, só estará sendo cumprida a função social se estiverem sendo atendidos todos os requisitos ali enumerados, pois todos devem ser atendidos simultaneamente. No tocante às disposições que regulam as relações de trabalho existe farta legislação, sendo já longamente consagradas as exigências legais relativas às condições dignas de trabalho, à sua duração e remuneração, aos cuidados preventivos de higiene e segurança, às férias, ao repouso semanal remunerado, e outras exigências legais para que as relações de trabalho se estabeleçam e se desenvolvam em termos compatíveis com as normas básicas do Estado democrático de direito e as que regulam as relações humanas na sociedade civilizada.

Tudo isso vem a propósito de matéria amplamente divulgada pela imprensa, informando que as autoridades federais acabam de libertar 421 pessoas que trabalhavam no corte de cana, numa fazenda do Estado de Goiás, "em condições degradantes". Como é óbvio, aquele imóvel rural não está cumprindo sua função social, nos termos exigidos pela Constituição. Assim sendo, é dever do presidente da República promover sua desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária.

Em primeiro lugar, já foi constatado pelas autoridades públicas o descumprimento da função social. Em segundo lugar, não há limitações orçamentárias nesse caso, pois o artigo 184 da Constituição, já referido, diz que nesse caso a desapropriação será efetuada "mediante prévia e justa remuneração em títulos da dívida agrária". Quanto ao valor justo da indenização não será necessário qualquer procedimento especial, bastando verificar o valor dado àquelas terras por seu proprietário, para efeito do pagamento do Imposto Territorial Rural.

A desapropriação dessas terras, além de ter clara e indiscutível base legal, será um ato de justiça e, além disso, deverá ter efeito exemplar. Os proprietários rurais honestos, que respeitam as leis e a ética na relação com os seus trabalhadores, deverão dar apoio firme e irrestrito ao presidente da República.

Fatos como esse de Goiás, somados à vergonhosa interferência de senadores da República para impedir a fiscalização de trabalho escravo no Estado do Pará, ocorrida no final de 2007, e mais o noticiário freqüente de violências praticadas contra comunidades indígenas por pessoas sem escrúpulos que querem apossar-se de suas terras, tudo isso vem transmitindo à opinião pública uma imagem tremendamente negativa dos empresários rurais, que correm o risco de se verem, todos, identificados como escravocratas.

Artigo do professor e jurista Dalmo Dallari, publicado no Jornal do Brasil, de 29/03/2008.