terça-feira, 20 de maio de 2008

Maysa - Convite Para Ouvir No. 3 (1958)




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Aumento dos juros é culpa do Lula


Altamiro Borges


A recente decisão do Banco Central de elevar em 0,5% a taxa básica de juros e a sinalização de que novos aumentos ocorrerão nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) continuam gerando queixas de amplos setores da sociedade. Não são apenas as centrais sindicais e as entidades patronais do setor produtivo que criticam a política macroeconômica do governo. Dos corredores do Palácio do Planalto, o tom da crítica tem se inflamado. A própria composição heterogênea deste segundo mandato do presidente Lula, com a indicação de vários economistas ligados à visão desenvolvimentista, estimula as divergências interrnas, que ficam mais ácidas.

O vice-presidente José Alencar, na sua heróica cruzada, resolveu chutar o balde. Para ele, o BC adota uma orientação “imbecil” ao elevar os juros e desestimular o desenvolvimento. Na véspera do 1º de Maio, ele esculhambou a ortodoxia monetária. “Os juros brasileiros estão num patamar muito superior ao internacional. Estamos pagando mais de seis vezes acima da taxa média do mundo, de 1%”. Ele ironizou os burocratas do BC que fazem terrorismo com o risco da inflação. “Você não pode achatar o consumo de quem não consome. No Brasil, ainda há muita gente que não consome o necessário para viver. Não temos de ter medo do consumo, mas sim da fome”.

BC beneficia minoria de privilegiados

Dias antes, o economista Paulo Nogueira Batista Jr., indicado pelo governo como representante do país junto ao FMI, também saiu atirando. “A subida dos juros atinge não só o consumo, mas também os investimentos privados... Ao diminuir a oferta, a política monetária apertada solapa a sustentabilidade da expansão econômica... Infelizmente, os problemas não param por aí. Os juros mais altos elevam o custo da dívida interna e desajustam as contas governamentais. Concentram a renda, pois beneficiam a minoria de privilegiados (brasileiros e estrangeiros) que são credores diretos e indiretos do governo. E, como se isso tudo não bastasse, contribuem para agravar a valorização do real, ameaçando recriar o problema da vulnerabilidade externa no médio prazo”.

Outro recém-indicado para um posto estratégico do estado, o economista Marcio Pochmann, que hoje preside o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), também não poupou críticas. Numa entrevista audaciosa, ele afirmou que o aumento de 0,5% na Selic, que pulou para 11,75% ao ano – a maior taxa de juros do planeta –, indica que “não há uma coordenação perfeita dentro do governo Lula. A decisão anterior de estancar a queda dos juros e a atual de elevar a Selic mostra que o Banco Central opera em sentido, e o Ministério da Fazenda, em outro. Ela expressa a ausência de uma maioria política que diga: o nosso projeto é o de crescimento”.

Copom desacatou o governo

“Essa decisão é um claro sinal de que não existe convergência no governo. Há um grupo político que defende a estabilidade monetária a qualquer preço. Ela talvez tenha sido uma das mais tensas porque [antes] o processo de decisão ocorria sem grande contestação, sem grande reação social e política... Vejo hoje no governo Lula um aumento da disputa. A decisão do Copom pode acirrar a polarização, que tem implicação política mais abrangente. Diria que parte da tensão, que se deu no período que antecedeu a decisão, foi estimulada. O BC teve uma posição muito ousada, subiu os juros sabendo que dentro do governo havia posição contraria à sua decisão”.

Para Pochmann, mantido o viés de alta na taxa de juros, os efeitos destrutivos serão inevitáveis. “Vai ter impacto nas pessoas ou empresas que tomam crédito e na dívida pública. Pode também atrair mais recursos estrangeiros especulativos ao país. Teremos uma taxa de câmbio ainda mais valorizada, com maior dificuldade para a exportação e maior estímulo à importação, além da substituição de produtos nacionais por importados. Mas o impacto na economia real deve ocorrer a partir do segundo semestre”. Ele lembra que 44% do PIB já circulam no setor financeiro. “Com a elevação do juro, cria-se maior constrangimento para aplicar o dinheiro em máquinas, fábricas e compra de equipamentos. Quem tem dinheiro para aplicar acaba sempre preferindo a liquidez”.

“Miopia e má fé” do Banco Central

As críticas que partem do interior do próprio governo fortalecem a pressão da sociedade contra a orientação rentista do BC. O PCdoB, mantendo sua independência, produziu cartazes e adesivos com o slogan “juros altos, não”, e a sua bancada no parlamento discursou contra a medida. Já os movimentos sociais realizaram um protesto, ainda que tímido, em frente à sede do Banco Central em Brasília. As centrais sindicais, por sua vez, construíram um manifesto unitário condenado a decisão. “Os juros altos seguem na contramão da produção, do crédito e do consumo. Elevá-los ainda mais significa impor novos obstáculos ao desenvolvimento com distribuição de renda e valorização dos trabalhadores”, diz o texto assinado pela CTB, CUT, FS, UGT, CGTB e NCST.

Até o PT, o partido do presidente, endureceu seu discurso. Sua executiva nacional aprovou nota áspera criticando o aumento dos juros. José Dirceu, ex-homem forte do governo e que ainda goza de influência entre os petistas, deu a linha. Seu blog virou uma trincheira na luta contra o BC. Na véspera do 1º de Maio, um novo petardo. “Como não acredito em duendes, estou impressionado com a miopia e a má fé que vão tomando conta de algumas autoridades da equipe econômica do governo. Aos poucos, elas impõem ao Brasil uma falsa questão, a da ameaça de inflação... O BC criou esse ambiente de pânico forçado, de medo da inflação”. Apesar da aspereza, Dirceu insiste em livrar a cara o presidente Lula. “Ele deixou clara a sua opção pela não elevação dos juros”.

A “neutralidade” do presidente

O dilema da luta contra a política de “vôo da galinha” do BC (ciclo de expansão da economia de curta duração e pé no freio dos juros altos) reside exatamente neste paradoxo. Não basta apenas pedir as cabeças de Henrique Meirelles e dos outros sete diretores do Banco Central que decidem os rumos da economia nas reuniões herméticas do Copom (Alexandre Tombini, Alvir Hoffmann, Anthero Moraes, Antonio Matos Vale, Maria Berardinelli, Mário Torós e Mário Mesquita). Não dá para imunizar Lula, que insiste em afirmar que é “neutro” diante da ortodoxia dos tecnocratas. Afinal, quem nomeia o presidente do BC é o presidente Lula, eleito por milhões de brasileiros!

Apesar da pressão dos neoliberais, o Banco Central do Brasil ainda não tem autonomia legal – na prática, manda e desmanda. Mesmo a desculpa da “neutralidade técnica” não serve. Nos EUA, o paraíso da desregulamentação financeira, o BC local, o FED, não fica preso às metas de inflação, juros e cambio. Diante do risco de recessão, ele enterra as teses neoliberais e adota medidas para reduzir os juros e elevar os investimentos e o crédito, com o objetivo de alavancar o combalido crescimento da economia. Neste sentido, o BC do Brasil é mais realista do que o BC dos EUA. Na brincadeira, dá até para propor o “imbecil” do Bush para presidência do nosso Banco Central.

O “momento mágico” da especulação

O problema da alta dos juros, que tende a ser mantida nas próximas reuniões do Copom, é que o governo Lula não está disposto a enfrentar a ditadura do capital financeiro. Ele evita contrariar os interesses dos banqueiros e das 10 mil famílias de rentistas do país. Diante da recente notícia de que as “agências de risco” elevaram o patamar de investimento “seguro” do Brasil – o que deve atrair ainda mais capital especulativo e agravar a crise cambial –, Lula revela que manterá a atual política macroeconômica. Deslumbrado, ele garante que o país vive um “momento mágico”. Já Henrique Meirelles, que parecia isolado, volta a cantar de galo, reforçando o seu cacife do BC.

Como afirma Marcio Pochmann, o entrave para um desenvolvimento mais robusto da economia brasileira decorre da correlação de forças na sociedade. “Ele expressa a ausência de uma maioria política que diga: o nosso projeto é o do crescimento”. O fato positivo deste segundo mandato é que na luta entre estes dois projetos (neoliberal e desenvolvimentista), atualmente há um núcleo mais progressista no governo com coragem para colocar a boca no trombone. O que falta nesta contenda estratégica é uma maior pressão da sociedade, que agende protestos permanentes contra os banqueiros encastelados no BC, que reforce o núcleo desenvolvimentista e que pressione o governo Lula, alertando para o perigo – inclusive eleitoral – dos medíocres “vôos de galinha”.

Altamiro Borges é jornalista, Secretário de Comunicação do Comitê Central do PCdoB e editor da revista Debate Sindical.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Bernard Allison


Site Official : Click

Bernard Allison nasceu em 1965, filho do legendário bluesman Luther Allison.Desde pequeno, Bernard já acompanhava o pai em suas apresentações, sendo influenciado por Luther, obviamente, Muddy Waters, Albert King e, mais tarde, Stevie Ray Vaughan.Bernard iniciou sua carreira tocando na banda de Koko Taylor em 1985. No final da década de 80, foi morar com Luther Allison em Paris, entrando para a banda do pai. Luther conseguiu um estúdio para que Bernard gravasse seu primeiro álbum solo, "Next Generation", em 1994.Em 1997, ano da morte de Luther Allison, Bernard grava seu segundo álbum, "Keep The Blues Alive". Desde então, lançou vários álbuns. Embora na maioria de seus discos Bernard toque o blues mais tradicional de Chicago, em alguns como "Across The Water" ele mistura elementos de rock, r&b e soul, fazendo um blues mais moderno e acessível. Texto : Fireball

Créditos: jimihendrixforever


Higher Power-2004

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Storms of Life-2002

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Across the Water-2000

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Keepin' the Blues Alive-1997
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by Marcelo Mortensen

Energized

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domingo, 18 de maio de 2008

Querida Marina *








Escrito por Frei Betto

Caíste de pé! Traze no sangue a efervescente biodiversidade da floresta amazônica. Teu coração desenha-se no formato do Acre e em teus ouvidos ressoa o grito de alerta de Chico Mendes. Corre em tuas veias o curso caudoloso dos rios ora ameaçados por aqueles que ignoram o teu valor e o significado de sustentabilidade.

Na Esplanada dos Ministérios, como ministra do Meio Ambiente, tu eras a Amazônia cabocla, indígena, mulher. Muitas vezes, ao ouvir tua voz clamar no deserto, me perguntei até quando agüentarias. Não te merece um governo que se cerca de latifundiários e cúmplices do massacre de ianomâmis. Não te merecem aqueles que miram impassíveis os densos rolos de fumaça volatilizando a nossa floresta para abrir espaço ao gado, à soja, à cana, ao corte irresponsável de madeiras nobres.

Por que foste excluída do Plano Amazônia Sustentável? A quem beneficiará este plano, aos ribeirinhos, aos povos indígenas, aos caiçaras, aos seringueiros ou às mineradoras, hidrelétricas, madeireiras e empresas do agronegócio? Quantas derrotas amargaste no governo? Lutaste ingloriamente para impedir a importação de pneus usados e transformar o nosso país em lixeira das nações metropolitanas; para evitar a aprovação dos transgênicos; para que se cumprisse a promessa histórica de reforma agrária.

Não te muniram de recursos necessários à execução do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia Legal, aprovado pelo governo em 2004. Entre 1990 e 2006, a área de cultivo de soja na Amazônia se expandiu ao ritmo médio de 18% ao ano. O rebanho se multiplicou 11% ao ano. Os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) detectaram, entre agosto e dezembro de 2007, a derrubada de 3.235 km2 de floresta.

É importante salientar que os satélites não contabilizam queimadas, apenas o corte raso de árvores. Portanto, nem dá para pôr a culpa na prolongada estiagem do segundo semestre de 2007. Como os satélites só captam cerca de 40% da área devastada, o próprio governo estima que 7.000 km2 tenham sido desmatados. Mato Grosso é responsável por 53,7% do estrago; o Pará, por 17,8%; e Rondônia, por 16%. Do total de emissões de carbono do Brasil, 70% resultam de queimadas na Amazônia.

Quem será punido? Tudo indica que ninguém. A bancada ruralista no Congresso conta com cerca de 200 parlamentares, um terço dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado. E, em ano de eleições municipais, não há nenhum indício de que os governos federal e estaduais pretendam infligir qualquer punição aos donos das motosserras com poder de abater árvores e eleger ($) candidatos.

Tu eras, Marina, um estorvo àqueles que comemoram, jubilosos, a tua demissão – os agressores ao meio ambiente, os mesmos que repudiam a proposta de se proibir no Brasil o fabrico de placas de amianto e consideram que "índio atrapalha o progresso". Defendeste com ousadia nossas florestas, biomas e ecossistemas, incomodando a quem não raciocina senão em cifrões e lucros, de costas aos direitos das futuras gerações.

Teus passos, Marina, foram sempre guiados pela ponderação e fé. Em teu coração jamais encontrou abrigo a sede de poder, o apego a cargos, a bajulação aos poderosos, e tua bolsa não conhece o dinheiro escuso da corrupção.

Retorna à tua cadeira no Senado. Lembra-te ali de teu colega Cícero, de quem estás separada por séculos, porém unida pela coerência ética, a justa indignação e o amor ao bem comum. Cícero se esforçou para que Catilina admitisse seus graves erros: "É tempo, acredita-me, de mudares essas disposições; desiste das chacinas e dos incêndios. Estás apanhado por todos os lados. Todos os teus planos são para nós mais claros que a luz do dia.

Em que país do mundo estamos nós, afinal? Que governo é o nosso?".

Faz ressoar ali tudo que calaste como ministra. Não temas, Marina. As gerações futuras haverão de te agradecer e reconhecer o teu inestimável mérito.

* ministra do Meio Ambiente

Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais, autor de "A Obra do Artista – uma visão holística do Universo" (Ática), entre outros livros.


Bill Evans - I Will Say Goodbye (1977)

http://i7.tinypic.com/5077ggm.jpg


Bill Evans - I Will Say Goodbye (1977)
MP3 / 320Kbps / RS.com / 117mb / Covers



Faixas:
1. I Will Say Goodbye
2. Dolphin Dance
3. Seascape
4. Peau Douce
5. Nobody Else But Me
6. I Will Say Goodbye (Take 2)
7. The Opener
8. Quiet Light
9. A House Is Not A Home
10. Orson's Theme

Downloads abaixo:

Part 1
Part 2


sábado, 17 de maio de 2008

Para Evo, pobreza só acabará com o fim do capitalismo


O presidente boliviano, Evo Morales, afirmou que houve ''demagogia'' por parte de certos líderes na Cúpula União Européia-América Latina em Lima - realizada nesta sexta-feira (16) - e censura na hora de permitir falar, nas sessões, os chefes de Estado da esquerda mais combativa da região. ''Se queremos acabar com a pobreza, isso só acontecerá com o fim do sistema capitalista'', acrescentou Evo.


Foto dos chefes de Estado na Cúpula

''Desta cúpula de chefes de Estado aprendi bastante. Há propostas muito interessantes de muitos poucos presidentes, mas depois... de alguns presidentes é pura demagogia'', disse Evo à imprensa no dia de encerramento da Cúpula, dedicada às reuniões entre os blocos latino-americanos e a UE.

Em suas declarações, o presidente boliviano criticou, além disso, a decisão da organização da reunião de cúpula de não incluir nenhum líder latino-americano da esquerda mais combativa nos discursos da cerimônia de encerramento da sessão plenária de sexta-feira.

''Queria escutar algum presidente na intervenção de ontem de encerramento. Mas estava bem organizado, bem planejado, para que nenhum presidente que tem diferenças ideológicas, culturais, programáticas, em temas financeiros, pudesse participar'', indicou.

''São as regras destas cúpulas, mas quero expressar minhas profundas discordâncias'', continuou Evo, que recordou que atualmente há ''cinco'' presidentes latino-americanos que compartilham o modelo socialista, uma cifra considerável em comparação a outras épocas, em que apenas o cubano Fidel Castro assumia essa posição.

Declaração da Cúpula

Os objetivos fixados pela 5ª Cúpula América Latina-Caribe-União Européia (EU-LAC, na sigla em inglês), em Lima, para combater a pobreza e a desigualdade foram estabelecidos em uma extensa declaração, mas sem metas definidas ou números de investimento para atenuar dois dos mais graves problemas dos latino-americanos.

A declaração final do encontro recolhe o compromisso das partes de aumentar sua relação e de trabalhar pelo cumprimento dos objetivos comuns.

Como novidade, a Cúpula abriu o caminho para a criação de uma Fundação permanente para ''estimular'' e ''aumentar a visibilidade'' da cooperação entre os países destas regiões.

Além disso, o texto incluiu o lançamento de um programa conjunto contra a mudança climática, batizado de ''Euroclima'', que permitirá compartilhar conhecimentos e coordenar as ações contra o aquecimento global.

Sobre a luta com a pobreza e a exclusão social, o documento se limitou a declarações de boas intenções, apesar da sensível situação da América Latina, uma região com mais de 200 milhões de pobres, e que não conseguiu reduzir os níveis de exclusão social.

Busca de consensos

O presidente do Peru e anfitrião do evento, Alan García, recebeu os 50 governantes no Museu da Nação, onde foi ratificada a Declaração de Lima. Na inauguração, o presidente peruano propôs aumentar em 2% a produção agrícola para aliviar a crise alimentícia mundial e defendeu a supremacia da política sobre o mercado.

Este último comentário de García levou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a elogiá-lo na sexta. O venezuelano qualificou de ''muito importante'' e com ''idéias muito boas'' o discurso de García.

Além disso, o venezuelano desculpou-se diante da chanceler alemã, Angela Merkel, após os comentários negativos que fez sobre nos últimos dias, ainda em Caracas.

''Não vim aqui para brigar. Fiquei muito satisfeito de apertar a mão da chanceler alemã'', disse Chávez, ao contar que pediu ''perdão'' a Merkel, afirmando que foi muito ''duro'' em suas declarações.

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse que com ''esforço'' e ''tolerância'' pode-se conseguir um acordo (político, comercial e de cooperação) e propôs ''buscar alternativas'' frente às divergências entre os quatro membros da CAN (Bolívia, Colômbia, Equador e Peru) em relação ao tema. Em todo caso, deixou claro que o Equador não assinará um acordo que prejudique os imigrantes na Europa.

O presidente do Panamá, Martín Torrijos, confirmou na sexta que seu país se incorporará plenamente à negociação realizada entre os países centro-americanos com a UE para um acordo de associação política, comercial e de cooperação.

Por sua vez, a presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, declarou que a pobreza na América Latina é conseqüência das más práticas políticas.

Em sua opinião, os níveis de pobreza e desigualdade não vêm da mudança climática, ''como parece'', mas de políticas concretas desenvolvidas fundamentalmente na região latino-americana e que transformaram a região ''não no continente mais pobre, mas sim no mais desigual''.

Integração

Diante dos planos dos latino-americanos, o presidente da Eslovênia e do Conselho Europeu, Janez Jansa, disse estar confiante de que a UE está ''à altura das expectativas de seus interlocutores'' e defendeu a integração como fórmula para o desenvolvimento social.

Assim, solicitou ''todos os esforços'' para afiançar os laços entre ambos os blocos, enquanto o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, confirmava que o propósito da cúpula é avançar nas negociações ''com posições flexíveis''.

O titular do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pottering, defendeu ''os valores da democracia'' e rejeitou ''toda forma de governo ditatorial ou autoritária''.

Respaldou, além disso, a integração regional como fundamento da associação estratégica entre a UE e a América Latina e disse que os acordos, com os andinos e o Mercosul, deveriam ocorrer ''no máximo, até meados de 2009''.

''Só assim seremos capazes de estabelecer, para 2012, a Associação euro-latino-americana'', destacou Pottering.

Os debates dos presidentes se prolongaram até a tarde, quando foi divulgada a Declaração de Lima.

Em outro ambiente menos oficial, encerrou-se, também na sexta, a 3º Cúpula dos Povos, com a proposta de apresentar como candidato ao Nobel da Paz o presidente boliviano, Evo Morales. Eles também solicitaram a retirada dos ''capacetes azuis'' do Haiti e a busca de uma ''solução negociada'' para o conflito colombiano.

1 castanha por dia...

...não mais do que isso, garante as doses de selênio

de que seu corpo precisa para preservar cada célula,

botar para fora possíveis substâncias tóxicas e viver mais

por DIOGO SPONCHIATO

Cabe na palma da sua mão, e ainda sobra um espaço e tanto, a arma que vai superproteger as unidades microscópicas do seu organismo. Em segundos, ao mastigar uma única castanha-do-pará, você recarregará os n í veis d e um mineral e xtremamente importante para uma vida longa e saudável: o selênio. A pequena oleaginosa repõe a quantidade do nutriente necessária para dar combate ao envelhecimento celular, causado pela formação natural daquelas incansáveis moléculas que danificam as células, os radicais livres.

Um estudo da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, atesta que a ingestão diária de duas castanhas-do-pará recentemente rebatizadas castanhasdo- brasil eleva em 65% o teor de selênio no sangue. Mas provavelmente os neozelandeses não usaram o legítimo produto brasileiro. Ora, nós somos sortudos. É que as castanhas produzidas no Norte e no Nordeste do país são tão ricas em selênio que bastaria uma unidade para tirar o mesmo proveito. A recomendação é de que um adulto consuma, no mínimo, 55 microgramas por dia, diz a nutricionista Bárbara Rita Cardoso, pesquisadora do Laboratório de Minerais da Universidade de São Paulo. E com uma unidade da nossa castanha já é possível encontrar bem mais do que isso de 200 a 400 microgramas do bendito selênio. Aliás, o limite de consumo diário do mineral é de 400 microgramas, portanto, não vá com muita fome ao pote. No caso de uma criança, meia castanha seria suficiente, afirma Silvia Cozzolino, presidenta da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição.

E por que toda essa fama do selênio? Ele é essencial para acionar enzimas que combatem os radicais livres, responde Christine Thomson, a pesquisadora neozelandesa que investigou as propriedades da castanha. O selênio se liga a algumas proteínas já existentes em nosso corpo para formar essas enzimas antioxidantes, descreve, completando, Bárbara Cardoso. Na ausência dele, as tais enzimas fi cam sem atividade e, então, deixam de combater os radicais e ainda desguarnecem as defesas do organismo.

O mineral da castanha também teria um papel especial na proteção do cérebro. É que, com essa capacidade de acabar com a farra dos radicais livres, as células nervosas seriam preservadas, evitando o surgimento de doenças neurodegenerativas com a idade. Justamente por isso, a pesquisadora Bárbara Rita Cardoso começa a estudar os possíveis benefícios do selênio em portadores do mal de Alzheimer. A gente desconfi a que nesses pacientes os radicais façam maiores estragos, diz ela.

A tireóide também funciona melhor na presença do selênio, acrescenta Christine Thomson. Isso porque, se não houver esse elemento, ela não consegue produzir direito seus célebres hormônios. O mineral também está intimamente associado à capacidade de o organismo se livrar de substâncias tóxicas, ajudando-o inclusive a expulsar possíveis metais pesados que se alojam nas células (veja quadro à esquerda).

Apesar de tudo isso, o badalado selênio deve ser apreciado com moderação. Quando os especialistas recomendam uma castanha diária, é para segui-lo à risca. Acredite: o conselho não é nem um pouco mesquinho. Esse consumo ideal e comedido é que faz todas essas enzimas que dependem do nutriente trabalharem de forma adequada, diz Bárbara. Em excesso, o selênio não vai potencializar sua ação. E o pior: mais cedo ou mais tarde, o exagero rotineiro vai revelar o lado negro da substância. Sim, ele existe: a toxicidade. Ela acontece se a pessoa ingerir mais de 800 microgramas por dia, adverte Silvia Cozzolino. É que o selênio tem efeito cumulativo, emenda Christine Thomson.

Isso não signifi ca que abusar das deliciosas castanhas em uma happy hour com amigos traga grandes ameaças. De vez em quando, dá até para superar a quantidade recomendada. O perigo é comer essas oleaginosas além da conta todo santo dia. Quem experimentar ataques sucessivos de gula poderá sentir dor de cabeça, fi car com as unhas fracas e ver seus cabelos caírem. Mas, em geral, quem come dez castanhas hoje não vai se empanturrar delas amanhã, usa a lógica a expert em nutrição Silvia Cozzolino. No máximo, o preço desse pecado será um mau hálito parecido com o bafo de alho acredite!

Não corre o mesmo risco quem comer, vez ou outra, algum prato que leve a castanha na receita até porque, seja doce ou salgado, difi cilmente uma porção reunirá tantas unidades assim. E saiba: nem o fogão nem a geladeira conseguem detonar as reservas de selênio. No dia-a-dia, porém, nada melhor do que a praticidade de botar na mochila, no bolso ou na bolsa a sua estrela solitária. É saúde na medida certa!

Para chegar à quantidade de selênio de uma castanha-do-pará (de 5 gramas), você teria que consumir, em média, o equivalente a...

3 filés de frango (100 gramas cada um)

16 pães franceses (50 gramas cada um)

100 copos de leite (200 mililitros por copo)

10 ostras (33 gramas cada uma)

3 latas de sardinha em conserva (130 gramas cada uma)

COMIDA ANTITÓXICA

Uma das principais benesses do selênio é a sua capacidade de desintoxicar o organismo. O mineral atua em mecanismos que favorecem a eliminação de metais pesados pelas fezes e pela urina, explica a nutricionista Bárbara Rita Cardoso. Esses metais nocivos, como o mercúrio e o arsênico, fi cam impregnados no organismo quando, por exemplo, consumimos peixes de má procedência, que vieram de águas poluídas. E, daí, disparam inúmeros problemas em nossos tecidos, do envelhecimento ao câncer algo que é freado com o sistema de limpeza acionado pelo consumo da castanha.

SUPLEMENTAÇÃO, A POLÊMICA

A natureza oferece fontes de selênio, mas há quem prefi ra recorrer às cápsulas. Estudos recentes revelam que isso pode ser bobagem: o melhor seria buscar o mineral na comida mesmo. O selênio dos alimentos é mais bem absorvido pelo organismo, justifi ca o pesquisador Alexei Lobanov, do Departamento de Bioquímica da Universidade Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos. E, já que a quantidade de que precisamos nem é lá tão alta, a suplementação deveria fi car restrita a casos especiais.

TERRA BOA, FRUTO RICO

A concentração de selênio em um alimento depende do solo em que é cultivado. De acordo com o engenheiro agrônomo José Urano de Carvalho, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a castanheira, nativa da fl oresta Amazônica brasileira, além de ter uma incrível habilidade para extrair o mineral, comparada a outras espécies, encontra na terra de lá uma enorme quantidade de selênio. Por isso seus frutos são campeões no elemento. As castanhas-do-pará são cultivadas pra valer na região Norte, especialmente no cinturão amazônico, mas o Brasil já não lidera o ranking de produção da oleaginosa. Hoje é a Bolívia que ocupa o primeiro lugar, revela Urano.

Dr. Mabuse, O Jogador

Dr. Mabuse, O Jogador
(Dr. Mabuse, der Spieler)

Dr. Mabuse é o primeiro filme da aclamada trilogia de Fritz Lang e é dividido em duas partes, a saber, "Dr. Mabuse - O Jogador" e "Dr. Mabuse - O Inferno do Crime".
Em "Dr. Mabuse - O Jogador", o bandido manipulador Dr. Mabuse é um poderoso anarquista, que usa a influência de sua sugestão para roubar milionários e dominar a Bolsa de Valores. O investigador von Wenck sai à sua captura, mas sempre o Dr. Mabuse escapa usando suas habilidades em disfarces e seus poderes de hipnose.
Na segunda parte, "Dr. Mabuse - O Inferno do Crime", é possível ver as máscaras do Dr. Mabuse, gênio criminoso, hipnotizador, falsificador, mestre do disfarce e assassino, caindo paulatinamente. Sua jornada pelo crime continua, mas cada vez mais o cerco vai se fechando pelo incansável investigador von Wenck. Dr. Mabuse tenta de todas as formas neutralizá-lo, chegando até a controlar sua mente numa impressionante sessão de hipnotismo coletivo.
Um dos trabalhos fundamentais na obra de Fritz Lang, Dr. Mabuse é um filme recomendável não somente aos fãs do diretor alemão, mas também a todos os que apreciam um bom cinema.

Fonte: Aqui e aqui.


Gênero: Crime / Thriller / Mistério
Diretor: Fritz Lang
Duração: 233 minutos
Ano de Lançamento: 1922
País de Origem: Alemanha
Idioma do Áudio: Mudo
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0013086/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: XviD
Vídeo Bitrate: 606 Kbps
Áudio Codec: Mp3
Áudio Bitrate: 116
Resolução: 528 x 400
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 1,37 Gb
Legendas: Em anexo
Créditos: makingoff - Willams

Elenco:

Rudolf Klein-Rogge ... Dr. Mabuse
Aud Egede Nissen ... Cara Carozza, die Tänzerin
Gertrude Welcker ... Gräfin Dusy Told (as Gertrude Welker)
Alfred Abel ... Graf Told
Bernhard Goetzke ... Staatsanwalt von Welk / Chief Inspector Norbert von Wenck
Paul Richter ... Edgar Hull
Robert Forster-Larrinaga ... Spoerri
Hans Adalbert Schlettow ... Georg, the Chauffeur (as Hans Adalbert von Schlettow)
Georg John ... Pesch
Charles Puffy ... Hawasch (as Karl Huszar)
Grete Berger ... Fine, a servant

Curiosidades:

- "Dr. Mabuse - O Jogador" (1922) é um filme mudo dividido em duas partes: "Dr. Mabuse - O Jogador" e "Dr. Mabuse - O Inferno do Crime". O longa é baseado na trajetória e influência do Dr. Mabuse, originalmente personagem dos romances de Norbert Jacques. Este clássico de Fritz Lang foi o primeiro filme da trilogia do Dr. Mabuse, composta também por "O Testamento do Dr. Mabuse" e "Os Mil Olhos do Dr. Mabuse".

- Num dado momento do filme, o diretor Fritz Lang faz uma piadinha interna com o próprio Expressionismo. Quando numa conversa com uns cavalheiros, é perguntado ao Dr. Mabuse: "Qual sua posição em relação ao Expressionismo, Doutor?", ao que ele responde: "O Expressionismo é uma mera brincadeira... mas por que não? Tudo hoje é uma brincadeira...!". Esta frase talvez passasse até despercebida, se não fosse formulada por um dos nomes mais importantes da estética expressionista e justamente num momento em que surgiam os filmes mais representativos do expressionismo alemão. Curioso... :]

- Dentre os vários momentos marcantes desta jóia do Fritz Lang, um que eu destaco é a sequência de sugestão em massa. Chama a atenção como o diretor, mesmo dispondo de bem menos recursos que o normal para os nossos dias, conseguiu realizar uma sequência de ilusionismo em massa bastante convincente. Além destes aspectos mais técnicos, há que se destacar também o lado visionário de Lang, em que pese os inúmeros paralelos entre a história do Dr. Mabuse (e especialmente nesta sequência) e a então contemporânea ascensão do ultranacionalismo na Alemanha.

- Em "Dr. Mabuse" Fritz Lang contou com um elenco composto por alguns dos melhores atores alemães da época, tendo inclusive alguns destes feito parceria com o diretor em outros filmes, como o ator que faz o Dr. Mabuse (que também atuou em mais 9 filmes do diretor), o ator que faz o Sr. von Wenk (também presente em A Morte Cansada e na saga dos Nibelungos), além do ator que representa o Graf Told (Metropolis).

- Para quem tem boa proficiência com a língua inglesa, tem no Youtube um vídeo no qual um cara faz uma leitura do filme. A quem se interessar, o link é este aqui.

- Obs: Na informação acima sobre o frame rate, o correto deveria ser 16.000 FPS, tendo em conta que ambos os filmes foram rodados, predominantemente, com esta característica. No entanto, como não havia esta opção no gerador de códigos, fiquei com a opção que mais se aproximou do valor.

- Créditos da legenda para o pessoal do Movimento Cinema Livre. Dei uma resincronizada geral na legenda, burilando também a tradução em algumas partes que precisavam. Confiram aí. wink.gif


Crítica:

Dr Mabuse, O Jogador

No gozo dos mortos-vivos

De alguma forma, Dr. Mabuse, composto aqui por O Jogador e o Inferno do Crime, ambos de 1922, é uma obra sobre a experiência de olhá-la hoje.

Sim, porque temos um filme, podemos assim considerar o "pacote", de mortos-vivos. Sua agenda de imagens se sustenta na presença e no impacto da imagem dos corpos, pálidos, deformados ou quase apodrecidos, dos zumbis que povoam os porões, mais ricos ou mais pobres, não importa, alemães. E também não é exagero dizer que há uma pulsão zumbi no esqueleto do filme de Lang, visto hoje.

Não discutindo a sofisticação evidente de seu artesanato, é, em projeto e linguagem, um cinema morto, o que é mais do que claro. Mas temos aqui um zumbi, esse filme, que vagou, ou melhor, vem vagando, por aí, desde 1922, contaminando outros organismos de cinema e reaparecendo, mutante (morto, porém vivo), por meio de outras mãos. Kubrick, pelo menos.

O cinema é um pouco, ou muito, Fritz Lang, mas impressiona como por exemplo Kubrick se manifesta radicalmente no Lang de Mabuse (não o contrário). Quer dizer, é muito curioso ver Mabuse e pensar nessa lógica, que é meio uma lógica de fantasmas: o mais recente que parece vir assombrar o fantasma que habita originalmente suas propriedades.

Não por acaso, Dr. Mabuse (esse de 1922) está em, ou é visitado por, filmes fantásmicos de Kubrick, a pensar em O Iluminado (1979) e, principalmente, em De Olhos bem Fechados (1999).

De onde vem a relação?

Há, por exemplo, muito da Nova Iorque subterrânea percorrida por Tom Cruise e a Berlim subterrânea utilizada como dispositivo por Lang.

Perceptível, como no Kubrick final, é uma preocupação de Lang em montar e radiografar o movimento, em 1922, de pequenos espaços e ambientes secretos de lazer. Alguns desses espaços de festas e jogos parecem, em sua conformação, grandes brinquedos, instalações ludistas que nos dizem primeiro algo sobre o que dentro deles se desenrola e ocorre - hedonismo, tentativa de desativação de contato com a geografia que está fora de lá e ao mesmo tempo inauguração de um novo programa, de um novo fluxo, de pactos urbanos "noturnos". Mas também, como em Kubrick, dizem algo sobre a operação cinematográfica engendrada lá: não deixam, os dois, Dr. Mabuse e De Olhos bem Fechados, de ser filmes sobre os ambientes que constroem, exploram e respiram, daí que o procedimento de estruturação desses ambientes por parte dos cineastas é o coração de cada filme.

Em ambos os filmes, nesses espaços do divertimento que parecem existir por trás das paredes e por baixo do solo, espaços de certo modo lúgubres, há tapetes, lustres, artifícios e acessórios de decoração amplamente aproveitados: aparelhos cenográficos que falam e se manifestam no quadro como personagens, e para os personagens. A função arquitetônica nos dois filmes, uma concepção arquitetônica implantada nos olhos de cada um dos realizadores, pode ser dito, é, aliás, bastante similar.

No jogo da ilusão

O que é Dr. Mabuse, ou, mais apropriado, quem é esse Mabuse? Ele é, em linhas gerais, o sinistro criminoso manipulador protegido por disfarces que cria. Sempre muda de aparência, com maquiagem, bigodes e cabelos "sintéticos". Sai pela Europa, causando danos monetários gigantescos (sabotando Bolsas), pela Berlim "escondida", hipnotizando jogadores nos clubes secretos e levando-os à ruína pessoal. Dia seguinte, outro disfarce, outro clube. Mabuse é Mabuse e ao mesmo tempo é todo mundo: fácil, assim, associar sua figura à de uma Alemanha pobre, devastada física e existencialmente, de onde emergiria um Hitler, por exemplo.

Fácil, embora não equivocado, e, por isso, para cá retornaremos.

Talvez mais fácil ainda, ou ingênuo, seja associar sua figura com o cinema, com seus sistemas de linguagem. Parece-me, no entanto, ainda bastante honesto em relação ao que o filme apresenta. Ao que Lang nos dá. Partamos daqui.

Primeiro: o coração da mise em scène da primeira parte é tudo o que se passa nas mesas em que se joga cartas. Aliás, essencialmente é um jogo de cartas o que Mabuse manuseia na primeira cena do filme: não as convencionais, mas um baralho, ou coisa similar, com suas próprias imagens de travestimento em mil fantasias, embaralhadas.

Para início, bem, sabemos que o jogo de cartas mesmo, esse com ases, copas, valetes e paus, ou, na verdade, qualquer outro, trata basicamente de articular e combinar imagens com significações. Imagens e suas significações.

O personagem, sempre todo mundo e, claro, ao mesmo tempo ninguém (Lang magnificamente nunca se propõe a decifrar esse personagem, totalizar ou liquidar os mistérios de sua "arqueologia" humana, reforçando o tom ameaçador que se estabelece durante fluidas 4 horas), revela-se filosoficamente uma única vez durante o filme. É quando diz que tudo entedia, "exceto brincar com os destinos das pessoas".

Ninguém dirá que, para além das aplicações óbvias que isso possui nos expedientes que se desenrolam em uma mesa de carteado, ou mesmo nos tipos de relações que Mabuse, o grande manipulador, constrói com esses jogadores e até com seus diabolicamente convictos seguidores (quase um fundamentalismo os caracteriza), não deixa de ser uma leitura sobre o cinema. Sobre encenação, sua organização interna, ou, quem sabe, sobre o efeito da ilusão.

Ninguém dirá, portanto, que Dr. Mabuse não é um dos primeiros filmes da história a problematizar a ilusão. Questionar o espetáculo. O doutor é a ferramenta.

Essa idéia é sedimentada explicitamente naquela que é a seqüência mais forte dos dois filmes. Mabuse, com o objetivo de neutralizar o oficial do Estado que o farejava e perseguia desde o primeiro filme, arma um evento que teria como atração um suposto doutor-estudioso da mente-mágico. Trata-se de um tal Dr. Weltmann, mas na verdade é Mabuse, dentro de um personagem. Num jogo de domínio de uma platéia encantada, paralisada, seu principal "número" é, não à toa, o da simulação de uma espécie de cinema. Faz surgir das cortinas uma caravana árabe, ou de nômades, em um deserto. Uma alucinação "filmada", que abala a platéia. Tudo imaterial, mentira: evapora com um estalar de dedos de Mabuse, o falsificador que forja também cédulas monetárias.

A figura de Mabuse, desde o caráter sinistro-carnavalesco da flutuação por meio de figurinos, rostos, passando por suas habilidades como hipnotizador e "jogador de destinos" é em si uma reflexão continuada, primeiro, sobre o falso e, depois (e conseqüentemente), sobre os tecidos e mecanismos do ilusionismo.

Contudo é válido notar que Mabuse, orquestrador e anfitrião da ilusão em um evento de odor aristocrático, ou um operário vestindo farrapos e incitando uma revolta em um bar precário, trafega, nessa revisão precoce do espetáculo, em 1922, entre ser "cineasta" e ser o próprio "cinema" - nesse sentido, o do "cinema", estão estampadas já nesse seu corpo, em sua pele - um suporte -, as operações de fabulação cinematográfica. Pode-se ir além: é titerista (gestor do espetáculo) e ao mesmo tempo, incorporando a todos, a própria imagem do lugar silenciosamente convulsionado que habita. As duas funções, Mabuse associado à Alemanha, e à sua paisagem carcomida de seres e imagens cadavéricos, e Mabuse associado à feitura do espetáculo, se conciliam. Mais: se transubstanciam. O povo alemão estava à mercê desse pequeno Deus (engenheiro do espetáculo - cineasta) imensurável, indecifrável e macabro, mas era, de alguma forma, também "imagem e semelhança" dessa entidade – para Lang, pessimista (premonitório?) por excelência.

(Por Claudio Szynkier)

Fonte

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.
Não esqueça de fazer o registro no makingoff antes de baixar o filme:

Download abaixo:

O torrent foi criado a partir dos links abaixo:

1ª Parte:
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Para quem optar pelo download via Rapidshare, o filme deve ser descompactado com o HJSplit, que pode ser baixado aqui.

A legenda logo abaixo serve para ambas as opções de download (torrent e Http).

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Arquivo anexado Dr._Mabuse__der_Spieler__1922__DVDRip_by_Willams_megalilo.rar


sexta-feira, 16 de maio de 2008

POBRE COLOMBIA....

Alvaro Uribe Narco Paramilitar. Su Pasado y Presente.

O renascimento do Che



Eu tive um irmão
Não nos vimos nunca
mas não importava.
(Julio Cortázar)



Ele faria hoje(14/05/2008) 80 anos e mais do que uma lenda, precisa ser recordado apenas como um homem. Um homem que honrou o sentido mais recôndito do significado de ser “humano”. Porque não é certo que todo ser humano é naturalmente humano. Um ser humano pode se tornar ‘humano” ao longo de uma vida. Mas “nem todo mundo chega lá”, como nos lembra um sábio do povo, chamado pelos europeus e seus sucessores, de índio.
Eu tive um irmão
que andava na selva
enquanto eu dormia.
Che Guevara não era um humanitarista, esses que, a serviço do sistema, são premiados por tentar fazer, desse horror de mundo, um mundo apenas “melhor”. O Che era um revolucionário humanista, um fazedor de mundos, um criador de idéias, um pensador político. Um homem que até os detratores de qualquer revolução ou revolucionário têm dificuldade em macular. Che Guevara, um homem, que com seu amor desmedido pelo gênero humano, pela vida, carregava o sonho de ver emergir, numa sociedade renovada, o homem novo. “A revolução se faz através do homem, mas o homem deve forjar dia-a-dia seu espírito revolucionário”, ele dizia. E acreditava ser necessário que se desenvolvesse uma consciência na qual os valores adquirissem categorias novas.”A sociedade em seu conjunto deve transformar-se em uma gigantesca escola”.
O amei ao meu modo,
Lhe tomei a voz
livre como a água,
caminhei às vezes
perto de sua sombra.
meu irmão desperto
enquanto eu dormia.
O Che também sabia que o caminho é largo e, em parte, desconhecido. Mas não se deixava amedrontar pelo que estaria por vir: “Conhecemos nossas limitações. Faremos o homem do século XXI: nós mesmos. Nos forjaremos na ação quotidiana, criando um homem novo com uma nova técnica". E o sentido de amor desmesurado que o transformara em um guerrilheiro nascera nas primícias da sua meninice, quando abrigava em casa meninos e meninas pobres, que ali se alimentavam, na mesa com sua família, e encontravam um ninho de terno acolhimento. Nada de filantropia nem de caridade. O mais essencial amor era o que já movia os passos do pequeno Ernesto, que um dia se tornaria o Che, apenas um homem.
Nesses 40 anos que se somam desde seu assassinato, bem que o mercado quis se apropriar de sua imagem doce-amarga, que guarda no olhar uma dignidade invencível. O sistema que tudo torna descartável – na indústria do usa e joga - quis vender sua figura de guerrilheiro heróico em produtos que só visam o lucro. Mas não é a força do mercado que leva uma multidão de humanos, estradas adentro, a abrigar, no peito, nas mãos, nas cabeças, o seu vulto misterioso e ao mesmo tempo translúcido. O seu mistério, nesse mundo que se despedaça em misérias e se maquia em falsidades, é exatamente a transparência. A sua absoluta convicção,cristalina e confessada, de que só há um rumo para a humanidade: o da revolução transformadora, aquela à qual entregou a sua vida completamente, até os 39 anos roubados, dia 9 de outubro de 1967, por mercenários carniceiros em La Higuera, na Bolívia.
Assim, neste maio de 2008 que assinala os seus 80 anos não alcançados em vida, se tornam desprezíveis as tentativas de mistificar ou de mitificar a vida e a história do Che como o mártir de revoluções derrotadas e o símbolo de revolucionários vencidos. Nessas oito décadas de uma história que se escreve sobre os passos do Che, o que é preciso elevar e trazer à luz é a sua profunda reverência pela vida. E a sua incomensurável ternura, nunca perdida em meio à dureza de um mundo cruel e de uma luta desigual e impiedosa.
Meu irmão mostrando-me
por detrás da noite
a sua estrela eleita.
Júlio Cortazar, com o mágico poder que os escritores e poetas sabem colher das palavras, em um comovente texto, escrito quando de seu assassinato em La Higuera, pediu que fosse o próprio Che a conduzir sua mão no momento da dolorosa despedida. “Sei que é absurdo e que é impossível, e por isso mesmo creio que ele escreve isto comigo, porque ninguém soube melhor até que ponto o absurdo e o impossível serão um dia a realidade dos homens”.
E é por tudo que sua vida representa, por ter sonhado o impossível como sendo possível, que os quiseram e o querem “morto” pagam o preço de ver esse homem, médico e lutador argentino-cubano renascer, a cada dia, em meio às lutas do povo, que se levanta em todo canto mundo, a despeito do massacre, do terror, da dor e do desencanto. Ele renasce a cada ano porque o Che, nos diz Eduardo Galeano, é o mais renascedor de todos os seres.
O nascedor
Por que será que o Che
Tem este perigoso costume
De seguir sempre renascendo?
Quanto mais o insultam,
O manipulam
O atraiçoam
Mais ele renasce.
Ele é o mais renascedor de todos!
Não será por que Che
Dizia o que pensava e fazia o que
dizia?
Não será por isso que segue sendo
tão extraordinário,
Num mundo onde palavras
e atos tão raramente se encontram?
E quando se encontram
raramente se saúdam
Por que não se reconhecem?
(Eduardo Galeano)
*Os versos em destaque no texto são de Julio Cortázar.