quinta-feira, 5 de junho de 2008

Com os olhos secos diante dos miseráveis





Mário Maestri

Em ‘A destruição da razão’, de 1953, escrita após a hecatombe da grande guerra inter-imperialista de 1939-45, com seus talvez cinqüenta milhões de mortos, George Lukács traçou magnífica crítica da gênese e do desenvolvimento do pensamento irracionalista moderno, de candente vigência nos dias de hoje. Lamentavelmente, como tantos outros trabalhos desse importante filósofo marxista húngaro, esse livro também não se encontra disponível no Brasil.

Naquele trabalho, Lukács lembrava que o irracionalismo moderno assumiu faces diversas nos dois últimos séculos, sendo, porém os nexos fundamentais dessa vertente filosófica a incessante desvalorização do intelecto e da razão em prol da intuição; a refutação da objetividade das leis históricas e da possibilidade de conhecê-las; a subjetivação da história e a negação da idéia da possibilidade de progresso.

Lukács assinala que, nesse contexto geral, a defesa da ordem capitalista dá-se através da apologia direta e indireta. A primeira louva aquela sociedade e nega e dissimula seus aspectos mais negativos. A segunda, quando o mundo real começa a horrorizar até mesmo os insensíveis, defende o caráter incompreensível da história; a desigualdade, a agressividade, o egoísmo etc. como atributos da natureza humana e próprios a todas as ordens sociais.

O objetivo último dessa apologia é fortalecer as tendências à destruição da confiança na práxis social como fator de progresso social; a passividade e o imobilismo como comportamentos políticos gerais; o cinismo e o pessimismo como estados psicológicos diante das mazelas da sociedade que avançam a galope desenfreado.

George Lukács lembrava que as interpretações irracionalistas do mundo assumem singular importância em épocas de transição e quando de graves crises sociais, como a que vivemos atualmente. Então, diante das novas demandas postas pela história, a razão irracional transforma os problemas em respostas, nega ao pensamento materialista dialético a capacidade de desvelar os nexos fundamentais do mundo social, transforma a maior riqueza do fenômeno em relação a sua representação teórica, em desvalorização da capacidade de compreendê-lo teoricamente.

Hoje, as novas tendências neo-irracionalistas apresentam-se sob aparências diversas. Pensadores partidários das concepções do ingresso da humanidade em idade pós-industrial e pós-moderna defendem o fim da credibilidade nos "grandes relatos" sobre a necessidade e possibilidade da superação das contradições sociais; sugerem a definitiva subjunção do homem aos processos tecnológicos; proclamam o fim da objetividade e da unidade da vida social.

Na aparente contramão, defensores de retorno aos valores superiores, intemporais e ideais do Século das Luzes criticam a atual barbarização da cultura impulsionada pelos pós-modernos. Todos convergem na proclamação do fim da "radicalidade" de toda e qualquer interpretação social a partir das oposições interclassistas e proclamam a morte do marxismo, do socialismo, do terceiro-mundismo.

Neo-iluministas e pós-modernistas predizem que o desnível abismal e crescente entre países ricos e pobres "não cessará de alargar-se", sendo os próprios miseráveis culpados pela miséria que vivem. Convergem em apreciação filosófica da história e da sociedade atual que incentiva e justifica o cinismo e o elitismo dos privilegiados, o pessimismo e a inatividade dos explorados. Sobretudo nos últimos vinte anos, após a maré neoliberal que açoitou o mundo, para número crescente de pensadores, a história apresentar-se-ia finalmente em sua natureza: processo eminentemente ininteligível e filha do absoluto caos.

Como resultado do crescente prestígio intelectual do irracionalismo, cresce igualmente em forma frenética o interesse pelos pais do moderno irracionalismo – Schopenhauer, Kierkegaard, Nietzsche, Spengler, Heidegger etc. Para a razão irracional, a consciência da agonia final das ilusões sociais de redenção e uma existência cruel que escapa à compreensão humana aconselhariam o refúgio no imóvel, contemplativo e desesperado eticismo kierkegaardiano ou, talvez, no imperativo nietzschiano de ficar de olhos secos diante dos miseráveis.

Mário Maestri, 59, rio-grandense, historiador, é professor do Programa de Pós-Graduação em História da UPF.

E-mail: maestri@via-rs.netEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email

Onde estão os defensores de Yeda?



Chama a atenção o silêncio das cabeças coroadas dos partidos que apoiaram Yeda Crusius (PSDB) na eleição para o governo do Estado. É verdade que uma parte de seus operadores ficou presa nas redes da Operação Rodin. Mas ainda sobrou gente para fazer a defesa de um governo que está sob fogo cerrado. O senador Pedro Simon (PMDB) é um exemplo notório disso. Sempre atento às questões da moralidade pública em Brasília, Simon segue absolutamente mudo sobre o que acontece no Rio Grande do Sul. Não é o único.

A defesa do governo Yeda foi relegada ao baixo clero e mesmo este começa a dar sinais de cansaço. Ontem à noite, a CPI do Detran era o tema do programa Conversas Cruzadas, na TV COM. Pela oposição, lá estavam o presidente da CPI, Fabiano Pereira (PT), e o deputado Elvino Bohn Gass (PT). Pela situação, deveriam estar os deputados Pedro Pereira (PSDB) e Cassiá Carpes (PTB). Nenhum dos dois apareceu.

Também emudeceram nomes como os do senador Sérgio Zambiasi (PTB) e dos deputados Frederico Antunes (PP), Jerônimo Goergen (PP), Luiz Fernando Záchia (PMDB), Alberto Oliveira (PMDB), Nelson Marchezan Junior (PSDB), Paulo Odone (PPS), apenas para citar alguns.

No dia em que a CPI revelou publicamente o conteúdo das gravações das interceptações telefônicas da Operação Rodin, as únicas duas intervenções (patéticas) a defender o governo foram as do secretário-geral Delson Martini e do porta-voz Paulo Fona. Para o primeiro, o dia de ontem não trouxe nenhum fato novo. Para o segundo, nenhum fato relevante. A julgar pelo andar da carruagem, a irrelevância começa a cercar, na verdade, o Palácio Piratini. Em várias salas e gabinetes da Praça da Matriz, entre gritos e sussuros, florescem planos de desembarque de um governo que corre o risco de acabar antes de completar metade de seu mandato.

Créditos:

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Minha Vida em Cor-de-Rosa


Minha Vida em Cor-de-Rosa
(Ma Vie en Rose)
Sinopse

Passa-se na Bélgica, em alguma cidade da parte wallon (francofônica) não-identificada. Num bairro típico de classe média, careta, com visual bastante kitsch, chega a família Fabre, pai, mãe e suas quatro crianças. A peculiaridade dessa família é que seu filho mais novo, Ludovic, de sete anos, acha que é um menino-menina e que vai se transformar em menina a qualquer momento. A intolerância e a obtusidade da vizinhança faz com que ele sofra preconceito e rejeição. O argumento do filme é muito feliz em diversos aspectos. O uso de uma criança como protagonista levanta a questão da homossexualidade (neste caso, transexualidade) como condição inata, retirando a conotação de perversão e mostrando que não se trata de uma opção, uma escolha consciente, mas sim uma característica da pessoa, independente da sua vontade. A incorporação do universo lúdico da criança dá leveza ao filme sem lhe tirar a seriedade e, em sua delicadeza, deixa muito mais evidente o absurdo do preconceito. O menino que interpreta Ludovic (Georges Du Fresne) é de uma doçura ímpar que conquista o espectador com seu sorriso e seu olhar verdadeiros. Não há como fugir de um sentimento de melancolia e até de alguma lágrima escorrida ao vermos uma pessoa inocente e sem maldades sofrer preconceito e discriminação apenas por ser quem ela é, sem fazer mal a ninguém. Um filme especial, no tom certo e que pode até fazer com que as pessoas com um mínimo se sensibilidade repensem alguns de seus preconceitos.

Informações

Gênero: drama
Diretor: Alain Berliner
Duração: 88 minutos
Ano de Lançamento: 1997
País de Origem: Bélgica/França/Reino Unido
Idioma do Áudio: francês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0119590/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 700 Mb
Legendas: No torrent

Elenco

Michèle Laroque ... Hanna Fabre
Jean-Philippe Écoffey ... Pierre Fabre
Hélène Vincent ... Élisabeth
Georges Du Fresne ... Ludovic Fabre
Daniel Hanssens ... Albert
Laurence Bibot ... Lisette
Jean-François Gallotte ... Thierry
Caroline Baehr ... Monique
Julien Rivière ... Jérôme
Marie Bunel ... Psychoanalyst
Gregory Diallo ... Thom Fabre
Erik Cazals De Fabel ... Jean Fabre
Cristina Barget ... Zoé Fabre

Premiações

Onze prêmios e mais cinco indicações em festivais como
BAFTA Awards
César Awards, France
European Film Awards
Film Critics Circle of Australia Awards
Golden Globes, USA
São Paulo International Film Festival
Satellite Awards

lista completa: http://www.imdb.com/title/tt0119590/awards

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.



Lançamento Exclusivo MKOff!


Legenda feita pelos amigos do MCL.

créditos: makingoff - finaendor:

Download abaixo:





DOWNLOAD ALTERNATIVO

Livro debate contaminação transgênica


Será lançado nesta quarta-feira (4), em Ijuí, o livro Transgênicos: as sementes do mal. A silenciosa contaminação de solos e alimentos (Editora Expressão Popular), de Antônio Inácio Andrioli e Richard Fuchs (organizadores). Mestre em Educação nas Ciências pela Unijuí, Andrioli é doutor em Ciências Econômicas Sociais pela Universidade Osnabrück (Alemanha), com uma tese sobre soja transgênica e orgânica no Brasil. Fuchs é especialista em novas tecnologias, especialmente nas áreas de alimentação, biomedicina, transplante de órgãos e transgênicos.

O lançamento, em Ijuí, ocorrerá às 17h45min, na Unijuí, Campus Santa Rosa (sala B105). Na sexta-feira, o livro será lançado em São Paulo, às 10h, no Instituto Rosa Luxemburgo.

Lançado originalmente na Alemanha, o livro atualiza um tema que despertou um caloroso debate na Europa: deve a transgenia eliminar da mesa e das lavouras as plantas e os alimentos tradicionais? Os Estados Unidos, o Canadá, a Argentina e, mais recentemente, o Brasil transformaram-se grandes produtores de transgênicos e são hoje laboratórios a céu aberto de uma experiência conduzida, muitas vezes, sem os devidos estudos de impacto ambiental, social e econômico. Algumas das questões debatidas no livro de Andrioli e Fuchs:

- A morte não esclarecida de 70 vacas leiteiras após terem sido tratadas por um longo período com milho trangênico.
- O quanto é confiável a pesquisa encomendada a biólogos moleculares?
- A influência de lobistas sobre a liberação de plantas transgênicas realizada em Bruxelas e Berlim?- Uso de sementes transgênicas não rotulada em programas de combate à fome.
- A eliminação de pequenos agricultores nos EUA e a crescente resistência aos transgênicos.
- Monsanto: 75 advogados e um orçamento de 10 milhões de dólares contra os agricultores
- Substâncias alérgicas na soja- Alimentos transgênicos e seus efeitos.

Créditos:

terça-feira, 3 de junho de 2008

O coração de Abel


DANIEL RICCI ARAÚJO

Abel não está indo embora do Inter porque tira Nilmar, inventa escalações ou submete a equipe a hierarquias que a essa altura já são inadmissíveis. Não. Abel está indo embora simplesmente porque nada, na vida, é para sempre. Nem mesmo nosso ex-comandante e seu tremendo coração podem driblar os ponteiros do relógio.

Casamentos terminam. Amizades soçobram. As vidas das pessoas podem entrar em modo de espera, em “standby”, ou do nada darem uma guinada às alturas, tudo conforme o tique-taque dos ponteiros ou o escoar da areia das ampolas. O mundo é assim mesmo. Na vida do Inter, Abel foi um furacão vitorioso de iniciativa, discursos emocionantes e vontade de vencer. Nas circunstâncias do Inter atual, isso bastou, e a história foi indelével e maravilhosamente escrita assim.

Tempo, tempo, tempo. Nele e por ele, a verdade de ontem é a mentira de hoje, a meta de outrora é a acomodação da atualidade. O Inter, por exemplo, esse Inter que Abel ajudou a dar forma está agora encharcado de glória. Indignação, filas no Portão 8, discursos revolucionários, reuniões de Conselho Deliberativo que mais pareciam o prenúncio da Terceira Guerra Mundial, tudo isso acabou. Abel foi o porta-voz de uma nova era, de um momento que tem muito de sua assinatura e vontade de vencer. E por isso estamos todos calmos, empanturrados e felizes. Mas o tempo passa. Nada é para sempre.

Somos, no momento, vítimas. Sim, vítimas. De um casamento feliz, de um relacionamento que foi perfeito e que nos deu o título capaz de fazer qualquer torcedor de futebol tocar o céu com as mãos. De momentos inspirados, quase religiosos, de êxtase puro e emoção inacabável. Mas até o matrimônio mais feliz cessa. Passa. Abatuma. Inter e Abel, na melhor das hipóteses, precisam dar um longo tempo tempo. Foram escalações erradas demais, preterições baseadas num fisiologismo evidente demais, frases de efeito demais - e as frases de efeito, quando cessam as vitórias, viram a forca do orador.

O maior - mas não o melhor - técnico da história do Inter vai merecidamente embora para enriquecer na Arábia. Abel foi menos treinador do que o imaginário coletivo que a torcida idealiza, mas bem mais do que a tropa de seus críticos ferozes pensa. Eu vejo em Abel um planejador eficiente de jogos decisivos, um estrategista sem controle mas com ímpeto e gana, e coração, muito coração, que se traduz em uma vontade de vencer tão necessária para um time quanto a correnteza é para um rio. Se as opiniões não se encontram, rendamo-nos ao razoável: ninguém vence tanto por mera casualidade.

A memorável, antológica e histórica palestra antes do jogo com o Barcelona, gravada para o futuro e realizada por ele numa naturalidade que faria corar um Napoleão será a marca registrada de Abel, o técnico-torcedor. Sobre ele talvez mais do que qualquer outro, as futuras gerações perguntarão com curiosidade e orgulho. E nós gostaremos muito de responder, porque Abel é o tipo de homem que suscita essas histórias capazes de marcar e inspirar as pessoas.

Muitos afirmavam que o maior defeito de Abel era essa sua intempestividade, esse élan vital e necessário, essa vontade de abarcar o Inter com seus braços e levá-lo para casa. Ao fim e ao cabo, como o profeta Ezequiel, Abel foi quase perfeito em seus caminhos. Noves fora as estripulias e erros cometidos, não há como discutir: o maior momento da história colorada acabou sendo protagonizado por um treinador que, antes de ser profissional, é um homem capaz de matar ou morrer pelo Inter. Abel não foi perfeito, mas o destino foi. Sinceramente? Não sei se poderíamos pedir mais do que isso.

Vencer é bom, mas fazer isso no meio dos nossos, de colorados para colorados, é ainda melhor. Os detratores de nosso treinador dirão que lhe falta autoridade, tática, vontade de mudar e, talvez, até um pouco de simplicidade. Mas uma coisa não poderão negar.

Digam qualquer coisa de Abel Braga, menos que ele não tem um imenso coração.

Belchior - Antologia Lírica (1999)




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Esculpir o Espaço

Um filme de Jatir Eitó

"Em dezembro de 2003, um grupo de artistas de diferentes áreas foi à Ocupação Prestes Maia na intenção de integrar seu trabalho com os moradores do Movimento Sem Teto do Centro, os quais habitam esse edifício. Essa integração criou uma interessante e curiosa atmosfera que inspirou esse filme-poema, cujo foco é os sonhos das pessoas que ocupam o edifício".






Em Busca da Sabedoria Ecológica
Há sinais inequívocos de que a Terra não agüenta mais.

Por Leonardo Boff.

O paradigma civilizatório globalizado assentado sobre a guerra contra Gaia e contra a natureza está levando todo o sistema da vida a um grande impasse. Há sinais inequívocos de que a Terra não agüenta mais esta sistemática exploração de seus recursos e a ofensa continuada da dignidade de seus filhos e filhas, os seres humanos, excluídos e condenados, aos milhões, a morrer de fome. Mas precisamos estar conscientes de que esta guerra não será ganha por nós mas por Gaia. Como observava Eric Hobsbawm na última página de seu conhecido livro A era dos extremos (1994): “O futuro não pode ser a continuação do passado; nosso mundo corre o risco de explosão e implosão; tem de mudar; a alternativa para uma mudança da sociedade é a escuridão”.

Como evitar esta escuridão que pode significar a derrocada de nosso tipo de civilização e eventualmente o Armagedon da espécie humana? É imperioso revisitarmos outras civilizações que nos podem inspirar sabedoria ecológica. Há muitas. Escolho a civilização maya, pelo simples fato de que tive a oportunidade no mês de março deste ano de freqüentar durante 20 dias as regiões da América Central habitadas ainda hoje pelos sobreviventes daquele extraordinário ensaio civilizatório e dialogado longamente com seus sábios, sacerdotes e xamãs. Daquela riqueza imensa quero ressaltar apenas dois pontos centrais que são grandes ausências em nosso modo de habitar o mundo: a cosmovisão harmônica com todos os seres e sua fascinante antropologia centrada no coração.

A sabedoria maya vem da mais alta ancestralidade e é conservada pelos avós e pelos pais. Como não passaram pela circuncisão da cultura moderna, guardam com fidelidade as antigas tradições e os ensinamentos, consignados também em escritos como no Popol-Vuh e nos Livros de Chilam Balam. A intuição básica de sua cosmovisão se aproxima muito à da moderna cosmologia e física quântica. O universo é construído e mantido por energias cósmicas pelo Criador e Formador de tudo. O que existe na natureza nasceu do encontro de amor entre o Coração do Céu com o Coração da Terra. A mãe Terra é um ser vivo que vibra, sente, intui, trabalha, engendra e alimenta a todos os seus filhos e filhas. A dualidade de base entre formação-desintegração (nós diríamos entre caos e cosmos) confere dinamismo a todo o processo universal. O bem estar humano consiste em estar permanentemente sincronizado com esse processo e cultivar um profundo respeito diante de cada ser. Então ele se sente parte consubstancial da Mãe Terra e desfruta de toda sua beleza e proteção. A própria morte não é inimiga: é um envolver-se mais radicalmente com o Universo.

Os seres humanos são vistos como “os filhos e filhas esclarecidos, os averiguadores e buscadores da existência”. Para chegar a sua plenitude o ser humano passa por três etapas, verdadeiro processo de individuação. Ele poderá ser “gente de barro”: pode falar mas não tem consistência face às águas pois se dissolve. Desenvolve-se mais e pode ser “gente de madeira”; tem entendimento, mas não alma que sente porque é rígido e inflexível. Por fim alcança a fase de “gente de milho”: este “conhece o que está perto e o que está longe”. Mas sua característica é ter coração. Por isso “sente perfeitamente, percebe o Universo, a Fonte da vida” e pulsa ao ritmo do Coração do Céu e do Coração da Terra.

A essência do humano está no coração, naquilo que viemos dizendo há anos, na razão cordial e na inteligência sensível. É dando centralidade a elas que se mostram pelo cuidado e pelo respeito que podemos nos salvar.

Billy Cobham - The Art of Three (2001)

http://i306.photobucket.com/albums/nn266/photoapo/Covers/BC_TheArt-fr.jpg

Billy Cobham - The Art of Three (2001)
mp3@320Kbps 167MB covers In & Out Records Total time: 73:50


Faixas:
1. Stella By Starlight (Ned Washington/Victor Young) 10:43
2. Autumn Leaves (Joseph Kosma/Johnny Mercer/Jacques Prévert) 10:00
3. New Waltz (Ron Carter) 6:55
4. Bouncing With Bud (Bud Powell) 7:02
5. 'Round Midnight (Bernie Hanighen/Thelonious Monk/Cootie Williams) 7:56
6. And Then Again (Kenny Barron) 11:25
7. I Thought About You (Johnny Mercer/James Van Heusen) 10:26
8. Someday My Prince Will Come (Larry Morey/Frank Churchill) 9:19

Músicos:
Billy Cobham (Drums)
Ron Carter (Double Bass)
Kenny Barron (Piano)

Downloads abaixo:

http://www.filefactory.com/file/bfc63e/ (direto)
http://rapidshare.com/files/119711955/theat_a.rar (parte 1)
http://rapidshare.com/files/119716320/theat_b.rar(parte 2)

A descarada política da Globo com suas novelas


Vermelho - Redação

O Brasil assistiu, dia 31, ao último capítulo da novela ''Duas Caras''. Se houve novidade na trama, assinada por Aguinaldo Silva, ela ficou por conta do abuso nas referências a personalidades e fatos da vida política nacional, e pela ridicularização dos movimentos sociais, misturando realidade e ficção com clara intenção de construir um discurso ideológico conservador.

Essa politização explícita já estava presente desde os primeiros capítulos, quando o autor declarou que o personagem Ferraço (Dalton Vigh), o vilão da trama, foi inspirado na vida do ex-ministro José Dirceu. A referência provocou uma carta indignada da ex-esposa de Dirceu, Clara Becker, acusando o novelista de fazer uma comparação caluniosa para alimentar divergências políticas. Chegou também ao cúmulo de atacar os concorrentes da TV Record colocando, na trama, um grupo de evangélicos que, raivosos, atacou uma mulher grávida acusando-a de promíscua.


Além do embate com os evangélicos, colocou em cena, de forma desfavorável e mistificadora, ''fatos do cotidiano'', como as CPIs, tapiocas, dossiês, cartões corporativos, política de cotas, racismo, educação privada x ensino público, protagonismo político da elite, entre outros temas colhidos pelo autor no noticiário da imprensa conservadora, da qual a novela é uma espécie de outra face da moeda, como ferramenta para formar opinião - no caso, opinião conservadora, alienada.


Ao abusar da politização, a novela global rompeu a barreira delicada que separa o aceitável do inaceitável no uso da concessão pública dos meios de comunicação. Não se discute o direito da emissora retratar assuntos políticos e polêmicas nacionais em seus programas, mas sim se é ético e justo usar um programa de tamanha audiência para atacar adversários políticos e construir discursos favoráveis ou contrários a propostas e idéias em disputa na sociedade.

As regras do jogo democrático pressupõem condições equilibradas para a luta de idéias. Os meios de comunicação sempre foram apontados com um fator de desequilíbrio nesta disputa pois, concentrados na mão de grandes empresários, costumam jogar no campo da direita. Para controlar a manipulação, há uma série de regras para regular o conteúdo das emissoras, especialmente em período eleitoral. Mas elas estão concentradas basicamente no conteúdo jornalístico. Quando a manipulação salta da pauta jornalística para o roteiro da novela (que é uma obra de 'ficção''), o desequilíbrio piora pois a propaganda política disfarçada feita através dela é menos suscetível a processos legais.

Assim, protegida pelo chamado “manto sagrado da liberdade de expressão artística”, as novelas da Globo são um verdadeiro paralelo desregulado ao jornalismo televisivo da emissora para construir discursos favoráveis ao pensamento único neoliberal. E contrários às idéias avançadas historicamente defendidas pela esquerda, como a política de cotas, a liberalização do aborto, a descriminalização da droga, a proibição da pena de morte, a valorização dos movimentos sociais (claramente atacados e ridicularizados pela novela global), a defesa dos direitos humanos etc.