sábado, 17 de maio de 2008

Dr. Mabuse, O Jogador

Dr. Mabuse, O Jogador
(Dr. Mabuse, der Spieler)

Dr. Mabuse é o primeiro filme da aclamada trilogia de Fritz Lang e é dividido em duas partes, a saber, "Dr. Mabuse - O Jogador" e "Dr. Mabuse - O Inferno do Crime".
Em "Dr. Mabuse - O Jogador", o bandido manipulador Dr. Mabuse é um poderoso anarquista, que usa a influência de sua sugestão para roubar milionários e dominar a Bolsa de Valores. O investigador von Wenck sai à sua captura, mas sempre o Dr. Mabuse escapa usando suas habilidades em disfarces e seus poderes de hipnose.
Na segunda parte, "Dr. Mabuse - O Inferno do Crime", é possível ver as máscaras do Dr. Mabuse, gênio criminoso, hipnotizador, falsificador, mestre do disfarce e assassino, caindo paulatinamente. Sua jornada pelo crime continua, mas cada vez mais o cerco vai se fechando pelo incansável investigador von Wenck. Dr. Mabuse tenta de todas as formas neutralizá-lo, chegando até a controlar sua mente numa impressionante sessão de hipnotismo coletivo.
Um dos trabalhos fundamentais na obra de Fritz Lang, Dr. Mabuse é um filme recomendável não somente aos fãs do diretor alemão, mas também a todos os que apreciam um bom cinema.

Fonte: Aqui e aqui.


Gênero: Crime / Thriller / Mistério
Diretor: Fritz Lang
Duração: 233 minutos
Ano de Lançamento: 1922
País de Origem: Alemanha
Idioma do Áudio: Mudo
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0013086/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: XviD
Vídeo Bitrate: 606 Kbps
Áudio Codec: Mp3
Áudio Bitrate: 116
Resolução: 528 x 400
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 1,37 Gb
Legendas: Em anexo
Créditos: makingoff - Willams

Elenco:

Rudolf Klein-Rogge ... Dr. Mabuse
Aud Egede Nissen ... Cara Carozza, die Tänzerin
Gertrude Welcker ... Gräfin Dusy Told (as Gertrude Welker)
Alfred Abel ... Graf Told
Bernhard Goetzke ... Staatsanwalt von Welk / Chief Inspector Norbert von Wenck
Paul Richter ... Edgar Hull
Robert Forster-Larrinaga ... Spoerri
Hans Adalbert Schlettow ... Georg, the Chauffeur (as Hans Adalbert von Schlettow)
Georg John ... Pesch
Charles Puffy ... Hawasch (as Karl Huszar)
Grete Berger ... Fine, a servant

Curiosidades:

- "Dr. Mabuse - O Jogador" (1922) é um filme mudo dividido em duas partes: "Dr. Mabuse - O Jogador" e "Dr. Mabuse - O Inferno do Crime". O longa é baseado na trajetória e influência do Dr. Mabuse, originalmente personagem dos romances de Norbert Jacques. Este clássico de Fritz Lang foi o primeiro filme da trilogia do Dr. Mabuse, composta também por "O Testamento do Dr. Mabuse" e "Os Mil Olhos do Dr. Mabuse".

- Num dado momento do filme, o diretor Fritz Lang faz uma piadinha interna com o próprio Expressionismo. Quando numa conversa com uns cavalheiros, é perguntado ao Dr. Mabuse: "Qual sua posição em relação ao Expressionismo, Doutor?", ao que ele responde: "O Expressionismo é uma mera brincadeira... mas por que não? Tudo hoje é uma brincadeira...!". Esta frase talvez passasse até despercebida, se não fosse formulada por um dos nomes mais importantes da estética expressionista e justamente num momento em que surgiam os filmes mais representativos do expressionismo alemão. Curioso... :]

- Dentre os vários momentos marcantes desta jóia do Fritz Lang, um que eu destaco é a sequência de sugestão em massa. Chama a atenção como o diretor, mesmo dispondo de bem menos recursos que o normal para os nossos dias, conseguiu realizar uma sequência de ilusionismo em massa bastante convincente. Além destes aspectos mais técnicos, há que se destacar também o lado visionário de Lang, em que pese os inúmeros paralelos entre a história do Dr. Mabuse (e especialmente nesta sequência) e a então contemporânea ascensão do ultranacionalismo na Alemanha.

- Em "Dr. Mabuse" Fritz Lang contou com um elenco composto por alguns dos melhores atores alemães da época, tendo inclusive alguns destes feito parceria com o diretor em outros filmes, como o ator que faz o Dr. Mabuse (que também atuou em mais 9 filmes do diretor), o ator que faz o Sr. von Wenk (também presente em A Morte Cansada e na saga dos Nibelungos), além do ator que representa o Graf Told (Metropolis).

- Para quem tem boa proficiência com a língua inglesa, tem no Youtube um vídeo no qual um cara faz uma leitura do filme. A quem se interessar, o link é este aqui.

- Obs: Na informação acima sobre o frame rate, o correto deveria ser 16.000 FPS, tendo em conta que ambos os filmes foram rodados, predominantemente, com esta característica. No entanto, como não havia esta opção no gerador de códigos, fiquei com a opção que mais se aproximou do valor.

- Créditos da legenda para o pessoal do Movimento Cinema Livre. Dei uma resincronizada geral na legenda, burilando também a tradução em algumas partes que precisavam. Confiram aí. wink.gif


Crítica:

Dr Mabuse, O Jogador

No gozo dos mortos-vivos

De alguma forma, Dr. Mabuse, composto aqui por O Jogador e o Inferno do Crime, ambos de 1922, é uma obra sobre a experiência de olhá-la hoje.

Sim, porque temos um filme, podemos assim considerar o "pacote", de mortos-vivos. Sua agenda de imagens se sustenta na presença e no impacto da imagem dos corpos, pálidos, deformados ou quase apodrecidos, dos zumbis que povoam os porões, mais ricos ou mais pobres, não importa, alemães. E também não é exagero dizer que há uma pulsão zumbi no esqueleto do filme de Lang, visto hoje.

Não discutindo a sofisticação evidente de seu artesanato, é, em projeto e linguagem, um cinema morto, o que é mais do que claro. Mas temos aqui um zumbi, esse filme, que vagou, ou melhor, vem vagando, por aí, desde 1922, contaminando outros organismos de cinema e reaparecendo, mutante (morto, porém vivo), por meio de outras mãos. Kubrick, pelo menos.

O cinema é um pouco, ou muito, Fritz Lang, mas impressiona como por exemplo Kubrick se manifesta radicalmente no Lang de Mabuse (não o contrário). Quer dizer, é muito curioso ver Mabuse e pensar nessa lógica, que é meio uma lógica de fantasmas: o mais recente que parece vir assombrar o fantasma que habita originalmente suas propriedades.

Não por acaso, Dr. Mabuse (esse de 1922) está em, ou é visitado por, filmes fantásmicos de Kubrick, a pensar em O Iluminado (1979) e, principalmente, em De Olhos bem Fechados (1999).

De onde vem a relação?

Há, por exemplo, muito da Nova Iorque subterrânea percorrida por Tom Cruise e a Berlim subterrânea utilizada como dispositivo por Lang.

Perceptível, como no Kubrick final, é uma preocupação de Lang em montar e radiografar o movimento, em 1922, de pequenos espaços e ambientes secretos de lazer. Alguns desses espaços de festas e jogos parecem, em sua conformação, grandes brinquedos, instalações ludistas que nos dizem primeiro algo sobre o que dentro deles se desenrola e ocorre - hedonismo, tentativa de desativação de contato com a geografia que está fora de lá e ao mesmo tempo inauguração de um novo programa, de um novo fluxo, de pactos urbanos "noturnos". Mas também, como em Kubrick, dizem algo sobre a operação cinematográfica engendrada lá: não deixam, os dois, Dr. Mabuse e De Olhos bem Fechados, de ser filmes sobre os ambientes que constroem, exploram e respiram, daí que o procedimento de estruturação desses ambientes por parte dos cineastas é o coração de cada filme.

Em ambos os filmes, nesses espaços do divertimento que parecem existir por trás das paredes e por baixo do solo, espaços de certo modo lúgubres, há tapetes, lustres, artifícios e acessórios de decoração amplamente aproveitados: aparelhos cenográficos que falam e se manifestam no quadro como personagens, e para os personagens. A função arquitetônica nos dois filmes, uma concepção arquitetônica implantada nos olhos de cada um dos realizadores, pode ser dito, é, aliás, bastante similar.

No jogo da ilusão

O que é Dr. Mabuse, ou, mais apropriado, quem é esse Mabuse? Ele é, em linhas gerais, o sinistro criminoso manipulador protegido por disfarces que cria. Sempre muda de aparência, com maquiagem, bigodes e cabelos "sintéticos". Sai pela Europa, causando danos monetários gigantescos (sabotando Bolsas), pela Berlim "escondida", hipnotizando jogadores nos clubes secretos e levando-os à ruína pessoal. Dia seguinte, outro disfarce, outro clube. Mabuse é Mabuse e ao mesmo tempo é todo mundo: fácil, assim, associar sua figura à de uma Alemanha pobre, devastada física e existencialmente, de onde emergiria um Hitler, por exemplo.

Fácil, embora não equivocado, e, por isso, para cá retornaremos.

Talvez mais fácil ainda, ou ingênuo, seja associar sua figura com o cinema, com seus sistemas de linguagem. Parece-me, no entanto, ainda bastante honesto em relação ao que o filme apresenta. Ao que Lang nos dá. Partamos daqui.

Primeiro: o coração da mise em scène da primeira parte é tudo o que se passa nas mesas em que se joga cartas. Aliás, essencialmente é um jogo de cartas o que Mabuse manuseia na primeira cena do filme: não as convencionais, mas um baralho, ou coisa similar, com suas próprias imagens de travestimento em mil fantasias, embaralhadas.

Para início, bem, sabemos que o jogo de cartas mesmo, esse com ases, copas, valetes e paus, ou, na verdade, qualquer outro, trata basicamente de articular e combinar imagens com significações. Imagens e suas significações.

O personagem, sempre todo mundo e, claro, ao mesmo tempo ninguém (Lang magnificamente nunca se propõe a decifrar esse personagem, totalizar ou liquidar os mistérios de sua "arqueologia" humana, reforçando o tom ameaçador que se estabelece durante fluidas 4 horas), revela-se filosoficamente uma única vez durante o filme. É quando diz que tudo entedia, "exceto brincar com os destinos das pessoas".

Ninguém dirá que, para além das aplicações óbvias que isso possui nos expedientes que se desenrolam em uma mesa de carteado, ou mesmo nos tipos de relações que Mabuse, o grande manipulador, constrói com esses jogadores e até com seus diabolicamente convictos seguidores (quase um fundamentalismo os caracteriza), não deixa de ser uma leitura sobre o cinema. Sobre encenação, sua organização interna, ou, quem sabe, sobre o efeito da ilusão.

Ninguém dirá, portanto, que Dr. Mabuse não é um dos primeiros filmes da história a problematizar a ilusão. Questionar o espetáculo. O doutor é a ferramenta.

Essa idéia é sedimentada explicitamente naquela que é a seqüência mais forte dos dois filmes. Mabuse, com o objetivo de neutralizar o oficial do Estado que o farejava e perseguia desde o primeiro filme, arma um evento que teria como atração um suposto doutor-estudioso da mente-mágico. Trata-se de um tal Dr. Weltmann, mas na verdade é Mabuse, dentro de um personagem. Num jogo de domínio de uma platéia encantada, paralisada, seu principal "número" é, não à toa, o da simulação de uma espécie de cinema. Faz surgir das cortinas uma caravana árabe, ou de nômades, em um deserto. Uma alucinação "filmada", que abala a platéia. Tudo imaterial, mentira: evapora com um estalar de dedos de Mabuse, o falsificador que forja também cédulas monetárias.

A figura de Mabuse, desde o caráter sinistro-carnavalesco da flutuação por meio de figurinos, rostos, passando por suas habilidades como hipnotizador e "jogador de destinos" é em si uma reflexão continuada, primeiro, sobre o falso e, depois (e conseqüentemente), sobre os tecidos e mecanismos do ilusionismo.

Contudo é válido notar que Mabuse, orquestrador e anfitrião da ilusão em um evento de odor aristocrático, ou um operário vestindo farrapos e incitando uma revolta em um bar precário, trafega, nessa revisão precoce do espetáculo, em 1922, entre ser "cineasta" e ser o próprio "cinema" - nesse sentido, o do "cinema", estão estampadas já nesse seu corpo, em sua pele - um suporte -, as operações de fabulação cinematográfica. Pode-se ir além: é titerista (gestor do espetáculo) e ao mesmo tempo, incorporando a todos, a própria imagem do lugar silenciosamente convulsionado que habita. As duas funções, Mabuse associado à Alemanha, e à sua paisagem carcomida de seres e imagens cadavéricos, e Mabuse associado à feitura do espetáculo, se conciliam. Mais: se transubstanciam. O povo alemão estava à mercê desse pequeno Deus (engenheiro do espetáculo - cineasta) imensurável, indecifrável e macabro, mas era, de alguma forma, também "imagem e semelhança" dessa entidade – para Lang, pessimista (premonitório?) por excelência.

(Por Claudio Szynkier)

Fonte

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.
Não esqueça de fazer o registro no makingoff antes de baixar o filme:

Download abaixo:

O torrent foi criado a partir dos links abaixo:

1ª Parte:
http://rapidshare.com/files/77474376/El_Do...__1922_.avi.001
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2ª Parte:
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Para quem optar pelo download via Rapidshare, o filme deve ser descompactado com o HJSplit, que pode ser baixado aqui.

A legenda logo abaixo serve para ambas as opções de download (torrent e Http).

Este post foi editado por Willams:
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Arquivo anexado Dr._Mabuse__der_Spieler__1922__DVDRip_by_Willams_megalilo.rar


sexta-feira, 16 de maio de 2008

POBRE COLOMBIA....

Alvaro Uribe Narco Paramilitar. Su Pasado y Presente.

O renascimento do Che



Eu tive um irmão
Não nos vimos nunca
mas não importava.
(Julio Cortázar)



Ele faria hoje(14/05/2008) 80 anos e mais do que uma lenda, precisa ser recordado apenas como um homem. Um homem que honrou o sentido mais recôndito do significado de ser “humano”. Porque não é certo que todo ser humano é naturalmente humano. Um ser humano pode se tornar ‘humano” ao longo de uma vida. Mas “nem todo mundo chega lá”, como nos lembra um sábio do povo, chamado pelos europeus e seus sucessores, de índio.
Eu tive um irmão
que andava na selva
enquanto eu dormia.
Che Guevara não era um humanitarista, esses que, a serviço do sistema, são premiados por tentar fazer, desse horror de mundo, um mundo apenas “melhor”. O Che era um revolucionário humanista, um fazedor de mundos, um criador de idéias, um pensador político. Um homem que até os detratores de qualquer revolução ou revolucionário têm dificuldade em macular. Che Guevara, um homem, que com seu amor desmedido pelo gênero humano, pela vida, carregava o sonho de ver emergir, numa sociedade renovada, o homem novo. “A revolução se faz através do homem, mas o homem deve forjar dia-a-dia seu espírito revolucionário”, ele dizia. E acreditava ser necessário que se desenvolvesse uma consciência na qual os valores adquirissem categorias novas.”A sociedade em seu conjunto deve transformar-se em uma gigantesca escola”.
O amei ao meu modo,
Lhe tomei a voz
livre como a água,
caminhei às vezes
perto de sua sombra.
meu irmão desperto
enquanto eu dormia.
O Che também sabia que o caminho é largo e, em parte, desconhecido. Mas não se deixava amedrontar pelo que estaria por vir: “Conhecemos nossas limitações. Faremos o homem do século XXI: nós mesmos. Nos forjaremos na ação quotidiana, criando um homem novo com uma nova técnica". E o sentido de amor desmesurado que o transformara em um guerrilheiro nascera nas primícias da sua meninice, quando abrigava em casa meninos e meninas pobres, que ali se alimentavam, na mesa com sua família, e encontravam um ninho de terno acolhimento. Nada de filantropia nem de caridade. O mais essencial amor era o que já movia os passos do pequeno Ernesto, que um dia se tornaria o Che, apenas um homem.
Nesses 40 anos que se somam desde seu assassinato, bem que o mercado quis se apropriar de sua imagem doce-amarga, que guarda no olhar uma dignidade invencível. O sistema que tudo torna descartável – na indústria do usa e joga - quis vender sua figura de guerrilheiro heróico em produtos que só visam o lucro. Mas não é a força do mercado que leva uma multidão de humanos, estradas adentro, a abrigar, no peito, nas mãos, nas cabeças, o seu vulto misterioso e ao mesmo tempo translúcido. O seu mistério, nesse mundo que se despedaça em misérias e se maquia em falsidades, é exatamente a transparência. A sua absoluta convicção,cristalina e confessada, de que só há um rumo para a humanidade: o da revolução transformadora, aquela à qual entregou a sua vida completamente, até os 39 anos roubados, dia 9 de outubro de 1967, por mercenários carniceiros em La Higuera, na Bolívia.
Assim, neste maio de 2008 que assinala os seus 80 anos não alcançados em vida, se tornam desprezíveis as tentativas de mistificar ou de mitificar a vida e a história do Che como o mártir de revoluções derrotadas e o símbolo de revolucionários vencidos. Nessas oito décadas de uma história que se escreve sobre os passos do Che, o que é preciso elevar e trazer à luz é a sua profunda reverência pela vida. E a sua incomensurável ternura, nunca perdida em meio à dureza de um mundo cruel e de uma luta desigual e impiedosa.
Meu irmão mostrando-me
por detrás da noite
a sua estrela eleita.
Júlio Cortazar, com o mágico poder que os escritores e poetas sabem colher das palavras, em um comovente texto, escrito quando de seu assassinato em La Higuera, pediu que fosse o próprio Che a conduzir sua mão no momento da dolorosa despedida. “Sei que é absurdo e que é impossível, e por isso mesmo creio que ele escreve isto comigo, porque ninguém soube melhor até que ponto o absurdo e o impossível serão um dia a realidade dos homens”.
E é por tudo que sua vida representa, por ter sonhado o impossível como sendo possível, que os quiseram e o querem “morto” pagam o preço de ver esse homem, médico e lutador argentino-cubano renascer, a cada dia, em meio às lutas do povo, que se levanta em todo canto mundo, a despeito do massacre, do terror, da dor e do desencanto. Ele renasce a cada ano porque o Che, nos diz Eduardo Galeano, é o mais renascedor de todos os seres.
O nascedor
Por que será que o Che
Tem este perigoso costume
De seguir sempre renascendo?
Quanto mais o insultam,
O manipulam
O atraiçoam
Mais ele renasce.
Ele é o mais renascedor de todos!
Não será por que Che
Dizia o que pensava e fazia o que
dizia?
Não será por isso que segue sendo
tão extraordinário,
Num mundo onde palavras
e atos tão raramente se encontram?
E quando se encontram
raramente se saúdam
Por que não se reconhecem?
(Eduardo Galeano)
*Os versos em destaque no texto são de Julio Cortázar.

Janis Joplin - Discografía 2

In Concert - 1972

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Live At Winterland - 1968
Parte1 - Parte2

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Janis Joplin's Greatest Hits - 1973



Créditos:LooLoBLog

Crise alimentar, mercado e debate ideológico


Pedro A. Ribeiro de Oliveira -
Adital


De repente, fomos surpreendidos por notícias sobre a falta de alimentos no mundo. Após trinta anos de relativa estabilidade nos preços, uma súbita elevação gera protestos de populações esfomeadas no Haiti, Indonésia e vários países da África. Quando tudo parecia estar se ajustando no panorama do comércio mundial - onde a China é a fábrica, a Índia o escritório, e o Brasil a fazenda - assistimos a uma crise alimentar que, segundo o Banco Mundial, custará 500 milhões de dólares em ajuda emergencial aos famintos. De fato, os preços subiram enormemente nos dois últimos anos, e os analistas apontam diversos fatores que se somaram para gerar esse aumento. Dois são de ordem física: o crescimento econômico da Ásia, cujas populações se urbanizam, diversificam sua dieta e aumentam a demanda, e a utilização de grãos para a produção de agrocombustíveis. Outros dois são de ordem financeira: o aumento de preço dos fertilizantes e a entrada maciça dos fundos de investimento no mercado futuro de alimentos, para se protegerem contra as perdas financeiras do mercado imobiliário dos EUA. Embora agravada por fatores climáticos localizados, trata-se indiscutivelmente de uma crise provocada pelo mercado e não por más condições do clima, guerras ou doenças, que sempre foram as grandes causadoras da fome em grande escala.

Essa novidade de uma penúria alimentar causada pelos próprios mecanismos do mercado deveria provocar uma reflexão mais alentada do que a reação dos economistas afirmando que a crise será superada pelo próprio mercado auto-regulado. Para eles, a elevação do nível de preços incentivará a produção e trará um novo equilíbrio entre oferta e demanda. Isso implicará também maior exploração da terra (desmatamento) e das águas (irrigação), e portanto o agravamento dos problemas ecológicos - mas este não é um problema de economistas, para quem o mercado ser a instituição reguladora da economia é tão natural quanto ser a família a instituição reguladora da sexualidade.

Para quem se atreve a olhar um pouco mais longe, porém, numa perspectiva histórica e crítica, a crise atual pode ser uma rica fonte de ensinamentos sobre a realidade atual. É o que desejo mostrar neste pequeno artigo, inspirado num estudo clássico de história social e econômica.

E. Thompson fez um pormenorizado estudo das revoltas populares contra o preço do trigo, na Inglaterra do século XVIII. Nesse estudo, o autor mostra como a doutrina do "justo preço" foi sendo substituída pela doutrina do "livre-mercado" que é a base do capitalismo moderno, num longo processo que vai desde o século XVI até o início do século XIX. No sistema tradicional, a compra e venda de cereais e outros gêneros alimentícios, nas cidades inglesas era regulada pelo costume cujo símbolo era o toque dos sinos. Os produtores (camponeses) chegavam cedo à praça do mercado, mas só podiam iniciar as operações de venda após o toque do sino, quando os moradores da cidade adquiriam o necessário para seu consumo. Atendidos os moradores, tocava novamente o sino e os comerciantes, donos de moinho e padeiros locais entravam no mercado como compradores. Só mais tarde, após o novo toque dos sinos, comerciantes de fora podiam comprar as mercadorias que tivessem sobrado. Ficava assim assegurado o abastecimento da população local só sendo exportados os excedentes.

Os grandes negociantes, porém, ganharam peso político cada vez maior e isso resultou em decretos reais suprimindo os empecilhos legais à sua participação nas operações de compra e venda. Mas a oposição de movimentos sociais dos trabalhadores pobres, apoiados na tradição local, impede - inclusive pela força física - que tais decretos sejam aplicados. Aí se dá um longo e acalorado debate ideológico entre os defensores do "paternalismo" na economia e os "liberais", entre os quais se destaca Adam Smith, que com sua obra A riqueza das nações (1776) inaugura a moderna economia política. Ao iniciar-se o século XIX, as guerras na Europa contra Napoleão dão ao governo as razões que ele precisava para abolir toda regulação do mercado, consagrando então a vitória ideológica do liberalismo e assegurando o funcionamento do mercado auto-regulado. Daí em diante, a história é conhecida: o mercado se expande continuamente, incorporando novos contingentes da população, até sua completa mundialização no final do século 20.
A atual crise de alimentos pode então trazer muitos ensinamentos sobre o funcionamento do mercado, que nos dois últimos séculos tem sido a instituição fundamental das sociedades modernas e pós-modernas (que não por acaso se auto-intitulam "sociedades de mercado").

É evidente que o mercado incentiva - como nenhum outro sistema até hoje inventado - a produção e o consumo de bens e serviços. O PIB mundial, hoje estimado em US$45 trilhões, é o melhor indicador dessa capacidade de produzir riqueza. (Se fosse dividido pela população mundial, cada família de quatro pessoas teria hoje uma renda bruta mensal de R$3.750). Mas é também evidente que o mercado, por fundar-se na competição, beneficia os fortes e prejudica os fracos. A menos que se submeta a um poder maior que o controle, ele tende a agravar as desigualdades sociais. Isto já foi percebido no século XIX, resultando, no século XX, em políticas de intervenção do Estado: o socialismo e o Estado de bem-estar dos países de capitalismo avançado. O fim da guerra-fria, porém, favoreceu a vitória ideológica do neoliberalismo e, com ele, a desregulamentação externa do mercado. No caso dos alimentos, essa vitória se deu quando a Organização Mundial do Comércio - e não a FAO (organismo da ONU para a regular a Agricultura e os Alimentos) - é incumbida de regular sua distribuição em escala mundial. Tratados como uma mercadoria entre outras, os alimentos tornam-se objeto de transações de compra e venda regidas pela expectativa de lucros. O Estado renuncia assim a seu poder regulador, e limita-se a prestar socorro a pessoas desvalidas, incapazes de assegurar a própria sobrevivência alimentar - são os programas de tipo "Bolsa Família" e "cestas básicas".

Outra deficiência congênita do mercado, percebida em meados do século 20 e agora cada vez mais clara, é sua índole produtivista. O mercado só alcança o desejado equilíbrio entre oferta e procura, aumentando a produção que, por sua vez, gera novas demandas e o avanço sobre os recursos naturais da Terra que sabemos serem limitados. Aqui está uma barreira aparentemente insuperável ao crescimento econômico: a menos que a tecnologia chegue a formas inteiramente novas de produção, estamos nos aproximando perigosamente da exaustão dos recursos naturais. A atual crise do preço dos alimentos é reveladora desse limite. Basta pensar, por exemplo, no consumo de carnes e o desgaste que ele provoca ao transformar florestas e vegetação do cerrado em pastagens, e por exigir enormes plantações de soja e milho (que entre outros danos ecológicos consomem grande quantidade de água na irrigação) para alimentar animais e aves criados em regime de reclusão. Como, na lógica do mercado, só se reduz a demanda pela elevação dos preços - e não pela mudança de hábitos alimentares, como uma dieta menos devastadora dos recursos naturais - sua única saída é aumentar a produção, ainda que isso implique antecipar a crise ecológica que já esta no horizonte.

Visto isso, chega-se a conclusão que a atual crise de preços de alimentos está pedindo às pessoas de boa-vontade uma séria e alentada reflexão sobre o sistema de produção e consumo baseado no mercado. O pensamento liberal conquistou a vitória no debate ideológico do século XVIII, derrotando o "paternalismo" abençoado pela tradição cristã, e recuperou-se do revés sofrido no século XX (quando os êxitos do Estado de bem-estar e do planejamento socialista o ofuscaram), mas hoje ele encontra-se sem argumentos convincentes diante da crise ecológica e da desigualdade social por ele agravadas. Neste contexto, faz-se necessário um pensamento rigoroso e crítico, que não se contente em propor correções ao sistema de mercado, mas busque alternativas econômicas viáveis para uma população mundial que poderá chegar a dez bilhões de pessoas. Este é um belo desafio aos cristãos e cristãs que não já não temos mais como modelo o "paternalismo" tradicional, aprendemos as lições do socialismo do século XX, e acreditamos que um novo mundo é possível - porque Jesus ressuscitou.


* Membro da equipe de ISER-Assessoria e da Coordenação Nacional do Movimento Fé & Política

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Vai fazer falta


Ricardo Young



Marina imprimiu uma gestão pontuada por uma visão estratégica do meio ambiente, com foco no desenvolvimento sustentável. Sua saída é uma derrota deste governo, que não consegue enfrentar com rigor e coragem os desafios que têm pela frente

As empresas socialmente responsáveis, que buscam o equilíbrio socioambiental e econômico por meio de uma nova maneira de fazer negócios, devem estar bastante desapontadas com a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente. Desapontadas mas não surpreendidas, porque a ex-ministra teve sempre de enfrentar muitas resistências as suas idéias e precisou comprar muitas brigas por elas, logo Marina, pessoa tão afável e muito mais adepta do consenso do que do confronto.

Os meios de comunicação destacam os reveses que ela sofreu como motivos de sua demissão. Eu quero destacar as vitórias de sua gestão, importantes para o (pouco, mas expressivo) avanço que a questão do desenvolvimento sustentável obteve nesses últimos seis anos no âmbito do Executivo federal.

Marina imprimiu uma gestão pontuada por uma visão estratégica do meio ambiente, com foco no desenvolvimento sustentável, que passava por todo um esforço de melhoria dos quadros técnicos, da legislação e da fiscalização, bem como do enfrentamento das forças interessadas na destruição da floresta.

Dessas realizações, não podemos deixar de destacar a verdadeira revolução que Marina promoveu no Ibama, responsabilizando-o como órgão executor da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), exercendo atividades de controle e fiscalização de recursos naturais, realizando estudos ambientais, liberando licenças ambientais, embargando obras, propondo e editando medidas ambientais. Ao criar o Instituto Chico Mendes em 2007, deu relevância maior às atividades de apoiar o extrativismo e as populações tradicionais, executar políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais e incentivar programas de pesquisa e de proteção à biodiversidade, antes a cargo do Ibama. Por isso, nunca na história da entidade, este Instituto teve um papel tão ativo na preservação das nossas imensas riquezas naturais, embora esse papel ainda esteja longe do ideal.

Marina Silva também inovou ao criar o conceito de floresta pública para manejo privado, criando o interesse econômico na floresta em pé, fundamental para segurar o desmatamento. O projeto causa polêmicas e até agora não conseguiu sair do papel. Mas é uma prova de que a ex-ministra e agora senadora pode pensar à frente do seu tempo.

Especificamente para nós, empresários comprometidos com a gestão socialmente responsável como ferramenta de transformação social, a passagem de Marina Silva pelo Ministério do Meio Ambiente representou uma oportunidade única de diálogo de alto nível com foco na solução dos problemas e não no proselitismo político. Por isso, os verdadeiros empresários do agronegócio sabem que perderam uma importante aliada que tem voz nos meios externos e, enquanto esteve à frente da pasta do Meio Ambiente, usou-a para defendê-los, separando o joio do trigo.

Finalmente, mas não por último, a maior vitória de Marina é ter posto a visão do desenvolvimento sustentável na pauta de todas as discussões ministeriais. Por isso, ela deve ter perdido apoio de governo, mas não poderá ser esquecida nem longe do Ministério. A saída dela não é derrota da Marina ou de algo que tenha feito. É derrota deste governo que não consegue enfrentar com rigor e coragem os desafios que têm pela frente.

O maior deles é, sem dúvida, a Amazônia. Como ela destacou em sua carta de demissão, “o que se fizer na Amazônia será o padrão de convivência futura da humanidade com os recursos naturais,a diversidade cultural e o desejo de crescimento...(e) revela potencial de gerar alternativas de resposta inovadora ao desafio de integrar o social, o econômico e o ambiental ao desenvolvimento”.

O Instituto Ethos entende que, a partir de agora, a busca pelo desenvolvimento sustentável deixa de se dar no nível institucional e volta para a sociedade. E espera ter na senadora Marina Silva uma trincheira no Legislativo, dando novamente a este Poder a possibilidade de assumir papel mais relevante no debate sobre desenvolvimento sustentável.

Convite
Gostaria de convidar todos os internautas e leitores desta coluna a participar da Conferência Internacional do Ethos, que começa no próximo dia 27 de maio e vai até o dia 30 de maio, no Palácio das Convenções do Anhembi. Este ano, a Conferência adquire um significado especial porque vai celebrar os dez anos do movimento da responsabilidade social no Brasil, do Instituto Ethos e da própria Conferência. Por isso, simultaneamente à Conferência, serão realizados mais quatro eventos: uma exposição sobre os dez anos de movimento da RSE no país, a primeira Mostra de Tecnologias Sustentáveis e a celebração do décimo aniversário do Instituto Ethos.

Este ano, o tema da Conferência é “Mercado socialmente responsável: uma nova ética para o desenvolvimento” que será discutido em alguns de seus vários desdobramentos por palestrantes como o empresário e pioneiro da gestão sustentável Ray Anderson, o físico indiano Amit Goswani, o educador Oscar Motomura, o filósofo Mário Sérgio Cortella, o vice-presidente da Febraban e diretor do Banco Itaú Antônio Jacinto Mathias, e Oded Grajew.

A programação completa da Conferência pode ser conferida em www.ethos.org.br/ci2008

A Mostra de Tecnologias Sustentáveis e a exposição dos dez anos do movimento da RSE são abertas ao público, mas é preciso credenciar-se no site para visitá-las: www.ethos.org.br/mostradetecnologiassustentaveis

Espero encontrar vocês todos no Anhembi.

Ricardo Young

Desenvolvimento sustentável

Brasil - A batalha do fator previdenciário

Altamiro Borges - Adital

O governo Lula, que neste segundo mandato ainda não baixou medidas graves de regressão dos direitos trabalhistas, está na berlinda. O Senado aprovou o projeto do petista gaúcho Paulo Paim que extingue o fator previdenciário, uma excrescência imposta por FHC que reduziu a já misera renda dos aposentados e pensionistas. Diante da decisão, a equipe econômica, sempre apegada à ortodoxia do ajuste fiscal, pressiona os deputados e já ameaça com o veto presidencial ao projeto do senador, um ex-sindicalista que fundou a CUT ao lado de Lula. A briga promete ser quente.

Em reunião no final de abril, dirigentes das principais centrais sindicais do país manifestaram seu apoio ao projeto do senador Paim, que elimina o fator previdenciário e garante o mesmo reajuste do salário mínimo aos aposentados. Conforme declarou Wagner Gomes, presidente da CTB, "o sindicalismo está vigilante e preparado para mobilizar suas bases em defesa destas duas medidas, que já foram aprovadas no Senado e, em breve, serão apreciadas e votadas na Câmara Federal". As centrais planejam realizar várias atividades para pressionar os deputados federais e o governo Lula, incluindo uma barulhenta concentração na Câmara dos Deputados em 14 e 15 de maio.

Matemática perversa dos tucanos

O fator previdenciário foi instituído pela Lei 9.876, aprovada em novembro de 1999, no bojo da contra-reforma de FHC. Ele é um perverso mecanismo contábil de arrocho dos trabalhadores que retarda os pedidos de aposentadorias por tempo de contribuição, elevando em cinco anos a idade média de quem requer o benefício. Como a redução dos rendimentos é expressiva (ele fica menor quanto mais tarde a pessoa se aposenta), o trabalhador é obrigado a adiar o acesso ao benefício. Aplicado no cálculo da contribuição, o fator reduz em 30 e 35% - respectivamente para homens e mulheres - o valor da aposentadoria e da pensão em comparação com o salário da ativa.

Não é para menos que o fim deste monstrengo tucano foi saudado por várias categorias. Na base do próprio presidente Lula, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC divulgou boletim com o título: "Fim do fator previdenciário, vitória dos trabalhadores". Segundo o texto, a aprovação do PLS 296/03 do senador Paulo Paim representa "uma alteração de amplo e importante alcance social". Além de extinguir o fator previdenciário, "esse redutor das aposentadorias", o projeto "estende a política de valorização do salário mínimo às aposentadorias e pensões. O sindicato, que projetou Lula no cenário nacional, promete pressionar o governo e elogia a "tenacidade do senador Paim".

A desculpa esfarrapada do déficit

Apesar do uníssono apoio ao fim do fator previdenciário, o Palácio do Planalto parece decidido a sabotar a vitória. O atual ministro da pasta, Luiz Marinho, que por ironia da história já presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, informou às centrais que o presidente Lula vetará o projeto, caso ele não seja rejeitado pela Câmara Federal. A desculpa apresentada é a mesma de sempre: a de que a medida elevará o déficit da Previdência Social. Durante a campanha eleitoral de 2006, o candidato Lula garantiu nos palanques que "a Previdência não é deficitária", contrapondo-se aos agourentos neoliberais que propunham mais arrocho no setor. Agora, parece, mudou o discurso.

A realidade, porém, rejeita os mitos neoliberais. No primeiro trimestre deste ano, em decorrência do tímido aquecimento da economia, o déficit a Previdência baixou 17,2% na comparação com o mesmo período de 2007. A própria Folha de S.Paulo, ardorosa defensora da destruição do setor, foi forçada a admitir que "a redução do rombo reflete a maior criação de empregos formais, que impulsiona a arrecadação das contribuições que financiam a Previdência. Entre janeiro e março, foram criadas 554 mil vagas - aumento de 39% em relação a 2007. Com isso, a arrecadação no trimestre chegou a R$ 35,4 bilhões, alta de 9,9% em relação ao mesmo período do ano passado".


[Autor do livro recém-lançado "Sindicalismo, resistência e alternativas" (Editora Anita Garibaldi)].


* Jornalista, editor da revista Debate Sindical

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quarta-feira, 14 de maio de 2008

Ambientalista acusa: governo quer “bonequinho” para autorizar obras



Por Anselmo Massad

José Adilson Vieira, secretário geral da rede Grupo de Trabalho Amazônico, considera um desastre a saída da ministra Marina Silva, que era “a única coisa boa no governo”. Para ele, o sinal é de que a gestão do presidente Lula mostra falta de compromisso com a questão ambiental e com a busca pelo desenvolvimento sustentável.

Apesar de medidas criticadas por ambientalistas – como a liberação do plantio de sementes transgênicas, a construção das hidrelétricas do Rio Madeira, da transposição do São Francisco, entre outras –, a preocupação é com a ausência de resistência no conflito de forças entre os ministérios.

Um dos convidados para o lançamento do Plano Amazônia Sustentável (PAS), no dia 8 de maio, Adilson Vieira afirma que não sabe se a entrega da coordenação do plano para Mangabeira Unger tenha sido ou não o pivô da crise. Mas “se eu fosse ministro do meio ambiente também pediria demissão”, declara.

Para ele, quem entrar agora no cargo, independentemente do nome escolhido, estará debilitado, porque o governo está querendo apenas um “bonequinho” para aprovar os licenciamentos ambientais.

Confira a íntegra.

Fórum – Como o GTA avalia o pedido de demissão da ministra Marina Silva?
José Adilson Vieira –
Para nós, do GTA, a saída é um desastre para a política ambiental brasileira. Pelo compromisso dela e pelo que ela representava no Ministério do Meio Ambiente, que era uma certa qualidade da política ambiental, uma seriedade. O desastre é deixar de fazer o combate interno dentro do governo. Com a demissão, o sinal é de que o governo não tem compromisso com o meio ambiente, com a redução do desmatamento da Amazônia, com povos da Amazônia.

Fórum – Há alguma outra pessoa que, ao substituir a ministra, poderia representar esse compromisso dentro do governo?
Adilson Vieira –
Para nós, a única coisa boa no governo era a ministra Marina. De todos os quadros do atual governo, nenhum tem a preocupação socioambiental ou qualquer interesse em equacionar o desenvolvimento com sustentabilidade. É só fachada. A única que a gente respeitava era a ministra Marina. Sem ela, ficamos totalmente céticos em relação ao governo.

Fórum – Durante a gestão da ministra, diversos grupos ambientalistas criticaram decisões do governo, a exemplo das hidrelétricas do Rio Madeira. Mesmo diante dessas derrotas, a ministra Marina Silva tinha esse papel importante?
Adilson Vieira –
Tem questões que, olhando de fora, parecem derrota, mas que também tem ganhos. No caso das hidrelétricas do Madeira, somos contra a construção. O Ibama deu as licenças, mas adicionou condicionantes, incorporou uma série de exigências aos estudos que não existiam. Parece derrota, mas [essas condicionantes] podem ser consideradas vitórias. Em um governo desenvolvimentista por natureza, agregar vitórias ambientais é um avanço. A vitória plena seria barrar, mas é complexo no conflito de forças.
Os ambientalistas são muito exigentes, sempre reclamamos um pouco para conseguir mais. É inegável que se conseguiu baixar as taxas de desmatamento. Mesmo assim, as taxas atuais são elevadas. O nível bom seria reduzir a 1% ou 2%. É inegável que o esforço dela fez com que o desmatamento baixasse por cinco anos seguidos. Não considero isso uma derrota.

Fórum – O fato de a coordenação do Plano Amazônia Sustentável (PAS) ter sido dado ao ministro Mangabeira Unger é apontada como “gota d’água” para a saída da ministra Marina. Qual a avaliação sobre Mangabeira Unger nesse cargo?
Adilson Vieira –
Não sei se o fato foi esse como se divulgou, só a própria ministra pode explicar. Eu estava no lançamento do PAS, em Brasília, e fiquei extremamente sem graça e até meio deslocado quando residente Lula anunciou que a coordenação do plano iria ficar com Mangabeira Unger. Uma pessoa que desconhece totalmente a região, cuja “melhor idéia” a respeito é a de um aqueduto para levar água da Amazônia ao Nordeste. Eu, no lugar dela [Marina Silva], também me demitiria, porque mostra que o presidente não tem compromisso com a região, que só quer oba-oba, o que nem é sério.

Fórum – O senhor mencionou um aqueduto?
Adilson Vieira –
Há algum tempo, o Mangabeira Unger veio ao Amazonas e falou um milhão de coisas. Entre as "pérolas" estava construir um aqueduto para levar água da região amazônica para o Nordeste Setentrional como alternativa à transposição do rio São Francisco. Quer dizer, em vez de falar em revitalização, reflorestamento, falou em tirar água da Amazônia para o Nordeste. Uma idéia sem pé nem cabeça. Isso mostra o desconhecimento deste senhor. Se eu fosse ministro do meio ambiente também pediria demissão.

Fórum – Há especulações sobre nomes de substitutos. Há algum que poderia retomar esse compromisso?
Adilson Vieira –
Não vou opinar sobre especulações. Quem perdeu não foi só o governo Lula, mas a sociedade brasileira. Perdeu o compromisso dela e dá uma marcha ré no caminho para a sustentabilidade no desenvolvimento brasileiro. Um ministro que queira seguir o rumo trilhado vai estar muito debilitado. O sinal do governo é de falta de compromisso com o meio ambiente. Quem entrar vai ser um “bonequinho” para fazer licenciamento. O governo Lula não quer sustentabilidade.

Anselmo Massad

Clara Sverner & Paulo Moura - Vou Vivendo (1986)
320 Kbs - Mp3

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01 - Vou Vivendo (Pixinguinha / Benedito Lacerda)
02 - Lamento (Pixinguinha / Vinicius de Moraes)
03 - Ingênuo (Benedito Lacerda / Pixinguinha)
04 - Atraente (Chiquinha Gonzaga)
05 - Amapá (Chiquinha Gonzaga)
06 - Io T'amo (Chiquinha Gonzaga)
07 - Monotonia (Radamés Gnattali)
08 - Samba-canção (Radamés Gnattali)
09 - Devaneio (Radamés Gnattali)
10 - Fantasia (Ronaldo Miranda)

Download abaixo:

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