quinta-feira, 5 de junho de 2008

Onde estão os defensores de Yeda?



Chama a atenção o silêncio das cabeças coroadas dos partidos que apoiaram Yeda Crusius (PSDB) na eleição para o governo do Estado. É verdade que uma parte de seus operadores ficou presa nas redes da Operação Rodin. Mas ainda sobrou gente para fazer a defesa de um governo que está sob fogo cerrado. O senador Pedro Simon (PMDB) é um exemplo notório disso. Sempre atento às questões da moralidade pública em Brasília, Simon segue absolutamente mudo sobre o que acontece no Rio Grande do Sul. Não é o único.

A defesa do governo Yeda foi relegada ao baixo clero e mesmo este começa a dar sinais de cansaço. Ontem à noite, a CPI do Detran era o tema do programa Conversas Cruzadas, na TV COM. Pela oposição, lá estavam o presidente da CPI, Fabiano Pereira (PT), e o deputado Elvino Bohn Gass (PT). Pela situação, deveriam estar os deputados Pedro Pereira (PSDB) e Cassiá Carpes (PTB). Nenhum dos dois apareceu.

Também emudeceram nomes como os do senador Sérgio Zambiasi (PTB) e dos deputados Frederico Antunes (PP), Jerônimo Goergen (PP), Luiz Fernando Záchia (PMDB), Alberto Oliveira (PMDB), Nelson Marchezan Junior (PSDB), Paulo Odone (PPS), apenas para citar alguns.

No dia em que a CPI revelou publicamente o conteúdo das gravações das interceptações telefônicas da Operação Rodin, as únicas duas intervenções (patéticas) a defender o governo foram as do secretário-geral Delson Martini e do porta-voz Paulo Fona. Para o primeiro, o dia de ontem não trouxe nenhum fato novo. Para o segundo, nenhum fato relevante. A julgar pelo andar da carruagem, a irrelevância começa a cercar, na verdade, o Palácio Piratini. Em várias salas e gabinetes da Praça da Matriz, entre gritos e sussuros, florescem planos de desembarque de um governo que corre o risco de acabar antes de completar metade de seu mandato.

Créditos:

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Minha Vida em Cor-de-Rosa


Minha Vida em Cor-de-Rosa
(Ma Vie en Rose)
Sinopse

Passa-se na Bélgica, em alguma cidade da parte wallon (francofônica) não-identificada. Num bairro típico de classe média, careta, com visual bastante kitsch, chega a família Fabre, pai, mãe e suas quatro crianças. A peculiaridade dessa família é que seu filho mais novo, Ludovic, de sete anos, acha que é um menino-menina e que vai se transformar em menina a qualquer momento. A intolerância e a obtusidade da vizinhança faz com que ele sofra preconceito e rejeição. O argumento do filme é muito feliz em diversos aspectos. O uso de uma criança como protagonista levanta a questão da homossexualidade (neste caso, transexualidade) como condição inata, retirando a conotação de perversão e mostrando que não se trata de uma opção, uma escolha consciente, mas sim uma característica da pessoa, independente da sua vontade. A incorporação do universo lúdico da criança dá leveza ao filme sem lhe tirar a seriedade e, em sua delicadeza, deixa muito mais evidente o absurdo do preconceito. O menino que interpreta Ludovic (Georges Du Fresne) é de uma doçura ímpar que conquista o espectador com seu sorriso e seu olhar verdadeiros. Não há como fugir de um sentimento de melancolia e até de alguma lágrima escorrida ao vermos uma pessoa inocente e sem maldades sofrer preconceito e discriminação apenas por ser quem ela é, sem fazer mal a ninguém. Um filme especial, no tom certo e que pode até fazer com que as pessoas com um mínimo se sensibilidade repensem alguns de seus preconceitos.

Informações

Gênero: drama
Diretor: Alain Berliner
Duração: 88 minutos
Ano de Lançamento: 1997
País de Origem: Bélgica/França/Reino Unido
Idioma do Áudio: francês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0119590/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 700 Mb
Legendas: No torrent

Elenco

Michèle Laroque ... Hanna Fabre
Jean-Philippe Écoffey ... Pierre Fabre
Hélène Vincent ... Élisabeth
Georges Du Fresne ... Ludovic Fabre
Daniel Hanssens ... Albert
Laurence Bibot ... Lisette
Jean-François Gallotte ... Thierry
Caroline Baehr ... Monique
Julien Rivière ... Jérôme
Marie Bunel ... Psychoanalyst
Gregory Diallo ... Thom Fabre
Erik Cazals De Fabel ... Jean Fabre
Cristina Barget ... Zoé Fabre

Premiações

Onze prêmios e mais cinco indicações em festivais como
BAFTA Awards
César Awards, France
European Film Awards
Film Critics Circle of Australia Awards
Golden Globes, USA
São Paulo International Film Festival
Satellite Awards

lista completa: http://www.imdb.com/title/tt0119590/awards

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.



Lançamento Exclusivo MKOff!


Legenda feita pelos amigos do MCL.

créditos: makingoff - finaendor:

Download abaixo:





DOWNLOAD ALTERNATIVO

Livro debate contaminação transgênica


Será lançado nesta quarta-feira (4), em Ijuí, o livro Transgênicos: as sementes do mal. A silenciosa contaminação de solos e alimentos (Editora Expressão Popular), de Antônio Inácio Andrioli e Richard Fuchs (organizadores). Mestre em Educação nas Ciências pela Unijuí, Andrioli é doutor em Ciências Econômicas Sociais pela Universidade Osnabrück (Alemanha), com uma tese sobre soja transgênica e orgânica no Brasil. Fuchs é especialista em novas tecnologias, especialmente nas áreas de alimentação, biomedicina, transplante de órgãos e transgênicos.

O lançamento, em Ijuí, ocorrerá às 17h45min, na Unijuí, Campus Santa Rosa (sala B105). Na sexta-feira, o livro será lançado em São Paulo, às 10h, no Instituto Rosa Luxemburgo.

Lançado originalmente na Alemanha, o livro atualiza um tema que despertou um caloroso debate na Europa: deve a transgenia eliminar da mesa e das lavouras as plantas e os alimentos tradicionais? Os Estados Unidos, o Canadá, a Argentina e, mais recentemente, o Brasil transformaram-se grandes produtores de transgênicos e são hoje laboratórios a céu aberto de uma experiência conduzida, muitas vezes, sem os devidos estudos de impacto ambiental, social e econômico. Algumas das questões debatidas no livro de Andrioli e Fuchs:

- A morte não esclarecida de 70 vacas leiteiras após terem sido tratadas por um longo período com milho trangênico.
- O quanto é confiável a pesquisa encomendada a biólogos moleculares?
- A influência de lobistas sobre a liberação de plantas transgênicas realizada em Bruxelas e Berlim?- Uso de sementes transgênicas não rotulada em programas de combate à fome.
- A eliminação de pequenos agricultores nos EUA e a crescente resistência aos transgênicos.
- Monsanto: 75 advogados e um orçamento de 10 milhões de dólares contra os agricultores
- Substâncias alérgicas na soja- Alimentos transgênicos e seus efeitos.

Créditos:

terça-feira, 3 de junho de 2008

O coração de Abel


DANIEL RICCI ARAÚJO

Abel não está indo embora do Inter porque tira Nilmar, inventa escalações ou submete a equipe a hierarquias que a essa altura já são inadmissíveis. Não. Abel está indo embora simplesmente porque nada, na vida, é para sempre. Nem mesmo nosso ex-comandante e seu tremendo coração podem driblar os ponteiros do relógio.

Casamentos terminam. Amizades soçobram. As vidas das pessoas podem entrar em modo de espera, em “standby”, ou do nada darem uma guinada às alturas, tudo conforme o tique-taque dos ponteiros ou o escoar da areia das ampolas. O mundo é assim mesmo. Na vida do Inter, Abel foi um furacão vitorioso de iniciativa, discursos emocionantes e vontade de vencer. Nas circunstâncias do Inter atual, isso bastou, e a história foi indelével e maravilhosamente escrita assim.

Tempo, tempo, tempo. Nele e por ele, a verdade de ontem é a mentira de hoje, a meta de outrora é a acomodação da atualidade. O Inter, por exemplo, esse Inter que Abel ajudou a dar forma está agora encharcado de glória. Indignação, filas no Portão 8, discursos revolucionários, reuniões de Conselho Deliberativo que mais pareciam o prenúncio da Terceira Guerra Mundial, tudo isso acabou. Abel foi o porta-voz de uma nova era, de um momento que tem muito de sua assinatura e vontade de vencer. E por isso estamos todos calmos, empanturrados e felizes. Mas o tempo passa. Nada é para sempre.

Somos, no momento, vítimas. Sim, vítimas. De um casamento feliz, de um relacionamento que foi perfeito e que nos deu o título capaz de fazer qualquer torcedor de futebol tocar o céu com as mãos. De momentos inspirados, quase religiosos, de êxtase puro e emoção inacabável. Mas até o matrimônio mais feliz cessa. Passa. Abatuma. Inter e Abel, na melhor das hipóteses, precisam dar um longo tempo tempo. Foram escalações erradas demais, preterições baseadas num fisiologismo evidente demais, frases de efeito demais - e as frases de efeito, quando cessam as vitórias, viram a forca do orador.

O maior - mas não o melhor - técnico da história do Inter vai merecidamente embora para enriquecer na Arábia. Abel foi menos treinador do que o imaginário coletivo que a torcida idealiza, mas bem mais do que a tropa de seus críticos ferozes pensa. Eu vejo em Abel um planejador eficiente de jogos decisivos, um estrategista sem controle mas com ímpeto e gana, e coração, muito coração, que se traduz em uma vontade de vencer tão necessária para um time quanto a correnteza é para um rio. Se as opiniões não se encontram, rendamo-nos ao razoável: ninguém vence tanto por mera casualidade.

A memorável, antológica e histórica palestra antes do jogo com o Barcelona, gravada para o futuro e realizada por ele numa naturalidade que faria corar um Napoleão será a marca registrada de Abel, o técnico-torcedor. Sobre ele talvez mais do que qualquer outro, as futuras gerações perguntarão com curiosidade e orgulho. E nós gostaremos muito de responder, porque Abel é o tipo de homem que suscita essas histórias capazes de marcar e inspirar as pessoas.

Muitos afirmavam que o maior defeito de Abel era essa sua intempestividade, esse élan vital e necessário, essa vontade de abarcar o Inter com seus braços e levá-lo para casa. Ao fim e ao cabo, como o profeta Ezequiel, Abel foi quase perfeito em seus caminhos. Noves fora as estripulias e erros cometidos, não há como discutir: o maior momento da história colorada acabou sendo protagonizado por um treinador que, antes de ser profissional, é um homem capaz de matar ou morrer pelo Inter. Abel não foi perfeito, mas o destino foi. Sinceramente? Não sei se poderíamos pedir mais do que isso.

Vencer é bom, mas fazer isso no meio dos nossos, de colorados para colorados, é ainda melhor. Os detratores de nosso treinador dirão que lhe falta autoridade, tática, vontade de mudar e, talvez, até um pouco de simplicidade. Mas uma coisa não poderão negar.

Digam qualquer coisa de Abel Braga, menos que ele não tem um imenso coração.

Belchior - Antologia Lírica (1999)




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Esculpir o Espaço

Um filme de Jatir Eitó

"Em dezembro de 2003, um grupo de artistas de diferentes áreas foi à Ocupação Prestes Maia na intenção de integrar seu trabalho com os moradores do Movimento Sem Teto do Centro, os quais habitam esse edifício. Essa integração criou uma interessante e curiosa atmosfera que inspirou esse filme-poema, cujo foco é os sonhos das pessoas que ocupam o edifício".






Em Busca da Sabedoria Ecológica
Há sinais inequívocos de que a Terra não agüenta mais.

Por Leonardo Boff.

O paradigma civilizatório globalizado assentado sobre a guerra contra Gaia e contra a natureza está levando todo o sistema da vida a um grande impasse. Há sinais inequívocos de que a Terra não agüenta mais esta sistemática exploração de seus recursos e a ofensa continuada da dignidade de seus filhos e filhas, os seres humanos, excluídos e condenados, aos milhões, a morrer de fome. Mas precisamos estar conscientes de que esta guerra não será ganha por nós mas por Gaia. Como observava Eric Hobsbawm na última página de seu conhecido livro A era dos extremos (1994): “O futuro não pode ser a continuação do passado; nosso mundo corre o risco de explosão e implosão; tem de mudar; a alternativa para uma mudança da sociedade é a escuridão”.

Como evitar esta escuridão que pode significar a derrocada de nosso tipo de civilização e eventualmente o Armagedon da espécie humana? É imperioso revisitarmos outras civilizações que nos podem inspirar sabedoria ecológica. Há muitas. Escolho a civilização maya, pelo simples fato de que tive a oportunidade no mês de março deste ano de freqüentar durante 20 dias as regiões da América Central habitadas ainda hoje pelos sobreviventes daquele extraordinário ensaio civilizatório e dialogado longamente com seus sábios, sacerdotes e xamãs. Daquela riqueza imensa quero ressaltar apenas dois pontos centrais que são grandes ausências em nosso modo de habitar o mundo: a cosmovisão harmônica com todos os seres e sua fascinante antropologia centrada no coração.

A sabedoria maya vem da mais alta ancestralidade e é conservada pelos avós e pelos pais. Como não passaram pela circuncisão da cultura moderna, guardam com fidelidade as antigas tradições e os ensinamentos, consignados também em escritos como no Popol-Vuh e nos Livros de Chilam Balam. A intuição básica de sua cosmovisão se aproxima muito à da moderna cosmologia e física quântica. O universo é construído e mantido por energias cósmicas pelo Criador e Formador de tudo. O que existe na natureza nasceu do encontro de amor entre o Coração do Céu com o Coração da Terra. A mãe Terra é um ser vivo que vibra, sente, intui, trabalha, engendra e alimenta a todos os seus filhos e filhas. A dualidade de base entre formação-desintegração (nós diríamos entre caos e cosmos) confere dinamismo a todo o processo universal. O bem estar humano consiste em estar permanentemente sincronizado com esse processo e cultivar um profundo respeito diante de cada ser. Então ele se sente parte consubstancial da Mãe Terra e desfruta de toda sua beleza e proteção. A própria morte não é inimiga: é um envolver-se mais radicalmente com o Universo.

Os seres humanos são vistos como “os filhos e filhas esclarecidos, os averiguadores e buscadores da existência”. Para chegar a sua plenitude o ser humano passa por três etapas, verdadeiro processo de individuação. Ele poderá ser “gente de barro”: pode falar mas não tem consistência face às águas pois se dissolve. Desenvolve-se mais e pode ser “gente de madeira”; tem entendimento, mas não alma que sente porque é rígido e inflexível. Por fim alcança a fase de “gente de milho”: este “conhece o que está perto e o que está longe”. Mas sua característica é ter coração. Por isso “sente perfeitamente, percebe o Universo, a Fonte da vida” e pulsa ao ritmo do Coração do Céu e do Coração da Terra.

A essência do humano está no coração, naquilo que viemos dizendo há anos, na razão cordial e na inteligência sensível. É dando centralidade a elas que se mostram pelo cuidado e pelo respeito que podemos nos salvar.

Billy Cobham - The Art of Three (2001)

http://i306.photobucket.com/albums/nn266/photoapo/Covers/BC_TheArt-fr.jpg

Billy Cobham - The Art of Three (2001)
mp3@320Kbps 167MB covers In & Out Records Total time: 73:50


Faixas:
1. Stella By Starlight (Ned Washington/Victor Young) 10:43
2. Autumn Leaves (Joseph Kosma/Johnny Mercer/Jacques Prévert) 10:00
3. New Waltz (Ron Carter) 6:55
4. Bouncing With Bud (Bud Powell) 7:02
5. 'Round Midnight (Bernie Hanighen/Thelonious Monk/Cootie Williams) 7:56
6. And Then Again (Kenny Barron) 11:25
7. I Thought About You (Johnny Mercer/James Van Heusen) 10:26
8. Someday My Prince Will Come (Larry Morey/Frank Churchill) 9:19

Músicos:
Billy Cobham (Drums)
Ron Carter (Double Bass)
Kenny Barron (Piano)

Downloads abaixo:

http://www.filefactory.com/file/bfc63e/ (direto)
http://rapidshare.com/files/119711955/theat_a.rar (parte 1)
http://rapidshare.com/files/119716320/theat_b.rar(parte 2)

A descarada política da Globo com suas novelas


Vermelho - Redação

O Brasil assistiu, dia 31, ao último capítulo da novela ''Duas Caras''. Se houve novidade na trama, assinada por Aguinaldo Silva, ela ficou por conta do abuso nas referências a personalidades e fatos da vida política nacional, e pela ridicularização dos movimentos sociais, misturando realidade e ficção com clara intenção de construir um discurso ideológico conservador.

Essa politização explícita já estava presente desde os primeiros capítulos, quando o autor declarou que o personagem Ferraço (Dalton Vigh), o vilão da trama, foi inspirado na vida do ex-ministro José Dirceu. A referência provocou uma carta indignada da ex-esposa de Dirceu, Clara Becker, acusando o novelista de fazer uma comparação caluniosa para alimentar divergências políticas. Chegou também ao cúmulo de atacar os concorrentes da TV Record colocando, na trama, um grupo de evangélicos que, raivosos, atacou uma mulher grávida acusando-a de promíscua.


Além do embate com os evangélicos, colocou em cena, de forma desfavorável e mistificadora, ''fatos do cotidiano'', como as CPIs, tapiocas, dossiês, cartões corporativos, política de cotas, racismo, educação privada x ensino público, protagonismo político da elite, entre outros temas colhidos pelo autor no noticiário da imprensa conservadora, da qual a novela é uma espécie de outra face da moeda, como ferramenta para formar opinião - no caso, opinião conservadora, alienada.


Ao abusar da politização, a novela global rompeu a barreira delicada que separa o aceitável do inaceitável no uso da concessão pública dos meios de comunicação. Não se discute o direito da emissora retratar assuntos políticos e polêmicas nacionais em seus programas, mas sim se é ético e justo usar um programa de tamanha audiência para atacar adversários políticos e construir discursos favoráveis ou contrários a propostas e idéias em disputa na sociedade.

As regras do jogo democrático pressupõem condições equilibradas para a luta de idéias. Os meios de comunicação sempre foram apontados com um fator de desequilíbrio nesta disputa pois, concentrados na mão de grandes empresários, costumam jogar no campo da direita. Para controlar a manipulação, há uma série de regras para regular o conteúdo das emissoras, especialmente em período eleitoral. Mas elas estão concentradas basicamente no conteúdo jornalístico. Quando a manipulação salta da pauta jornalística para o roteiro da novela (que é uma obra de 'ficção''), o desequilíbrio piora pois a propaganda política disfarçada feita através dela é menos suscetível a processos legais.

Assim, protegida pelo chamado “manto sagrado da liberdade de expressão artística”, as novelas da Globo são um verdadeiro paralelo desregulado ao jornalismo televisivo da emissora para construir discursos favoráveis ao pensamento único neoliberal. E contrários às idéias avançadas historicamente defendidas pela esquerda, como a política de cotas, a liberalização do aborto, a descriminalização da droga, a proibição da pena de morte, a valorização dos movimentos sociais (claramente atacados e ridicularizados pela novela global), a defesa dos direitos humanos etc.



segunda-feira, 2 de junho de 2008

FORUM MUNDIAL DE EDUCAÇÃO...

Carta de Santa Maria

FÓRUM MUNDIAL DE EDUCAÇÃO SANTA MARIA-RS/BRASIL EDUCAÇÃO: ECONOMIA SOLIDÁRIA E ÉTICA PLANETÁRIA

Nós, participantes do Fórum Mundial de Educação, realizado em Santa Maria (RS-Brasil), de 28 a 31 de maio de 2008, motivados pelo tema – Educação: Economia Solidária e Ética Planetária, reafirmamos nesta CARTA, princípios e proposições, frutos dos debates e discussões que desenvolvemos neste Fórum. Somos 35 mil participantes, mulheres e homens, trabalhadores e trabalhadoras, estudantes, entidades sindicais, movimentos sociais, governos, organizações não-governamentais, igrejas, universidades e escolas vindos de 15 países: Brasil, Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Bolívia, Alemanha, França, Suécia, Peru, Estados Unidos, China, Portugal, Coréia do Norte e Argentina; 130 empreendimentos solidários participantes da Mostra Mundial de Economia Solidária; 84 jovens organizados no Acampamento da Juventude; 1.500 pessoas envolvidas no Fórum Gerações em Movimento e 515 voluntários.

As atividades foram organizadas em três eixos temáticos: Educação e Economia Solidária; Educação, Inclusão e Cultura Emancipatória; Educação e Ética Planetária, integrando três grandes conferências; 31 debates temáticos; 355 apresentações de pôsteres de trabalhos; 14 atividades simultâneas; 98 atividades culturais e 110 atividades autogestionadas.

As relações sociais capitalistas, atualmente materializadas através da globalização neoliberal, têm se mostrado incapazes de promover condições de vida digna para a maioria da população mundial. Fundamentadas na propriedade privada dos meios de produção, na exploração do trabalho dos povos, na divisão da sociedade em classes e na degradação do meio ambiente, têm tido, entre suas conseqüências fundamentais, a prática da guerra como meio para a solução de problemas, o individualismo, a xenofobia, a homofobia e a perseguição às minorias e a mercantilização da vida.

Na educação, em especial, tais relações têm submetido as experiências educacionais aos interesses do mercado, em um processo de reconversão material e cultural. Neste sentido, a educação tem sido utilizada como instrumento de reprodução das desigualdades sociais, conformando as consciências, justificando relações sociais desumanizantes através de uma cultura do egoísmo, da competição e de pedagogias que tomam os seres humanos como objetos e não como sujeitos.

Considerando a construção de um outro mundo possível, de uma globalização alternativa - não como algo inevitável, mas como uma possibilidade histórica -, nós assumimos como signatários da Carta de Princípios do Fórum Social Mundial. As relações sociais existentes e as possibilidades de construção de estratégias potencializam um aperfeiçoamento de lutas sociais dos trabalhadores e trabalhadoras e experiências educacionais, que têm apontado relações de novo tipo, pautadas em novas relações sociais de produção, comprometidas com a justiça, com a igualdade, a democracia e a solidariedade.

Afirmamos como compromisso, educar para outro mundo possível, a partir dos seguintes princípios e proposições:

PRINCÍPIOS:

• economia solidária, não apenas como alternativa à falta de trabalho e renda, mas, também, como um agente de desenvolvimento que promova a centralidade da pessoa humana, a sustentabilidade ambiental, a justiça social, a cidadania e a valorização da diversidade cultural, articuladas às atividades econômicas;

• solidariedade;

• soberania e segurança alimentar dos povos;

• construção de redes de cooperação e autogestão no processo produtivo;

• produção, comércio justo e consumo consciente e ético;

• territorialidade, como espaço de construção de uma globalização contra-hegemônica ao atual projeto global de desenvolvimento;

• universalização dos bens da humanidade: ar, água, terra e sementes;

• relação dialética entre educação e economia solidária;

• educação popular concebida como processo de construção coletiva de conhecimento;

• valorização da cultura e saberes populares;

• educação que possibilite relações de igualdade, diversidade étnica, respeito às diferenças e à livre orientação sexual;

• combate à divisão sexual do trabalho e à linguagem sexista;

• radicalização da democracia;

• radicalização das lutas por políticas públicas para a saúde e educação;

• formação permanente e integral como estratégia para o desenvolvimento humano;

• educação como um bem público, coletivo e de responsabilidade do Estado;

• educação humanizadora e para a paz;

• educação inclusiva que reduza os preconceitos sociais, buscando a participação de todos e todas nas práticas excludentes;

• educação para cidadania participativa;

• educação para uma consciência sócio-ambiental;

• justiça cognitiva;

• ecoalfabetizacao e eco-pedagogia;

• educação para participação na gestão da cidade;

• cidade como tema gerador para a construção de uma cidade educadora;

• democratização da mobilidade urbana com centralidade na pessoa;

• nova lógica social e simbólica para utilização da informática na educação;

• inclusão digital das pessoas e não dos instrumentos;

• educação para justiça fiscal;

• acesso ao lazer como uma conquista e um direito da classe trabalhadora;

• educação patrimonial como responsabilidade do poder público, das instituições educativas, dos meios de comunicação e da sociedade;

• promoção da justiça patrimonial;

• democratização dos meios de comunicação;

• integração e comprometimento das diferentes gerações com atitudes éticas e humanas;

• defesa da ética planetária como uma política do bem comum universal.

PROPOSIÇÕES:

• fortalecer políticas públicas que incentivem espaços de formação para os trabalhadores e trabalhadoras da economia solidária e criem oportunidades de geração de trabalho e renda, como maneira de atender às necessidades dos explorados e oprimidos;

• formar empreendimentos nos princípios de economia solidária como: autogestão, cooperativismo, associativismo, respeito ao meio ambiente, solidariedade e trabalho organizado em redes e cadeias produtivas;

• agregar valor aos produtos da economia solidária;

• efetivar a construção do marco regulatório legal para empreendimentos de economia solidária;

• fortalecer o processo autogestionário de empresas solidárias;

• criar ações que fortaleçam as incubadoras tecnológicas e cooperativas populares (ITCPs);

• construir e socializar tecnologias adequadas ao processo de trabalho à economia solidária;

• criar redes de produção, socialização e sistematização dos conhecimentos produzidos nos empreendimentos solidários;

• priorizar o ensino, a pesquisa e a extensão como instrumentos de aproximação entre o movimento da economia solidária e às universidades.

• promover justiça cognitiva através do fomento de debate em escolas e universidades, de autores e autoras que proponham uma educação libertadora e emancipatória dos povos excluídos;

• ampliar o debate nos espaços educativos sobre a livre orientação e violência sexual;

• ressignificar valores para a vivência da cidadania;

• estimular a construção de políticas públicas que se inscrevam no âmbito da diversidade, que contemplem escolas bilingües para surdos enquanto espaços de construção de conhecimento para essa comunidade, ambiente lingüístico de desenvolvimento e expansão da LIBRAS;

• estimular programas educativos que transformem a mentalidade de competição para a construção de uma cultura de cooperação;

• construir uma nova cultura do trabalho que seja materializada no dia-a-dia da produção;

• estimular a criação de projetos educacionais que englobem a gestão democrática da cidade;

• articular a relação tempo-espaço-lazer como parte dos processos educativos;

• promover a participação popular na construção de espaços de lazer;

• inserir a Educação Patrimonial e Fiscal como tema transversal nos currículos do ensino fundamental, médio e técnico, bem como na formação de educadores e educadoras;

• contemplar, nas legislações municipais de uso e ocupação dos solos a educação patrimonial;

• construir modelos de comunicação alternativa, como rádios, televisões e jornais comunitários;

• gerar ações conjuntas envolvendo o reaproveitamento de materiais, musicalidade, ludicidade e sensibilização para qualidade de vida sustentável. Por fim, queremos reafirmar, como pessoas comprometidas com a educação popular, libertadora e inclusiva, a dignidade do nosso trabalho e sua importância na construção de um mundo justo, fraterno, igualitário, plural e solidário, comprometendo-nos a continuar nossa luta, com todas e todos, os que são sensíveis à causa da Educação, da Soberania e da Justiça Social, tudo fazendo para honrar e fortalecer sonhos, anseios, esperanças e necessidades dos que, junto conosco, com seus saberes, políticas e práticas, constroem um OUTRO MUNDO QUE É POSSÍVEL.

Santa Maria, 31 de maio de 2008.